— Jaque, você percebeu que aquele carro está nos seguindo? — Clarice perguntou em voz baixa, olhando para o espelho retrovisor. Ela não podia evitar o nervosismo. Depois de uma experiência traumática envolvendo perseguição em uma via elevada, Clarice sempre ficava tensa ao andar por essas estradas, temendo que algo ruim acontecesse. — Segure firme. Vou acelerar. — Jaqueline olhou pelo retrovisor e viu que o carro atrás delas também tinha aumentado a velocidade. Logo depois, Jaqueline diminuiu a velocidade, e o outro carro também desacelerou. Ela fez uma curva e, como esperado, o carro atrás repetiu o movimento. Clarice e Jaqueline não tinham mais dúvidas: aquele carro estava realmente as seguindo. — Meu celular está na bolsa. Clarinha, pega para mim. Vou ligar para ele! — Jaqueline tentou manter a calma, mas o tremor em sua voz revelou sua tensão. — Concentre-se na direção. Não se preocupe com isso agora. — Clarice respondeu, abrindo a bolsa de Jaqueline e pegando o celular.
— Alguém interferiu. Não deu pra seguir! — Informou o homem.Callum fechou a expressão na hora.— Quem?— A família Baptista.Callum apertou a caneta com tanta força que a ponta afiada perfurou seu dedo. A dor foi intensa.Respirou fundo, tentando reorganizar os pensamentos.— Esquece isso. E sobre o que mandei você investigar? Descobriu alguma coisa?— Vinte e oito anos atrás, seu pai esteve, sim, naquele vilarejo de pescadores. Pouco tempo depois, o Grupo Martinez comprou a área e transformou tudo num resort. Agora, se aquele sujeito é mesmo filho do seu pai, só dá pra ter certeza com um teste de DNA. Precisamos conseguir uma amostra de cabelo dos dois.— Continue investigando. O DNA, eu dou um jeito. — Callum encerrou a ligação e jogou o celular sobre a mesa. Seu semblante estava sombrio.Foi então que a porta do escritório se abriu bruscamente.— Callum, eu mandei você dar um jeito nesse bastardo! Como é que ainda não fez nada?!A voz furiosa ecoou pelo ambiente. Callum ergueu os o
Só assim ela conseguiria garantir que seu filho permanecesse firme na empresa. Caso contrário, havia uma grande chance de aquele bastardo tomar tudo para si.— Mãe, eu... — Callum começou, mas foi imediatamente interrompido por Luiza.— Você pode brincar com aquela Teresa quando quiser, mas casar com ela? Nem em sonho! A única nora que aceito para a família Martinez é a Rafaella!Ela sabia muito bem que Callum gostava de Teresa. Antes, como não havia uma candidata adequada para ser sua nora, ela deixou o filho se divertir. Afinal, homens podiam ter suas aventuras antes do casamento. Mas depois de casado, precisava cortar qualquer ligação com essas mulheres.E além disso, Teresa não prestava. O marido dela tinha morrido havia mais de um ano, e, do nada, ela apareceu grávida. Sem falar nos boatos de que tinha um caso com o cunhado, sempre aparecendo nos tabloides de fofoca. Uma mulher assim nunca seria fiel, mesmo depois de casada.Callum estava cego, mas Luiza via tudo com clareza. E co
Naquele momento, Clarice e Jaqueline passavam em frente a uma joalheria quando, sem querer, Clarice viu uma mulher escolhendo anéis dentro da loja. O rosto dela parecia familiar. Sentindo um aperto no peito, Clarice segurou o braço de Jaqueline e entrou. Assim que se aproximou, reconheceu a mulher de imediato.Era Giulia.Cinco anos atrás, Giulia havia procurado o escritório de advocacia onde Clarice estagiava para dar entrada no divórcio. O marido, além de infiel, era violento. Quem assumiu o caso foi Thiago, seu mentor.Mas o processo sequer chegou ao fim. Antes disso, Thiago morreu ao cair do alto de um prédio.Clarice conhecia bem Thiago. Ele era explosivo, gritava por qualquer coisa, mas nunca, jamais, seria alguém que tiraria a própria vida.Após a morte dele, Clarice tentou encontrar Giulia para entender melhor os acontecimentos. Mas, antes que pudesse conseguir qualquer resposta, Giulia vendeu a casa e desapareceu.Nos últimos cinco anos, Clarice investigou discretamente a mort
Então, ela se virou apressada e saiu quase correndo.Jaqueline fez menção de ir atrás, mas Clarice segurou seu braço.— Não adianta correr atrás. Vai ser inútil.A reação daquela mulher só confirmava que ela era mesmo Giulia. Se não fosse, por que teria fugido tão desesperada?— Então, vamos embora? — Jaqueline suspirou, aceitando que não havia mais o que fazer.— Você entregou o cartão à vendedora e nem olhou as joias. Vai sair assim, sem comprar nada? — Clarice sorriu de canto. — Aposto que ele vai aparecer aqui daqui a pouco.Afinal, para confirmar a autenticidade do cartão, a funcionária certamente ligaria para o dono.Quanto a Giulia, Clarice já tinha um plano. Agora que ela havia reaparecido, não escaparia tão fácil.Jaqueline apertou os lábios.— Na verdade, eu não quero gastar o dinheiro dele. Mas se eu não gastar, ele diz que eu fico esperando amor, e amor ele não pode me dar.Ela dormia com ele, mas tudo era consensual. Não tinha nada a ver com romance.Se aceitasse o dinheir
— Giulia, o que você disse? — A voz do outro lado da linha soou cortante, carregada de descontentamento.— Thi... Thiago! — Giulia estava apavorada, mal conseguia falar.Thiago. O advogado que morreu ao cair de um prédio há cinco anos. O mentor de Clarice.— Ele morreu há cinco anos! — O homem do outro lado reforçou, a voz grave e impaciente. — Pare de se assustar à toa!— Ele... Ele não morreu! Ele está vivo! Está bem na minha frente! — Giulia soltou outro grito, a voz trêmula de puro terror.— Alguém está tentando te assustar. Não diga besteira! — O homem a alertou com frieza.— Não é truque, é real! — O rosto diante dela era tão vívido, tão real, que o pânico tomou conta de seu corpo. O mundo girou, e, sem conseguir suportar o choque, Giulia desmaiou, caindo no chão.Seu celular escorregou de sua mão, batendo com força no chão. A tela rachou instantaneamente.— Giulia! Fale comigo! — O homem do outro lado da linha chamou por ela várias vezes, mas não obteve resposta.Ela estava inco
— Jaque... — Clarice estava prestes a falar quando a porta da sala de descanso se abriu. Jaqueline levantou a cabeça e encontrou diretamente o olhar do homem, um meio sorriso brincando nos lábios dele. Pensou consigo mesma que Clarinha tinha acertado em cheio—ele chegou rápido mesmo. — Ele veio te procurar. Conversem aí, eu te espero lá fora! — Clarice empurrou levemente Jaqueline, levantou-se e ajeitou a roupa antes de se virar. Ao ver o homem, sorriu educadamente e cumprimentou. — Sr. Simão. — Sra. Davis. — O homem respondeu formalmente. Clarice corrigiu suavemente: — Pode me chamar de Clarice. Antes, ela adorava ser chamada de Sra. Davis. Agora, esse título soava como uma piada amarga, algo que não lhe pertencia mais. O homem arqueou ligeiramente a sobrancelha, mas não disse nada. Clarice saiu sem hesitar. Assim que passou pela porta, o celular tocou. — A Giulia caiu na rua e foi parar no hospital. Está na emergência. O rosto de Clarice mudou sutilmente. — O qu
Clarice ficou momentaneamente surpresa, mas logo recompôs os pensamentos e sorriu antes de responder: — E os funcionários da Villa Serenidade? Por que você não menciona eles? Além disso, hoje em dia qualquer hacker pode modificar um endereço de IP. Quer mesmo me acusar com uma prova tão frágil? De manhã, quando Sterling tocou no assunto, ela nem levou a sério. Afinal, ela sabia que não tinha feito nada de errado e sua consciência estava limpa. Mas agora estava claro que alguém queria incriminá-la, como já havia acontecido antes. Talvez fosse hora de jogar na cara de Sterling as provas que havia reunido das armadilhas anteriores. — Os funcionários da casa têm mais de quarenta, cinquenta anos. Nenhum deles entende disso! Clarice riu com ironia. Então, segundo ele, pessoas de quarenta ou cinquenta anos não poderiam saber nada sobre tecnologia? Ele estava subestimando a inteligência de quem? — Meu avô quer que a gente marque logo a cerimônia de casamento. — Sterling continuou
— Clarinha, vamos almoçar? — A voz de Jaqueline soou atrás dela. Clarice afastou os pensamentos e se virou para encará-la. — Jaque, me desculpa, mas preciso ir ao hospital. Não vou conseguir almoçar com você hoje. Fica para a próxima, eu te convido! Ela tentou manter a voz estável, sem demonstrar emoção. Mas Jaqueline percebeu que havia algo errado. — Clarinha, foi o Sterling… — Minha avó precisa de mim. Vou lá ver como ela está. — Clarice a interrompeu antes que pudesse terminar a frase. Não queria que Jaqueline soubesse que, diante de Sterling, ela não tinha a menor liberdade. Que era como uma marionete, sempre sendo puxada para onde ele queria. — Então vai logo! Marcamos outro dia. — Jaqueline não insistiu. Sabia que Clarice jamais usaria a avó como desculpa, então, se ela estava dizendo que havia um problema, era porque realmente havia. — Até mais! — Clarice acenou, lançou um breve olhar para o homem ao lado de Jaqueline e saiu apressada. Ela caminhava rápido. N
Clarice ficou momentaneamente surpresa, mas logo recompôs os pensamentos e sorriu antes de responder: — E os funcionários da Villa Serenidade? Por que você não menciona eles? Além disso, hoje em dia qualquer hacker pode modificar um endereço de IP. Quer mesmo me acusar com uma prova tão frágil? De manhã, quando Sterling tocou no assunto, ela nem levou a sério. Afinal, ela sabia que não tinha feito nada de errado e sua consciência estava limpa. Mas agora estava claro que alguém queria incriminá-la, como já havia acontecido antes. Talvez fosse hora de jogar na cara de Sterling as provas que havia reunido das armadilhas anteriores. — Os funcionários da casa têm mais de quarenta, cinquenta anos. Nenhum deles entende disso! Clarice riu com ironia. Então, segundo ele, pessoas de quarenta ou cinquenta anos não poderiam saber nada sobre tecnologia? Ele estava subestimando a inteligência de quem? — Meu avô quer que a gente marque logo a cerimônia de casamento. — Sterling continuou
— Jaque... — Clarice estava prestes a falar quando a porta da sala de descanso se abriu. Jaqueline levantou a cabeça e encontrou diretamente o olhar do homem, um meio sorriso brincando nos lábios dele. Pensou consigo mesma que Clarinha tinha acertado em cheio—ele chegou rápido mesmo. — Ele veio te procurar. Conversem aí, eu te espero lá fora! — Clarice empurrou levemente Jaqueline, levantou-se e ajeitou a roupa antes de se virar. Ao ver o homem, sorriu educadamente e cumprimentou. — Sr. Simão. — Sra. Davis. — O homem respondeu formalmente. Clarice corrigiu suavemente: — Pode me chamar de Clarice. Antes, ela adorava ser chamada de Sra. Davis. Agora, esse título soava como uma piada amarga, algo que não lhe pertencia mais. O homem arqueou ligeiramente a sobrancelha, mas não disse nada. Clarice saiu sem hesitar. Assim que passou pela porta, o celular tocou. — A Giulia caiu na rua e foi parar no hospital. Está na emergência. O rosto de Clarice mudou sutilmente. — O qu
— Giulia, o que você disse? — A voz do outro lado da linha soou cortante, carregada de descontentamento.— Thi... Thiago! — Giulia estava apavorada, mal conseguia falar.Thiago. O advogado que morreu ao cair de um prédio há cinco anos. O mentor de Clarice.— Ele morreu há cinco anos! — O homem do outro lado reforçou, a voz grave e impaciente. — Pare de se assustar à toa!— Ele... Ele não morreu! Ele está vivo! Está bem na minha frente! — Giulia soltou outro grito, a voz trêmula de puro terror.— Alguém está tentando te assustar. Não diga besteira! — O homem a alertou com frieza.— Não é truque, é real! — O rosto diante dela era tão vívido, tão real, que o pânico tomou conta de seu corpo. O mundo girou, e, sem conseguir suportar o choque, Giulia desmaiou, caindo no chão.Seu celular escorregou de sua mão, batendo com força no chão. A tela rachou instantaneamente.— Giulia! Fale comigo! — O homem do outro lado da linha chamou por ela várias vezes, mas não obteve resposta.Ela estava inco
Então, ela se virou apressada e saiu quase correndo.Jaqueline fez menção de ir atrás, mas Clarice segurou seu braço.— Não adianta correr atrás. Vai ser inútil.A reação daquela mulher só confirmava que ela era mesmo Giulia. Se não fosse, por que teria fugido tão desesperada?— Então, vamos embora? — Jaqueline suspirou, aceitando que não havia mais o que fazer.— Você entregou o cartão à vendedora e nem olhou as joias. Vai sair assim, sem comprar nada? — Clarice sorriu de canto. — Aposto que ele vai aparecer aqui daqui a pouco.Afinal, para confirmar a autenticidade do cartão, a funcionária certamente ligaria para o dono.Quanto a Giulia, Clarice já tinha um plano. Agora que ela havia reaparecido, não escaparia tão fácil.Jaqueline apertou os lábios.— Na verdade, eu não quero gastar o dinheiro dele. Mas se eu não gastar, ele diz que eu fico esperando amor, e amor ele não pode me dar.Ela dormia com ele, mas tudo era consensual. Não tinha nada a ver com romance.Se aceitasse o dinheir
Naquele momento, Clarice e Jaqueline passavam em frente a uma joalheria quando, sem querer, Clarice viu uma mulher escolhendo anéis dentro da loja. O rosto dela parecia familiar. Sentindo um aperto no peito, Clarice segurou o braço de Jaqueline e entrou. Assim que se aproximou, reconheceu a mulher de imediato.Era Giulia.Cinco anos atrás, Giulia havia procurado o escritório de advocacia onde Clarice estagiava para dar entrada no divórcio. O marido, além de infiel, era violento. Quem assumiu o caso foi Thiago, seu mentor.Mas o processo sequer chegou ao fim. Antes disso, Thiago morreu ao cair do alto de um prédio.Clarice conhecia bem Thiago. Ele era explosivo, gritava por qualquer coisa, mas nunca, jamais, seria alguém que tiraria a própria vida.Após a morte dele, Clarice tentou encontrar Giulia para entender melhor os acontecimentos. Mas, antes que pudesse conseguir qualquer resposta, Giulia vendeu a casa e desapareceu.Nos últimos cinco anos, Clarice investigou discretamente a mort
Só assim ela conseguiria garantir que seu filho permanecesse firme na empresa. Caso contrário, havia uma grande chance de aquele bastardo tomar tudo para si.— Mãe, eu... — Callum começou, mas foi imediatamente interrompido por Luiza.— Você pode brincar com aquela Teresa quando quiser, mas casar com ela? Nem em sonho! A única nora que aceito para a família Martinez é a Rafaella!Ela sabia muito bem que Callum gostava de Teresa. Antes, como não havia uma candidata adequada para ser sua nora, ela deixou o filho se divertir. Afinal, homens podiam ter suas aventuras antes do casamento. Mas depois de casado, precisava cortar qualquer ligação com essas mulheres.E além disso, Teresa não prestava. O marido dela tinha morrido havia mais de um ano, e, do nada, ela apareceu grávida. Sem falar nos boatos de que tinha um caso com o cunhado, sempre aparecendo nos tabloides de fofoca. Uma mulher assim nunca seria fiel, mesmo depois de casada.Callum estava cego, mas Luiza via tudo com clareza. E co
— Alguém interferiu. Não deu pra seguir! — Informou o homem.Callum fechou a expressão na hora.— Quem?— A família Baptista.Callum apertou a caneta com tanta força que a ponta afiada perfurou seu dedo. A dor foi intensa.Respirou fundo, tentando reorganizar os pensamentos.— Esquece isso. E sobre o que mandei você investigar? Descobriu alguma coisa?— Vinte e oito anos atrás, seu pai esteve, sim, naquele vilarejo de pescadores. Pouco tempo depois, o Grupo Martinez comprou a área e transformou tudo num resort. Agora, se aquele sujeito é mesmo filho do seu pai, só dá pra ter certeza com um teste de DNA. Precisamos conseguir uma amostra de cabelo dos dois.— Continue investigando. O DNA, eu dou um jeito. — Callum encerrou a ligação e jogou o celular sobre a mesa. Seu semblante estava sombrio.Foi então que a porta do escritório se abriu bruscamente.— Callum, eu mandei você dar um jeito nesse bastardo! Como é que ainda não fez nada?!A voz furiosa ecoou pelo ambiente. Callum ergueu os o
— Jaque, você percebeu que aquele carro está nos seguindo? — Clarice perguntou em voz baixa, olhando para o espelho retrovisor. Ela não podia evitar o nervosismo. Depois de uma experiência traumática envolvendo perseguição em uma via elevada, Clarice sempre ficava tensa ao andar por essas estradas, temendo que algo ruim acontecesse. — Segure firme. Vou acelerar. — Jaqueline olhou pelo retrovisor e viu que o carro atrás delas também tinha aumentado a velocidade. Logo depois, Jaqueline diminuiu a velocidade, e o outro carro também desacelerou. Ela fez uma curva e, como esperado, o carro atrás repetiu o movimento. Clarice e Jaqueline não tinham mais dúvidas: aquele carro estava realmente as seguindo. — Meu celular está na bolsa. Clarinha, pega para mim. Vou ligar para ele! — Jaqueline tentou manter a calma, mas o tremor em sua voz revelou sua tensão. — Concentre-se na direção. Não se preocupe com isso agora. — Clarice respondeu, abrindo a bolsa de Jaqueline e pegando o celular.