Kleber liga o som e alguns amigos pegam bebidas — não alcoólicas — e Manoel trouxe a churrasqueira. Havia dito que não era problema. Rebeca trouxe suas próprias bebidas, mesmo que estivesse dirigindo.
— Tem certeza que não tem problema? — pergunto. — Você está dirigindo.
— Ah, qual é! — ela reclama sorrindo para mim. — Não estraga meu barato.
— É que eu acho errado beber enquanto está de carro — afirmo.
— Você é criança por um acaso? — ela me olha feio. — Eu estava errada ao tentar me aproximar de alguém como você. Criança.
Ela se afasta antes mesmo de eu dizer alguma coisa.
Como ela podia pensar que eu sou infantil sendo que eu estou tentando ajudar? Não quero que ela se machuque... mesmo que eu não a conheça direito, não quero que nada ocorra com ela.
— Vamos lá, Alexander — Cauan me chama, voltando do seu carro para junto dos outros que estavam perto do carro de Kleber.
Nós fomos até os outros e nos juntamos a eles. Eles dançavam e se divertiam. Não entendia o porquê, mas não conseguia tirar os olhos de Rebeca, mesmo ela tendo me humilhado.
— Aí, pega Alex! — Kleber me lança uma lata de Coca-Cola. — Eu tô ligado que você não bebe cerveja nem nada parecido.
— Valeu! — agradeci ao meio do barulho. Eu sei que não posso beber porque isso iria contra as leis de beber e dirigir. E mesmo quando não estou dirigindo eu não bebo.
— Escuta, Alexander — a irmã de Rebeca se aproxima de mim. — Se ela ficar bêbada, não pense que a levarei para casa no mesmo carro.
— Mas por que não? — questionei, tomando um gole da minha Coca.
— Quando ela bebe fala um monte para mim — Iara responde, tomando um pouco do seu energético. Mesmo que ela ouça um monte de Rebeca, não é obrigação dela leva-la para casa? Já que elas são irmãs. — Talvez você possa levá-la para sua casa!?
— Não, não posso — respondi. — Minha casa fica muito longe daqui.
— Quanto tempo? — ela indaga.
— Bem, Hector e eu demoramos acho que uma hora e meia. — respondo.
— Minha nossa! — Iara exclamou, e deu mais um gole em sua bebida. — Vocês correram, não foi?
— É, foi sim. — afirmei. Estava feliz em ser corredor, mas algo me diz que foi um erro eu ter confirmado isso com ela.
— Não deixe minha irmã descobrir que você é corredor — ela pede.
— Mas eu não...
— Pois o namorado dela era corredor — ela explica.
Tem algo cheirando mal aí.
— Era? — questionei.
— Sim — confirma Iara. — Venha cá.
Eu segurei na mão dela.
— Aonde vai, Iara?
— Vou conversar com esse garoto.
— Eu não sou garoto. — retruquei.
— Cala a boca e me segue. — ela ordena.
...
Fomos para um lugar distante do pessoal. Aonde nos encontrávamos ali, estava com poucas pessoas na praia, curtindo a noite. Não parecia visitantes, pois se fossem, não estariam ali nessas horas.
— Vai me contar o que queria...
— Ele faleceu — ela vai direto ao assunto, me deixando confuso.
— O quê?
— O namorado da minha irmã faleceu — ela conta.
— Faz quanto tempo isso? — indago.
Ela se senta na areia e me pede para fazer o mesmo. Eu rejeito. Ela dá de ombros.
— Bem, faz quase 1 ano que ele faleceu. — responde Iara. Ela estava de frente pro mar, nós víamos as ondas se quebrarem, o vento que estava fraco mexer com seu cabelo. — E eles já estavam para se casar, em outubro do ano passado.
— Poxa — eu digo a ela. — Sinto muito.
— Se sente muito — Iara se levanta — peço que se for entrar na vida de minha irmã, não entre como um corredor. Ela já sofreu bastante.
— Eu não sei se pretendo entrar na vida de sua irmã — digo a ela, tentando acalmar um pouco a tensão entre nós.
— Assim espero.
Ela sacode a areia da roupa e caminha de volta para o grupo, que se divertia como se fossem universitários.
...
O pessoal conversava e se divertia como adolescentes de ensino médio ou de faculdade. Tanto faz. Até porque estudante só gosta de diversão. Já eu era mais focado nos estudos.
Eles bebiam suas bebidas sem álcool e conversavam, riam e falavam besteira de vez em quando.
— E aí — Rebeca se aproxima de mim, os braços cruzados. — Como foi o papo com minha irmã?
Ela parecia um pouco desconfiada, mas devia ser só efeito do álcool.
— Ela me disse que você é uma garota que não curte muito adrenalina — inventei. Não queria contar sobre a conversa que tivemos, pois creio que a deixaria muito para baixo, e eu não iria querer isso.
— Não sei de onde ela tirou isso — nega ela e eu encaro Iara, confuso.
— Irmã, como está a carne? — perguntou, tentando desviar o assunto, o que eu pensei que não daria certo.
— Está muito boa, irmã — responde Rebeca, dando um sorriso para sua irmã.
Iara foi até o prato onde estavam as carnes, e com um garfo pegou um pedaço e começou a mordiscar. Ela estava de olho em mim, enquanto mastigava a carne.
Rebeca estava voltando para ficar ao lado de sua irmã, quando eu a chamei.
— Rebeca, podemos marcar para sair um dia desses? — convidei. Ela me encara.
É, eu sei que é loucura chamar uma pessoa que você nunca viu na vida... que você não a conhece direito, na verdade. Mas eu arrisquei mesmo assim.
— Claro! — ela aceita meu convite, me deixando um pouco sem jeito. — Vai ser um prazer.
Eu estranhei, pois isso foi muito fácil. Uma outra garota teria dito "vou pensar e te aviso". Outra diria "ah, não sei. Fica para a próxima". Isso foi muito fácil.
— É... É sério? — procuro saber se havia escutado certo, quando consegui alcançar ela.
— Sim — afirmou. — Por que a pergunta, lindo?
Lindo? Ela disse lindo? Ela estava bêbada! Com certeza estava bêbada.
— Bem... por nada não. — concluí.
— Alexander — Cauan chama meu nome. — Quer apostar um racha?
Olhei para ele e respondi:
— Desculpa, mas eu não corro.
Hector e Kleber se entreolham desconfiados, e voltam seus olhares para mim.
— Sério? — ele indaga e eu afirmo com a cabeça. — Poxa, que pena.
— Desculpa.
— Relaxa! — ele mostra compreensão.
Olho para Rebeca que me encara com a testa franzida.
— Você não corre? — ela questiona, estando um pouco desconfiada.
— Corria antigamente — respondo, e acrescento logo em seguida: — nos videogames.
Ela sorri para mim.
Eu não queria que ela pensasse que eu fosse um corredor de rua, que vive arriscando a vida fazendo rachas por aí. Eu quero que ela me veja como alguém confiável.
— Escuta — ela se aproxima e suas mãos se agarram a gola da minha camisa. — Como você notou, eu estou meio...
— Meio?
— Não. Completamente bêbada — ela se corrige e dá mais um sorriso. — Você pode me levar para casa?
— Mas e a sua irmã? — pergunto. — Ela...
— Mané, vem aqui — Kleber me puxa. — Já voltamos, gatinha.
Ela acena para mim.
— Cara, você não tá vendo que ela tá te dando um mole danado? — ele diz. Sorrio para ela, que retribui o sorriso. — Vê se acorda para a vida.
— Cara, eu sei que ela está dando em cima de mim — eu afirmei. — Não sou bobo.
— Mas está parecendo.
Bufei.
— O problema é que eu já tenho uma garota de quem estou afim.
— Quem é?
— A Bárbara — respondo. Ele revira os olhos.
— Mané, você não terá outra chance como essa — ele explica.
— Como pode ter certeza? — questionei-o, deixando ele sem saída. Pelo menos foi o que pareceu.
— Você não sabe como pode ser o dia de amanhã — ele responde.
Eu olho para Rebeca, que conversava com sua irmã. Elas eram tão lindas, mas Rebeca tinha toda minha atenção focada nela.
— E você acha que...
— Sim — ele me interrompe. — Você deve dar uma chance para a garota.
Olhando para ela, Rebeca percebe meu olhar e pisca para mim. Seu batom vermelho a deixava estonteante. Ela era magnifica.
— Eu vou lá falar com ela — me despedi dele.
— Vai lá, garoto!
Eu corri até Rebeca para podermos conversar.
— Cara, você viu o que ele disse para o Cauan? — Hector se aproxima de Kleber.
— Vi sim — ele dá sua resposta. — E com certeza ele tem um bom motivo.
Voltei a conversar com Rebeca sobre seus planos para o futuro, para onde deseja viajar e se queria ter uma família... não que eu não queira ter uma família, muito pelo contrário. Eu quero sim ter uma família, mas com a garota que eu me casar que é a Bárbara.— E você? — ela me pergunta, me tirando dos meus pensamentos. — O que pretende fazer no futuro?Eu não sabia o que responder. Não podia dizer: "eu quero ser piloto de NASCAR" ou algo assim. Ela se sentiria mal, pois sua irmã, a Iara, me contou que o namorado dela, havia falecido em um acidente de carro.
Durante a noite de sono, sonhei que corria em várias pistas e que ganhava de alguns e perdia para outros. Eram vários locais, mas um deles eu consegui identificar como sendo o Monte Haruna, localizado em Gunma, Japão.Eu corria com meu Camaro contra um rapaz da região chamado Yamoshi Matsuda, e seu Mazda RX-4 Coupe....Abro os olhos e vejo Rebeca com meu celular ao ouvido. Minha visão ainda está turva, mas logo fica normal.— Sua mãe quer falar com você — ela me passa o telefone.— Oi mãe...
Chegamos na praia era umas duas e quinze da tarde. Encontramos o Plymouth Barracuda do Hector e nos juntamos a ele.Hector não estava por ali, até vermos conversando com uma garota que eu logo reconheci.— Bárbara! Como você está? — eu a cumprimento com um beijo no rosto.
Cheguei em casa e bati na porta. Meus pais ainda não haviam saído, então pedi para ficar com as chaves da casa.Eles estranharam a minha chegada em casa, sendo que eu havia dito que ficaria na casa de Rebeca. Mas tive que inventar algo e rápido.— Ela teve um compromisso de última hora — menti. Não queria que os dois se preocupados comigo. — Parece que os pais del
Já em casa guardo meu carro na garagem e a fecho. Entro e subo para meu quarto, e me deito em minha cama.Fico pensando em Rebeca por um tempo, pensando no vacilo que eu dei com ela. Ela não merecia aquilo, e eu a machuquei, mesmo que sem ter a intenção. Até que meu celular toca, me tirando dos meus pensamentos.Atendo a ligação.
Durante a noite, tive sonhos curtos, mas que mudavam de vez em quando. Isso era uma loucura.Sonhei com Rebeca, que ela estava deitada comigo. Ela parecia estar feliz, olhava diretamente em meus olhos. Depois o sonho mudava e eu me via dirigindo sozinho, escutando algumas músicas aleatórias. Mas aquilo não parecia algo desagradável, pois eu sempre escuto músicas aleatórias quando estou dirigindo. Outra vez o sonho muda e eu me vejo correndo no Japão — novamente — contra um corredor de um Impreza. Ele parecia ser intimidador, como se fizesse parte da Yaku
Após decidirmos qual de nós ficaria com a responsabilidade de criar o evento, nossa imaginação começou a rolar. Ficamos animados e ansiosos, esperando que o momento chegasse logo. Não ficávamos assim desde quando ganhamos nossa medalha de "melhor redação" no Campeonato de Língua Portuguesa no 2° ano do ensino médio.— Beleza! — exclamei, esfregando as mãos.
Chegamos em minha casa era uma 19:15 da noite. A lua já estava no alto iluminando as copas das árvores que ficavam do outro lado da rua. Era uma bela paisagem.Guardei o carro enquanto Hector me esperava em casa.Enquanto eu fechava a garagem, escutei o ronco de um motor que me parecia bem familiar. Olhei na direção do barulho, mas não era quem eu pensei que fosse. A decepçã
Meu pai vai até a cozinha e pega a chave do carro em um gancho que ali tinha na parede. Minha mãe o questiona, querendo saber, o motivo dele ter pego a chave.Ele responde que era para me "ensinar uma lição", mas não entrou em detalhes. Ela apenas balança a cabeça em sinal de entendimento.Qu
Eu estava tão nervoso que não consegui me mexer direito, e nem sair do lugar. Hector me empurrou e eu caminhei devagar até a porta, coloquei a mão na maçaneta e a girei.— Que demora, meu filho! — diz minha mãe, me dando um abraço.— Oi… mãe — retribui o
Durante a noite de sono, tive um sonho realmente estranho. Sonho que corria e que sem entender o motivo, eu sofria um acidente, em um autódromo que eu desconhecia.O sonho era tão real, que parecia ser mais realista que o anterior que eu tive na casa de Becca.Becca! Ela também estava no sonho, e parecia... triste.
Não demorou muito, e 45 minutos depois já havíamos chegado ao restaurante. Desci do carro e abri a porta do passageiro para que Maria pudesse descer.Seguro em sua mão — mesmo indo contra minha vontade — e ela sorri.— Nunca pensei que você fosse tão cavalheiro — ela diz, admirada com minha atitude.
Ao chegar em casa, deixo o carro estacionado e entro. Hector vem logo atrás, carregando nossas mochilas.Ele entrega minha mochila e logo subo para o quarto com ela em mãos. Penduro ela na cabeceira de minha cama e aproveito para me trocar.— Alex, você... Ops! Foi mal. — ele diz, fechando a porta.
Quando chegamos na escola, estaciono e Hector desce primeiro. Estava segurando nossas mochilas em ambas as mãos.Desço do carro logo em seguida, e vou a caminho da entrada da escola. Entramos no pátio, e Bárbara logo nos encontra e nos cumprimenta.— Pensei que você começaria a faltar — digo a ela.
Chegamos em minha casa era uma 19:15 da noite. A lua já estava no alto iluminando as copas das árvores que ficavam do outro lado da rua. Era uma bela paisagem.Guardei o carro enquanto Hector me esperava em casa.Enquanto eu fechava a garagem, escutei o ronco de um motor que me parecia bem familiar. Olhei na direção do barulho, mas não era quem eu pensei que fosse. A decepçã
Após decidirmos qual de nós ficaria com a responsabilidade de criar o evento, nossa imaginação começou a rolar. Ficamos animados e ansiosos, esperando que o momento chegasse logo. Não ficávamos assim desde quando ganhamos nossa medalha de "melhor redação" no Campeonato de Língua Portuguesa no 2° ano do ensino médio.— Beleza! — exclamei, esfregando as mãos.
Durante a noite, tive sonhos curtos, mas que mudavam de vez em quando. Isso era uma loucura.Sonhei com Rebeca, que ela estava deitada comigo. Ela parecia estar feliz, olhava diretamente em meus olhos. Depois o sonho mudava e eu me via dirigindo sozinho, escutando algumas músicas aleatórias. Mas aquilo não parecia algo desagradável, pois eu sempre escuto músicas aleatórias quando estou dirigindo. Outra vez o sonho muda e eu me vejo correndo no Japão — novamente — contra um corredor de um Impreza. Ele parecia ser intimidador, como se fizesse parte da Yaku