Mas Michel era neto legítimo deles.Quando Cornélio e Arabela voltaram para o apartamento alugado, encontraram o filho e a nora assistindo televisão no sofá da sala. Os rostos dos dois estavam sombrios, revelando a frustração e o cansaço após a tentativa frustrada de trazer Michel.- Pai, mãe, vocês não trouxeram o Michel? - Daulo se levantou do sofá imediatamente ao ver os pais entrarem. Ele franziu a testa ao notar que não haviam trazido o menino.Juliana também se aproximou, com uma expressão ansiosa no rosto. Ela disse, com uma voz um pouco trêmula: - Eu já arrumei o quartinho e o decorei como um quarto infantil. Comprei muitos brinquedos novos para o Michel. Por que vocês não trouxeram ele?Ela estava visivelmente preocupada, lembrando-se da ameaça recente que havia recebido. Uma mulher desconhecida havia enviado um maço de cabelo, junto com um bilhete. O bilhete dizia que o cabelo era de sua mãe e exigia que ela implementasse seu plano de levar Michel para um lugar movimentado,
Juliana fez uma careta e não disse mais nada, virando-se abruptamente para o quarto e fechando a porta com um estrondo. O barulho ecoou pela casa, aumentando a tensão no ar.- Querida, querida. - Daulo chamou, tentando apaziguar a situação, mas sua voz ficou perdida no silêncio tenso que se seguiu.Arabela suspirou e disse ao filho, com um tom de exasperação: - Deixa ela. Ela só não quer que você e Madalena saiam juntos. E não é como se você e Madalena estivessem indo sozinhos. Todos nós vamos, e mesmo assim, ela ainda sente ciúmes. Ela devia se lembrar de que foi ela quem te tirou da Madalena.Arabela agora desprezava Juliana, refletindo sobre como antes ela havia admirado a habilidade do filho em conquistar outra mulher, mas agora via Juliana apenas como a amante que destruiu o casamento anterior de Daulo.A família Francisco decidiu unida que no dia seguinte, ao meio-dia, buscariam Michel e sua mãe para um passeio no zoológico. O clima estava perfeito, não muito frio nem muito quen
- Pergunte a ele o que ele quer? - Bruno resmungou, sua paciência já no limite. A ideia de seu amigo bloqueando o caminho, tarde da noite, parecia um capricho sem sentido para ele.Vasco abaixou a janela do carro e perguntou João, que se aproximava com passos largos e determinados, o rosto marcado pelo cansaço e pela frustração: - Sr. João, o que faz aqui?- Bruno está no carro, certo? Bruno, quero ficar na sua casa por um tempo. Trouxe minha mala. O Nuno disse que não podia decidir por você e não me deixou entrar, então tive que esperar por você aqui. - Explicou João, jogando um olhar desolado para o carro de Bruno, seu tom de voz se misturando entre desespero e esperança.Bruno sentiu a testa franzir. Se João não fosse seu amigo de longa data, ele certamente mandaria o motorista acelerar e empurrar o carro bloqueador para fora do caminho. Aurora, surpresa com a súbita visita, viu a expressão sombria do marido e perguntou a João com umz voz suave, tentando compreender a urgência por
Bruno possuía várias propriedades, mas ele e Aurora costumavam ficar entre esta casa e a do Condomínio Rosa, que eram as mais próximas da empresa e facilitavam o deslocamento diário. João, que não queria se afastar muito, acabou escolhendo essa casa por conveniência, mesmo sabendo que estava se impondo.- Bruno, foi você quem arrumou tudo isso? - Perguntou João, olhando ao redor da sala decorada com velas e flores, que mais parecia um cenário de proposta de casamento ou até mesmo um casamento em si. - Está tudo tão bonito, como um cenário de casamento. Quando você e Aurora se casarem, devem decorar assim. Vai surpreender todas as mulheres. Bruno não conseguiu evitar uma risada, apesar de sua expressão ainda estar fechada. - Se não fosse eu quem pensou em tudo isso, acha que foi você? João, um pouco confuso, respondeu: - Eu não teria essa habilidade emocional para pensar em algo assim. Bruno bufou, cruzando os braços. - Claro que você não teria. Tudo o que você sabe fazer é receb
João, sentindo-se um pouco constrangido, disse: - Bruno, realmente me desculpe por isso.- Se está tão constrangido assim, vá para um hotel. - Respondeu Bruno, sua voz cheia de impaciência.- Eu não estou tão constrangido assim. Afinal, não é a primeira vez que fico na sua casa. Antes, eu e Paulo também ficávamos aqui quando bebíamos demais ou quando a noite estava muito avançada. - João tentou justificar-se, exibindo um sorriso sem graça.Bruno suspirou, sem esconder sua frustração, e disse: - Vá dormir no quarto de hóspedes mais distante da suíte principal. Descanse logo.Com isso, ele puxou Aurora pela mão e os dois subiram as escadas.De volta ao quarto, Bruno começou a resmungar: - Desde quando eu, Bruno, virei o escudo dele? Minha casa virou refúgio agora?Aurora deu um sorriso suave e disse: - Sr. João só está aqui porque não tem outra opção. Vocês são amigos de longa data.- Ele não está sem opções. Ele está é me usando como escudo. Dizer que ele é emocionalmente inepto é p
Bruno confortou a esposa, com um sorriso suave nos lábios: - Não pense tanto nisso. Eu acredito que sua irmã ficará cada vez melhor.Aurora refletiu por um momento e depois concordou: - É verdade. Minha irmã e o Sr. João nem sequer começaram a namorar ainda. Vamos deixar as coisas seguirem seu curso. Como você disse, o Sr. João é um homem de muita determinação. Ele toma as rédeas da própria vida. Se ele realmente se apaixonar pela minha irmã, tenho certeza de que ele pode dar a ela a felicidade que ela merece.Bruno assentiu, seu olhar cheio de carinho. - Sim, vamos deixar as coisas fluírem naturalmente. Você está se preocupando demais. - Com isso, ele foi até o armário e pegou algumas roupas para ela, entregando-as com um sorriso terno. - Vamos, tome um banho para relaxar.Aurora pegou as roupas e, antes de se afastar, deu um beijo rápido no rosto dele, deixando um rastro de afeto. - Obrigada, meu amor.Meia hora depois.O casal estava deitado na cama, conversando sobre o dia.Bru
- Pois é, João. Ter uma esposa realmente faz toda a diferença. - Disse Bruno com um sorriso no rosto enquanto virava a carne na frigideira. - Eu preparo o bife para minha esposa e para mim, e vê-la saboreando algo que eu cozinhei é uma felicidade indescritível. Esse tipo de felicidade, meu amigo, você não consegue entender sendo um solteiro.Ele continuou, agora com um tom mais provocativo: - Você pode até comer carne de dragão sozinho, mas não é tão gostoso. Eu e minha esposa podemos comer a refeição mais simples juntos e ainda assim será deliciosa. Não dá para comparar. João resmungou, sem palavras para retrucar: - Você fala sobre homens na cozinha de um jeito que parece poesia. Parece que nós, que não sabemos cozinhar, estamos condenados à infelicidade. Eu posso não ser um chef, mas posso encontrar uma esposa que seja uma excelente cozinheira e desfrutar das delícias da vida do mesmo jeito.Bruno riu e respondeu: - Você está procurando uma esposa ou uma cozinheira? João, sentin
Às oito horas, João passou de carro pela Cantina Exclusiva de Café da Manhã e decidiu parar. Depois de uma breve hesitação, ele saiu do carro. Ao dar alguns passos, se lembrou de algo e voltou para abrir a porta do carro. Do banco traseiro, repleto de caixas, ele escolheu uma. Dentro da caixa havia um conjunto de blocos de montar da Lego.João gostava muito de Michel e sempre mantinha vários brinquedos no carro. Dessa forma, sempre que ele visitava a loja e via Michel, podia lhe dar um presente, mostrando que seu carinho era genuíno e não apenas uma desculpa para ver Madalena.No passado, ele costumava dar cata-ventos, mas Michel já tinha perdido o interesse por eles. Então, João passou a variar os presentes.Com a caixa de Lego em mãos, João entrou na Cantina Exclusiva de Café da Manhã.- Sr. João, bom dia. - Madalena o cumprimentou com um sorriso caloroso. - O de sempre?- Sim, o de sempre. - Respondeu João, com um aceno de cabeça.Ele saía da casa de seu amigo sem estar completament
Stella esfregou a testa, refletindo com um suspiro: - Eu sei que você nunca amou o Helder. Só fiquei com medo de que você se sentisse culpada. Mas ele está bem agora, sendo o herdeiro da família. Precisa enfrentar desafios para crescer e se tornar mais maduro. - Isso foi algo que sua mãe fez pelo bem dele, mandando-o para ser testado. Não tenho motivo para me sentir culpada. - Aurora respondeu com firmeza.Aurora voltou para o caixa, pegou o celular e comentou com um leve sorriso: - Vou avisar meu namorado antes que ele tenha alguma ideia errada. Ela sabia que Bruno tinha um temperamento possessivo e ciumento. Era melhor contar para ele sobre o encontro com Helder do que deixá-lo descobrir pelos seguranças. Aurora digitou uma mensagem rápida para Bruno, seus dedos movendo-se ágeis pelo teclado.Stella foi para a cozinha, seus pensamentos ainda no encontro inesperado. Pouco tempo depois, voltou com uma bandeja de uvas e colocou no balcão do caixa. - Helder trouxe estas, são aquelas
Aurora voltou à livraria com o coração leve, satisfeita por ter resolvido os problemas com a casa da família. O sol brilhava, refletindo seu bom humor. Ao abrir a porta da loja, foi surpreendida por uma visão inesperada.Helder, alguém que não via há muito tempo, estava ali. Ele havia tirado dois dias de folga, que junto com o fim de semana, somavam quatro dias para visitar seus pais. Sabendo que Aurora não estava na loja, ele decidiu passar por lá para ver sua prima. Stella, que estava atendendo um cliente, sorriu ao vê-la entrar, mas não teve tempo de dizer nada antes de Helder se virar para sair.- Aurora! - Helder exclamou, com um sorriso caloroso, chamando-a com o mesmo carinho de sempre. Havia uma emoção sincera em sua voz.- Helder? - Aurora piscou, surpresa. Ela o observou de cima a baixo, notando as mudanças em sua postura. - Quando você chegou? Faz tanto tempo. Você parece mais maduro e confiante.- Cheguei hoje. Minha mãe não está se sentindo bem. A fábrica está mais tranq
A Sra. Ferreira estava ansiosa para descobrir se Madalena e seu filho tinham contato frequente com João. Dalila, ao ouvir a Sra. Ferreira pedir para investigar Madalena, franziu a testa e perguntou: - Sra. Ferreira, você acha que João está interessado em Madalena?A Sra. Ferreira soltou um suspiro profundo, tentando manter a calma. - Madalena é uma mulher divorciada e gorda. João não tem um gosto tão ruim. Mas, devemos tomar cuidado. Quem sabe Madalena não está de olho em João? Dalila, a esposa ideal para meu filho é uma garota como você.Mesmo que Madalena não fosse divorciada, ela nunca teria a aprovação da Sra. Ferreira. Ela queria o melhor para seu filho, e Dalila parecia ser a escolha perfeita em todos os aspectos.Dalila refletiu por um momento antes de responder, seus olhos estreitando-se enquanto pensava. - É verdade, não pensei nisso. Eu achava que João nunca se interessaria por uma mulher divorciada, e que você nunca permitiria. Por isso, não considerei Madalena uma ameaç
No mesmo círculo social, era inevitável que se encontrasse de vez em quando. Madalena era uma mulher divorciada, e Sra. Ferreira apenas a mencionou de passagem. Dalila só tinha uma vaga lembrança de Madalena porque ela era irmã de Aurora.- Sim, Madalena se divorciou no ano passado. O marido traiu ela, e também havia relatos de violência doméstica. - Comentou a Sra. Ferreira, a voz tingida de desprezo pelo ex-marido de Madalena. - Além disso, ele exigiu que dividissem as despesas igualmente, mesmo sabendo que Madalena era dona de casa e não tinha renda própria. Ele claramente desprezava ela, e ela não percebeu isso a tempo.- Ouvi dizer que ela só descobriu a traição quando encontrou provas. Enquanto obrigava a dividir as contas, ele gastava dinheiro comprando presentes de luxo para a amante. - A Sra. Ferreira continuou, com desprezo. - Mulheres, especialmente as casadas, precisam ser espertas. Ame a si mesma antes de amar os outros. Se você não se valoriza, como pode esperar que seu
Capítulo 1216- Obrigada, Sr. João. - Agradeceu Madalena cortesmente e acrescentou. - Sr. João, vamos indo. Até logo.João, sempre preocupado com a segurança de Madalena e Michel, aconselhou: - Ande devagar. Michel, até logo.Michel acenou para João com a mãozinha, um sorriso inocente iluminando seu rosto. - Até logo, Sr. João.Madalena montou na moto e saiu com o filho, o motor roncando suavemente. João ficou parado, observando os dois se afastarem, seu olhar fixo na figura pequena e determinada de Madalena. Ele permaneceu olhando até que eles se tornaram pequenos pontos no horizonte. Só então ele voltou ao carro, um suspiro profundo escapando de seus lábios antes de seguir para a empresa.Assim que o carro de João começou a se mover, um carro de luxo estacionado cinquenta metros atrás também ligou o motor, o som do motor ecoando na rua tranquila.- Dalila, acelere um pouco. Vamos ultrapassar o carro do João e descobrir quem é aquela mulher. - Disse Sra. Ferreira, com uma ponta de u
Dalila estava dirigindo com confiança e um leve sorriso no rosto. O carro que ela estava usando pertencia à Sra. Ferreira, que o emprestou a Dalila para usar enquanto estava na Cidade G. Era uma demonstração de confiança e afeto, algo que Dalila apreciava muito.A Sra. Ferreira gostava muito de Dalila e queria muito que ela ficasse com João. Dalila, por outro lado, não estava com pressa para conquistar João. Em vez disso, ela passava seu tempo livre acompanhando a Sra. Ferreira em passeios e atividades, o que fazia com que a Sra. Ferreira gostasse ainda mais dela. Ela estava seguindo a estratégia de conquistar a sogra primeiro.Ouvindo o que Dalila disse, a Sra. Ferreira olhou rapidamente para fora da janela do carro. Dalila estava dirigindo e havia muitos carros atrás dela, então ela não podia parar de repente ou reduzir a velocidade. Quando a Sra. Ferreira olhou, já estavam muito distantes, mas uma mãe pode facilmente reconhecer seu filho.- É o João. - Disse a Sra. Ferreira com ce
- Cinco a seis mil reais por metro quadrado, mais ou menos. - Sandro respondeu, com um tom de voz que sugeria resignação.Aurora olhou para os dois tios e os dois primos, sua expressão severa. - Vocês têm alguma objeção? Se não, faremos como o avô sugeriu. Vou pedir a alguém para redigir o contrato e levar um notário para formalizar o acordo. Depois disso, a propriedade dos meus pais não incluirá mais os avós. - Ela respirou fundo, mantendo a postura firme. - Eles podem continuar morando lá, mas vocês precisam pagar o aluguel e as contas de água e luz. Não vamos tirar vantagem de vocês, mas também não aceitamos ser prejudicadas.Bruno se aproximou e sussurrou no ouvido de Aurora: - Primeiro, transfira a propriedade. Embora o nome na escritura ainda seja o de seu pai, precisamos que seus avós assinem um documento renunciando à herança para que você e Madalena possam herdar completamente.Aurora assentiu, entendendo a necessidade de resolver tudo legalmente. Havia uma determinação em s
Após trocarem olhares, Sandro perguntou com um tom de preocupação: - Aurora, vocês duas podem discutir e nos dar um preço pela casa e o terreno? - Se vendermos, quem vai pagar? Vocês ou os avós? - Aurora olhou para Sandro. Sandro suspirou, consciente da complicação. - Seria para os avós morarem, então eles pagariam. Mas depois da doença da vovó, as economias deles acabaram. Nós ajudamos a pagar as despesas médicas, mas eles não têm dinheiro suficiente. - Ele hesitou antes de continuar, sabendo que a resposta não seria bem recebida. - Podemos fazer com que os avós escrevam uma nota promissória, e eles pagam o que puderem agora e o resto fica pendente...Aurora levantou uma sobrancelha, incrédula. - Pendentes para vocês pagarem depois? - Ela sentia a irritação crescer, sabendo que essa era mais uma tentativa de passar a responsabilidade para elas.Madalena, tentando conter a indignação, perguntou: - Os avós estão idosos, sem renda. Como eles vão comprar uma casa? Sandro ficou em s
Sandro convenceu o velho Sr. Garcia a negociar com Aurora e Madalena sobre a questão da casa de Joaquim.- Está bem. - Aurora concordou. Ela preferia resolver isso por meio de negociações do que gastar tempo e energia com um processo judicial. Uma hora depois.Bruno arranjou uma sala privada no Hotel Internacional da Cidade G para a reunião entre eles. Madalena chegou acompanhada de Michel. Ela segurava a mão do filho com firmeza, buscando força no pequeno, que olhava curioso para todos ao redor. O velho Sr. Garcia também chamou Diego de volta. Ele sempre planejava deixar a casa de Joaquim para Diego, considerando-o seu neto favorito e confiando-lhe todas as decisões importantes. Diego, apesar de suas falhas, era visto pelo o velho Sr. Garcia como uma extensão de si mesmo.Quando Diego soube que Aurora usou Ronaldo para fazer um teste de DNA com seu avô, ele percebeu que continuar com a disputa seria inútil. Sentiu uma mistura de raiva e resignação. Aurora tinha sido mais astuta do