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Capítulo 3

Author: Monteluz
Mas no segundo seguinte, ele desviou o olhar com indiferença, os lábios ainda curvados num leve sorriso.

Segurou a mão da Isadora... e subiu no palco.

Como se nunca tivesse me visto ali.

Dei um sorriso torto, cheio de sarcasmo.

A jornalista mais próxima parecia uma estagiária. Nervosa, estendeu o microfone pra mim:

— Sra. Aurélia... é verdade que você se divorciou do Sr. Caetano?

— É verdade. — Sorri, com a cabeça erguida.

A menina ajeitou os óculos, insegura:

— Mas vocês se conhecem desde o colégio, namoraram sete anos, estão casados há cinco. Mês passado, ele comprou uma ilha com seu nome...

Meu sorriso continuava. Mas agora... sem calor nenhum.

— Aquela ilha... era uma dívida. — Respondi.

Ele perdeu meu aniversário pra cuidar da Isadora, que estava doente. O presente foi compensação.

Na vida passada, eu me senti especial. Depois descobri que a ideia foi do Lúcio. A ilha, escolhida pelo assessor. E o próprio Caetano... nem sabia onde ela ficava.

— Você ainda ama o Sr. Caetano? — Ela perguntou, com voz hesitante.

O salão ficou em silêncio.

Até ele, no palco, virou-se pra me encarar.

A testa levemente franzida.

Encarei-o por um instante.

Depois, sorri com a alma em paz.

— Não amo mais.

Não esperei o fim da coletiva.

Depois que Caetano fez questão de “esclarecer” que nosso casamento já estava morto há um ano, fui embora.

Naquela noite, virei a ex descartável.

E Isadora, a vítima inocente de toda a confusão.

A entrevista foi parar nos trends e ficou por dias no topo.

As frases do Caetano ecoaram pelas redes:

"Eu e a Aurélia já havíamos decidido o divórcio há um ano. Só não era o momento certo. Isadora não teve nada a ver com isso. Ela é a última pessoa que meu mentor confiou a mim. Meu cuidado com ela é justo, é correto. Peço empatia."

E o público... comprou.

Logo começaram a dizer que o motivo do fim do casamento era minha insegurança. Meu ciúme doentio.

Distorceram a história: diziam que Isadora e Caetano só tinham laços fraternais. Que eu era mesquinha, imatura.

Que, em cinco anos de casamento, não aprendi com o marido a ser uma pessoa grata.

Eu me tornei o alvo.

No dia em que peguei o documento oficial de divórcio no cartório, Caetano me chamou:

— Não liga pro que falam na internet. Daqui a pouco, esquecem.

Parei. Ri, sem humor.

Isadora e eu sofremos abusos nas redes sociais. Por que eu deveria suportar isso e ela não?

— Aurélia, daqui dois meses é o Ano Novo. No início do ano que vem... a gente volta a se casar, pode ser?

Ele deu um passo na minha direção. Mas eu recuei.

Meu olhar foi direto pros jornalistas ali perto, contidos pelos seguranças.

Caetano entendeu.

Parou.

— Vou voltar pra Cidade Marquessa. — Falei, tranquila.

— Faz tempo que você não vai... É bom mesmo. Quando der, eu passo lá pra...

— Eu não vou voltar.

O sorriso dele congelou.

No olhar, um traço de confusão.

— Caetano. Naquele dia, quando eu aceitei assinar... Você me prometeu uma coisa. Agora... é hora de cumprir.

Ele me olhou, atordoado.

Quando eu tinha acabado de renascer, levei apenas alguns segundos para digerir meu amor e ódio por Caetano. No momento em que vi o acordo de divórcio, pensei em enlouquecer e rasgá-lo, e ter outra briga com ele, mas no final, a razão prevaleceu.

Depois de um tempo em silêncio, sorri.
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Comments (3)
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evanira Rocha
fiz tarefas pra ler mais um pouco mas não consegui.
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Tania Deodato
Eu caí nessa de assinatura das histórias curtas ilimitadas. Abriram somente para a que eu estava lendo e nunca consegui ler nenhuma outra. Pura balela…
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Edilaine Lima
está impossível avançar o próximo capítulo, só aparece pra comprar, não aparece a opção de bônus ou quantas moedas necessária.
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