Share

capítulo 4

Author: Melurso
No dia seguinte, ainda não havia nenhuma notícia minha.

De manhã cedo, minha avó apareceu.

— Vovó!

Feliz, flutuei em sua direção!

Desde que morri, quis vê-la novamente, mas minha alma estava presa à minha mãe, incapaz de sair de perto dela.

Mas agora, vovó estava aqui.

Só de poder vê-la mais uma vez, já podia descansar em paz.

Antes que eu pudesse me aproximar, Joel correu para abraçá-la, exclamando:

— Vovó!

Ao longo dos anos, ele sempre usou minha proximidade com ela para se aproximar também.

Com o tempo, e com minha influência, vovó acabou aceitando esse “neto” sem laços de sangue.

Ela não via motivos para tratá-lo com frieza.

Segurou a mão de Joel com carinho e o fez sentar ao seu lado.

— Já está tão grande e ainda faz esse escândalo? Onde está sua irmã?

— Irmã! — Joel gritou.

Na mesma hora, Elisabete correu até a sala.

— Vovó! Que bom que a senhora veio!

O olhar da vovó, que antes trazia uma ponta de expectativa, esfriou no mesmo instante.

Respondeu apenas com um seco:

— Ei.

Sem um traço de entusiasmo na voz.

A mãe percebeu na hora e franziu a testa.

— Mãe, a Bete tá falando com a senhora. Como pode ser tão fria?

Vovó não gostou da intromissão.

— Eu trato ela como quero. Você que não se meta. Olhe bem para essa menina. Me diga onde ela tem algo de bom.

A mãe sempre teve um amor imenso por Elisabete.

Ouvir isso a deixou exaltada.

— Mãe, a Bete é uma boa menina! A senhora não pode ser tão dura com ela!

A avó corou de raiva e apontou o dedo para minha mãe.

— Você só enxerga o que quer! Não vê o quanto ela faz mal aos outros! Eu não gosto dela, e daí?!

A mãe também não recuou.

Colocou as mãos na cintura e enfrentou a avó.

— A Bete nunca fez mal a ninguém! A senhora tá assim porque aquela peste da Jesiane encheu sua cabeça com bobagens!

Na verdade, só chorei na frente da vovó uma única vez.

Mas só porque a vovó repreendeu Elisabete por mim, minha mãe me puniu severamente:

Tive que copiar "Elisabete, me desculpe" dez mil vezes.

Escrevi até minhas mãos quase falharam. Depois disso, nunca mais me atrevi a reclamar.

Desde que fui levada para morar com meus pais, Elisabete me via como uma inimiga.

Ela sempre escolhia o momento certo para me esbarrar de propósito e, quando nossos pais apareciam, se jogava no chão, fingindo que eu a empurrei.

Ela rasgava meus deveres de casa, e eu acabava punida pelos professores.

Escondia minha mochila para que eu chegasse atrasada na escola.

Rabiscava minhas roupas, me fazendo passar vergonha na frente dos colegas.

E, vendo que minha mãe sempre ficava do lado dela, só piorava.

Se eu tentava contar para meus pais, só ouvia que estava exagerando ou sendo dramática demais.

No começo, eu ficava triste.

Mas depois… só aprendi a guardar para mim.

Na adolescência, Elisabete começou a me excluir em todos os eventos da família, só para reafirmar sua posição.

Nos aniversários dos meus pais, sempre inventava um jantar especial fora — mas sem me chamar.

Nas férias, sempre fui eu quem precisava ficar em casa cuidando das coisas.

Com o tempo, todos se acostumaram a me deixar de lado.

E eu também me convenci de que só servia para ser um apoio de fundo.

...

Na sala, a discussão entre minha mãe e minha avó ficava cada vez mais acalorada.

O clima era sufocante, carregado de tensão.

No fim, foi meu pai quem tentou apaziguar.

— Catarina, sua mãe já tá velha, para de discutir com ela por besteira. Somos uma família, não precisa desse drama todo.

A vovó nunca aprovou muito o casamento da minha mãe com ele.

Mas, por minha mãe… e por mim, acabou aprendendo a aceitá-lo.

Já Elisabete, por outro lado, era algo que ela jamais engoliria.

Seu olhar frio passou rapidamente pela menina antes de desviar, como se até encará-la fosse um incômodo.

— E a Jesinha? — perguntou de repente. — Vou levá-la para ficar comigo por uns dias.

Related chapters

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 5

    No passado, a vovó não aprovou o casamento da minha mãe com meu pai, temendo que ela passasse dificuldades ao lado de um homem sem dinheiro.Revoltada, minha mãe passou a noite bebendo, sem imaginar que acabaria sendo violentada por um marginal e, pior ainda, engravidaria.Naquela época, ainda era jovem. Tinha opções melhores.Mas, para punir minha avó e fazê-la se sentir culpada, decidiu seguir com a gravidez.Quando completei três anos, um dia, ao olhar para mim, viu traços do meu pai no meu rosto e orreu para fazer um teste de DNA.O resultado confirmou: eu realmente era filha do meu pai, e não do agressor.Minha mãe ficou aliviada e, com isso, conseguiu reconquistar meu pai.Mas, para os dois, eu ainda era uma mancha na história de amor que eles tanto idealizavam.Sem pensar duas vezes, me deixaram com minha avó e partiram para longe, como se eu fosse um erro que precisavam esquecer.Naquela época, meu pai tinha acabado de se divorciar de sua primeira esposa.Joel já tinha dois ano

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 6

    Assim que atendeu a ligação, minha mãe disparou, irritada:— Sua desgraçada, será que pode parar de envenenar sua avó contra mim?!Mas a voz do outro lado era masculina. Soava séria.— Alô, a senhora é parente de Jesiane?Minha mãe franziu a testa.— Quem é você? E por que está com o celular dela? — O tom era frio.— Encontramos os documentos e o telefone de Jesiane em um apartamento alugado. Precisamos que compareça à delegacia para confirmar algumas informações.Ao ouvir isso, sua expressão relaxou um pouco.— Sabia que aquela praga tinha se mudado. Só sabe arrumar confusão.Sem demonstrar qualquer preocupação, desligou o telefone e continuou comendo.Elisabete desviou o olhar, inquieta.— Mamãe… não era a Jesiane?— Ela perdeu o celular. A delegacia só quer que alguém vá buscar. Nada urgente. Terminamos de comer primeiro.Elisabete esboçou uma expressão de ansiedade.Falou mais rápido do que o normal:— Mamãe, posso ir? Jesiane é minha irmã, afinal.Minha mãe elogiou sua "maturidade

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 7

    O aniversário de 60 anos da vovó foi uma celebração íntima, apenas para familiares e amigos próximos.No salão, minha mãe e meu pai varriam o local com os olhos, claramente à minha procura.Até Joel pareceu surpreso.— Jesiane não veio mesmo? Será que aconteceu alguma coisa com ela?Elisabete deu um tapa leve na mão dele.— Para de falar besteira! Ela já é adulta, não tem nada de errado.E só com isso, todos ficaram tranquilos novamente.Minha mãe suspirou.— Daqui a pouco, um monte de gente vai nos culpar por isso.Ao ouvir isso, não pude evitar um sorriso amargo.Então era isso.Achei que estivessem me esperando por preocupação…Mas, na verdade, era só medo da opinião alheia.Deixando esse assunto de lado, minha mãe se voltou para Elisabete.— Aproveite a ocasião e entregue seu presente para sua avó. Na frente de todo mundo, ela não vai te desmerecer.Os olhos de Elisabete brilharam de excitação.A vovó era uma empresária de grande prestígio na cidade, uma mulher rica e poderosa.Qua

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 8

    Sala de interrogatório.Minha mãe abraçava Elisabete protetoramente.— Eu sou a responsável legal dela. Qualquer coisa, perguntem para mim. Bete é só uma menina, não precisa passar por esse tipo de situação.Elisabete se encolhia em seus braços, o corpo tremendo levemente.Parecia realmente frágil, assustada, indefesa.O policial assistiu à cena e soltou um riso frio.— Menina? Ela tem vinte e seis anos!Minha mãe ignorou o tom de deboche e acariciou as costas de Elisabete, tentando acalmá-la.— Eu entendo que estão apenas fazendo o trabalho de vocês, mas Bete não sabe de nada. Ela e Jesiane eram irmãs, mas cada uma levava sua vida.O policial foi direto ao ponto:— Ontem, realizamos uma operação em um apartamento alugado onde um grupo estava envolvido em jogos ilegais. Durante a busca, encontramos alguns pertences de Jesiane. Foi Elisabete quem foi buscar os itens, certo?Minha mãe hesitou por um momento.— Sim… O celular e os documentos dela foram entregues a vocês agora há pouco. Ma

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 9

    Elisabete apertou as mãos com força, os dedos crispando no tecido da roupa.Mas nada podia impedir o policial de continuar:— O mais importante são algumas chamadas deletadas. O laudo forense confirmou que Jesiane foi enterrada viva. E essas ligações… foram seus pedidos de socorro. Mas você, ignorou todas elas.O rosto da minha mãe ficou completamente sem cor.— Não pode ser! Eu esperei a ligação dela o dia todo! Queria que me ligasse pedindo desculpas! Mas… mas ela nunca ligou!Num impulso, pegou o próprio celular e o abriu para provar sua versão.Mas, ao verificar a lixeira do histórico de chamadas…Os registros estavam ali.Vários números recusados.Todos feitos por mim.Naquele dia, o celular dela estava com Elisabete.Minha mãe ficou paralisada.Como se algo dentro dela tivesse morrido naquele instante.— Eu… eu só estava brava com ela! — Elisabete se desesperou, tentando se explicar. — Ela me empurrou na água, então eu não queria que mamãe atendesse! Mas… mas eu nunca desejei que

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 10

    Ao descobrir o quão cruel e desesperadora foi minha morte, minha mãe desmoronou.Todos os dias, abraçava o lenço que mandei fazer para ela, afogada em lágrimas.Meu pai, embora igualmente devastado, tentava se manter firme.Cuidava da esposa, agora em um estado de torpor, e se esforçava para manter os frágeis pedaços daquela família destruída.Anita veio visitá-la.Pela primeira vez, minha mãe ouviu coisas que antes jamais teve paciência para escutar.— Você lembra quando Jesinha entrou na escola?A voz de Anita era suave, mas cada palavra abria uma ferida.— Ela participou de um concurso de desenho e queria fazer algo bonito para você. Todas as noites, depois da lição de casa, ficava horas desenhando. Não reclamava, não cansava. Quando ganhou o prêmio, correu para casa, animada, e te mostrou primeiro.Ela te amava tanto. Sempre pensava em você.A mãe não piscava, perdida num vazio sem fim.— Mas na parede da sua casa, só tinham os prêmios dos outros dois filhos. Não havia um único esp

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 1

    Dois meses depois de eu ter adormecido para sempre naquela floresta, meus pais enfim se lembraram de que me deixaram para trás na volta da viagem pelo vale.Meu pai franziu a testa, impaciente:— Era só dar um jeito de voltar. Precisa desse drama todo?Meu irmão abriu nossa conversa, enviou um emoji debochado e digitou:— Melhor morrer por aí. Assim, tudo fica para mim e para a Bete.Silêncio.Minha mãe, sem expressão, ordenou:— Diga que, se aparecer no aniversário da avó, esqueço essa história de ter empurrado a Bete na água.Nunca acreditaram que eu não tivesse saído daquela floresta.Vasculharam, cavaram, reviraram a terra.Até encontraram meus ossos na mata fechada....Sem conseguir falar comigo e pressionados pela vovó, essa "família unida" finalmente veio parar, a contragosto, diante de um cortiço caindo aos pedaços.— Que nojeira! Essa vadia mora num buraco desses? Eu não vou entrar!Joel Silva tapou o nariz, com nojo.— Tá bom, então você e a Bete voltem pra casa. Eu e seu pa

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 2

    — Como fui dar à luz uma criatura tão cruel e sem coração como você?! — A vovó estava tão indignada que mal conseguia respirar. — Passei dois meses fora do país sem nenhuma notícia dela! Fiquei preocupada todos os dias, e agora que voltei, ainda não consigo falar com ela! Com certeza foram vocês que fizeram ela sofrer!A voz dela tremeu de raiva.— Ela não mora com vocês? Manda ela atender o celular agora!A mãe ficou em silêncio por um instante e trocou um olhar com o pai.Dois meses atrás, Joel teve um capricho de acampar na área proibida do Vale do Eclipse.Eu sabia dos riscos, mas, no fundo, queria aproveitar essa oportunidade para me aproximar da família. Até tirei folga no trabalho para ir.Nunca imaginei que Elisabete cairia na água.E menos ainda, que ao ser resgatada, apontaria para mim e diria que eu a empurrei.A mãe não quis ouvir explicações. Completamente cega de raiva, me deu vários tapas no rosto e me abandonou na floresta.O que eles não sabiam... é que naquele dia, eu

Latest chapter

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 10

    Ao descobrir o quão cruel e desesperadora foi minha morte, minha mãe desmoronou.Todos os dias, abraçava o lenço que mandei fazer para ela, afogada em lágrimas.Meu pai, embora igualmente devastado, tentava se manter firme.Cuidava da esposa, agora em um estado de torpor, e se esforçava para manter os frágeis pedaços daquela família destruída.Anita veio visitá-la.Pela primeira vez, minha mãe ouviu coisas que antes jamais teve paciência para escutar.— Você lembra quando Jesinha entrou na escola?A voz de Anita era suave, mas cada palavra abria uma ferida.— Ela participou de um concurso de desenho e queria fazer algo bonito para você. Todas as noites, depois da lição de casa, ficava horas desenhando. Não reclamava, não cansava. Quando ganhou o prêmio, correu para casa, animada, e te mostrou primeiro.Ela te amava tanto. Sempre pensava em você.A mãe não piscava, perdida num vazio sem fim.— Mas na parede da sua casa, só tinham os prêmios dos outros dois filhos. Não havia um único esp

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 9

    Elisabete apertou as mãos com força, os dedos crispando no tecido da roupa.Mas nada podia impedir o policial de continuar:— O mais importante são algumas chamadas deletadas. O laudo forense confirmou que Jesiane foi enterrada viva. E essas ligações… foram seus pedidos de socorro. Mas você, ignorou todas elas.O rosto da minha mãe ficou completamente sem cor.— Não pode ser! Eu esperei a ligação dela o dia todo! Queria que me ligasse pedindo desculpas! Mas… mas ela nunca ligou!Num impulso, pegou o próprio celular e o abriu para provar sua versão.Mas, ao verificar a lixeira do histórico de chamadas…Os registros estavam ali.Vários números recusados.Todos feitos por mim.Naquele dia, o celular dela estava com Elisabete.Minha mãe ficou paralisada.Como se algo dentro dela tivesse morrido naquele instante.— Eu… eu só estava brava com ela! — Elisabete se desesperou, tentando se explicar. — Ela me empurrou na água, então eu não queria que mamãe atendesse! Mas… mas eu nunca desejei que

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 8

    Sala de interrogatório.Minha mãe abraçava Elisabete protetoramente.— Eu sou a responsável legal dela. Qualquer coisa, perguntem para mim. Bete é só uma menina, não precisa passar por esse tipo de situação.Elisabete se encolhia em seus braços, o corpo tremendo levemente.Parecia realmente frágil, assustada, indefesa.O policial assistiu à cena e soltou um riso frio.— Menina? Ela tem vinte e seis anos!Minha mãe ignorou o tom de deboche e acariciou as costas de Elisabete, tentando acalmá-la.— Eu entendo que estão apenas fazendo o trabalho de vocês, mas Bete não sabe de nada. Ela e Jesiane eram irmãs, mas cada uma levava sua vida.O policial foi direto ao ponto:— Ontem, realizamos uma operação em um apartamento alugado onde um grupo estava envolvido em jogos ilegais. Durante a busca, encontramos alguns pertences de Jesiane. Foi Elisabete quem foi buscar os itens, certo?Minha mãe hesitou por um momento.— Sim… O celular e os documentos dela foram entregues a vocês agora há pouco. Ma

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 7

    O aniversário de 60 anos da vovó foi uma celebração íntima, apenas para familiares e amigos próximos.No salão, minha mãe e meu pai varriam o local com os olhos, claramente à minha procura.Até Joel pareceu surpreso.— Jesiane não veio mesmo? Será que aconteceu alguma coisa com ela?Elisabete deu um tapa leve na mão dele.— Para de falar besteira! Ela já é adulta, não tem nada de errado.E só com isso, todos ficaram tranquilos novamente.Minha mãe suspirou.— Daqui a pouco, um monte de gente vai nos culpar por isso.Ao ouvir isso, não pude evitar um sorriso amargo.Então era isso.Achei que estivessem me esperando por preocupação…Mas, na verdade, era só medo da opinião alheia.Deixando esse assunto de lado, minha mãe se voltou para Elisabete.— Aproveite a ocasião e entregue seu presente para sua avó. Na frente de todo mundo, ela não vai te desmerecer.Os olhos de Elisabete brilharam de excitação.A vovó era uma empresária de grande prestígio na cidade, uma mulher rica e poderosa.Qua

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 6

    Assim que atendeu a ligação, minha mãe disparou, irritada:— Sua desgraçada, será que pode parar de envenenar sua avó contra mim?!Mas a voz do outro lado era masculina. Soava séria.— Alô, a senhora é parente de Jesiane?Minha mãe franziu a testa.— Quem é você? E por que está com o celular dela? — O tom era frio.— Encontramos os documentos e o telefone de Jesiane em um apartamento alugado. Precisamos que compareça à delegacia para confirmar algumas informações.Ao ouvir isso, sua expressão relaxou um pouco.— Sabia que aquela praga tinha se mudado. Só sabe arrumar confusão.Sem demonstrar qualquer preocupação, desligou o telefone e continuou comendo.Elisabete desviou o olhar, inquieta.— Mamãe… não era a Jesiane?— Ela perdeu o celular. A delegacia só quer que alguém vá buscar. Nada urgente. Terminamos de comer primeiro.Elisabete esboçou uma expressão de ansiedade.Falou mais rápido do que o normal:— Mamãe, posso ir? Jesiane é minha irmã, afinal.Minha mãe elogiou sua "maturidade

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 5

    No passado, a vovó não aprovou o casamento da minha mãe com meu pai, temendo que ela passasse dificuldades ao lado de um homem sem dinheiro.Revoltada, minha mãe passou a noite bebendo, sem imaginar que acabaria sendo violentada por um marginal e, pior ainda, engravidaria.Naquela época, ainda era jovem. Tinha opções melhores.Mas, para punir minha avó e fazê-la se sentir culpada, decidiu seguir com a gravidez.Quando completei três anos, um dia, ao olhar para mim, viu traços do meu pai no meu rosto e orreu para fazer um teste de DNA.O resultado confirmou: eu realmente era filha do meu pai, e não do agressor.Minha mãe ficou aliviada e, com isso, conseguiu reconquistar meu pai.Mas, para os dois, eu ainda era uma mancha na história de amor que eles tanto idealizavam.Sem pensar duas vezes, me deixaram com minha avó e partiram para longe, como se eu fosse um erro que precisavam esquecer.Naquela época, meu pai tinha acabado de se divorciar de sua primeira esposa.Joel já tinha dois ano

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 4

    No dia seguinte, ainda não havia nenhuma notícia minha.De manhã cedo, minha avó apareceu.— Vovó!Feliz, flutuei em sua direção!Desde que morri, quis vê-la novamente, mas minha alma estava presa à minha mãe, incapaz de sair de perto dela.Mas agora, vovó estava aqui.Só de poder vê-la mais uma vez, já podia descansar em paz.Antes que eu pudesse me aproximar, Joel correu para abraçá-la, exclamando:— Vovó!Ao longo dos anos, ele sempre usou minha proximidade com ela para se aproximar também.Com o tempo, e com minha influência, vovó acabou aceitando esse “neto” sem laços de sangue.Ela não via motivos para tratá-lo com frieza.Segurou a mão de Joel com carinho e o fez sentar ao seu lado.— Já está tão grande e ainda faz esse escândalo? Onde está sua irmã?— Irmã! — Joel gritou.Na mesma hora, Elisabete correu até a sala.— Vovó! Que bom que a senhora veio!O olhar da vovó, que antes trazia uma ponta de expectativa, esfriou no mesmo instante.Respondeu apenas com um seco:— Ei.Sem um

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 3

    O apresentador do noticiário alertava a população para evitar a área do Vale do Eclipse e prevenir mais tragédias.Joel se endireitou no sofá.— O Vale do Eclipse foi interditado?!A mãe franziu o cenho no mesmo instante, como se algo lhe ocorresse.Já Joel, ao contrário, saltou do sofá e bateu as mãos nas pernas, animado.— Isso é ótimo! Então a nossa viagem de acampamento foi a última antes do fechamento! Meus amigos vão morrer de inveja, nenhum deles teve essa chance!A tensão no rosto da mãe diminuiu um pouco.— Para de fazer esse escândalo. Já escolheu o presente da sua avó?O pai, que até então também estava sombrio, relaxou um pouco.— Esse ano, você e a Bete precisam se esforçar pra agradar a sua avó.Joel bufou, desinteressado.— Ah, relaxa. Todo ano a Jesiane escolhia o presente pra mim, e a vovó sempre gostava. Não precisa se preocupar.Dito isso, voltou sua atenção para o jogo na TV.Ao ouvir meu nome, a mãe lançou um olhar de puro desprezo e se levantou, indo para o quarto

  • Enterrada, Mas Ainda Contam Comigo   capítulo 2

    — Como fui dar à luz uma criatura tão cruel e sem coração como você?! — A vovó estava tão indignada que mal conseguia respirar. — Passei dois meses fora do país sem nenhuma notícia dela! Fiquei preocupada todos os dias, e agora que voltei, ainda não consigo falar com ela! Com certeza foram vocês que fizeram ela sofrer!A voz dela tremeu de raiva.— Ela não mora com vocês? Manda ela atender o celular agora!A mãe ficou em silêncio por um instante e trocou um olhar com o pai.Dois meses atrás, Joel teve um capricho de acampar na área proibida do Vale do Eclipse.Eu sabia dos riscos, mas, no fundo, queria aproveitar essa oportunidade para me aproximar da família. Até tirei folga no trabalho para ir.Nunca imaginei que Elisabete cairia na água.E menos ainda, que ao ser resgatada, apontaria para mim e diria que eu a empurrei.A mãe não quis ouvir explicações. Completamente cega de raiva, me deu vários tapas no rosto e me abandonou na floresta.O que eles não sabiam... é que naquele dia, eu

Scan code to read on App
DMCA.com Protection Status