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Claridade de Inverno

Claridade de Inverno

By:  JuliCompleted
Language: Portuguese
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A velha amiga de infância de Valentim Leal, Dalila Travassos, voltou a ocupar o banco do carona. Dessa vez, não fiz escândalo. Fui direto pro banco de trás, sentando ao lado do melhor amigo dele, Guilherme Novaes. Com o carro sacolejando na estrada, meu joelho roçou na coxa firme e tensa do Guilherme. Não tirei. Ele também não se mexeu. Na parada do posto, Dalila arrastou o Valentim pro banheiro. Assim que as portas se fecharam, Guilherme segurou minha nuca e me beijou. Perdida naquele beijo quente e confuso, pensei: Desconfiar dos homens. Entender os homens. Virar um deles. Essa é a grande verdade.

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Chapter 1

Capítulo 1

Dalila, a amiga de infância do Valentim, mais uma vez sentou no banco da frente.

Não reclamei, nem fiz drama. Só virei e abri a porta de trás.

Mas travei por um instante.

Não esperava que o Guilherme, sempre tão ocupado, fosse mesmo nessa viagem curta.

Me recuperei rápido, lancei um aceno discreto.

Ele usava óculos e tinha um ar meio cansado.

Levantou as pálpebras, me olhou, retribuiu o aceno e voltou a fechar os olhos.

Enquanto colocava o cinto, Dalila virou pra trás e arqueou a sobrancelha, provocando:

— Clarice, fico enjoada no carro, vou na frente, tá?

Valentim também virou pra mim:

— A Dali passa mal, seja compreensiva. Não precisa fazer tempestade por coisa pequena.

Soltei uma risadinha:

— Tudo bem.

Valentim pareceu surpreso, mas não insistiu.

Dalila já tinha enfiado um pedaço de pão mordido direto na boca dele.

— Val, tá ruim... come você.

Ele nem piscou, comeu o pão com a maior naturalidade.

Pelo retrovisor, Dalila me lançou um olhar e mostrou a língua, rindo.

Ignorei ela. Peguei uma garrafinha de água com gás e tentei abrir.

Girei a tampa duas vezes... nada.

Na frente, Dalila enfiava a própria garrafinha nas mãos do Valentim, cheia de charme.

— Val, juro que não consigo abrir... Você sabe, né? Sempre fui a mais fraquinha desde pequena.

Valentim adorava aquele jeitinho dela. Abriu a tampa com um gesto só, tranquilo.

E ali estavam eles, dividindo a mesma garrafinha, como se ninguém mais existisse.

Zero vergonha, zero limite.

Senti o estômago embrulhar. Ia largar a água...

Mas uma mão masculina apareceu do meu lado e pegou a garrafa da minha mão.

O punho do terno preto subia só até onde começava a manga da camisa cinza-prateada por baixo, bem passada, justa no osso fino do pulso.

A mão era bonita. Dedos longos, unhas curtas, limpas.

Na luz que entrava pela janela, os dedos pareciam esculpidos em jade.

Antes que eu reagisse, Guilherme já tinha aberto a garrafinha e me devolvido.

A música do carro subiu bem na hora. Peguei de volta rápido, murmurei um obrigada.

Ele só fez que sim com a cabeça e fechou os olhos de novo.

Devia ter acabado de sair de uma cirurgia, direto do plantão da madrugada.

Os olhos dele ainda estavam vermelhos de cansaço.

Bebi a água devagar.

O carro já rodava firme pela estrada principal.

Era quase aniversário da Dalila. Valentim tinha organizado essa viagem curta só pra comemorar com ela.

Éramos uns sete, três carros, e o destino: uma estância termal a uns cem quilômetros.

Nem tinha dado meia hora e a Dalila já tava praticamente grudada no Valentim.

A música estava alta, não dava pra ouvir o que diziam.

Mas dava pra ver — estavam se divertindo à beça.

Nesses últimos tempos, por causa da liberdade que ele vinha dando pra Dalila, a gente já tinha brigado algumas vezes.

Valentim jurou que ia se controlar.

Mas bastava ela aparecer... e ele esquecia tudo.

De repente, tudo aquilo me pareceu ridículo.

Baixei os olhos, ri de mim mesma e virei o rosto pra janela.

A estrada serpenteava pela montanha. De vez em quando, uma pedra solta rolava no caminho.

O carro deu um solavanco, meu corpo foi junto.

O joelho nu, sob a barra da saia, encostou na coxa do Guilherme.

Ficou ali.

Pensei em afastar...

Mas então vi, bem na lateral do pescoço da Dalila, uma mancha avermelhada.

Nem precisava ser esperta pra saber — era uma marca de beijo.

E nem era difícil adivinhar de quem.

Na mesma hora, engoli o impulso.

E deixei como estava.

Foi então que Guilherme abriu os olhos.

Olhou pra mim.

Fingi total indiferença, com o olhar preso à estrada à frente.

Não encarei.

Mas o joelho, antes só encostado, agora pressionava um pouco mais.

Apenas uma camada fina de tecido separava a minha pele da calça social dele.

Dava pra sentir tudo.

O calor. A firmeza. A tensão nos músculos.

Ondas de calor subiam como choque.

Era como se cada nervo estivesse em curto.
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