Share

Capítulo 2

Author: Beatriz Navarro
No bar.

Leandro olhou para o relógio. Já estava na hora. Ele se levantou, pronto para ir embora.

Diógenes Lima ficou surpreso:

— São só nove horas, já vai embora tão cedo?

— Não tem mais graça.

— Como assim não tem mais graça? Olha quantas mulheres bonitas! Isso aqui não é muito melhor do que fazer plantão no hospital? — Diógenes se levantou e passou o braço pelo ombro de Leandro, apontando para os jovens que dançavam colados na pista de dança. — Olha só como eles estão se divertindo. Você não sente nem um pouco de inveja?

Leandro nem levantou as pálpebras. Apenas lançou um olhar frio para o braço que repousava sobre seu ombro e respondeu, com indiferença:

— Tira a mão.

O olhar inexpressivo de Leandro deixou Diógenes ligeiramente assustado, mas ele sabia que não tinha escolha. Leandro era o rosto mais atraente do departamento deles.

Se não fosse por ele ter trazido Leandro hoje, eles jamais conseguiriam pegar o número de WhatsApp das garotas.

Diógenes imediatamente amoleceu o tom, suplicando com um ar de pena:

— Leandro, eu já tenho 27 anos. Minha mãe disse que, se eu não levar uma namorada para casa este ano, ela vai tomar o apartamento em que eu moro. Você não vai ser tão cruel a ponto de me deixar sem teto, vai?

— É isso mesmo, Leandro. Eu também já passei da idade. Se eu não apresentar uma namorada este ano, minha mãe vai me proibir de entrar em casa no Ano Novo!

— Eu também quero uma namorada, Leandro. Fica só mais um pouco, por favor!

Os outros começaram a implorar, cada um com sua justificativa.

Leandro franziu a testa.

Diógenes aproveitou o momento para insistir:

— Leandro, eu só estou pensando no seu bem. Você ainda é um ano mais velho que eu. Aposto que sua mãe também quer muito ter um neto logo!

Diógenes entendia muito bem a mentalidade dos pais daquela geração. Para eles, era essencial dar continuidade à família.

Os pais de Diógenes venderam a casa na cidade natal para economizar e compraram um apartamento de três quartos, com 100 metros quadrados, em Serenópolis, investindo cinco milhões de reais no imóvel.

Agora, eles ainda estão pagando um empréstimo de dois milhões no banco.

Diógenes sentia muito pelos pais. Ele também queria encontrar alguém para compartilhar sua vida e começar uma nova etapa.

— Eu só quero ir para casa dormir.

Se tem algo que médicos nunca têm o suficiente, é sono.

Nesse ponto, Diógenes concordava plenamente.

Mas ele não desistiu e disse com convicção:

— Leandro, todos somos homens. Não acredito que você não tenha nenhum interesse em mulheres. Você tem tudo: é bonito, tem boa condição de vida... Só pode ser porque suas exigências são altas. Você não quer só alguém bonita, quer também alguém com classe, certo?

Homens que não gostam de mulheres muito chamativas ou fofas geralmente preferem aquelas com mais elegância.

Mas encontrar alguém assim não era fácil, especialmente num lugar como um bar.

Diógenes olhou em volta mais uma vez e, de repente, exclamou com admiração genuína:

— Olha só, uma deusa!

O brilho de surpresa nos olhos dele parecia verdadeiro.

Leandro seguiu o olhar de Diógenes, lançando um olhar casual, mas ele parou imediatamente. Sua expressão ficou séria, as sobrancelhas se franziram pesadamente.

...

Marília.

Marília não sabia quantos copos de bebida já tinha tomado. Embora ela não tivesse resistência ao álcool, havia bebido tanto que sua mente ainda estava incrivelmente lúcida, lúcida o suficiente para se lembrar de cada palavra que Anselmo tinha acabado de dizer.

A pessoa que ela gostava estava agora com sua melhor amiga.

"Haveria algo mais trágico do que isso?"

E hoje era o aniversário dela de 22 anos. Como eles puderam fazer isso com ela?

Quanto mais Marília pensava, mais magoada ficava. As lágrimas começaram a escorrer sem parar.

Vestindo um vestido de gala, ela já chamava atenção num lugar como aquele bar.

Uma bela mulher chorando era ainda mais irresistível para os homens ao redor, despertando intenções questionáveis.

As pessoas iam ao bar ou para relaxar ou para se divertir. Encontros casuais eram algo comum ali.

Logo, um homem com segundas intenções se aproximou para puxar conversa. Embora Marília estivesse embriagada, ainda restava um pouco de cautela em seu coração. A música alta e ensurdecedora, as luzes coloridas e piscantes... Nesse ambiente caótico, ela colocou o copo no balcão, se apoiou na mesa e, com passos cambaleantes, tentou ir embora.

Mas o homem a impediu de sair, bloqueando seu caminho.

— Ei, gata, não precisa ir embora com tanta pressa. Como você se chama? Vamos ser amigos.

— Saia da minha frente!

— Não seja tão rude. Só estou preocupado com você. Vi que você estava chorando aqui agora há pouco. Está passando por alguma coisa? Que tal a gente reservar um quarto para conversar melhor? Eu posso te consolar.

Com um tom malicioso, o homem estendeu a mão para puxá-la.

Marília estava prestes a recuar, mas uma mão longa, firme e de dedos elegantes surgiu por trás dela, prendendo com agilidade o pulso do homem que tentou tocá-la.

— Quem é você? — O homem perguntou com agressividade.

Marília olhou para aquela mão bem cuidada, notando as veias saltadas e o relógio Patek Philippe que chamava atenção.

Ela virou a cabeça e viu um rosto familiar.

Camisa branca, calça social preta, postura alta e impecável.

Um rosto tão atraente que parecia saído de uma pintura. Quem mais poderia ser, senão Leandro?

— Essa mulher foi a primeira que eu vi. Você não conhece a regra de que quem chega primeiro tem prioridade?

Ao encarar alguém mais alto que ele, o homem hesitou, se sentindo intimidado. No entanto, se virou rapidamente para o lado e chamou dois amigos.

Logo, mais dois homens com expressões ameaçadoras se aproximaram. Eles arregaçaram as mangas, claramente prontos para brigar.

— Essa mulher é nossa. Se você tentar roubá-la de nós, não vamos pegar leve!

Leandro soltou a mão do agressor.

Marília olhou para os três homens à sua frente. Leandro estava sozinho. Eles nem sequer eram próximos. E se ele decidisse não ajudá-la? Assustada, ela segurou o braço de Leandro e exclamou em voz alta:

— Ele é meu tio!

Um brilho intenso passou pelos olhos de Leandro. Ele a encarou com seus olhos negros e frios.

Marília, com uma expressão lamentável, devolveu o olhar enquanto apertava ainda mais o braço dele.

— Vocês têm coragem de mexer com a sobrinha do Leandro? Querem morrer, é isso?

Diógenes apareceu, acompanhado de outros dois colegas, todos com uma postura ameaçadora.

Quatro contra três, e dois deles eram mais altos.

Os três agressores fugiram, apavorados.

— Leandro, quem diria que sua sobrinha já está tão grande!

Diógenes, que havia acabado de adicionar várias garotas interessantes no WhatsApp, percebeu que nenhuma delas chegava perto da beleza de Marília. Aquela figura, aquela elegância... era surreal, como se fosse uma celebridade!

Ele rapidamente pegou o celular, tentando adicionar o contato dela.

Mas Marília logo soltou o braço de Leandro e saiu andando.

Com o rosto sério, Leandro foi atrás dela.

...

Marília definitivamente tinha bebido demais. Tudo à sua volta parecia duplicado.

Sabendo que Leandro estava de carro e que ele se ofereceu para levá-la, ela não recusou.

No entanto, ela não queria voltar para a família Pereira, nem para a família Cardoso.

Vendo o estado dela, Leandro decidiu levá-la para um hotel e reservou um quarto.

Foi ele quem a carregou até o andar do quarto.

Depois de colocá-la na cama, Leandro foi até o banheiro, encheu a banheira com água fria e voltou para pegá-la. Sem qualquer hesitação, ele a carregou até o banheiro e a jogou na água gelada.

A água fria como gelo fez Marília gritar. Ela tentou sair, se apoiando na borda da banheira. Sua mente, antes confusa, finalmente clareou um pouco. Levantando a cabeça, ela olhou furiosa para Leandro, que estava de pé ao lado da banheira, encarando-a de cima para baixo com uma expressão indiferente.

— Leandro, você ficou louco?

— Você foi ao bar se embebedar, Marília. Quem te deu essa coragem?

Com as costas contra a luz, o rosto de Leandro estava sombrio e frio.

Marília detestava o fato de que Leandro sempre assumia um tom autoritário, como se fosse um parente mais velho que tinha o direito de lhe dar lições.

Related chapters

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 3

    — Não ache que só porque eu te chamei de tio, você é realmente meu tio. Não se meta nos meus assuntos! Marília saiu da banheira com dificuldade. Será que ela estava maluca? Por que tinha vindo ao hotel com ele? Ela sabia muito bem que ele nunca fora sido amigável com ela. — Você vai sair assim? A voz do homem soou às suas costas, carregada de um tom indecifrável. Marília parou de repente, prestes a abrir a porta, e olhou para si mesma. Seu corpo estava completamente molhado, e o tecido fino do vestido de noite de verão estava grudado à sua pele, desconfortável e revelador. Até mesmo os adesivos de seios estavam desalinhados, deixando algo bastante chamativo à vista. Não havia como sair daquele jeito. Apertando a maçaneta da porta com mais força, Marília usou uma mão para cobrir o peito e abriu a porta. Ela não saiu. Com frieza, ordenou que ele fosse embora: — Saia. Quero descansar aqui! Leandro tirou um cigarro e um isqueiro do bolso. Acendeu o cigarro e deu uma t

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 4

    Leandro disse que a esperaria do lado de fora. Marília terminou o banho, trocou de roupa e ficou enrolando até as dez horas. Ao seu redor, não havia som algum, nem ninguém que viesse bater à porta para apressá-la. "Ele deve ter ido embora", pensou. Marília foi até a porta do quarto, segurou a maçaneta, respirou fundo e a girou lentamente. Ao ver que não havia ninguém lá fora, soltou um longo suspiro de alívio. Quando estava prestes a sair, um fio de fumaça chegou até ela. Virou a cabeça e encontrou diretamente o olhar profundo e sombrio do homem. Leandro apagou o cigarro que segurava. — Vamos tomar café da manhã. Ele foi o primeiro a sair andando. Marília abriu a boca, sem saber o que dizer, e acabou apenas o seguindo com certa relutância. O restaurante ficava no térreo. Depois de se sentarem, o garçom trouxe o cardápio. Marília pediu dois pratos aleatórios e devolveu o menu. Sua bolsa não estava no quarto. Sem o celular para passar o tempo, só lhe restava mex

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 5

    Marília observou Esperança sair da cafeteria. As lágrimas escorreram por seu rosto. Ela permaneceu sentada por um tempo antes de chamar o garçom para pedir a conta e sair. ... Ao descer do táxi, o celular de Marília tocou. Era um número desconhecido, sem identificação. Sentindo uma leve dor de cabeça e sem paciência para atender, ela simplesmente rejeitou a chamada. Assim que guardou o celular de volta na bolsa, ele tocou novamente. O mesmo número. Marília, já incomodada, atendeu. Quando estava prestes a falar algo, ouviu do outro lado uma voz agressiva: — Marília, foi você que pediu para Esperança terminar comigo? Anselmo raramente falava com ela de forma tão rude. Naquela manhã, pela mensagem que ele enviou, Marília conseguia perceber o quanto ele estava preocupado com ela. Mas agora, ele estava furioso. Por causa de Esperança. Uma dor surda atravessou o coração de Marília. Ela parou na entrada do condomínio e fechou os olhos: — Anselmo, espero que você e

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 6

    Marília voltou para a casa de Zélia. Colocou a mala em pé na sala de estar e, exausta, se sentou no sofá, com o olhar perdido e vazio. Não sabia quanto tempo havia passado quando o celular tocou, a trazendo de volta à realidade. Ao olhar o identificador de chamadas, franziu a testa involuntariamente. Após pensar por um momento, decidiu atender. — Tainá, o que foi? — Srta. Marília, bem... o Sr. Anselmo pediu que eu verificasse seu quarto... Parece que algumas roupas e joias estão faltando, e também não encontrei duas bolsas de couro de crocodilo de platina. O Sr. Anselmo disse que é indispensável devolvê-las, caso contrário ele... tomará medidas legais para reavê-las. A voz de Tainá foi ficando cada vez mais baixa, evidentemente constrangida por ter que dizer aquilo. Marília ficou atônita, sem acreditar que Anselmo poderia descer tão baixo. Sentindo uma onda de raiva crescer dentro de si, exclamou furiosa: — Eu não peguei nada disso! Já revistaram minha mala. Como ele pode

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 7

    No meio da noite. Um grupo de pessoas estava reunido jogando cartas e bebendo. Anselmo olhou para as cartas que tinha recebido mais uma vez e viu que era outra mão horrível. Ele franziu ligeiramente a testa, pegou a caixinha de cigarros ao lado e acendeu um cigarro. Rômulo lhe lançou um olhar e riu: — Não tinha dito que ia parar de fumar? Por que está fumando de novo? Anselmo ainda não tinha respondido, quando alguém fez uma piada: — Pois é, Anselmo, você não falou que ia parar? Com esse cheiro de cigarro no corpo, quando voltar para casa, não tem medo de a Marília não deixar você entrar? — Se você não falar, ninguém vai achar que você é mudo! — O tom brusco e repentino de Anselmo pegou todos de surpresa. Rômulo deu um chute leve na pessoa que tinha feito a piada e falou de maneira significativa: — O Anselmo agora tem namorada. Se a Srta. Esperança ouvir isso, ela não vai gostar. Não diga essas coisas mais no futuro! Eles tinham crescido juntos e sempre tiveram uma

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 8

    Depois que o último paciente da manhã saiu, Leandro tirou o jaleco, lavou as mãos e pegou o celular para fazer uma ligação:— Estou saindo agora.Do outro lado da linha, o barulho era intenso, e Diógenes, com sua voz alta, respondeu:— Leandro, eu já estou no refeitório com o Gaeliano e os outros. Sua sobrinha está lá fora te esperando faz um bom tempo. A garota raramente aparece por aqui, leve ela para comer algo bom fora!Leandro caminhava em direção à porta enquanto segurava o celular. Quando pôs a mão na maçaneta, parou de repente, franzindo a testa:— Minha sobrinha?— Sim! A que vimos no bar anteontem, lembra? A garota bonita. Ela não te chamou de tio? — Diógenes, entre pedidos para que os outros parassem de empurrar, continuou. — Eu até pensei em entrar para te avisar, mas ela não quis, disse que não queria atrapalhar o seu trabalho. Está lá fora esperando, toda educada! Não vou falar mais nada, é minha vez de pegar comida. Vai logo levar sua sobrinha para almoçar fora. A essa h

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 9

    O homem carregava nos olhos uma impaciência e frieza que não fazia questão de esconder. Marília sustentou o olhar dele, mas sem muita firmeza. Estava claro para ela que ele queria cortar qualquer vínculo, desejando ao máximo se distanciar dela, temendo que ela o importunasse. Se Marília tivesse um pouco de orgulho, teria desistido naquele momento. Porém, ao lembrar que no ano passado Anselmo e Esperança tinham se envolvido pelas suas costas, sentiu uma raiva difícil de conter. Leandro não era apenas o homem que Esperança havia admirado em vão por quatro anos. Ele era superior a Anselmo em todos os aspectos. Os amigos falsos de Anselmo sempre diziam que ela nunca encontraria alguém melhor. Só para provar o contrário, Marília precisava conquistar Leandro. — Vamos trocar nossos contatos! — Disse ela. Marília pegou o celular, mas Leandro permaneceu imóvel, olhando para ela com frieza. Tentando improvisar, ela rapidamente continuou: — Você comprou roupas para mim. Posso tr

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 10

    — Você se lembra de como respondeu à minha pergunta ontem? Claro que ela se lembrava do que havia dito no dia anterior. Só que Marília não esperava que fosse se arrepender tão rápido. Se ela tivesse aceitado de imediato, não estaria passando por esse constrangimento agora! — O que eu disse ontem foi para que você não se sentisse obrigado a ficar comigo por pura responsabilidade! Marília enfatizou a palavra "obrigado" enquanto apertava a bolsa sobre os joelhos, visivelmente nervosa, mas mantendo um sorriso doce no rosto. Leandro a observava em silêncio. Depois de alguns segundos, ele abriu os lábios, falando num tom frio: — Então você não quer que eu me sinta responsável por você? Marília sabia que, se respondesse negativamente, ele certamente usaria isso como desculpa para rejeitar de vez sua investida. Ela ajeitou os cabelos e disse com suavidade e clareza: — Eu fiquei sabendo que você não tem namorada, e eu também estou solteira. Podemos tentar? — Não é necess

Latest chapter

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 30

    Marília finalmente entendeu por que a geladeira estava tão cheia: Leandro tinha contratado uma senhora para cozinhar. Ela viu a mulher empacotar os alimentos que ainda estavam bons para levar embora. — Vai jogar isso fora? — O Dr. Leandro tem problemas no estômago, ele não pode comer comida de um dia para o outro. Marília tinha acabado de preparar o jantar com comida do dia anterior. Afinal, os ingredientes comprados no mercado ou supermercado nem sempre eram frescos do mesmo dia. Para ela, aquilo era um enorme desperdício. — Senhora, que tal deixar essas comidas para mim? Eu levo amanhã! A senhora hesitou e olhou para Leandro. — Tem mais na geladeira, pode levar. — Certo. — A senhora imediatamente pegou os sacos e se preparou para sair. Antes de atravessar a porta, se voltou com um sorriso. — É a primeira vez que vejo o senhor trazer uma moça para casa. Sua namorada é muito bonita! Marília estava acostumada a ouvir elogios sobre sua beleza, mas a senhora tinha acabad

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 29

    O céu começava a escurecer, e todos corriam para voltar para casa. Sempre que o ônibus parava na estação, uma multidão se amontoava para entrar, enquanto os rostos na plataforma mudavam constantemente, um após o outro. No final, só restou ela. Marília não sabia para onde ir. Um Maybach preto parou ao lado da estação de ônibus. A janela se abaixou, revelando o rosto familiar e elegante de um homem. — Entre. Marília ficou paralisada por um momento, mas logo se recompôs, respondendo: — Ah. — Pegou sua bolsa, se levantou e entrou no banco do passageiro da frente. Leandro dirigiu o carro para longe da estação. Observando a direção em que ele seguia, Marília disse apressadamente: — Você pode parar em um hotel, não precisa me levar muito longe. — E acrescentou logo em seguida. — Não precisa ser um hotel cinco estrelas, pode ser uma daquelas redes econômicas. Algo em torno de duzentos ou trezentos reais por noite já está bom. Leandro parou o carro em um cruzamento e se viro

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 28

    — Se você acha que esse filho biológico não vale tanto quanto uma filha adotiva para vocês, então eu também posso sair de casa! Anselmo se virou e começou a sair. Madalena tremia de raiva: — Anselmo, você vai se arrepender! Anselmo parou por um instante, mas logo saiu em passos largos. ... Marília voltou para a loja com o café. O ambiente parecia um pouco estranho, e ela perguntou, sem entender: — O que aconteceu? — O chefe passou aqui para inspecionar a loja. Marília assentiu. Zélia havia dito que viria à loja para encontrá-la hoje. — E onde ela está agora? — Já foi embora. Os colegas dividiram o café. Um deles tomou um gole e continuou: — A chefe estava de mau humor hoje, deu uma baita bronca. A Dalva saiu chorando. — Eu não chorei! — Seus olhos estavam vermelhos! Outro colega também confirmou com um aceno a cabeça, ainda com uma expressão apreensiva: — Quando a chefe está brava, é assustador. Eu nem tive coragem de abrir a boca. Será que ela está

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 27

    Marília ouviu aquelas palavras e sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Ela queria estar com Anselmo, principalmente porque desejava fazer parte daquela família. Afinal, a tia e o tio sempre a trataram como uma filha. — Mimi, a tia não vai mais se meter nos assuntos entre você e o Anselmo, mas você precisa voltar para casa. Os tempos estão perigosos, e eu não fico tranquila com você, uma menina, morando fora! — Tia, eu estou morando com a Zélia agora. Não se preocupe comigo, estou muito bem! — Zélia? — Madalena sabia que a melhor amiga de Mimi era a garota da família Barbosa. — Ela está morando fora de casa? — Sim, a Zélia comprou uma casa, e agora moramos juntas. Estamos muito felizes juntas. Madalena sabia que a família Barbosa era rica e que Zélia, filha única, tratada como uma joia preciosa. Se Mimi estava morando com ela, provavelmente não haveria problema. Mesmo assim, Madalena suspirou: — Mas você não está aqui, e eu sinto sua falta! Que tal se eu mandar o An

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 26

    — Que besteira é essa que você está falando? Madalena não podia acreditar no que o filho dizia. Ela conhecia bem o temperamento de Mimi, melhor do que qualquer outra pessoa. Toda vez que aquela menina estava perto de seu filho, o brilho de felicidade e carinho nos olhos de Mimi era algo que ela simplesmente não conseguia esconder. — Mãe, se você não acredita no que o seu próprio filho está dizendo, pode perguntar a ela! Todos os olhares na sala se voltaram para Marília. Embora Marília não quisesse decepcionar a tia, também não queria se envolver novamente com um homem como Anselmo. — Tia, eu já tenho namorado. Madalena ficou visivelmente chocada. — Mimi, você não estava se dando tão bem com o Anselmo? Ela e o marido haviam viajado por apenas duas semanas, e agora as coisas entre os dois jovens tinnham mudado tanto assim? — Eu e o Anselmo... Eu sempre o vi como um irmão. Nunca tivemos esse tipo de sentimento. O olhar de Anselmo ficou sombrio enquanto ele encarava o

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 25

    Marília estava na loja ajudando os clientes a experimentarem vestidos de festa quando recebeu uma ligação de sua tia. Avisou a uma colega e rapidamente pegou um táxi de volta para a casa da família Pereira. Tainá a esperava do lado de fora e, assim que a viu, disse: — Sua tia e seu tio voltaram de viagem. Quando souberam que você se mudou, ficaram furiosos. Agora o Sr. Anselmo foi chamado de volta para casa para ser repreendido. — Tainá tentou convencê-la. — Srta. Marília, por que não volta para casa? Sua tia sente muito a sua falta. Ela até trouxe presentes para você da viagem. Assim que chegou, perguntou por você e nem se lembrou de perguntar pelo Sr. Anselmo. Para ela, você é como uma filha. No coração dela, você é mais importante que o próprio Anselmo... Tainá tagarelava sem parar, mas Marília permaneceu em silêncio. Quando chegaram à porta, ouviram uma voz masculina, cheia de raiva, ecoando lá dentro: — Você quer trazer essa atrizinha para dentro da nossa casa? Só por cima

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 24

    Marília ficou paralisada. Leandro percebeu que ela não dizia nada e achou que suas palavras talvez tivessem sido um pouco inadequadas. Então, rapidamente, ele mudou o tom: — Se Sente um pouco, vou chamar a Eloá para a levar para casa! — Ah... Não precisa, seria muito incômodo. Eu posso passar a noite aqui mesmo. Leandro já estava com o celular na mão. Ao ouvir isso, ele levantou os olhos para ela. Marília ficou um pouco desconcertada e, apressada, cobriu a boca com a mão, fingindo um bocejo: — É que... Estou com sono. Onde fica o quarto de hóspedes? Quero descansar. — É o segundo quarto ali. — Está bem. — Marília estava prestes a ir para o quarto de hóspedes, mas, ao dar dois passos, se lembrou de algo e voltou, um pouco sem graça. — Não trouxe roupa para trocar. Leandro se levantou e foi até o quarto buscar uma camisa para ela. Quando Marília viu que ele havia trazido uma camisa dele, seu rosto imediatamente ficou quente. A luz brilhante da sala iluminava seu ros

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 23

    O porteiro da guarita ligou do condomínio, e Leandro confirmou. Pouco depois, a campainha tocou. De chinelos, ele foi atender à porta. Assim que a abriu, deu de cara com uma mulher. Leandro franziu as sobrancelhas: — O que você está fazendo aqui? Marília levantou os itens que segurava nas mãos: — Não foi você que me mandou mensagem no WhatsApp pedindo para eu comprar remédios? Leandro olhou para as caixas de remédio dentro da sacola plástica, que estava molhada pela chuva. As gotas de água ainda escorriam dela. As roupas de Marília também estavam encharcadas. A parte de cima estava mais seca, mas as calças estavam completamente molhadas até a altura das canelas, e os sapatos também estavam encharcados. No lugar onde ela estava de pé, já havia uma pequena poça de água. Marília percebeu que o homem a encarava. Era evidente que ele não estava contente com a presença dela. Apesar da sensação de desconforto que crescia em seu peito, ela se lembrou de que ele a havia ajudad

  • Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago   Capítulo 22

    — Eu sei! O Rômulo gosta é daquele tipo de mulher mais madura e cheia de charme, daquelas que sabem dominar na cama. A Marília é muito conservadora, o Rômulo não se sente à vontade com ela! Assim que essas palavras foram ditas, todos caíram na gargalhada. Rômulo deu um chute no cara que falou isso, xingou, e, quando as risadas diminuíram, se virou para Teodoro e tentou aconselhá-lo: — A Marília já tem namorado agora, então é melhor você não se meter. Vai que o namorado dela é alguém que não é fácil de lidar, e, aí quem vai se dar mal é você. — Em toda Serenópolis, quem é realmente importante não está praticamente todo mundo aqui? Não tem muitas famílias que podem se comparar com a família Silva. Teodoro teria medo do namorado misterioso da Marília? A menos que você, Rômulo, esteja interessado na Marília, porque, se não for o caso, eu garanto que o Teodoro vai conquistar a garota. Quanto ao namorado dela, eu resolvo isso! Vendo que tinha chegado a esse ponto e ainda assim os o

Scan code to read on App
DMCA.com Protection Status