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Capítulo 3

Author: Luna Blake
De repente, Arabella se lembrou de que Caleb tinha um tio materno, apenas cinco anos mais velho que ele. Ele era o filho caçula que os avós de Caleb tiveram por acidente, já perto dos cinquenta anos.

Diziam que, por ser um presente inesperado na velhice, eles o mimaram ao extremo, criando um homem temperamental, imprevisível e de gênio difícil. No fim, ele acabou sendo mandado para o exterior e deixado à própria sorte.

Será que ele tinha voltado para Darlim? E ainda por cima se tornado médico? Arabella ficou surpresa.

Rafael Moura saiu da mansão com passos firmes. Ele era bem mais alto que Caleb, com uma postura que exalava autoridade. Ao parar no topo da escadaria, lançou um olhar frio e desinteressado para o grupo.

— O que foi agora? — Perguntou ele, em um tom desdenhoso.

Caleb sempre tivera medo do tio. Apesar de Rafael ser apenas cinco anos mais velho, sua maturidade e frieza o deixavam desconcertado. Rafael era implacável, um verdadeiro estrategista, e adorava usar sua posição de "tio" para fazer Caleb assumir a culpa por tudo. Caleb tinha sofrido muito nas mãos dele quando era mais novo.

Balbina, ao perceber o silêncio de Caleb, apressou-se em tomar a iniciativa. Com um sorriso doce e uma voz melosa, ela tentou persuadir Rafael:

— Dr. Rafael, será que você poderia fazer um favor e examinar minha irmã? Assim ela não acha que estamos sendo injustos com ela.

Rafael ergueu uma sobrancelha, o rosto levemente divertido.

— Vocês têm medo de morrer, mas acham que eu não tenho?

Caleb, finalmente tomando coragem, interveio:

— Mas você é médico! Além disso, você sempre carrega medicamentos de profilaxia para HIV, não carrega?

Rafael era um renomado cirurgião, conhecido nacionalmente. Por trabalhar em um ambiente de risco constante, ele sempre carregava consigo medicamentos para prevenir infecções, como muitos médicos de sua área.

— Dr. Rafael, por favor… — Insistiu Balbina, agora com um tom ainda mais doce.

Mas Rafael sequer olhou para ela. Em vez disso, seu olhar pairou sobre Arabella, que estava parada no jardim, cercada por olhares curiosos e julgadores.

Ele se lembrava vagamente de como Arabella era antes de desaparecer. Ela era a mulher mais admirada de Darlim, uma figura radiante, cheia de vida e autoconfiança. Era difícil acreditar que a mesma Arabella agora estava ali, tão abatida, depois de três anos de cativeiro.

O silêncio no jardim era absoluto. Rafael desceu os degraus tranquilamente, com a mesma calma de quem não tinha pressa alguma. Ele parou diante de Arabella, a poucos passos de distância.

Arabella franziu o cenho. Seus olhos estavam cheios de cautela, e ela o observava com desconfiança.

Por alguma razão, a presença dele parecia mudar a atmosfera ao redor. O calor sufocante do dia parecia ceder à frieza que ele emanava. Era como se uma sombra o acompanhasse, envolvendo-o em um ar de autoridade e opressão.

"Os médicos não deveriam ser pessoas compassivas? Esse homem parece mais um carrasco." ela pensou, irritada.

— Dê-me sua mão. — Ordenou Rafael, levantando a própria. Sua voz era baixa, mas firme, e suas palavras não carregavam qualquer traço de gentileza.

Arabella, instintivamente, recuou a mão. Seu rosto se contraiu em um gesto de rejeição.

Balbina viu a cena e não perdeu a chance de provocar:

— Irmã, deixe o Dr. Rafael te examinar. Ele é o professor de medicina mais jovem do país, muito respeitado. Você está com medo do quê?

Arabella olhou para a mão estendida de Rafael. Os dedos longos e bem definidos contrastavam com sua atitude fria.

— Irmã, você está com a consciência pesada, né? Não precisa mentir para nós. Somos sua família. Ninguém aqui te rejeitaria. Mas, se você nos contar a verdade, podemos nos proteger... — Continuou Balbina, com um tom insinuante.

Antes que ela pudesse terminar, Arabella levantou o braço de repente e estendeu a mão para Rafael.

Rafael segurou o pulso magro dela com firmeza. Seu rosto permaneceu impassível enquanto ele examinava os braços de Arabella, passando os dedos pelas articulações e pela pele.

Os braços dela estavam cobertos de cicatrizes entrelaçadas, algumas já desbotadas, outras ainda recentes. Era evidente que ela tinha sofrido agressões constantes. Mas, apesar disso, a pele dela parecia saudável, sem sinais de infecção, lesões ou qualquer anormalidade visível.

Depois de examinar os braços, Rafael levantou os olhos para o pescoço dela.

— Teve febre recentemente? — Perguntou ele.

— Não. — Respondeu Arabella, a voz baixa.

Sem dizer nada, Rafael levantou a outra mão e tocou o rosto dela com delicadeza. Seus dedos deslizaram para trás das orelhas, pressionando suavemente a área. Ele estava verificando os linfonodos, que tendem a ficar inchados em casos de infecção grave ou doenças como HIV.

Todos no jardim observavam a cena em silêncio absoluto, segurando a respiração. O exame de Rafael parecia interminável.

Balbina apertou a mão de Caleb com força, enquanto uma ansiedade crescente tomava conta dela. Ela torcia desesperadamente para que o diagnóstico confirmasse os boatos.

Finalmente, Rafael se virou para a família Duarte e, com a mesma expressão fria de sempre, disse:

— Ela não tem doença alguma.

— O quê? — Murmuraram várias vozes ao mesmo tempo. O choque era visível nos rostos de todos.

Salomão arregalou os olhos, incrédulo.

— Como assim? Mas nós vimos os relatórios na delegacia! Estava escrito que ela teve um filho e estava infectada com HIV…

Rafael não escondeu sua irritação. Ele franziu o cenho e respondeu com sarcasmo:

— Vocês me pediram para examiná-la, mas não acreditam no que eu digo? Então por que me chamaram? Para brincar comigo?

Pela lógica da família, Rafael era da mesma geração de Salomão. Portanto, ele não fazia questão de ser polido.

Salomão ficou desconcertado e tentou se desculpar:

— Não, não… Dr. Rafael, claro que não é isso. Nós confiamos em você.

Balbina também não acreditou e imediatamente argumentou:

— Talvez ela ainda não tenha manifestado os sintomas? Ser portadora do vírus já é assustador.

Rafael franziu a testa, olhou para o relógio e, em um tom indiferente, respondeu:

— Mesmo que ela tivesse HIV, o contato normal não transmite nada para vocês.

Ao ouvir isso, Arabella sentiu o sangue ferver. Ela imediatamente retrucou, com um tom irritado:

— Eu não tenho HIV.

Rafael soltou um riso seco e, com uma expressão de deboche, respondeu:

— Que engraçado. Por que está brava comigo? Quem não acredita em você é a sua família, não eu.

Depois de dizer isso, ele se virou para Salomão e, sem mudar o tom frio, declarou:

— Já que o noivado foi cancelado, vou embora. Tenho coisas mais importantes para fazer.

Salomão achou que havia ofendido Rafael de alguma forma e, tentando remediar a situação, sorriu constrangido:

— Dr. Rafael, já que o senhor veio até aqui, por que não fica para o almoço?

Rafael caminhou até seu Bentley, abriu a porta e entrou sem sequer olhar para trás:

— Os dramas da sua família não têm nada a ver comigo.

Salomão ficou paralisado com a resposta. Seu rosto se contorceu de vergonha, mas, mesmo assim, ele manteve a compostura e disse, com um sorriso forçado:

— Boa viagem, boa viagem.

Arabella não tinha nenhuma boa impressão de Rafael. Ao ver seu pai praticamente se curvando diante dele, ela não conseguiu evitar o desprezo. Para ela, aquele homem só tinha títulos e status vazios. Afinal, com poder e influência, qualquer um poderia construir uma reputação impecável.

Depois de se despedir de Rafael, Salomão voltou para a mansão. Ele decidiu dispensar os poucos convidados que ainda restavam. Era melhor assim, para evitar que mais rumores sobre a família se espalhassem.

Arabella seguiu os outros na direção da entrada da mansão, mas, quando estava prestes a atravessar a porta, foi interrompida.

— Arabella… Espere um pouco. — Disse Carlota, parando abruptamente. Em seguida, ela se virou para dentro da casa e gritou. — Olga, vá preparar um quarto.

A empregada respondeu prontamente e saiu apressada para cumprir a ordem.

Carlota olhou para Arabella com um sorriso tenso, como se quisesse evitar que ela entrasse na casa. Com um tom de voz controlado, ela pediu:

— Espere só mais um pouco. Vai ficar tudo pronto logo.

Depois disso, Carlota segurou Balbina pelo braço e as duas entraram na sala. Caminhavam lado a lado, cochichando algo que Arabella não conseguiu ouvir. Até o desconforto de Balbina parecia ter desaparecido.

Arabella ficou parada na porta, com uma expressão fria e distante. Parecia uma criança abandonada, esquecida à margem da família.

Caleb, que estava próximo, observava tudo em silêncio. Seus olhos não deixavam Arabella, e sua expressão alternava entre choque e dor. Mas, desde o momento em que ela chegou, Arabella sequer olhou para ele.

Poucos minutos depois, Olga voltou e abriu um sorriso educado.

— Arabella, pode vir.

Arabella seguiu a empregada para dentro, imaginando que seria levada ao seu antigo quarto, no andar superior. Afinal, aquele era o lugar onde ela sempre ficava.

Mas, para sua surpresa, Olga a conduziu pelo corredor até os fundos da casa, onde havia um pequeno pátio coberto. Ao chegarem ali, Olga apontou para um canto do jardim, onde havia uma pequena construção.

— Srta. Arabella, dona Carlota pediu para você ficar aqui por enquanto. — Disse Olga, com um sorriso forçado.

Arabella ficou imóvel, olhando para a direção indicada. Ela demorou alguns segundos para perceber o que estava acontecendo.

Caleb, que vinha logo atrás, parou ao ver a cena. Seu rosto ficou ainda mais sério, e ele se virou para a sala, chamando Carlota com uma voz grave:

— Tia Carlota, o que isso significa?

Carlota, que estava no sofá, levantou-se lentamente. Sua expressão de desdém era impossível de esconder.

— Caleb, isso não é da sua conta.

A suposta “casa” que Olga havia indicado era, na verdade, o canil da família Duarte. Uma casa construída especialmente para o cachorro da família, com cerca de um metro e meio de altura e pouco mais de dez metros quadrados de área.

Era o tipo de “luxo” que só as famílias ricas podiam oferecer aos seus animais de estimação. O canil era mais confortável que as casas de muitas pessoas comuns, mas, ainda assim, era um canil.

Arabella olhou fixamente para o lugar, sem acreditar no que via. Depois, virou-se lentamente para Carlota, esperando que aquilo fosse algum tipo de engano.

— Vocês querem que eu… more com o cachorro? — Perguntou ela, com uma voz seca e um sorriso amargo.
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