A mansão estava silenciosa.Ricardo Albuquerque terminou o banho e, por hábito, estendeu a mão para pegar as roupas penduradas, mas encontrou o espaço vazio.Antes, Catarina sempre deixava suas roupas combinadas e prontas para ele.Só um momento de pausa, ele seguiu até o closet e vestiu um terno.Mas após experimentar duas gravatas, sentiu que nenhuma combinava direito. No final, irritado, arrancou a gravata e desabotoou o colarinho.Ele desceu das escadas, não encontrou café da manhã na cozinha, então saiu diretamente para o trabalho.No escritório do presidente do Grupo Albuquerque.Pela primeira vez, o assistente Hugo Almeida viu o Sr. Albuquerque tomar café da manhã no escritório. Enquanto ele comia, Hugo fazia o relatório do dia.— Sr. Albuquerque, a reunião matinal foi cancelada. A Srta. Inês começou a trabalhar hoje. Conforme suas instruções, já organizei o espaço dela. A partir de agora, a secretária Inês será responsável pela sua agenda.Ricardo levantou os olhos e viu, do la
Catarina Vasconcelos estava indo pela primeira vez para um encontro arranjado.Para mostrar respeito, ao chegar em casa depois do trabalho, lavou o cabelo, trocou para um vestido azul-claro com franjas e fez uma maquiagem leve antes de sair.Assim que desceu do carro em frente ao café, recebeu uma longa mensagem de voz de sua mãe."Catarina, já perguntei tudo para você. O nome dele é David Costa, tem 28 anos, 1,78 de altura, trabalha no departamento de marketing de uma multinacional e ganha mais de 30 mil por mês. Nem gordo, nem magro, aparência comum, é um pouco introvertido. O tio Roberto disse que ele vai direto depois do trabalho. O sinal é uma rosa-branca sobre a mesa."Catarina riu discretamente. Por que sua mãe simplesmente não mandou uma foto em vez de criar esse enigma?O café não estava muito cheio naquele horário.Perto da janela, havia um homem de terno, e no copo sobre a mesa, uma rosa-branca.Sentindo-se um pouco constrangida, Catarina respirou fundo e caminhou até ele.—
O outro lado da linha ficou em silêncio por um momento.Ricardo sorriu de canto, esperando ouvir a resposta ansiosa de Catarina.No entanto, uma voz feminina desconhecida, um tanto hesitante, falou:— É o Sr. Albuquerque? A Catarina transferiu o número dela para a empresa. Ela disse que não quer ser incomodada durante o trabalho. Quando ela voltar, eu aviso que o senhor a procurou.Ricardo Albuquerque: "…"Até o horário de expediente terminar, o celular de Ricardo permaneceu em silêncio.O elevador apitou ao chegar ao 17º andar.O gerente do projeto, Sr. Fontes, saiu apressado para recebê-lo.— Sr. Albuquerque, o que o senhor faz no departamento de projetos?Normalmente, qualquer assunto era resolvido por telefone. Ele nunca aparecia pessoalmente.— Estava passando e resolvi dar uma olhada.Ricardo lançou um olhar para dentro, mas não viu Catarina.Sr. Fontes, percebendo a situação, prontamente respondeu:— Estamos com falta de pessoal no departamento de projetos. A exposição de joias
Catarina ainda nem teve tempo de dizer o seu assunto.Ao seu lado, chegaram dois empresários, também querendo agendar uma reunião com Sr. Cortez.“……”Realmente, ele é ocupado.A recepcionista, claramente experiente, manteve um sorriso profissional, respondeu:— O Sr. Cortez está muito ocupado no momento e não é possível aceitar novos agendamentos. Por favor, deixe suas informações, e eu entrarei em contato quando houver disponibilidade.Os outros estavam registrando suas credenciais de maneira formal.Catarina espiou de relance e percebeu que, como simples trabalhadora, ela não tinha qualquer vantagem ali."Sr. Cortez, sou a autora do design da peça “Menina dos Desejos” que foi leiloada pela família Cortez há quatro anos. Gostaria de exibi-la em uma exposição. Por favor, entre em contato comigo."O prazo para a organização da exposição era curto, e Catarina estava ficando ansiosa.Sempre que tinha um intervalo entre o trabalho, fosse de manhã, tarde ou noite, ela passava na empresa da
Ricardo Albuquerque passou a noite inteira com dor de estômago, a sua cara não estava nada boa.— Senhor, a refeição da manhã está pronta.Dona Rosa trouxe uma tigela de capeletti e começou a limpar a casa.Ricardo sentou-se à mesa e, enquanto ainda estava quente, deu uma mordida grande.Talvez porque não conseguiu comer quando mais queria na noite anterior, agora, ao provar, o sabor já não era bem aquele que ele desejava.— Da próxima vez, compre a mesma marca de antes.— Senhor, os capelettis que o senhor costumava comer eram feitos à mão pela Srta. Vasconcelos. Mas isso dá muito trabalho, então achei que os do supermercado seriam iguais.Ricardo comeu apenas dois.Ele pousou os talheres e, de repente, levantou-se, dizendo:— Não faça mais capelettis no café da manhã.— Ah, então amanhã preparo pão de queijo e café.A Dona Rosa não entendia. Quando a Srta. Catarina estava aqui, o senhor não parecia tão exigente com a comida.Depois de limpar a cozinha, a Dona Rosa pegou as correspond
Ricardo Albuquerque sentiu um aperto no peito. Primeiro, ela o bloqueou, agora, nem sequer se preocupava com ele.Era preciso admitir, dessa vez, Catarina estava interpretando bem a cena de um término.Ela saiu rápido demais. Rápido o suficiente para parecer que estava fugindo, com medo de que ele percebesse alguma brecha em sua atuação.Ela realmente queria terminar?Impossível!Do começo ao fim, não houve um verdadeiro desentendimento entre eles. Ela não chorou, não gritou, não fez escândalo... essa não era a postura de alguém que queria terminar de verdade.Isso não passava de uma guerra silenciosa. E, nesse tipo de embate, quem ceder primeiro, perde.Ricardo simplesmente não acreditava que Catarina realmente não se importava.O elevador VIP parou no 17º andar.O Sr. Fontes olhou surpreso para o presidente da empresa, que aparecia pela segunda vez ali.Ele deveria explicar a situação da Srta. Vasconcelos ou ficar em silêncio?O olhar de Ricardo varreu a sala, mas a mesa de Catarina
— Sr. Albuquerque, você está querendo tudo ao mesmo tempo?Eduardo não demonstrou qualquer receio diante do aviso de Ricardo Albuquerque, ao contrário, questionou ao sorrir:— Ouvi dizer que você arranjou uma nova secretária e transferiu Catarina para outro setor. Se você e ela terminaram, então precisa aceitar que agora ela pode ter outros homens ao seu redor.— Terminamos? Isso foi ela que disse?O olhar de Ricardo ficou sombrio, seu olhar carregado de escuridão. Ele não esperava que os pretendentes ao redor de Catarina Vasconcelos surgissem tão rápido.O incessante zumbido dessas "abelhas" em volta dela irritava seus nervos, enchendo-o de frustração e raiva.— Eu e Catarina nunca terminamos!Desde a época da faculdade, eles estavam juntos. Sete anos inteiros, e Catarina nunca havia se afastado dele.Ele era a pessoa mais importante em seu mundo. Não havia a menor chance de que ela realmente quisesse terminar.— Sr. Albuquerque, acho que me entendeu mal. Meu encontro com Catarina aq
— Senhorita Catarina, há quanto tempo?Leonardo Cortez vestia um terno preto impecável com uma camisa branca, e a gravata bem ajustada acrescentava um toque ainda mais formal. Sua elegância inata e nobreza faziam dele o centro das atenções na cafeteria, atraindo os olhares dos outros clientes.— Senhor Costa, o que faz aqui?Catarina olhou para ele, surpresa:— Estava trabalhando por perto?— Sim, acabei de sair de uma reunião.Leonardo lançou um olhar discreto para o laptop e os documentos à sua frente e perguntou em voz baixa:— A senhorita está muito ocupada com a exposição que está organizando? Se eu tomar um café aqui, não vou atrapalhá-la?Ao ouvir isso, Catarina virou a cabeça para olhar na direção do prédio do Grupo Cortez.Até agora, Leonardo não havia aparecido, mas ela continuava esperando, relutante em desistir.— Não atrapalha.Ela organizou os documentos sobre a mesa e, lembrando-se de algo, perguntou:— Senhor Costa, não precisa voltar para a empresa? Pelo que me lembro,
— Catarina, eu vim de Cidade J só por você. Passei a tarde inteira organizando tudo. Isso ainda não é suficiente? O que mais você quer que eu faça? Essas são as coisas de que você gosta! Por que, de repente, você mudou?— Eu já disse que não preciso disso.Catarina manteve a mesma postura firme, sem permitir que Ricardo rompesse a distância entre eles.— Me seguir até aqui só me faz sentir medo. Ricardo, pare de se emocionar com suas próprias ações. Nós já terminamos.Ouvir novamente a palavra "terminamos" fez a raiva subir pelo corpo de Ricardo.— Catarina, pare de fingir. — Ele forçou um sorriso e tentou desmascará-la. — Você me mandou a confirmação da passagem para que eu viesse atrás de você. Sei que está brava. Você não confia em mim e, mesmo assim, eu vim te procurar. Agora, chega. Não diga mais essa palavra.Mesmo em seu pedido de desculpas, Ricardo carregava arrogância.Para ele, dar um passo na direção dela já era mais do que suficiente.Não era só dar um pouco de atenção que
Nos braços de Ricardo, havia um enorme cão de pelúcia branco.No bolso do brinquedo, ele colocou cuidadosamente os chocolates de que Catarina costumava gostar.— Catarina, este boneco foi feito à semelhança de Luca. Sei que você sempre sentiu falta dele. Agora, ele pode voltar para o seu lado.Catarina respirou fundo.Luca era o Samoieda que teve na infância, tão fofo quanto uma nuvem de algodão.Quando ele morreu, Catarina chorou por dias e prometeu nunca mais ter um cachorro.Por um momento, seus olhos refletiram uma breve hesitação.— Mana, olha só! Luca é um presente especial do Ricardo para você. Aceita logo!A voz veio de trás.Gabriel Vasconcelos, sentado na cadeira de rodas, surgiu entre a multidão com um sorriso inocente no rosto.Todos pareciam profundamente tocados pelo grande gesto romântico.Exceto Catarina, cujo rosto permaneceu impassível.— Gabriel, você está bem? Por que saiu da escola mais cedo?— Estou bem. O Ricardo disse que queria te fazer uma surpresa, então saí
— Catarina, qualquer coisa que decidir fazer, mamãe sempre vai te apoiar.Tânia Vasconcelos percebeu as mudanças na filha, mas nunca fez muitas perguntas.Desde pequena, Catarina sempre foi organizada e determinada.Nunca precisou que ninguém ficasse preocupado com ela.A única coisa que Tânia podia fazer era amá-la ainda mais.Depois de apenas meio-dia em casa, Catarina já estava aproveitando a vida de filha mimada.— Mamãe, eu tinha um baú de tesouros quando era pequena. Na mudança, acabei não organizando ele. Ainda lembra onde está?— Naquela época, você chorou dizendo que não queria mais, mas eu guardei.Tânia foi até o guarda-roupa e trouxe de volta o baú, perfeitamente limpo e bem cuidado.— Obrigada, mamãe.Sentada no sofá com as pernas cruzadas, Catarina abriu a caixa.Lá dentro, estavam os antigos esboços de seus primeiros designs de joias.— Minha inspiração era realmente boa. Esses esboços de design ainda parecem atuais. Naquela época, eu mostrei para o meu pai com orgulho,
Nos últimos dias, Ricardo Albuquerque permaneceu em casa se recuperando.Catarina Vasconcelos sequer apareceu uma única vez.Ela estava claramente preocupada, mas até quando conseguiria se segurar?Durante esse tempo, os documentos da empresa foram entregues por Inês Rainha.Naquela noite, Ricardo desceu as escadas depois do banho, vestindo apenas um robe.Inês observava discretamente o peito parcialmente exposto dele. Seus olhos brilhavam com um desejo disfarçado.— Sr. Albuquerque, estes são os documentos que precisam da sua assinatura.O clima na casa estava carregado. Ricardo, sentado ali, sozinho, transmitia um ar ainda mais sombrio.Inês, ansiosa para agradá-lo, se aproximou mais um pouco.— O senhor já jantou? Sei que tem problemas no estômago… — A voz dela saiu melosa, quase sussurrada. — Sou ótima na cozinha. O que quiser comer, eu posso preparar para você.E se fosse ela o prato principal, seria ainda melhor…Ricardo olhou em direção à cozinha.Ia recusar, mas de repente, mud
— Tenho trabalhado muito ultimamente e não descansei direito. Estou com um pouco de dor de cabeça.Leonardo Cortez colocou a pequena escultura do pássaro no banco de trás. Ao lado, havia um frasco de analgésicos importados.Catarina Vasconcelos reconheceu a embalagem.Ela já tinha tomado esse remédio antes.— Esses comprimidos não devem ser tomados de estômago vazio. São muito agressivos para o estômago. Você já comeu alguma coisa?Leonardo pensou por um momento.— Não.No banco da frente, o motorista ficou surpreso.O senhor não tinha acabado de sair de um jantar?— Vai tomar agora?Catarina olhou para o motorista e perguntou:— Quanto tempo leva para voltar para a casa?— Cerca de uma hora.O motorista respondeu prontamente.Então era isso?O senhor não deixou o carro partir porque queria ser descoberto pela Srta. Catarina?Catarina observou Leonardo com a expressão visivelmente desconfortável por causa da dor.— Se o Sr. Cortez não se importar, pode entrar e comer alguma coisa antes
O ateliê de Catarina finalmente estava pronto.Naquele fim de tarde, o primeiro visitante chegou conforme o combinado.Um Rolls-Royce estacionou em frente à casa.Leonardo Cortez parecia ter vindo direto de um evento social. Vestia um terno preto impecável, adornado com um broche prateado, e seus cabelos curtos estavam penteados para trás. Seu rosto elegante transmitia uma certa frieza aristocrática, mas seus olhos e sorriso eram sempre gentis.— Srta. Vasconcelos, essa é minha primeira visita ao seu ateliê. Trouxe um pequeno presente.Do caminhão que o seguia, o motorista da família Cortez começou a descarregar vários vasos de hortênsias em plena floração.— Vi as fotos do seu espaço de trabalho e percebi que o jardim ainda não tinha flores. Então decidi trazer algumas. Assim, seu ambiente de criação será ainda mais inspirador.Por um instante, Catarina ficou surpresa. Logo depois, sorriu de forma genuína.— São lindas! Um presente realmente especial. Obrigada.Os funcionários começar
Ricardo ia se casar por conveniência?Ao ouvir isso, Catarina ergueu os olhos lentamente.Essa era, de fato, uma informação que ela nunca soube antes.— Ricardo sempre entendeu as escolhas dentro da família Albuquerque, por isso ele nunca contrariou os arranjos feitos para ele. Um homem deve colocar sua carreira em primeiro lugar. Apesar dos sentimentos que tem por você, ele nunca pôde te prometer casamento.Helena Albuquerque disse isso do ponto de vista da família, sem rodeios.E então, Catarina finalmente compreendeu.Ela sempre acreditou que o casamento fosse apenas uma escolha entre duas pessoas que se amam.Nunca imaginou que Ricardo ainda estivesse ponderando entre sentimentos e interesses.Ele nunca falou sobre casamento.Então… ele estava apenas a mantendo como um plano reserva?A resposta que ela tanto quis no passado finalmente veio.Mas não causou nenhuma emoção dentro dela.Porque alguém que já não importava não poderia mais a abalar.— E por que a senhora está me contando
Ricardo Albuquerque continuava esperando do lado de fora da casa, com uma paciência rara.Da sua posição, conseguia ver Catarina se movimentando na cozinha.— Ela com certeza está preparando capelete em caldo quente para mim.A expectativa tomou conta dele.Desde que Catarina parasse de falar sobre separação, sua vida poderia voltar ao normal.Dez minutos depois…Um carro do hospital chegou à residência.Dele desceram seguranças da família Albuquerque e a equipe médica.— Catarina… Catarina Vasconcelos!Ricardo nunca teria imaginado que era isso que o esperava.— Catarina, sai daí!Mas, no final, nem sequer conseguiu dar um passo para dentro da casa antes de ser levado de volta ao hospital à força.O silêncio finalmente voltou ao ambiente.Catarina, sentada à mesa, aproveitava seu capelete quente.Às oito da manhã, a equipe de reforma chegou.— O prazo para a montagem do ateliê está apertado. Obrigada pelo esforço de vocês.Catarina relaxou no sofá, observando o andamento dos trabalhos
Catarina Vasconcelos interrompeu a cobrança dele e respondeu friamente:— Eu já deixei tudo bem claro. Qual parte você ainda não entendeu? Não quero que minha vida seja perturbada. Por favor, vá embora.Ricardo Albuquerque riu de incredulidade. Ele nunca imaginou que um dia seria barrado do lado de fora.— Catarina, já chega dessa brincadeira. Você quer me obrigar a pedir desculpas primeiro?Sua cabeça ainda latejava de dor. As emoções contidas pesavam sobre seu peito, forçando-o a ceder.— Tá bom, então. Posso admitir que a culpa é minha. Estou me desculpando agora, satisfeita? Agora que eu te acalmei, volta para casa comigo.Catarina permaneceu impassível.— Não preciso. O que acontece com você não tem mais nada a ver comigo.Um sentimento de frustração começou a crescer dentro do Ricardo.— Eu já pedi desculpas. O que mais você quer? O que foi que fiz de tão grave para você agir assim?— Não sou eu que estou fazendo escândalo aqui.A paciência de Catarina estava se esgotando.Ela só