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Capítulo 2

Author: Luna Blake
Arabella observou a reação de sua mãe e sentiu uma pontada de dor no peito. Ela sabia que estava com um cheiro horrível. Não havia outra maneira. Depois de três anos dormindo em um chiqueiro, aquele odor havia penetrado em seus poros, entranhado em sua pele como algo impossível de remover.

Mesmo depois que a policial que a acompanhava tinha lavado seu cabelo e dado um banho nela, o cheiro persistia, como uma marca invisível do inferno pelo qual ela havia passado.

Carlota tentou se controlar, mas levou alguns segundos até conseguir abaixar a mão que tapava o nariz. Com um sorriso forçado e desconfortável, ela disse:

— Que bom que você voltou. Você sofreu muito nesses anos…

Arabella ouviu as palavras da mãe e sentiu um leve alívio no coração. Seus olhos ficaram marejados e a garganta apertada com um misto de emoção e tristeza reprimida.

O policial pegou o celular e sugeriu:

— Vamos tirar uma foto juntos. Assim encerramos o caso oficialmente.

A policial feminina, percebendo a emoção contida de Arabella, se aproximou e a abraçou pelos ombros, falando com suavidade:

— Tire uma foto com sua família. O pesadelo acabou. Agora tudo vai melhorar.

Arabella deu alguns passos à frente, mas, enquanto caminhava, os convidados que a cercavam instintivamente recuaram um pouco, como se sua presença fosse algo preocupante.

Salomão e Carlota, observando a filha se aproximar deles, ficaram visivelmente tensos. Cada músculo de seus corpos parecia rígido, e ambos queriam fugir dali o mais rápido possível.

No entanto, os dois policiais se colocaram estrategicamente ao lado deles, bloqueando qualquer tentativa de escaparem. Com gestos firmes, eles pressionaram os dois a ficarem parados para a foto.

— Não tem mais ninguém da família? Venham todos para a foto. — Disse o policial, fazendo um sinal para o casal de noivos. Ele indicou que Caleb e Balbina deveriam se juntar ao grupo.

Balbina lançou um olhar de pânico para Caleb. Sua boca se abriu para falar algo, mas ela hesitou, tremendo levemente.

— Caleb, eu estou com medo… — Murmurou ela, agarrando o braço dele.

Caleb a envolveu com firmeza e respondeu baixinho:

— Não vai acontecer nada, é só não tocá-la. Os policiais estão aqui.

Com isso, ele segurou a mão da noiva, que resistia, e a puxou para se juntarem ao grupo.

Quando Caleb ficou a poucos metros de Arabella, ele a olhou diretamente pela primeira vez. O rosto dele ficou tenso, e sua expressão era um misto de dor e estranheza. Seus olhos, profundos e escuros, revelavam sentimentos contraditórios: uma ponta de compaixão, mas também uma distância fria.

Antes, sempre que Arabella via Caleb, ela corria para abraçá-lo com uma alegria contagiante. Ela era como uma borboleta vibrante, cheia de vida, deslumbrante, confiante e luminosa.

Agora, no entanto, Arabella parecia uma sombra do que havia sido. Seu visual era rústico, quase rural, e sua postura era retraída. Seus traços finos, antes delicados, agora realçavam ainda mais seus olhos grandes, mas eles estavam apagados, sem vida.

Para Caleb, os rumores pareciam fazer sentido. Aqueles três anos em que Arabella esteve desaparecida deviam ter sido um verdadeiro inferno. Era difícil imaginar o que ela havia passado, mas ele acreditava no que se dizia: que ela havia sido abusada, usada por muitos homens, e que isso a havia quebrado de todas as formas.

Quando a foto foi tirada, cada rosto mostrava uma emoção diferente. Não havia felicidade genuína em nenhum deles.

Depois da foto, os policiais deram mais algumas instruções, despediram-se e entraram no carro. O veículo partiu, deixando para trás um silêncio pesado.

Salomão e Carlota acompanharam os policiais até a porta. Quando voltaram os olhos para Arabella, os dois ficaram visivelmente desconfortáveis. Era evidente que não sabiam o que fazer com ela agora.

Eles nunca tinham imaginado que Arabella fosse realmente voltar. E agora, decidir como lidar com ela parecia um problema impossível de resolver.

— Bem… Arabella, entre… Entre em casa. — Disse Carlota, hesitante, tentando soar acolhedora, mas incapaz de esconder sua relutância. No fundo, ela não queria que Arabella cruzasse as portas da mansão.

Mas ela sabia que não tinha escolha. Arabella era sua filha, e expulsá-la seria um crime de abandono.

Arabella assentiu e começou a caminhar em direção à casa. Quando passou pelo casal de noivos, ela parou de repente. Seus olhos se fixaram em Balbina, que estava deslumbrante em seu vestido de alta costura. Arabella ficou imóvel por alguns segundos, encarando a irmã.

— Irmã… — Chamou Balbina, sua voz hesitante e carregada de culpa. Instintivamente, ela deu um passo para trás.

Arabella a observou de cima a baixo, com um olhar demorado, antes de dizer:

— Você está linda hoje. Parabéns.

— Obrigada, irmã. — Respondeu Balbina, com um sorriso nervoso.

Arabella inclinou levemente a cabeça e perguntou com frieza:

— Você está com medo de me ver de volta?

Balbina ficou paralisada. Seu rosto perdeu a cor, e ela respondeu rapidamente:

— Irmã… O que você quer dizer com isso?

— Você sabe exatamente o que fez, não sabe? — Disse Arabella, em um tom calmo, mas com uma raiva contida em seus olhos. — Eu te amava como uma verdadeira irmã, mas você é uma cobra. Eu nunca imaginaria que você seria capaz de algo tão cruel.

Nos três anos em que esteve presa, Arabella não conseguia entender por que Balbina havia armado contra ela. No início, ela sentiu tristeza, choque e descrença. Mas, com o tempo, esses sentimentos deram lugar a um ódio profundo. Esse ódio se tornou a força que a manteve viva, o motivo pelo qual ela lutou tanto para escapar.

— Irmã… Eu não sei do que você está falando… — Balbuciou Balbina, com uma expressão de inocência forçada.

A tensão entre as duas irmãs chamou a atenção dos convidados, que começaram a cochichar entre si.

Carlota se aproximou e, com o rosto franzido, repreendeu Arabella:

— O que você está fazendo? Por que está falando assim com sua irmã? Arabella, nesses três anos em que você esteve desaparecida, Balbina sofreu muito. Ela sempre se culpou pelo que aconteceu com você. Passou dois anos fazendo terapia para superar isso.

Arabella olhou para a mãe e tentou responder:

— Mãe, naquela noite…

Antes que pudesse continuar, Balbina soltou um gemido alto e se dobrou, segurando o estômago.

— Ai… — Disse Balbina, com o rosto contorcido de dor.

Caleb correu para segurá-la.

— O que houve, Balbina? — Perguntou ele, preocupado.

— Meu estômago… Está doendo. — Respondeu ela, com a voz fraca.

Carlota se apressou para ajudar.

— Eu te disse para não beber, mas você não me ouviu! Deve ser sua gastrite. Vamos, entre e descanse.

Enquanto isso, Salomão se virou para os convidados e tentou manter a compostura:

— Vamos todos entrar! O evento vai começar.

Mas, antes mesmo que ele terminasse de falar, vários convidados já estavam se desculpando e saindo apressados. Eles murmuravam entre si, justificando a saída. Todos sabiam dos rumores sobre Arabella. Alguns acreditavam que ela estava doente, talvez com algo contagioso. Ninguém queria arriscar.

Carlota, que originalmente acompanharia Balbina para dentro da casa, se virou rapidamente para tentar segurar os convidados, mas foi inútil. Em poucos minutos, mais da metade deles já havia ido embora.

Arabella observou tudo com um rosto inexpressivo, mas, por dentro, sentia uma frieza esmagadora tomar conta de seu coração.

Era isso que chamavam de “a frieza do mundo”? Não eram apenas os convidados que a rejeitavam. Até mesmo sua família, que a havia amado por vinte anos, agora demonstrava um desprezo silencioso.

Mas o mais frustrante era que ela sabia que todos aqueles boatos eram mentiras. Ela não havia tido filhos, nem estava doente. Quem teria inventado essas calúnias? Seria Balbina? Ela seria capaz de ir tão longe apenas para destruir a reputação de Arabella e garantir que todos a desprezassem?

Balbina, que já subia os degraus da entrada, viu os convidados indo embora. Sua expressão mudou imediatamente. O que deveria ser um momento de alegria, um noivado perfeito, estava arruinado. Ela parou onde estava, os olhos marejados, tentando conter as lágrimas.

Carlota, percebendo o estado de Balbina, correu até ela para consolá-la.

— Balbina, não chore… Podemos organizar outra festa de noivado no futuro. Uma ainda mais bonita e grandiosa.

Balbina enxugou as lágrimas com delicadeza, apoiando-se no braço de Caleb. Sua expressão era de fragilidade e tristeza, mas sua voz estava cheia de compreensão:

— Não tem problema, mamãe. O mais importante é que Arabella voltou. Hoje é um dia especial, um dia de dupla felicidade. O que eu sinto não importa.

— Que menina boa você é, tão madura. — Respondeu Carlota, olhando para Balbina com um brilho de orgulho no olhar. Depois, ela se virou para Arabella, e a diferença de tratamento ficou ainda mais evidente.

Carlota não conseguiu evitar um tom de reprovação:

— Arabella, por que você não avisou que estava voltando?

Arabella arregalou os olhos, surpresa com aquela pergunta. Ela achou absurda a acusação. Lembrando-se do que os policiais haviam dito, ela respondeu em voz baixa:

— Os policiais disseram que ligaram para vocês várias vezes, mas vocês acharam que era golpe e desligaram.

Carlota ficou em silêncio, sem saber como responder.

O clima ficou tenso. Caleb, percebendo a situação desconfortável, tentou aliviar o ambiente:

— Balbina tem razão. O importante é que Arabella voltou. Podemos remarcar o noivado. Tia Carlota, não culpe Arabella.

— É verdade. Arabella já sofreu tanto nesses anos… É uma pena tudo pelo que ela passou. — Acrescentou Balbina, mantendo sua aparência de irmã compreensiva.

No entanto, como quem não quer nada, ela mudou de assunto de forma calculada:

— Mas… Arabella está doente. Onde ela vai ficar? Não podemos colocar toda a família em risco, né?

Arabella virou-se para Balbina, seus olhos cheios de frieza.

— Se você diz que estou doente, mostre as provas.

Balbina deu um passo para trás, o olhar vacilante. Murmurou nervosa:

— Como você pode não estar? Depois de passar por… Aquele tipo de lugar. Além disso, nós vimos… Na delegacia…

Arabella não a deixou terminar:

— E quem disse que eu tive filhos? Se dizem isso, tragam a criança para eu ver.

O irmão mais velho, Eliseu Duarte, finalmente se pronunciou, incapaz de esconder o desconforto:

— Arabella, sabemos o que aconteceu com você. Todos nós sentimos muito e realmente lamentamos o que você passou. Mas não precisa mentir para nós.

Arabella olhou para o irmão, sentindo o coração apertar. A decepção em seu olhar era evidente.

Ele era o irmão que costumava mimá-la em tudo, que a tratava como uma princesa. Agora, ele também a via como uma ameaça, alguém a ser evitada.

Com a voz firme, Arabella insistiu:

— Eu não estou mentindo. Antes de voltar, a polícia me levou para fazer um exame médico completo. Se vocês não acreditam, podem perguntar a eles. Ou, se preferirem, posso fazer outro exame no hospital.

Arabella olhou para cada um de seus familiares, tentando encontrar algum sinal de apoio. Mas os olhares que recebeu de volta eram frios e cheios de dúvida. Ninguém parecia acreditar nela.

De repente, Balbina teve uma ideia e se virou para Caleb, com os olhos brilhando de falsa esperança.

— Caleb, seu tio não é médico? Poderíamos pedir para ele examinar Arabella.

— É mesmo! Você é tão esperta, Balbina. Eu tinha me esquecido disso! — Caleb concordou rapidamente, parecendo aliviado por ter encontrado uma solução. Ele olhou ao redor, procurando o tal tio, e o encontrou sentado no sofá da sala de estar, com uma postura rígida e indiferente.

— Tio! — Caleb chamou, sua voz cheia de respeito.

Arabella franziu o cenho. Tio? Caleb nunca havia mencionado um tio antes. Quem era ele?

Enquanto ela tentava entender, uma figura masculina emergiu do interior da mansão. Era um homem alto, de postura impecável, com traços marcantes e um olhar penetrante. Seu rosto carregava uma severidade natural, e sua presença emanava uma autoridade inegável. Ele parecia intocável, cercado por uma aura de frieza e indiferença.
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