Gabriel deu um passo à frente, pronto para seguir a multidão que saía apressada.Helena segurou sua mão, com os olhos cheios de lágrimas, e balançou a cabeça:— Gabriel, não vá. Hoje é o dia do nosso casamento. Todos os nossos amigos e familiares estão aqui. Se você me deixar sozinha agora, eu vou morrer de vergonha.Gabriel apertou a mão dela, tentando soar calmo:— Eu vou dar uma olhada e volto. Lorena sempre foi tão controlada, mas hoje ela está agindo de forma estranha. Estou preocupado.— E eu? Você não está preocupado comigo? Eu estou morrendo, Gabriel!Helena começou a tossir violentamente, como se quisesse provar o ponto que acabara de fazer.Mas Gabriel nem a olhou:— Me desculpe, Helena, mas eu preciso ir.Ele sabia que, se Lorena realmente se casasse com outro, ele se arrependeria para o resto da vida.— Então eu vou com você! — Helena declarou, teimosa.Os dois desceram do altar ao mesmo tempo. Os convidados, confusos, começaram a cochichar entre si, e o mestre de cerimônia
— Desculpem o atraso, senhor e senhora Frota. — Disse Michel, com a voz calma.Ele ainda não havia terminado de falar quando Helena soltou um grito:— Um mendigo? Lorena, você tem certeza de que vai se casar com um mendigo?A voz dela ecoou pelo salão, chamando a atenção de todos os presentes.Gabriel, impaciente, interveio:— Lorena, mesmo que você queira me provocar, não precisava exagerar tanto. Encontrar um mendigo para fingir ser seu noivo? Você acha isso engraçado?Michel franziu as sobrancelhas, lançando um olhar para si mesmo. A verdade era que ele tinha se envolvido em um acidente a caminho do casamento. No meio do caos, parou para salvar uma senhora que estava presa embaixo de um carro capotado, por isso seu estado estava tão deplorável. Mas ouvi-los chamá-lo de mendigo era, no mínimo, um insulto.Sem se importar em se justificar, Michel ergueu os olhos e encarou Lorena. Observou sua noiva com atenção: um corpo esguio, uma postura elegante e um rosto que não precisava de adje
— Você também disse que só se casaria comigo nesta vida. — Lorena ergueu o olhar cansado na direção dele. — Esqueceu? Eu fiz um juramento, Gabriel. Se algum dia você me traísse, eu me casaria com outro homem. Esse foi o nosso acordo, lembra?Gabriel ficou completamente apavorado. Finalmente, ele entendeu que Lorena não estava brincando.— Me desculpe, Lorena. Me desculpe! Por favor, me perdoe. Eu não vou me casar com a Helena, nunca mais vou vê-la. Te imploro, me dá mais uma chance, só mais uma, por favor!— Tire ele daqui. — Michel ordenou de forma direta.Com a ordem dele, os subordinados imediatamente cercaram Gabriel, prontos para retirá-lo à força.Mas, preocupado em não assustar Lorena, Michel virou-se para ela e perguntou, com a voz mais suave:— Meu amor, o que você acha?Apenas ouvir a palavra "amor" fez o rosto de Lorena corar instantaneamente. Ela se virou para ele e encontrou os olhos do homem ao seu lado. O olhar intenso e cheio de sentimento que ele lhe lançou a fez hesit
— Senhor, se continuar causando confusão, não nos culpe por usar força. — Alguém disse, tentando conter Gabriel.Mas Gabriel ignorou o aviso. Foi então que Daniel, o pai de Lorena, perdeu a paciência e avançou, desferindo um soco direto no rosto dele:— Gabriel, já tive paciência demais com você. Cinco anos ao lado da minha filha, e você não só se recusou a se casar com ela como ainda mentiu, dizendo que adiaria o casamento. No fim, estava usando o local reservado para o casamento dela para se casar com outra mulher! Minha filha te tratou com amor e lealdade, e você a enganou repetidas vezes. Se continuar com essa palhaçada, eu mesmo acabo com você!Mesmo com o rosto inchado pelo soco, Gabriel permaneceu firme.— Eu não vou embora! Não vou! Quero casar com a Lorena! Senhor, se o senhor me permitir, eu me caso com ela agora. Juro que passarei o resto da vida cuidando dela!O pai de Michel também era uma figura de respeito. Com apenas um olhar, ele deu a ordem, e alguns homens avançaram
Michel não havia movido um dedo durante toda a confusão. Quando Lorena o viu novamente, ele já estava vestido para o casamento, usando um elegante terno branco. Seu rosto estava limpo, e seus traços finalmente apareceram claramente para ela. Michel era muito bonito. Ele estava diante dela, com a postura ereta como um pinheiro, exalando uma masculinidade natural e imponente.Desde que entrou naquela situação caótica, a impressão dele sobre Lorena só melhorou. Mas o momento que realmente o impressionou foi quando ela projetou as fotos no telão para expor Gabriel e Helena. Ele não podia negar: aquilo foi uma vitória extremamente satisfatória.— Agora que os intrusos foram embora, podemos continuar? — Michel perguntou.Ele estendeu a mão para ela. Lorena, sem hesitar, colocou sua mão na dele. Diferente das mãos de Gabriel, as de Michel eram largas, ásperas e cheias de calos. Mas, de alguma forma, transmitiam uma sensação de segurança que ela nunca havia sentido antes.— Casar comigo não se
Gabriel vinha andando apressado, com Helena logo atrás, ainda vestida com o vestido de noiva. Ela corria desajeitada, tentando alcançá-lo:— Gabriel, espera por mim! Eu não aguento mais correr!Michel deu uma olhada para Lorena, hesitando:— Quer que eu...— Não precisa. — Lorena o interrompeu antes que ele terminasse a frase. Sua expressão permanecia impassível, e sua voz soou fria. — Pode ir.Michel não pensou duas vezes. Pisou fundo no acelerador, e o carro sumiu em meio à poeira que levantava pela estrada.Gabriel parou de correr, ficando imóvel no meio do caminho, completamente perdido.Helena finalmente o alcançou. Ofegante, ela segurou seu braço com força:— Gabriel, a Lorena já se casou! Para com isso, por favor! Vamos voltar... Os convidados estão esperando a gente para a cerimônia!— Casamento? Que casamento? — Gabriel soltou uma risada amarga. — Você não viu? A Lorena foi embora. Ela foi embora com outro homem.— Sim, ela foi. Mas eu estou aqui! Você prometeu que ia se casar
Assim que voltou para a casa da família Frota, Lorena começou a redecorar o quarto de Michel. Desde os lençóis até os itens de higiene no banheiro, ela trocou tudo. Até os chinelos, que ele usava há anos, acabaram no lixo.No lugar, colocou um par de chinelos em azul e rosa, modelo de casal. Na verdade, quase todos os itens de higiene agora eram versões combinando, como se fossem feitos para um casal apaixonado.Lorena se movimentava de um lado para o outro no quarto, ocupada com as mudanças. Michel, por sua vez, apenas a observava em silêncio. Ele estava acostumado a viver sozinho, e agora, de repente, tinha uma mulher em sua vida sua esposa, nada menos. Era um sentimento estranho.Quando seu pai ligou, insistindo para que ele voltasse rapidamente e se casasse, Michel hesitou. Afinal, nunca tinha visto Lorena antes. Apenas sabia que ela tinha um namorado de anos, um homem que parecia nunca querer se casar com ela.Quem diria que, no fim, ela aceitaria se casar com ele?Inicialmente, M
Quando os dois chegaram ao hospital, Gabriel estava sendo empurrado para fora da sala de cirurgia, ainda inconsciente.Helena, ainda usando o vestido de noiva, estava sentada ao lado da cama, com o olhar vazio. Assim que viu Lorena, levantou-se de repente e correu em sua direção. Suas unhas afiadas quase atingiram o rosto de Lorena:— Por quê? Por que você tinha que estragar o meu casamento com o Gabriel?Michel entrou no meio e segurou Helena antes que ela conseguisse fazer algo. Ela começou a chorar descontroladamente:— Olha para ele! Ele está nesse estado por sua causa! Ele não quer se casar comigo, e é porque não consegue te esquecer! Você está feliz agora? É isso que você queria?Lorena ignorou o escândalo de Helena e franziu a testa, aproximando-se da cama de Gabriel. O rosto dele estava pálido, os olhos fechados. Ele parecia... morto.— Se a cirurgia foi bem-sucedida, ele vai ficar bem, certo? — Lorena perguntou, tentando manter a calma.De repente, Gabriel começou a murmurar,
Depois que Lorena partiu, Gabriel saiu lentamente de trás da coluna onde estava escondido. Ele havia visto com seus próprios olhos a mulher que amava indo embora, e a dor no peito era insuportável, como se cada passo dela fosse uma facada em seu coração.Ele a amava tanto. Não conseguia esquecê-la, por mais que tentasse. Mas agora ela o odiava, não queria mais vê-lo e fazia questão de deixar isso claro.Mesmo assim, Gabriel não estava disposto a desistir. Ele decidiu que iria esperar por ela, o tempo que fosse necessário.Durante o mês seguinte, Gabriel mudou muito. Começou a tentar ser alguém melhor, na esperança de que, quando Lorena voltasse, ele tivesse uma nova chance. Quando soube que ela finalmente estava de volta, correu para o aeroporto. Mas, para sua decepção, não conseguiu encontrá-la. Um mês sem vê-la, e a saudade o consumia.Enquanto isso, Lorena, ao descer do avião, foi direto para o hospital. Gabriel, ao descobrir seu paradeiro, correu até lá. Quando chegou, viu Lorena e
— Eu quero que ela venha me ver. Quero que ela volte para casa comigo. — Gabriel disse, a voz rouca de desespero.— Isso não vai acontecer. — Michel respondeu friamente, tirando o celular do bolso. — Se você não for embora agora, eu vou chamar a polícia.— Chama! Chama a polícia! — Gabriel gritou, fora de si. — Lorena nunca vai me deixar ser preso! Ela não vai me abandonar, eu sei que não vai!— Vamos ver então.Michel não hesitou. Chamou os policiais, e, minutos depois, Gabriel foi arrastado para longe, mesmo enquanto continuava gritando o nome de Lorena.Dentro da casa, Lorena estava sentada confortavelmente no sofá ao lado da mãe de Michel. As duas conversavam animadamente sobre uma novela cheia de intrigas amorosas. Elas riam e comentavam como se nada estivesse acontecendo do lado de fora.De repente, o celular de Lorena tocou. Ela olhou para o número e viu que era da delegacia:— Srta. Lorena, por acaso a senhora conhece o Sr. Gabriel? Ele está aqui, visivelmente embriagado, causa
Michel, no entanto, controlou-se e estacionou o carro em frente a uma farmácia. Pouco tempo depois, voltou carregando uma sacola, abriu a porta do lado do passageiro e, sem dizer nada, tirou as meias de Lorena.Lorena o olhou, confusa:— O que você está fazendo?— Vou dar uma olhada no seu pé. Você não disse que torceu? Se estiver inchado, pode piorar.— Obrigada.Os gestos cuidadosos de Michel tocaram Lorena. Impulsivamente, ela se inclinou e deu um beijo leve em sua bochecha. Foi um gesto rápido, quase como o toque de uma borboleta, mas o suficiente para fazer Michel corar até a raiz dos cabelos.Ele estava acostumado a provocá-la, mas, quando foi ela quem tomou a iniciativa, Michel ficou completamente sem jeito. Suas mãos hesitaram, e o rosto vermelho o denunciava. Lorena, percebendo a reação dele, riu baixinho:— Então o General Michel também sabe corar?— Quem está corando? — Michel retrucou, tentando disfarçar.Ele começou a massagear o tornozelo dela com cuidado, mas, ao pressio
Ao ver aquela cena, Gabriel quase explodiu de raiva:— Michel, solte ela! Eu não vou permitir que você toque nela!Ele avançou, tentando separá-los à força.Michel, no entanto, apenas deu um pequeno passo para o lado, e Gabriel, sem equilíbrio, caiu desajeitado no chão. Rolou até parar, parecendo completamente patético.Ao redor, as pessoas observavam a cena como se fosse um espetáculo, murmurando entre si:— Bem feito! Fez tanta coisa errada, agora está pagando o preço.— Amor tardio não vale nada! Se arrependimento matasse, não teria feito o que fez.Michel olhou para Gabriel com um sorriso frio e zombeteiro:— Sr. Gabriel, vou te avisar pela última vez: pare de nos importunar. Lorena agora é minha esposa, e será minha esposa para o resto da vida. Você perdeu. Acabou.Gabriel, com dificuldade, levantou-se do chão:— Casamento pode acabar! Um divórcio resolve tudo. Michel, não se ache tanto. Lorena me ama, não você!— Você não sabe que casamento militar é protegido por lei? — Michel r
O ar no haras era fresco, e o horizonte amplo fazia Lorena se sentir mais leve.— Venha cá.A voz de Michel chamou sua atenção. Ele estava a alguns metros, acenando para ela. Lorena ficou momentaneamente perdida em seus pensamentos.Aquele homem, com seu charme imponente e cada gesto carregado de elegância, parecia um príncipe saído de um conto de fadas. Vestia roupas de montaria impecáveis e segurava as rédeas de um pequeno cavalo com um sorriso despreocupado nos lábios. Sua presença chamava a atenção de um grupo de jovens que estavam por perto. Algumas delas, encantadas, sacavam os celulares e tiravam inúmeras fotos. Outras, mais ousadas, se aproximavam, pedindo o número de telefone dele.Lorena franziu as sobrancelhas, e seu rosto imediatamente escureceu. Sem hesitar, ela caminhou rapidamente até uma das garotas que segurava o celular. Pegou o aparelho e digitou uma sequência de números:— Aqui está o número.— Obrigada! — A jovem foi embora radiante, segurando o celular como se fos
Quando Helena acordou, já estava em um quarto comum do hospital. Sentiu o ventre vazio, como se ali nunca tivesse existido nada.Pouco depois, um dos homens enviados por Gabriel entrou no quarto e jogou sobre a mesa ao lado da cama um cartão bancário:— Aqui tem cinco milhões. Foi o Sr. Gabriel que pediu para entregar a você.Helena olhou para o cartão e sentiu um frio percorrer seu coração. Cinco milhões? Antes era apenas um milhão. Parece que o preço dela subiu depois de perder o bebê.— Além disso, o Sr. Gabriel também comprou uma passagem de avião para você. É para hoje à tarde.— Hoje à tarde?Helena riu, mas era uma risada amarga. Não imaginava que Gabriel a odiasse tanto. Ela mal havia saído da cirurgia e ele já queria que ela desaparecesse da sua vista para sempre.— Quero vê-lo. — Disse Helena, encarando o homem.— Sinto muito, mas o Sr. Gabriel foi claro: ele não vai vê-la. — Assim que terminou de falar, o homem trancou a porta do quarto. — Quando chegar a hora, eu te levo ao
— Gabriel, você tem ideia do que está dizendo? O que eu carrego no meu ventre é seu filho! Seu próprio sangue! E você tem a coragem de me dizer que quer que eu o tire? — Helena gritou, a voz embargada pela dor e pela incredulidade.Gabriel ergueu o olhar, o rosto inexpressivo, tão frio quanto uma máquina desprovida de qualquer sentimento:— Para ser exato, isso ainda não é uma criança. Ainda nem completou um mês. É apenas um conjunto de células.Os lábios finos dele se moveram com suavidade, mas as palavras que saíram eram impiedosas como uma lâmina.— Células? — Helena repetiu, incrédula com a crueldade do que ouvia. Ela balançou a cabeça e deu alguns passos para trás, como se precisasse escapar daquela realidade. — Gabriel, é o seu filho! Como você pode dizer isso?— Filho? Que filho?Antes que Helena pudesse responder, os amigos de Gabriel entraram pela porta, trazendo a conversa a um abrupto silêncio. Ao ver o rosto devastado de Helena, com os olhos vermelhos e as lágrimas escorren
Depois que Lorena foi embora, Gabriel sentiu-se pior do que morto. Ele tentou sair da cama, mas foi impedido pela enfermeira:— Sr. Gabriel, seus ferimentos ainda não sararam, e seu corpo está muito fraco. É melhor continuar deitado.— Eu preciso encontrar a Lorena! Tenho que encontrá-la! Não tente me impedir!— Está falando da jovem que ficou com você ontem à noite? Pois ela já foi embora com o marido dela.Aquela frase foi como um balde de água fria na cabeça de Gabriel."Marido? O marido dela? Lorena se casou? Ela realmente se casou?"A ideia martelava na cabeça dele. Lorena estava com outro homem, havia se casado com ele. Mas não, enquanto não assinassem os papéis, não seria um casamento de verdade!— Ele não é o marido dela! Eu sou! Eu sou o verdadeiro marido da Lorena!A voz de Gabriel estava cheia de desespero, e a enfermeira parecia não saber mais o que fazer com ele.Nesse momento, Helena entrou no quarto, visivelmente agitada:— Gabriel, estou grávida!Aquelas palavras caíram
Ao ver Michel entrar no quarto, o rosto de Gabriel escureceu imediatamente:— Michel, o que você está fazendo aqui?— Não percebe? — Michel cruzou os braços, encarando-o com frieza. — Você é o Gabriel, certo? Aquele por quem a Lorena rejeitou, uma vez após a outra, as propostas de casamento da família Frota?— Lorena recusou as propostas da família Frota por minha causa?O sentimento de culpa de Gabriel cresceu ainda mais. Durante todos esses anos, ele pensara que Lorena não tinha ninguém porque, além dele, mais ninguém a queria. Nunca passou pela sua cabeça que Lorena já tinha um noivo e que esse noivo era alguém como Michel, um oficial militar, muito mais digno do que ele. Naquele momento, Gabriel percebeu o quão errado estava. Se tivesse outra chance, jamais teria aceitado Helena ou concordado em se casar com ela.— Pronto, você já acordou. Agora eu e minha esposa vamos para casa descansar. — Disse Michel com indiferença.Michel não tinha paciência para perder tempo com ele. Quando