Às oito horas, João passou de carro pela Cantina Exclusiva de Café da Manhã e decidiu parar. Depois de uma breve hesitação, ele saiu do carro. Ao dar alguns passos, se lembrou de algo e voltou para abrir a porta do carro. Do banco traseiro, repleto de caixas, ele escolheu uma. Dentro da caixa havia um conjunto de blocos de montar da Lego.João gostava muito de Michel e sempre mantinha vários brinquedos no carro. Dessa forma, sempre que ele visitava a loja e via Michel, podia lhe dar um presente, mostrando que seu carinho era genuíno e não apenas uma desculpa para ver Madalena.No passado, ele costumava dar cata-ventos, mas Michel já tinha perdido o interesse por eles. Então, João passou a variar os presentes.Com a caixa de Lego em mãos, João entrou na Cantina Exclusiva de Café da Manhã.- Sr. João, bom dia. - Madalena o cumprimentou com um sorriso caloroso. - O de sempre?- Sim, o de sempre. - Respondeu João, com um aceno de cabeça.Ele saía da casa de seu amigo sem estar completament
- Acordei tarde hoje. - João mentiu, sem mencionar que já havia tomado café da manhã na casa de Bruno, mas não ficou satisfeito.Ver Bruno e Aurora apaixonado o fez perder o apetite, mas depois, quando estava sozinho, a fome voltou com força. Ele precisava de um café da manhã decente, e Madalena sempre preparava uma refeição gostosa.João continuava orientando Michel na montagem dos blocos de Lego enquanto comia. Madalena se aproximou, se sentou ao lado do filho e disse:- Michel, vou te ajudar.Ela pegou o manual de instruções e ficou olhando para ele por um bom tempo. Ao ver as peças espalhadas de forma caótica pela mesa, sentiu uma leve dor de cabeça.- Desculpe, querido, eu não sou muito boa nisso. - Disse Madalena, com um sorriso culpado.Mas Aurora era muito mais habilidosa. Aurora costumava fazer trabalhos manuais, e sua destreza e criatividade a tornavam excelente na montagem de blocos de Lego.Naquele momento, um novo cliente entrou na cantina. Madalena deixou o manual de lado
A mãe de João já havia mencionado Madalena para Dalila.Embora o foco de Dalila estivesse em Aurora, tentando estabelecer uma boa relação com primeira nora da família Alves, ela com certeza prestava atenção em Madalena, afinal, Madalena era a irmã da Sra. Alves.- Aquela loja é minha, está alugada. - Explicou João, acrescentando uma informação para que Dalila não pensasse que ele estava defendendo o estabelecimento sem motivo.Dalila disse com um sorriso:- Não é à toa que você toma café da manhã lá, afinal, a loja é sua.- Já estou cheio, não consigo comer mais nada. Srta. Dalila, leve o café da manhã de volta, por favor, e obrigado pela gentileza. - Recusou João, diretamente.Ele não queria, de forma alguma, levar Dalila para o escritório.Dalila, no entanto, insistiu com um sorriso:- Vou levar mais tarde. Agora, gostaria de visitar a sua empresa. Além de resolver alguns assuntos na Cidade G, também estou aqui para discutir possíveis parcerias.A família Guedes tinha um grande negóc
- Mamãe, o Michel não me deixa brincar com o brinquedo dele. Mamãe, eu quero brincar, eu quero o brinquedo do Michel! - Bernardo correu de volta para a mãe, puxando a roupa de Carolina, exigindo que ela pegasse o brinquedo para ele.Carolina sempre via seu próprio filho como um tesouro e os filhos dos outros como nada mais do que isso. Ela estendeu a mão para Michel, dizendo com seriedade:- Michel, deixe o Bernardo brincar um pouco com o seu brinquedo.- Este é meu! - Michel abraçou a caixa com força, recusando-se a soltar.Carolina deu dois passos à frente, tentando pegar Michel, mas Madalena imediatamente interveio com uma colher batendo em sua mão, fazendo-a recuar de dor.- Madalena, o que você está fazendo? - Carolina exclamou, segurando o pulso dolorido.Madalena, com o rosto frio, respondeu:- A pergunta é o que você está fazendo? O brinquedo é do Michel. Se ele não quer emprestar para o Bernardo, ele não precisa. Você, como tia, ainda quer forçar?Carolina ficou sem palavras d
Aurora estava voltando para a livraria no carro luxuoso de seu marido. Ela tinha agendado uma entrega com suas trabalhadoras de artesanato, que acabavam de trazer as peças finalizadas. Após inspecionar a qualidade, que estava excelente, Aurora não conteve sua alegria e elogiou as colegas várias vezes antes de lhes pagar conforme combinado.- Aurora, nós que ficamos em casa cuidando dos filhos, ganhamos um bom dinheiro com esses artesanatos. Minha sogra até parou de me tratar mal. - Uma das mulheres comentou, com um sorriso aliviado, os olhos brilhando de gratidão. Ela segurava delicadamente uma das peças, admirando o trabalho detalhado.Aurora sorriu calorosamente, sentindo um profundo orgulho pelo impacto positivo que estava causando na vida dessas mulheres.- Comigo foi a mesma coisa. Minha sogra agora até me ajuda com as crianças. Aurora, pode aceitar mais pedidos. Não importa quantos, nós damos conta. - Outra colega acrescentou, o entusiasmo evidente em sua voz. Essas mulheres, q
Apesar de sua mãe ter apenas uma mecha de cabelo cortada, Juliana estava apavorada. Aquele gesto, aparentemente simples, carregava uma ameaça silenciosa e mortal. Se eles quisessem realmente a vida dos familiares dela, poderiam facilmente consegui-la. Embora Juliana tivesse brigado com sua família por causa do casamento, afinal de contas, eles ainda eram seus parentes. Ela não poderia deixar que sua família sofresse por causa de Michel, que, no fim, era um estranho.Aquele dia era o dia mais promissor para colocar o plano em ação. Cada detalhe estava meticulosamente planejado, mas a ansiedade de Juliana era palpável, como uma corda esticada prestes a arrebentar.Aurora perguntou a Michel: - Sua mãe também vai?Os olhos de Michel brilharam com entusiasmo infantil. - Sim, minha mãe vai. Tia, você vai também?Aurora pensou por um momento antes de responder:- A que horas vocês vão sair? Preciso ver se consigo organizar meu tempo.- Minha mãe disse que em cerca de meia hora podemos sair.
Letícia olhou para Madalena, tentando confirmar se as pessoas da família Francisco realmente tinham vindo convidar Madalena e Michel para um passeio. Só então o rosto rígido de Letícia suavizou um pouco, e seu sorriso, ainda que tênue, foi dirigido exclusivamente a Michel, e não as pessoas da família Francisco. A presença deles sempre a deixava irritada.- Michel, você quer ir ao zoológico, então eu vou com você. - Disse Letícia, aceitando o convite do garoto.Michel, ainda muito jovem para compreender os detalhes do divórcio dos pais, nunca ouviu Madalena falar mal de Daulo, apesar de todas as mágoas. Madalena, com seu coração bondoso, sabia que alimentar ressentimentos não seria bom para Michel. Afinal, Daulo era o pai do garoto, e encher a cabeça de Michel com sentimentos negativos só prejudicaria seu desenvolvimento emocional.Meia hora depois.Aurora e Madalena estavam prontas para sair. Aurora segurava Michel pela mão, enquanto Letícia ligava o carro. Bruno, sempre preocupado co
Aurora só podia continuar correndo atrás do pequeno travesso. O zoológico estava lotado, com muitas crianças como Michel correndo de um lado para o outro, cheias de energia e curiosidade.Aurora não tinha tempo para apreciar a beleza do zoológico. Seguir Michel já era o suficiente para deixá-la exausta. O garoto, que passava os dias ajudando a mãe na loja e descansando em casa, raramente tinha a chance de sair para brincar. Naquele dia, ele estava aproveitando ao máximo, sua alegria era contagiante.Aurora, graças aos seus anos de treinamento em artes marciais, tinha a resistência e agilidade necessárias para acompanhar o ritmo acelerado do sobrinho. Madalena, que corria regularmente para manter a forma, também estava se saindo bem. Letícia, por outro lado, não estava acostumada a caminhar tanto e já começava a sentir dores nos pés.Quanto à pessoas da família Francisco, já tinham sido deixados para trás há muito tempo. Eles não conseguiam acompanhar o ritmo frenético de Michel.Michel
Stella esfregou a testa, refletindo com um suspiro: - Eu sei que você nunca amou o Helder. Só fiquei com medo de que você se sentisse culpada. Mas ele está bem agora, sendo o herdeiro da família. Precisa enfrentar desafios para crescer e se tornar mais maduro. - Isso foi algo que sua mãe fez pelo bem dele, mandando-o para ser testado. Não tenho motivo para me sentir culpada. - Aurora respondeu com firmeza.Aurora voltou para o caixa, pegou o celular e comentou com um leve sorriso: - Vou avisar meu namorado antes que ele tenha alguma ideia errada. Ela sabia que Bruno tinha um temperamento possessivo e ciumento. Era melhor contar para ele sobre o encontro com Helder do que deixá-lo descobrir pelos seguranças. Aurora digitou uma mensagem rápida para Bruno, seus dedos movendo-se ágeis pelo teclado.Stella foi para a cozinha, seus pensamentos ainda no encontro inesperado. Pouco tempo depois, voltou com uma bandeja de uvas e colocou no balcão do caixa. - Helder trouxe estas, são aquelas
Aurora voltou à livraria com o coração leve, satisfeita por ter resolvido os problemas com a casa da família. O sol brilhava, refletindo seu bom humor. Ao abrir a porta da loja, foi surpreendida por uma visão inesperada.Helder, alguém que não via há muito tempo, estava ali. Ele havia tirado dois dias de folga, que junto com o fim de semana, somavam quatro dias para visitar seus pais. Sabendo que Aurora não estava na loja, ele decidiu passar por lá para ver sua prima. Stella, que estava atendendo um cliente, sorriu ao vê-la entrar, mas não teve tempo de dizer nada antes de Helder se virar para sair.- Aurora! - Helder exclamou, com um sorriso caloroso, chamando-a com o mesmo carinho de sempre. Havia uma emoção sincera em sua voz.- Helder? - Aurora piscou, surpresa. Ela o observou de cima a baixo, notando as mudanças em sua postura. - Quando você chegou? Faz tanto tempo. Você parece mais maduro e confiante.- Cheguei hoje. Minha mãe não está se sentindo bem. A fábrica está mais tranq
A Sra. Ferreira estava ansiosa para descobrir se Madalena e seu filho tinham contato frequente com João. Dalila, ao ouvir a Sra. Ferreira pedir para investigar Madalena, franziu a testa e perguntou: - Sra. Ferreira, você acha que João está interessado em Madalena?A Sra. Ferreira soltou um suspiro profundo, tentando manter a calma. - Madalena é uma mulher divorciada e gorda. João não tem um gosto tão ruim. Mas, devemos tomar cuidado. Quem sabe Madalena não está de olho em João? Dalila, a esposa ideal para meu filho é uma garota como você.Mesmo que Madalena não fosse divorciada, ela nunca teria a aprovação da Sra. Ferreira. Ela queria o melhor para seu filho, e Dalila parecia ser a escolha perfeita em todos os aspectos.Dalila refletiu por um momento antes de responder, seus olhos estreitando-se enquanto pensava. - É verdade, não pensei nisso. Eu achava que João nunca se interessaria por uma mulher divorciada, e que você nunca permitiria. Por isso, não considerei Madalena uma ameaç
No mesmo círculo social, era inevitável que se encontrasse de vez em quando. Madalena era uma mulher divorciada, e Sra. Ferreira apenas a mencionou de passagem. Dalila só tinha uma vaga lembrança de Madalena porque ela era irmã de Aurora.- Sim, Madalena se divorciou no ano passado. O marido traiu ela, e também havia relatos de violência doméstica. - Comentou a Sra. Ferreira, a voz tingida de desprezo pelo ex-marido de Madalena. - Além disso, ele exigiu que dividissem as despesas igualmente, mesmo sabendo que Madalena era dona de casa e não tinha renda própria. Ele claramente desprezava ela, e ela não percebeu isso a tempo.- Ouvi dizer que ela só descobriu a traição quando encontrou provas. Enquanto obrigava a dividir as contas, ele gastava dinheiro comprando presentes de luxo para a amante. - A Sra. Ferreira continuou, com desprezo. - Mulheres, especialmente as casadas, precisam ser espertas. Ame a si mesma antes de amar os outros. Se você não se valoriza, como pode esperar que seu
Capítulo 1216- Obrigada, Sr. João. - Agradeceu Madalena cortesmente e acrescentou. - Sr. João, vamos indo. Até logo.João, sempre preocupado com a segurança de Madalena e Michel, aconselhou: - Ande devagar. Michel, até logo.Michel acenou para João com a mãozinha, um sorriso inocente iluminando seu rosto. - Até logo, Sr. João.Madalena montou na moto e saiu com o filho, o motor roncando suavemente. João ficou parado, observando os dois se afastarem, seu olhar fixo na figura pequena e determinada de Madalena. Ele permaneceu olhando até que eles se tornaram pequenos pontos no horizonte. Só então ele voltou ao carro, um suspiro profundo escapando de seus lábios antes de seguir para a empresa.Assim que o carro de João começou a se mover, um carro de luxo estacionado cinquenta metros atrás também ligou o motor, o som do motor ecoando na rua tranquila.- Dalila, acelere um pouco. Vamos ultrapassar o carro do João e descobrir quem é aquela mulher. - Disse Sra. Ferreira, com uma ponta de u
Dalila estava dirigindo com confiança e um leve sorriso no rosto. O carro que ela estava usando pertencia à Sra. Ferreira, que o emprestou a Dalila para usar enquanto estava na Cidade G. Era uma demonstração de confiança e afeto, algo que Dalila apreciava muito.A Sra. Ferreira gostava muito de Dalila e queria muito que ela ficasse com João. Dalila, por outro lado, não estava com pressa para conquistar João. Em vez disso, ela passava seu tempo livre acompanhando a Sra. Ferreira em passeios e atividades, o que fazia com que a Sra. Ferreira gostasse ainda mais dela. Ela estava seguindo a estratégia de conquistar a sogra primeiro.Ouvindo o que Dalila disse, a Sra. Ferreira olhou rapidamente para fora da janela do carro. Dalila estava dirigindo e havia muitos carros atrás dela, então ela não podia parar de repente ou reduzir a velocidade. Quando a Sra. Ferreira olhou, já estavam muito distantes, mas uma mãe pode facilmente reconhecer seu filho.- É o João. - Disse a Sra. Ferreira com ce
- Cinco a seis mil reais por metro quadrado, mais ou menos. - Sandro respondeu, com um tom de voz que sugeria resignação.Aurora olhou para os dois tios e os dois primos, sua expressão severa. - Vocês têm alguma objeção? Se não, faremos como o avô sugeriu. Vou pedir a alguém para redigir o contrato e levar um notário para formalizar o acordo. Depois disso, a propriedade dos meus pais não incluirá mais os avós. - Ela respirou fundo, mantendo a postura firme. - Eles podem continuar morando lá, mas vocês precisam pagar o aluguel e as contas de água e luz. Não vamos tirar vantagem de vocês, mas também não aceitamos ser prejudicadas.Bruno se aproximou e sussurrou no ouvido de Aurora: - Primeiro, transfira a propriedade. Embora o nome na escritura ainda seja o de seu pai, precisamos que seus avós assinem um documento renunciando à herança para que você e Madalena possam herdar completamente.Aurora assentiu, entendendo a necessidade de resolver tudo legalmente. Havia uma determinação em s
Após trocarem olhares, Sandro perguntou com um tom de preocupação: - Aurora, vocês duas podem discutir e nos dar um preço pela casa e o terreno? - Se vendermos, quem vai pagar? Vocês ou os avós? - Aurora olhou para Sandro. Sandro suspirou, consciente da complicação. - Seria para os avós morarem, então eles pagariam. Mas depois da doença da vovó, as economias deles acabaram. Nós ajudamos a pagar as despesas médicas, mas eles não têm dinheiro suficiente. - Ele hesitou antes de continuar, sabendo que a resposta não seria bem recebida. - Podemos fazer com que os avós escrevam uma nota promissória, e eles pagam o que puderem agora e o resto fica pendente...Aurora levantou uma sobrancelha, incrédula. - Pendentes para vocês pagarem depois? - Ela sentia a irritação crescer, sabendo que essa era mais uma tentativa de passar a responsabilidade para elas.Madalena, tentando conter a indignação, perguntou: - Os avós estão idosos, sem renda. Como eles vão comprar uma casa? Sandro ficou em s
Sandro convenceu o velho Sr. Garcia a negociar com Aurora e Madalena sobre a questão da casa de Joaquim.- Está bem. - Aurora concordou. Ela preferia resolver isso por meio de negociações do que gastar tempo e energia com um processo judicial. Uma hora depois.Bruno arranjou uma sala privada no Hotel Internacional da Cidade G para a reunião entre eles. Madalena chegou acompanhada de Michel. Ela segurava a mão do filho com firmeza, buscando força no pequeno, que olhava curioso para todos ao redor. O velho Sr. Garcia também chamou Diego de volta. Ele sempre planejava deixar a casa de Joaquim para Diego, considerando-o seu neto favorito e confiando-lhe todas as decisões importantes. Diego, apesar de suas falhas, era visto pelo o velho Sr. Garcia como uma extensão de si mesmo.Quando Diego soube que Aurora usou Ronaldo para fazer um teste de DNA com seu avô, ele percebeu que continuar com a disputa seria inútil. Sentiu uma mistura de raiva e resignação. Aurora tinha sido mais astuta do