No dia seguinte.Luiza acordou, parecendo bastante calma.Miguel abriu a porta e a viu trocando de roupa, foi até ela rapidamente e a segurou.- Por que está trocando de roupa para sair? Onde você quer ir?Ela virou a cabeça, como se tivesse deixado para trás todas as emoções negativas, e ficou extremamente calma.- Já estou internada no hospital há cerca de dez dias, posso sair.Miguel não sabia por que, mas sentiu que ela estava agindo de forma estranha, olhou para o rosto dela.Seus longos cabelos pretos não tinham nenhuma impureza, ali de pé, com o rosto tão branco quanto a neve, mas sem expressão, como se todas as emoções tivessem sido retiradas dela.- Luiza, no que está pensando?Miguel percebeu que não conseguia entender o que se passava em sua mente.Luiza levantou os olhos, olhando levemente para ele.- Não estou pensando em nada, só estou me sentindo melhor, não quero mais ficar no hospital.- Meu sogro ainda está internado aqui. - Miguel lembrou.A menção do sogro quase dei
Ele já havia percebido, notado que ela ainda não tinha dormido.Luiza disse com indiferença: - Eu estava pensando se posso ir trabalhar amanhã?- Só pensando nisso?- Sim, a vida está muito monótona, quero voltar para o estúdio, ter algo para fazer, para não ficar sempre pensando nessas coisas dolorosas. - Ela o lembrou intencionalmente de sua angústia.Nos olhos de Miguel, um lampejo de culpa surgiu, ele afagou sua cabeça.- Está bem, se você quer trabalhar, vá, mas você acabou de sofrer um aborto, não trabalhe por muito tempo.- Só foi um aborto, descansar dez dias já é suficiente.O tom de Luiza era tão monótono quanto sua expressão.Miguel pensou no bebê que se foi e a abraçou repentinamente.Luiza ficou muito desconfortável, encolheu-se, parecendo um corpo sem alma na escuridão.No dia seguinte.Luiza ouviu os ruídos ao seu redor, sabia que Miguel havia acordado.Ele se vestiu ao lado da cama, Luiza não se virou, virando as costas para ele.Depois de um tempo, ele se inclinou par
O segurança perguntou: - Sra. Luiza, as pessoas já estão no barco, onde a senhora está? Vamos te buscar.- Venha pela porta dos fundos da Luminar Joias, nos encontramos lá. Luiza estava sob a vigilância de Emerson agora, ele era responsável por levar ela ao trabalho e a buscar depois. Se ela optasse pela entrada principal, certamente seria descoberta por Emerson.Então ela trocou de roupa e desceu pela janela dos fundos. Felizmente, o estúdio delas ficava no terceiro andar, não era tão difícil descer. Ela pousou usando tênis, sentindo um pouco de dor na barriga, ainda se recuperando das sequelas do aborto.Ela segurou a barriga e correu para frente, usando uma máscara preta, e entrou no carro do segurança do Theo.As pessoas designadas por Theo para ela eram quatro homens robustos.Depois de pegar Luiza, os quatro a levaram para o navio, onde Nanda já estava amarrada, jogada no convés como um saco de trapos.Os olhos negros de Luiza se fixaram nela.Ao ver o rosto dela, Nanda abandon
Ela ainda estava rindo.Luiza segurou sua gola. - Nanda, o que você disse ao meu pai naquele dia? Você vai falar ou não?- Não vou falar. - Nanda riu, com sangue escorrendo do canto da boca.- Tudo bem, se você não vai falar, eu te mato!Nesse momento, Luiza perdeu o controle, um ódio louco brotou em seu coração.Ela estava prestes a matar ela, a agarrou pelo colarinho, a empurrou contra a grade e pressionou a cabeça dela para baixo. -Você vai falar ou não?Nanda tremia de medo, seus olhos se contorciam. - Luiza, assassinar é crime, se você me matar, sua vida acabou.- Você vai falar ou não? Luiza estava com os olhos vermelhos, prestes a empurrar ela.Nanda estava tão assustada que suas pernas fraquejaram. - Vou falar! Vou falar! Me solta...Luiza a puxou de volta e olhou friamente para ela. - Fale!O rosto de Nanda estava cheio de horror. Mas quando ela estava prestes a falar, uma voz fria e severa veio de longe. - Nanda!A voz ecoou repentinamente.Luiza se virou e viu um jove
Um som ecoou e Nanda caiu no mar.Seu rosto mudava repetidamente, mas era tarde demais, ela foi engolida pelas ondas, girando e desaparecendo completamente na superfície do mar...Com a queda de Nanda no mar, veio o grito dilacerante de Simão no ar: - Nanda!Ele gritou, puxou o gatilho da arma em suas mãos.O braço de Luiza foi atingido por uma bala, seu rosto ficou pálido, ela recuou para o lado, esperando silenciosamente pelo julgamento.- Nanda!Simão correu até lá, olhou para o mar, mas Nanda já tinha sido levada pelas ondas, sua figura não podia ser vista na névoa do mar.- Procurem por ela! - Simão ordenou, com os olhos vermelhos, segurando a gola da camisa de Luiza. - Por que você a empurrou para baixo?- Ela me devia. A expressão de Luiza era muito calma. Ela já tinha pensado nas consequências de matá-la. Se não pudesse se vingar, então a mataria, olho por olho.- Por que você é tão cruel?Simão quase queria a matar, suas veias estavam saltadas, ele tirou o seguro da arma e a
Miguel, com o rosto sombrio, se aproximou e a abraçou. - Você não está com medo? E se você realmente for presa, seu corpo aguentará?- Não aguentará, então é melhor eu morrer.Ela parecia não se importar com nada, e riu.Miguel ficou chocado, abaixou a cabeça e beijou seus cabelos. - Como posso deixar você morrer? Não fale bobagens. Fique aqui e descanse, eu vou lidar com isso por você.Ele estava prestes a sair.Mas Luiza o chamou:- Miguel.Miguel se virou, Luiza o olhou silenciosamente, seus olhos tão puros como se não houvesse impureza alguma. - Você não precisa mais me ajudar.Ele estava prestes a falar, mas ela continuou: - Desde o dia em que você se tornou cúmplice dela, eu não preciso mais que você faça nada por mim. Não importa o que você faça por mim, eu não ficarei comovida. Vocês são os responsáveis pela morte do meu pai, e eu nunca vou perdoar vocês.Luiza disse isso com muita calma.Miguel sentiu um aperto no coração, voltou e a abraçou. - Não é assim, as coisas não
Miguel se aproximou da cama e contemplou o tranquilo sono da mulher, seu rosto expressava tristeza e quietude, como se tivesse perdido todo o interesse neste mundo.Miguel sentiu um pânico inexplicável, se ajoelhou com um joelho e acariciou levemente a bochecha dela.- Não fique assim, está bem?Luiza não deu atenção a ele.Na verdade, ela não estava dormindo, apenas não queria falar com ele. O que ela dava a ele agora era apenas desprezo, sarcasmo, indiferença.Ela comia bem, tomava os medicamentos direito, só esperava a notícia da morte de Nanda.Mas as coisas não saíram como esperado.Dois dias depois, Nanda foi encontrada. Ela havia flutuado no mar por três dias e foi resgatada à beira da morte.Simão a levou para o hospital, e Miguel chegou imediatamente.Ao ouvir que ela não havia morrido, Miguel finalmente relaxou um pouco. Ele temia que, se Nanda morresse, Luiza iria para a prisão. Ele estava com medo nos últimos dias.Entrando no quarto, Nanda estava com uma agulha de infusão
Miguel apertou os lábios.- Fazer com que ela prometa não te machucar, isso ela não consegue.- Então, irmão, você quer que eu a deixe ao meu lado, podendo me machucar quando quiser? - Nanda disse, magoada. - Minha vida vale tão pouco assim? Ela quis me matar, eu sobrevivi, e ainda tenho que perdoá-la. Eu a perdoei, mas não posso pedir que ela prometa não me machucar. Nesse caso, estarei segura no futuro?Miguel ficou em silêncio por um momento, então disse:- Se ela te machucar, eu vou te proteger....Do outro lado.Luiza também viu nas notícias que Nanda tinha sido resgatada.Ela ficou três dias à deriva no mar, isso virou manchete nos trending topics do dia.Ao saber que ela sobreviveu, Luiza sentiu uma mistura de sentimentos difíceis de descrever, apenas uma sensação de desconforto.Quando Miguel voltou, ela estava sentada na janela saliente, com os olhos sem nenhuma expressão.Miguel percebeu que ela não estava bem, tirou o paletó, se aproximou e sentou ao lado dela, perguntando
— Vovó? — Luiza estava confusa. Como assim, agora estava incluída também? Melissa disse: — O Felipinho vai sair. Você não vai com ele? Ela ainda não tinha concordado, mas a vovó já havia planejado tudo. Quando ia responder, Melissa continuou: — Vai lá, desde que você chegou ao País R, fica em casa o tempo todo. O Felipinho também não sai. Estou com medo de que ele fique entediado. De repente, Felipinho fez um sinal de "V" com os dedos e disse docemente: — Obrigado, bisavó. Melissa sorriu e disse: — Felipinho, se divirta hoje. — Claro! — Felipinho assentiu repetidamente. Vendo essa cena, Luiza não conseguiu mais recusar. O garoto estava tão feliz que, se ela dissesse que não iria, ele provavelmente começaria a chorar ali mesmo. Bem, ela decidiu realizar o desejo de Felipinho de saírem juntos. Depois do almoço, Melissa insistiu em preparar pessoalmente alguns lanches e frutas para Felipinho levar. Os demais aguardavam na sala de estar tomando café. Foi então
Melissa assentiu.— Mas um chef assim não deveria ter grandes ambições? Ele realmente não quer fama e fortuna e está disposto a ser o chef particular de vocês?— No começo, ele também não queria, mas eu apoio o desenvolvimento de novos pratos dele e prometi que o ajudaria a abrir um restaurante, a expandir sua reputação. Só assim ele aceitou trabalhar como nosso chef particular, para ter mais tempo para criar novos pratos.Ao ouvir isso, Luiza finalmente entendeu que o chef da Mansão Jardim tinha uma história importante por trás. Ela nunca havia perguntado antes; só achava que a comida dele era deliciosa. Mas, pelo visto, Miguel tinha feito várias promessas a ele.— Você foi muito atencioso. — Melissa sorriu.Miguel disse:— Se a senhora gostar da comida, posso pedir para o chef vir todos os dias e preparar as três refeições para vocês. Qualquer outra necessidade que tiver, é só me dizer; se estiver ao meu alcance, farei de tudo para atender.Ele estava tentando agradar Melissa.Meliss
Nos últimos anos, com a presença de Felipinho, ela se tornou muito mais alegre e deixou de se prender àquelas emoções negativas......No dia seguinte.Luiza acordou cedo, olhou para o lado e viu que seu filho ainda estava dormindo. Ela sorriu, ajeitou o cobertor sobre ele e desceu as escadas.Assim que chegou ao andar de baixo, ouviu alguém conversando com Melissa.— Por que veio tão cedo? — Perguntou Melissa.— Prometi ao Felipinho que viria vê-lo hoje. — Respondeu Miguel, educadamente.Luiza olhou para o relógio; ainda eram pouco mais de sete, quase oito horas. Ele realmente tinha vindo bem cedo.— Você chegou muito cedo. — Comentou Melissa com um sorriso elegante. — E ainda trouxe tantas coisas.— Trouxe um café da manhã com sabores da culinária baiana. Quis trazer para vocês experimentarem. — Disse Miguel em um tom suave.— Culinária baiana? — Melissa pensou e logo entendeu, sorrindo. — É o que a Luiza gosta, não é?— Sim. — Miguel confirmou, sem hesitar. — O chef só conseguiu che
Felipinho disse:— Eu quero fazer xixi.— Então vai logo. — Luiza o incentivou, aproveitando a chance para mandar Miguel embora.Felipinho não pensou muito e foi ao banheiro.Luiza se virou para Miguel e disse:— É melhor você ir embora.— Luiza.Miguel se levantou e tentou segurar a mão dela, mas Luiza se esquivou, dizendo em tom abafado:— Não quero falar com você, vá embora.Miguel apertou os lábios finos.— Certo, eu volto amanhã para ver vocês.Luiza ficou surpresa. Ele voltaria amanhã?Quando ela ia pedir para ele não vir, ele já tinha se virado e saído. Luiza ficou frustrada, suspirou e entrou no banheiro.Felipinho já havia terminado de fazer xixi e, enquanto subia as calças, disse:— Mamãe, já está tão tarde, deixa o papai dormir aqui hoje?Luiza percebeu imediatamente o que ele estava tentando, então respondeu:— Ele já foi embora.— O quê? O papai já foi?Felipinho não acreditou. Correu com suas perninhas curtas até a sala para conferir, e viu que o pai realmente havia saído
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som
A camisa preta foi tirada e, de fato, havia algumas marcas vermelhas nas costas dele. Luiza ficou um pouco aborrecida: — Você não devia ter me puxado antes. — Quem mandou você não me ouvir? — Acho que já conversamos o suficiente sobre isso. — Luiza suspirou. Miguel a olhou profundamente: — Como assim, já conversamos o suficiente? Sobre o assunto do nosso filho, ainda não terminamos. Luiza ficou surpresa e olhou para Miguel: — O assunto do nosso filho? O que mais tem para falar? Vai querer disputar a guarda do Felipinho comigo? A atitude dela se agitou imediatamente. Miguel, receoso de que ela perdesse o controle novamente, segurou sua mão e disse: — Não é isso o que eu quero dizer. Só quero conversar sobre o Felipinho. — O que você quer conversar? — Ela desviou o olhar, mantendo a cabeça baixa. Miguel continuou: — Você ouviu o que o Felipinho disse antes? Ele quer que a gente fique junto. Na verdade, ele tem medo de não ter pai e mãe. Luiza sabia disso e a
Felipinho ficou surpreso e virou a cabeça para olhar para ela enquanto estava na água.— Mamãe, o papai não disse agora há pouco que vocês não vão se divorciar mais?— Eu não concordei com nada disso. — Luiza respondeu seriamente.Felipinho fez uma cara triste.— Então quer dizer que você ainda vai se casar com outro tio e não vai mais querer o Felipinho?Luiza ficou surpresa, acariciou a cabeça dele e respondeu:— Que besteira é essa que você está pensando? Você é meu filho, eu sempre vou amar você e querer você. Como eu não iria querer você?— As pessoas dizem que, quando a gente ganha uma madrasta, também ganha um padrasto. Então, ao contrário, é a mesma coisa: quando a gente ganha um padrasto, também ganha uma madrasta. Casal bom é o casal original.Luiza sentiu que Felipinho tinha um monte de ideias erradas.Felipinho se aproximou dela e acrescentou mais uma coisa, como se quisesse que ela concordasse com ele.— Então, mamãe, casal bom é o casal original.Luiza ficou sem palavras.
Luiza franziu a testa, achando que Miguel estava confundindo o filho, e lançou a ele um olhar repreensivo antes de dizer para Felipinho: — Não é nada disso. O papai e a mamãe só estavam conversando sobre algumas coisas.— Conversando sobre o quê? É sobre voltar a casar? — Voltar a casar? — Miguel captou a palavra e perguntou. — Como você sabe essa palavra? Quem te ensinou? — Foi a Maria que me falou. Ela disse que, quando marido e mulher brigam, eles se divorciam, e quando fazem as pazes, eles voltam a casar.Luiza estava prestes a explicar o que significava divórcio, mas Miguel foi mais rápido e perguntou ao Felipinho: — Você quer muito que o papai e a mamãe voltem a casar? — Claro que sim. — Felipinho assentiu com a cabecinha e respondeu seriamente. — Senão, se o papai casar com outra pessoa e a mamãe se casar com outro, vocês vão me abandonar. Ao ouvir isso, os dois ficaram surpresos. Luiza finalmente entendeu por que Felipinho sempre queria que eles fizessem as pazes;
— O Elias veio ao aniversário da Maria, é uma coisa boa, todo mundo está feliz. Por que você está tão explosivo, parecendo um barril de pólvora? — Miguel retrucou sem rodeios.O rosto de Francisco se fechou:— Isso é problema seu?— E eu sentir ciúmes é problema seu? — Miguel rebateu, com seu rosto bonito e calmo.Bem nesse momento, o bolo chegou até eles. Maria estendeu um pedaço para Francisco:— Papai, coma o bolo.O bolo tinha sido trazido pelo próprio Elias, que o colocou diretamente nas mãos de Francisco.Miguel riu de novo:— Viu? Até o papel de pai está sendo assumido por outro homem.Francisco respondeu:— É porque eu desprezo fazer esse tipo de coisa.— Despreza fazer? Ou é porque nem tem chance de fazer? — Miguel o provocou, com um sorriso cheio de intenções.O rosto de Francisco ficou sombrio.Miguel disse:— Não diga que eu não avisei: como homem, esperar que a mulher venha rastejando para te agradar é impossível.Francisco ironizou:— Você se orgulha de se rebaixar assim?