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Capítulo 3

Penulis: Francisca Resende
Senti uma onda de náusea e corri para o banheiro, vomitando até não aguentar mais.

Antônio, em pânico, bateu levemente nas minhas costas, tentando me fazer sentir um pouco melhor.

— Não me toque! — Virei-me para ele, lançando um olhar furioso.

Não era de se admirar que ele estivesse agindo de forma tão estranha naquela vez.

Ele, que sempre foi um viciado em trabalho, deixou tudo de lado para passar duas semanas inteiras ao meu lado.

Eu, ingênua, acreditei que ele realmente me amava.

Na verdade, ele estava apenas se sentindo culpado por ter me traído.

Eles chegaram a usar o quarto que dividi com Antônio por sete anos, a nossa própria cama...

Ele ficou paralisado, assustado com o ódio que viu nos meus olhos, sem saber o que fazer.

A raiva dentro de mim não tinha para onde ir, então levantei-me abruptamente e corri para o quarto.

Meus olhos buscaram ao redor até se fixarem na lâmina de sobrancelha sobre a penteadeira.

Peguei-a e, como uma louca, comecei a rasgar o edredom, os lençóis, os travesseiros...

As penas do edredom voaram como neve pelo ar, e o quarto ficou um caos.

Mas ainda não era suficiente para mim.

Tudo tinha que ser destruído, toda aquela sujeira.

Antônio me seguiu com um olhar de dor, tentando me parar.

Ele acabou cortando a mão no processo.

O sangue jorrou imediatamente.

Contrastando com as penas brancas no chão, o vermelho do sangue era chocante.

Finalmente, eu me acalmei, olhando para a nossa foto de casamento com um olhar vazio.

Naquela época, eu era tão feliz.

Fechei os olhos e, em desespero, falei. — Antônio, vamos nos divorciar.

Antônio reagiu como se tivesse ouvido a coisa mais terrível do mundo, ignorando o sangue que ainda escorria da sua mão, correu para me abraçar.

Sua voz estava carregada com uma tristeza profunda. — Não, Estela, não vamos nos divorciar. Eu te prometo, assim que a criança nascer, não terei mais nada a ver com ela, seremos como antes. Você sabe que eu só amo você, não posso viver sem você.

Eu ri friamente por dentro.

"Como poderia ser o mesmo?"

"O Antônio que tinha olhos e coração só para mim já estava morto."

Nós dois estávamos presos em um impasse estranho.

Não importava o quanto eu explodisse ou fizesse exigências, ele sempre mantinha um sorriso, cuidando de mim como antes.

Mas sempre que eu mencionava o divórcio, ele fingia não entender.

Seu celular tocava constantemente, sempre era Beatriz ligando.

Na minha frente, ele sempre recusava a chamada.

Mas, nas madrugadas, ele se escondia na varanda, sussurrando palavras doces para acalmar a pessoa do outro lado.

Naquele dia, na mesa de jantar, ele novamente desligou o telefone.

Eu comentei com sarcasmo. — Atenda, essas ligações de madrugada atrapalham meu sono.

Achei que ele se sentiria envergonhado, mas para minha surpresa ele respondeu prontamente. — Então não vou ligar mais tarde, coma mais brócolis, você tem emagrecida.

Quando estava prestes a dizer para ele parar de fingir, meu celular tocou de repente.

Antônio ficou pálido ao ver o número.

Pelo jeito dele, eu podia adivinhar quem estava ligando.

Coloquei no viva-voz, e a voz chorosa de Beatriz soou.

— Estela, por favor, peça ao Antônio para vir me ver? Por favor, pense na criança que estou carregando, é filho dele…

Antônio desligou o telefone apressadamente, olhando para mim com terror.

Eu também olhei para ele.

Estranhamente, ao olhar para ele, não senti mais ódio, mas sim uma tristeza profunda.

Esse homem não era mais meu.

— Quero ver Beatriz.
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