O ar no haras era fresco, e o horizonte amplo fazia Lorena se sentir mais leve.— Venha cá.A voz de Michel chamou sua atenção. Ele estava a alguns metros, acenando para ela. Lorena ficou momentaneamente perdida em seus pensamentos.Aquele homem, com seu charme imponente e cada gesto carregado de elegância, parecia um príncipe saído de um conto de fadas. Vestia roupas de montaria impecáveis e segurava as rédeas de um pequeno cavalo com um sorriso despreocupado nos lábios. Sua presença chamava a atenção de um grupo de jovens que estavam por perto. Algumas delas, encantadas, sacavam os celulares e tiravam inúmeras fotos. Outras, mais ousadas, se aproximavam, pedindo o número de telefone dele.Lorena franziu as sobrancelhas, e seu rosto imediatamente escureceu. Sem hesitar, ela caminhou rapidamente até uma das garotas que segurava o celular. Pegou o aparelho e digitou uma sequência de números:— Aqui está o número.— Obrigada! — A jovem foi embora radiante, segurando o celular como se fos
Ao ver aquela cena, Gabriel quase explodiu de raiva:— Michel, solte ela! Eu não vou permitir que você toque nela!Ele avançou, tentando separá-los à força.Michel, no entanto, apenas deu um pequeno passo para o lado, e Gabriel, sem equilíbrio, caiu desajeitado no chão. Rolou até parar, parecendo completamente patético.Ao redor, as pessoas observavam a cena como se fosse um espetáculo, murmurando entre si:— Bem feito! Fez tanta coisa errada, agora está pagando o preço.— Amor tardio não vale nada! Se arrependimento matasse, não teria feito o que fez.Michel olhou para Gabriel com um sorriso frio e zombeteiro:— Sr. Gabriel, vou te avisar pela última vez: pare de nos importunar. Lorena agora é minha esposa, e será minha esposa para o resto da vida. Você perdeu. Acabou.Gabriel, com dificuldade, levantou-se do chão:— Casamento pode acabar! Um divórcio resolve tudo. Michel, não se ache tanto. Lorena me ama, não você!— Você não sabe que casamento militar é protegido por lei? — Michel r
Michel, no entanto, controlou-se e estacionou o carro em frente a uma farmácia. Pouco tempo depois, voltou carregando uma sacola, abriu a porta do lado do passageiro e, sem dizer nada, tirou as meias de Lorena.Lorena o olhou, confusa:— O que você está fazendo?— Vou dar uma olhada no seu pé. Você não disse que torceu? Se estiver inchado, pode piorar.— Obrigada.Os gestos cuidadosos de Michel tocaram Lorena. Impulsivamente, ela se inclinou e deu um beijo leve em sua bochecha. Foi um gesto rápido, quase como o toque de uma borboleta, mas o suficiente para fazer Michel corar até a raiz dos cabelos.Ele estava acostumado a provocá-la, mas, quando foi ela quem tomou a iniciativa, Michel ficou completamente sem jeito. Suas mãos hesitaram, e o rosto vermelho o denunciava. Lorena, percebendo a reação dele, riu baixinho:— Então o General Michel também sabe corar?— Quem está corando? — Michel retrucou, tentando disfarçar.Ele começou a massagear o tornozelo dela com cuidado, mas, ao pressio
— Eu quero que ela venha me ver. Quero que ela volte para casa comigo. — Gabriel disse, a voz rouca de desespero.— Isso não vai acontecer. — Michel respondeu friamente, tirando o celular do bolso. — Se você não for embora agora, eu vou chamar a polícia.— Chama! Chama a polícia! — Gabriel gritou, fora de si. — Lorena nunca vai me deixar ser preso! Ela não vai me abandonar, eu sei que não vai!— Vamos ver então.Michel não hesitou. Chamou os policiais, e, minutos depois, Gabriel foi arrastado para longe, mesmo enquanto continuava gritando o nome de Lorena.Dentro da casa, Lorena estava sentada confortavelmente no sofá ao lado da mãe de Michel. As duas conversavam animadamente sobre uma novela cheia de intrigas amorosas. Elas riam e comentavam como se nada estivesse acontecendo do lado de fora.De repente, o celular de Lorena tocou. Ela olhou para o número e viu que era da delegacia:— Srta. Lorena, por acaso a senhora conhece o Sr. Gabriel? Ele está aqui, visivelmente embriagado, causa
Depois que Lorena partiu, Gabriel saiu lentamente de trás da coluna onde estava escondido. Ele havia visto com seus próprios olhos a mulher que amava indo embora, e a dor no peito era insuportável, como se cada passo dela fosse uma facada em seu coração.Ele a amava tanto. Não conseguia esquecê-la, por mais que tentasse. Mas agora ela o odiava, não queria mais vê-lo e fazia questão de deixar isso claro.Mesmo assim, Gabriel não estava disposto a desistir. Ele decidiu que iria esperar por ela, o tempo que fosse necessário.Durante o mês seguinte, Gabriel mudou muito. Começou a tentar ser alguém melhor, na esperança de que, quando Lorena voltasse, ele tivesse uma nova chance. Quando soube que ela finalmente estava de volta, correu para o aeroporto. Mas, para sua decepção, não conseguiu encontrá-la. Um mês sem vê-la, e a saudade o consumia.Enquanto isso, Lorena, ao descer do avião, foi direto para o hospital. Gabriel, ao descobrir seu paradeiro, correu até lá. Quando chegou, viu Lorena e
— Pai, o senhor não disse que eu tinha um noivo de um casamento arranjado quando eu era criança? Pois bem, ligue para ele e pergunte se ele quer ser o noivo. Vou me casar no dia primeiro do próximo mês, e estou precisando de um.Do outro lado da linha, o pai dela Daniel ficou em silêncio por alguns segundos:— Você não estava planejando se casar com o Gabriel Costa e organizando o casamento? O que foi, ele fez algo com você?— Pai, só pergunte a ele.— Tudo bem, minha filha. Desde que você esteja certa da sua decisão, só quero que seja feliz.Com os olhos marejados, Lorena Borges respondeu com firmeza:— Eu serei, pai!Lorena havia amado Gabriel com todo o seu coração. Para ela, ele era o homem da sua vida, o destino que ela escolheu. O casamento já estava marcado, e ela sonhava com o dia em que se tornaria a esposa dele. Mas, há pouco, tudo mudou.Uma hora antes, Lorena vestia um deslumbrante vestido de noiva branco e se olhava no espelho. O caimento perfeito realçava suas curvas, tor
Ao chegar em casa, Lorena começou a arrumar suas coisas. No meio da arrumação, Gabriel apareceu:— Lorena, assim que terminei os assuntos da empresa, vim direto para cá. Sentiu minha falta?Ele segurava um grande buquê de rosas vermelhas e o estendeu para ela:— Comprei especialmente para você. Sinto muito por não ter ficado com você até o final na loja de vestidos. Estou aqui para me redimir com a minha princesa.Ao olhar para as rosas já ligeiramente murchas, Lorena sentiu uma mistura de raiva e vontade de rir. Era óbvio que aquele buquê era o mesmo usado no pedido de casamento que ele havia feito para outra mulher. Era isso que ela merecia na visão dele? Flores que já tinham cumprido o propósito e seriam descartadas?— Está rindo de quê? — Gabriel perguntou, visivelmente desconfortável.— Nada.Lorena pegou o buquê, mas sua visão periférica captou algo ainda mais revelador: uma marca de batom no colarinho da camisa dele. O tom vermelho vibrante era impossível de ignorar.Ela levanto
Depois de finalmente acalmar Lorena, Gabriel tentou, como de costume, beijar o canto de sua boca, mas ela o afastou.Ele ficou visivelmente constrangido, pigarreou e, tentando disfarçar, estendeu a mão pedindo algo:— Certo, e o meu presente? Você disse que tinha algo para mim.Lorena pediu que ele esperasse e subiu para o quarto. De lá, pegou os convites de casamento que havia escolhido junto com Gabriel semanas atrás. Com calma, ela riscou os nomes originais dos noivos e, no lugar, escreveu Lorena Borges & Michel Frota. Colocou o convite dentro de uma caixa e desceu as escadas.Ao entregá-la para ele, Gabriel franziu o cenho, curioso:— O que é isso?Ele tentou abrir a caixa, mas Lorena segurou sua mão, impedindo-o:— Só abra no dia primeiro do próximo mês.Ao ouvir a data, Gabriel ficou visivelmente tenso. A mão que segurava a caixa tremia levemente. Essa não era a mesma data do casamento que ele havia planejado com Helena?— Por quê?— Porque o dia primeiro do próximo mês seria o n
Depois que Lorena partiu, Gabriel saiu lentamente de trás da coluna onde estava escondido. Ele havia visto com seus próprios olhos a mulher que amava indo embora, e a dor no peito era insuportável, como se cada passo dela fosse uma facada em seu coração.Ele a amava tanto. Não conseguia esquecê-la, por mais que tentasse. Mas agora ela o odiava, não queria mais vê-lo e fazia questão de deixar isso claro.Mesmo assim, Gabriel não estava disposto a desistir. Ele decidiu que iria esperar por ela, o tempo que fosse necessário.Durante o mês seguinte, Gabriel mudou muito. Começou a tentar ser alguém melhor, na esperança de que, quando Lorena voltasse, ele tivesse uma nova chance. Quando soube que ela finalmente estava de volta, correu para o aeroporto. Mas, para sua decepção, não conseguiu encontrá-la. Um mês sem vê-la, e a saudade o consumia.Enquanto isso, Lorena, ao descer do avião, foi direto para o hospital. Gabriel, ao descobrir seu paradeiro, correu até lá. Quando chegou, viu Lorena e
— Eu quero que ela venha me ver. Quero que ela volte para casa comigo. — Gabriel disse, a voz rouca de desespero.— Isso não vai acontecer. — Michel respondeu friamente, tirando o celular do bolso. — Se você não for embora agora, eu vou chamar a polícia.— Chama! Chama a polícia! — Gabriel gritou, fora de si. — Lorena nunca vai me deixar ser preso! Ela não vai me abandonar, eu sei que não vai!— Vamos ver então.Michel não hesitou. Chamou os policiais, e, minutos depois, Gabriel foi arrastado para longe, mesmo enquanto continuava gritando o nome de Lorena.Dentro da casa, Lorena estava sentada confortavelmente no sofá ao lado da mãe de Michel. As duas conversavam animadamente sobre uma novela cheia de intrigas amorosas. Elas riam e comentavam como se nada estivesse acontecendo do lado de fora.De repente, o celular de Lorena tocou. Ela olhou para o número e viu que era da delegacia:— Srta. Lorena, por acaso a senhora conhece o Sr. Gabriel? Ele está aqui, visivelmente embriagado, causa
Michel, no entanto, controlou-se e estacionou o carro em frente a uma farmácia. Pouco tempo depois, voltou carregando uma sacola, abriu a porta do lado do passageiro e, sem dizer nada, tirou as meias de Lorena.Lorena o olhou, confusa:— O que você está fazendo?— Vou dar uma olhada no seu pé. Você não disse que torceu? Se estiver inchado, pode piorar.— Obrigada.Os gestos cuidadosos de Michel tocaram Lorena. Impulsivamente, ela se inclinou e deu um beijo leve em sua bochecha. Foi um gesto rápido, quase como o toque de uma borboleta, mas o suficiente para fazer Michel corar até a raiz dos cabelos.Ele estava acostumado a provocá-la, mas, quando foi ela quem tomou a iniciativa, Michel ficou completamente sem jeito. Suas mãos hesitaram, e o rosto vermelho o denunciava. Lorena, percebendo a reação dele, riu baixinho:— Então o General Michel também sabe corar?— Quem está corando? — Michel retrucou, tentando disfarçar.Ele começou a massagear o tornozelo dela com cuidado, mas, ao pressio
Ao ver aquela cena, Gabriel quase explodiu de raiva:— Michel, solte ela! Eu não vou permitir que você toque nela!Ele avançou, tentando separá-los à força.Michel, no entanto, apenas deu um pequeno passo para o lado, e Gabriel, sem equilíbrio, caiu desajeitado no chão. Rolou até parar, parecendo completamente patético.Ao redor, as pessoas observavam a cena como se fosse um espetáculo, murmurando entre si:— Bem feito! Fez tanta coisa errada, agora está pagando o preço.— Amor tardio não vale nada! Se arrependimento matasse, não teria feito o que fez.Michel olhou para Gabriel com um sorriso frio e zombeteiro:— Sr. Gabriel, vou te avisar pela última vez: pare de nos importunar. Lorena agora é minha esposa, e será minha esposa para o resto da vida. Você perdeu. Acabou.Gabriel, com dificuldade, levantou-se do chão:— Casamento pode acabar! Um divórcio resolve tudo. Michel, não se ache tanto. Lorena me ama, não você!— Você não sabe que casamento militar é protegido por lei? — Michel r
O ar no haras era fresco, e o horizonte amplo fazia Lorena se sentir mais leve.— Venha cá.A voz de Michel chamou sua atenção. Ele estava a alguns metros, acenando para ela. Lorena ficou momentaneamente perdida em seus pensamentos.Aquele homem, com seu charme imponente e cada gesto carregado de elegância, parecia um príncipe saído de um conto de fadas. Vestia roupas de montaria impecáveis e segurava as rédeas de um pequeno cavalo com um sorriso despreocupado nos lábios. Sua presença chamava a atenção de um grupo de jovens que estavam por perto. Algumas delas, encantadas, sacavam os celulares e tiravam inúmeras fotos. Outras, mais ousadas, se aproximavam, pedindo o número de telefone dele.Lorena franziu as sobrancelhas, e seu rosto imediatamente escureceu. Sem hesitar, ela caminhou rapidamente até uma das garotas que segurava o celular. Pegou o aparelho e digitou uma sequência de números:— Aqui está o número.— Obrigada! — A jovem foi embora radiante, segurando o celular como se fos
Quando Helena acordou, já estava em um quarto comum do hospital. Sentiu o ventre vazio, como se ali nunca tivesse existido nada.Pouco depois, um dos homens enviados por Gabriel entrou no quarto e jogou sobre a mesa ao lado da cama um cartão bancário:— Aqui tem cinco milhões. Foi o Sr. Gabriel que pediu para entregar a você.Helena olhou para o cartão e sentiu um frio percorrer seu coração. Cinco milhões? Antes era apenas um milhão. Parece que o preço dela subiu depois de perder o bebê.— Além disso, o Sr. Gabriel também comprou uma passagem de avião para você. É para hoje à tarde.— Hoje à tarde?Helena riu, mas era uma risada amarga. Não imaginava que Gabriel a odiasse tanto. Ela mal havia saído da cirurgia e ele já queria que ela desaparecesse da sua vista para sempre.— Quero vê-lo. — Disse Helena, encarando o homem.— Sinto muito, mas o Sr. Gabriel foi claro: ele não vai vê-la. — Assim que terminou de falar, o homem trancou a porta do quarto. — Quando chegar a hora, eu te levo ao
— Gabriel, você tem ideia do que está dizendo? O que eu carrego no meu ventre é seu filho! Seu próprio sangue! E você tem a coragem de me dizer que quer que eu o tire? — Helena gritou, a voz embargada pela dor e pela incredulidade.Gabriel ergueu o olhar, o rosto inexpressivo, tão frio quanto uma máquina desprovida de qualquer sentimento:— Para ser exato, isso ainda não é uma criança. Ainda nem completou um mês. É apenas um conjunto de células.Os lábios finos dele se moveram com suavidade, mas as palavras que saíram eram impiedosas como uma lâmina.— Células? — Helena repetiu, incrédula com a crueldade do que ouvia. Ela balançou a cabeça e deu alguns passos para trás, como se precisasse escapar daquela realidade. — Gabriel, é o seu filho! Como você pode dizer isso?— Filho? Que filho?Antes que Helena pudesse responder, os amigos de Gabriel entraram pela porta, trazendo a conversa a um abrupto silêncio. Ao ver o rosto devastado de Helena, com os olhos vermelhos e as lágrimas escorren
Depois que Lorena foi embora, Gabriel sentiu-se pior do que morto. Ele tentou sair da cama, mas foi impedido pela enfermeira:— Sr. Gabriel, seus ferimentos ainda não sararam, e seu corpo está muito fraco. É melhor continuar deitado.— Eu preciso encontrar a Lorena! Tenho que encontrá-la! Não tente me impedir!— Está falando da jovem que ficou com você ontem à noite? Pois ela já foi embora com o marido dela.Aquela frase foi como um balde de água fria na cabeça de Gabriel."Marido? O marido dela? Lorena se casou? Ela realmente se casou?"A ideia martelava na cabeça dele. Lorena estava com outro homem, havia se casado com ele. Mas não, enquanto não assinassem os papéis, não seria um casamento de verdade!— Ele não é o marido dela! Eu sou! Eu sou o verdadeiro marido da Lorena!A voz de Gabriel estava cheia de desespero, e a enfermeira parecia não saber mais o que fazer com ele.Nesse momento, Helena entrou no quarto, visivelmente agitada:— Gabriel, estou grávida!Aquelas palavras caíram
Ao ver Michel entrar no quarto, o rosto de Gabriel escureceu imediatamente:— Michel, o que você está fazendo aqui?— Não percebe? — Michel cruzou os braços, encarando-o com frieza. — Você é o Gabriel, certo? Aquele por quem a Lorena rejeitou, uma vez após a outra, as propostas de casamento da família Frota?— Lorena recusou as propostas da família Frota por minha causa?O sentimento de culpa de Gabriel cresceu ainda mais. Durante todos esses anos, ele pensara que Lorena não tinha ninguém porque, além dele, mais ninguém a queria. Nunca passou pela sua cabeça que Lorena já tinha um noivo e que esse noivo era alguém como Michel, um oficial militar, muito mais digno do que ele. Naquele momento, Gabriel percebeu o quão errado estava. Se tivesse outra chance, jamais teria aceitado Helena ou concordado em se casar com ela.— Pronto, você já acordou. Agora eu e minha esposa vamos para casa descansar. — Disse Michel com indiferença.Michel não tinha paciência para perder tempo com ele. Quando