Clarice sentiu o coração acelerar, uma leve inquietação tomando conta de sua mente. Se Sterling a levasse para o quarto agora, era certo que ele não perderia tempo e faria amor com ela. Ele estava se segurando há muito tempo, e ela sabia que ele seria intenso. Mas os planos que ela havia pensado estrategicamente ainda não tinham sido postos em prática. — O que foi? Você não quer? — Sterling perguntou ao perceber a hesitação dela, o desagrado claramente estampado em seu rosto. Clarice rapidamente rodeou o pescoço dele com os braços, aproximou o rosto e deu um beijo suave em seu pomo de Adão. — Claro que quero... Já faz tanto tempo... Mas... — Ela fez uma pausa, tentando soar casual, enquanto inventava a desculpa mais convincente que conseguia. — Estou com um desconforto no estômago... Acho que minha menstruação está para chegar. Sua menstruação nunca foi regular, e ela já tinha planejado usar essa desculpa caso fosse necessário. O mais importante era evitar que ele a tocasse d
Catarina respirou aliviada ao ver Sterling entrando com Clarice nos braços. Pelo visto, a relação dos dois estava mesmo bem. Isso significava que ela não precisava mais se preocupar com a possibilidade de Clarice ir embora. Com o rosto enterrado no peito de Sterling, Clarice tinha a mente a mil, perdida em devaneios. Quando percebeu, ele já a tinha levado para o banheiro. A sensação do frio invadindo seu corpo a trouxe de volta à realidade. Parada diante do espelho, percebeu que suas roupas já estavam pela metade. Isso fez seu coração apertar de leve. Num impulso, ela falou apressada: — Eu… Eu preciso ir ao banheiro primeiro. Sterling estreitou os olhos, e o tom de sua voz, ao responder, carregava um quê de ameaça: — Hmm? Um arrepio percorreu a espinha de Clarice. Ela ergueu a cabeça, encarando os olhos dele, repletos de um desejo intenso, e sentiu o coração tremer. — Eu… Volto rápido. Ele levantou a mão, a palma quente pousando em seu rosto, e perguntou, com uma voz qu
Clarice sentia o corpo exausto, mas a mente estava completamente desperta. Quando ouviu o que ele disse, abriu e fechou os lábios rosados, sussurrando com um tom manhoso: — Eu tô tão cansada… Minhas mãos estão doendo. Sterling, ao vê-la naquele estado frágil e quase derretido, sentiu o coração amolecer por dentro. — Quem mandou você se esforçar tanto? — Respondeu ele, com um sorriso malicioso. Três anos de casamento. Ainda assim, dessa vez havia sido diferente. Talvez porque, pela primeira vez, ela tivesse tomado a iniciativa. — Se eu não me esforçasse, você ia ficar satisfeito? — Mesmo cansada, Clarice não baixou a guarda. No fundo, ainda estava apreensiva, com medo de ele resolver avançar mais uma vez. O pomo de adão de Sterling subiu e desceu enquanto ele soltava uma risada baixa. Estava mesmo satisfeito. Mas sabia que aquele esforço todo dela tinha um motivo escondido. Clarice, observando o rosto dele com aquele sorriso enigmático, perguntou com cautela: — Sterling,
Clarice pensou por um momento antes de perguntar: — Você quer se divorciar e pedir a divisão do lucro da empresa que ele investiu com a amante, certo? — Isso mesmo! Quero que ele divida tudo que investiu naquela empresa. Esse dinheiro também é meu, faz parte do patrimônio adquirido durante o casamento! — A voz dela soava firme, como se reafirmasse para si mesma que sua exigência era totalmente justa. — Está um pouco tarde para resolvermos isso agora. Que tal você ir até o meu escritório amanhã? Conversamos melhor pessoalmente. — Disse Clarice, sabendo que seria impossível tratar de um caso tão complexo apenas pelo telefone. — Tudo bem, amanhã eu passo aí. Qual horário seria bom pra você? — Ainda não sei ao certo. Me liga de manhã e acertamos o horário. — Respondeu ela, lembrando-se de que tinha uma audiência marcada para o dia seguinte. — Certo, combinamos amanhã. Boa noite, Dra. Clarice. Assim que a ligação foi encerrada, Clarice colocou o celular de lado e foi direto pa
Clarice olhou para o rosto dele e deu um leve sorriso. — Além da Jaqueline, eu tenho outros amigos? O que ela estava discutindo com ele era sobre a Jaqueline. Por que ele insistia em colocar outra pessoa na história? Estaria ele se referindo a Asher? — Você sabe mais do que eu. — Sterling retrucou, com um olhar afiado, esperando que ela explicasse sua relação com Asher. Mas, como sempre, ela desviou o assunto, fingindo não entender. Para ele, isso só podia significar que ela tinha algo a esconder. Clarice sustentou o olhar dele e respondeu calmamente: — Asher era meu vizinho. Hoje em dia, é só uma pessoa que eu conheço. Não há nada entre nós. Ela se perguntava se essa explicação seria suficiente para Sterling. Ele riu de leve, com uma expressão que misturava ironia e sarcasmo. — Ouvi dizer que você era a nora dos sonhos dos pais dele. Clarice o encarou, tentando decifrá-lo. Mas Sterling era um enigma, escondendo seus pensamentos tão bem que ela não conseguiu descobrir
O cheiro frio e penetrante dele invadiu o nariz de Clarice. Ela se lembrou das palavras do médico, e seu coração disparou. Num impulso, empurrou-o com as mãos e gritou: — Sterling, não aperta minha barriga! Tá doendo! Na noite anterior, só de ele tê-la pressionado um pouco mais, ela já tinha sentido desconforto no ventre. Não queria passar por isso de novo. Sterling franziu a testa, inclinando-se para encará-la. O rosto dela estava corado, e ele sabia que ela sentia algo por ele. Mesmo assim, continuava a rejeitá-lo. Era como da última vez, quando ela preferiu resolver “a situação” com as mãos a se entregar completamente. Ele não acreditava por um segundo sequer que essa mulher não tinha algo a esconder. Clarice, ao perceber o olhar intenso dele, sentiu um calafrio percorrer a espinha. Tentou justificar-se rapidamente: — Eu… Eu tô com dor na barriga. — Ontem você também disse que estava com dor na barriga. Hoje de novo. Amanhã vou pedir ao Isaac que chame um médico para t
— Sterling, estou cansada, vamos dormir. — Clarice piscou aqueles lindos olhos e, ao cobrir a cabeça com o edredom, sua voz saiu macia, quase manhosa, como se estivesse tentando conquistá-lo.Enquanto falava, pensava consigo mesma: “Se a Teresa não ligar logo para o Sterling, eu não vou aguentar mais.”Sterling subiu na cama com o pijama na mão, puxou o cobertor e empurrou Clarice mais para frente. O movimento fez o corpo dela rolar e, no processo, o cobertor acabou se desarrumando.Assustada, ela rapidamente segurou o pijama, pensando: “Pronto, agora ferrou. Não vou conseguir segurar mais. Teresa, sua inútil!”— Sterling... Clarice ia dizer algo, mas antes disso, sentiu o braço do homem a puxar. Ele a levantou e a colocou em seu colo, perguntando com um tom direto:— Quer que eu te ajude a trocar ou prefere trocar sozinha?Era claro que ele não ia desistir. Clarice mordeu o lábio, lançou-lhe um olhar sedutor e perguntou baixinho:— Não dá pra deixar assim?Clarice tinha um plano: sed
— Por que você escondeu da família o acidente da Teresa? Você sabe muito bem que ela agora está grávida, e o bebê que ela carrega é do seu irmão mais velho! Se algo acontecer, acha que a Clarice vai conseguir arcar com as consequências? — Virgínia falava em um tom acusador, os olhos fixos em Sterling.Sterling franziu o cenho, a voz fria: — Ela sofreu um acidente, mas não aconteceu nada grave. Por que sair espalhando isso? Ele havia dado ordens claras para que Isaac mantivesse o assunto em segredo. Então, como sua mãe havia descoberto? — Não quer espalhar porque está protegendo a Clarice! Não pense que eu não sei o que você está tentando fazer. — Ao mencionar Clarice, o tom de Virgínia ficou ainda mais azedo. Sterling respondeu com firmeza: — Não se meta nos meus assuntos. Se está tão preocupada com a Teresa, mande mais empregados para cuidar dela. O acidente de Teresa ainda era um mistério para ele. Sterling estava investigando, mas, pelo comportamento de Clarice, não pare
Asher agarrou o pulso de Beatriz e a puxou para perto, prendendo-a em seu abraço. Ele a encarou com frieza e a advertiu:— Cala a boca! Se você causar mais confusão, esqueça o casamento!Beatriz ergueu os olhos para ele, incrédula:— Asher, você está mesmo me ameaçando com o casamento para defender aquela vagabunda da Clarice?Cheia de raiva, Beatriz precisava de um alvo para descarregar toda a sua frustração, ou sentia que explodiria. Desde pequena, ela guardava rancor de Clarice. Depois de ser abandonada por ela, Beatriz foi vendida e viveu anos de sofrimento no interior.Enquanto ela sofria no campo, Clarice crescia no conforto e no luxo da família Preston. Esse contraste alimentava seu ódio, que crescia a cada dia.Agora, Asher, o homem que ela mais amava e que estava prestes a se tornar seu marido, defendia justamente Clarice.Até então, Beatriz sabia que Asher guardava Clarice no coração, mesmo sem ter visto ele tomar uma atitude explícita para protegê-la. Só isso já a deixava mo
Esse assistente precisava ser trocado.— Encontramos por acaso durante o almoço e acabamos bebendo umas duas taças. Foi só isso. Meu problema é o álcool, não aguento muito. Fiquei mal e vim para o hospital. — Disse Asher, de forma casual, sem entrar em detalhes.Clarice percebeu que ele não queria contar a verdade e decidiu não insistir. Sentou-se em uma cadeira perto da cama e perguntou:— E agora, como está se sentindo? Melhorou?Na verdade, desde que soubera por Paula que Asher havia sido hospitalizado por intoxicação alcoólica após encontrar-se com Sterling, Clarice sentia um peso enorme no coração. Ela sabia que, de alguma forma, aquilo tinha relação com ela. Sterling só agia assim por causa dela, e Asher acabava pagando o preço.Clarice não tinha coragem de confrontar Sterling, então tudo o que restava era esse sentimento de culpa em relação a Asher.— Estou bem, Clarinha. Meu corpo é forte, não precisa se preocupar tanto. — Disse Asher, com um sorriso gentil. Ele pegou uma garra
O rosto de Sterling escureceu, seus olhos se estreitaram, e uma aura fria emanou dele:— Clarice, sai daí!O aperto em seu pulso era doloroso, e a outra mão, que segurava firmemente o corrimão, também começava a doer. Clarice sentiu que suas forças estavam se esgotando.De repente, alguém deu um empurrão em Sterling e o repreendeu:— Vocês dois aí, não acham que é um pouco demais intimidar uma mulher sozinha?Sterling, pego de surpresa, cambaleou para trás e acabou soltando o pulso de Clarice.As portas do elevador se fecharam. Por uma pequena fresta, Sterling viu Clarice falando algo com a pessoa ao lado, parecendo bastante aflita.Teresa mordeu o lábio e, com cuidado, disse:— Sterling, acho melhor eu voltar para o quarto... Não vou te acompanhar, está bem?Ela rapidamente apertou o botão do elevador antes que ele pudesse responder. Sterling respondeu friamente:— Tudo bem.Teresa lançou-lhe um olhar cauteloso e murmurou:— A avó da Clarice nem está internada neste hospital. Veio ver
— Clarinha, você já está casada há alguns anos. Está na hora de ter um filho.Clarice sentiu uma mistura de sentimentos. Ela levantou os olhos para Paula e respondeu:— Estou no auge da minha carreira agora. Não pretendo ter filhos.Ela estava prestes a se divorciar de Sterling e não queria que ninguém soubesse de sua gravidez. Se essa informação chegasse aos ouvidos de Sterling, ela sabia que seu filho estaria em perigo. Não podia correr esse risco.— Uma mulher, depois que se casa, deve cuidar da casa e dos filhos. Carreira é coisa de homem! Clarinha, você sabe da posição do Sr. Sterling em Londa. Além disso, ele é bonito, e não faltam mulheres querendo se aproximar dele. Você, como Sra. Davis, precisa pensar em como manter o coração dele ao seu lado. Quando vocês tiverem um filho, ele vai se estabilizar. — Disse Paula, com um tom direto. Apesar de ter um casamento feliz, ela conhecia bem o mundo das elites e sabia o quanto os homens desse meio podiam ser frios e egoístas.Nos último
Clarice não conseguiu segurar o riso:— Você não trabalha direito e só fica atrás de fofocas! Vai, conta logo o que é.— Aquele Henriques... De repente começaram a dizer que ele é filho ilegítimo da família Martinez, uma das quatro grandes famílias de Londa. Todo mundo está apostando se ele vai ou não reconhecer a família e voltar para os Martinez! — Disse Lilian, quase sussurrando.Esse assunto já tinha se espalhado pelo escritório, mas Lilian ainda falava baixo. Era algo muito delicado, e se o próprio Henriques ouvisse, seria uma situação bem constrangedora.Clarice ficou surpresa. Ela imediatamente pensou em Callum. Henriques e Callum eram meio-irmãos por parte de pai?— Você precisava ver como a Isabelly estava hoje. Toda cheia de si, andando como se já fosse esposa de um milionário! — Lilian soltou uma risada fria.Isabelly, uma mulher que não hesitava em destruir famílias, ainda tinha coragem de se portar daquela forma. Era o cúmulo da falta de vergonha.— Fique longe dela. Cuida
Clarice tinha acabado de demonstrar um comportamento que não parecia ser fingido. Se ela realmente não sabia de nada, como aqueles dois poderiam ter se encontrado? — Depois do almoço, vou passar no hospital. — Disse Clarice enquanto servia café para Paula. Em seguida, perguntou suavemente. — Tia, já escolheu os pratos? Se ainda não pediu, eu posso ir fazer o pedido agora.— Vai lá e resolve isso. — Disse Paula, fazendo um gesto com a mão para dispensá-la.Clarice se levantou e saiu da sala para ir até o salão.Paula observou a silhueta da Clarice enquanto ela se afastava. Seus olhos se estreitaram, e um peso tomou conta de seu coração. Ela conhecia bem o filho. Apesar de parecer calmo por fora, Asher era teimoso e obstinado. Durante todos esses anos, ele nunca conseguiu tirar Clarice do coração. Paula temia que ele pudesse cometer alguma loucura por causa dela.Há três anos, no dia em que Clarice foi flagrada na cama com Sterling, Asher tinha decidido fugir com ela. Se não tivesse des
— Srta. Clarice, pode ir, a senhora está esperando você. — Disse Renata em voz baixa, olhando para Clarice.Ela havia servido Paula por mais de vinte anos, mas ainda não conseguia entender por que a senhora estava de tão mau humor naquele dia.— Tudo bem, vamos.Renata então a guiou para dentro da casa.Paula era uma pessoa gentil e tranquila, e o temperamento de Asher certamente vinha dela. Clarice havia passado boa parte da infância e adolescência ao lado de Paula, e sabia que Paula gostava muito dela.Mas, depois que Clarice se apaixonou por Sterling, suas visitas à Paula se tornaram raras. Ela sempre sentiu um peso na consciência por não retribuir o carinho de Paula como deveria.Nos três anos de casamento com Sterling, mesmo sabendo que Asher havia desaparecido, Clarice nunca procurou a família Bennett para saber como ele estava.Ela havia decidido cortar os laços com os Bennett em silêncio. Isso não era apenas por causa da vigilância constante da família Preston, mas também porqu
Ao ouvir a voz de Clarice, Esther imediatamente se virou. Ao vê-la entrando pela porta, ela perguntou, quase sem pensar:— Você não tinha ido embora? Por que voltou?Clarice caminhou até sua mesa e, calmamente, pegou um pequeno dispositivo de um vaso de flores. Era uma câmera escondida.— Eu vi você entrando aqui, é claro que eu tinha que voltar! — Disse Clarice, com um leve sorriso no rosto.— Você instalou uma câmera na sua própria mesa? — Esther retrucou, virando o rosto para Lilian. — Está vendo? Ela está te espionando! Ela não confia nem um pouco em você!Lilian soltou uma risada curta:— A Dra. Clarice pode colocar o que quiser na mesa dela. E você pode parar com essas tentativas ridículas de nos colocar uma contra a outra.Nos últimos tempos, muitos no escritório estavam agindo de forma traiçoeira, cada um tentando puxar o tapete do outro. Mas Lilian confiava apenas em Clarice, e todas as decisões de Clarice ela apoiava sem hesitar.Clarice olhou para Esther e, com um sorriso af
Clarice apertou levemente os lábios antes de responder:— Agora posso almoçar com você, tudo bem?Do outro lado da linha estava Paula, a mãe de Asher. Uma mulher que, no passado, havia lhe dado muito carinho.Clarice sempre gostou muito de Paula e era imensamente grata a ela. No entanto, por diversos motivos, as duas perderam contato há bastante tempo. Agora, com aquela ligação repentina, Clarice tinha quase certeza de que Paula queria conversar sobre algo importante.— O que você quer comer? Posso pedir para alguém reservar uma mesa. — Paula perguntou em um tom suave, como se temesse que uma voz mais alta pudesse assustar Clarice.— Lembro que a senhora gosta de comida mexicana. Que tal aquele restaurante chamado El Pirata, na Avenida da República? — Clarice sugeriu. Ela se lembrava perfeitamente dos gostos de cada membro da família Bennett, já que passava muito tempo com eles e frequentemente jantava em sua casa.— Depois de tantos anos, você ainda se lembra... Está bem, vamos ao res