O cheiro forte de sangue permeava o ar.Luiza parecia cansada de morder e o soltou, com um tom de voz indiferente:- Saia!- Desculpe, se eu soubesse que naquele dia você cairia, eu não teria assinado o consentimento para a cirurgia. - Disse Miguel com um olhar de culpa.Luiza riu friamente. - Saia.Se pudesse voltar no tempo, naquela noite, ela definitivamente não pediria ajuda ao Miguel.Ela preferiria ir ao hospital sozinha, ser informada sobre a placenta prévia e então cuidar bem de si mesma, proteger seu filho, ao invés de Miguel descobrir e o bebê simplesmente desaparecer...Seu filho estava perdido, seu coração estava como cinzas, ela não queria mais ver Miguel.Miguel sabia que ela não o perdoaria tão cedo. Ele saiu e chamou o médico para examinar Luiza.Até Yago foi chamado.Luiza não estava muito cooperativa, se enrolou na cama e virou de costas. - Você não precisa me examinar, e eu não quero fazer nenhum exame.Ela fechou os olhos, esperando nunca mais acordar.Yago não co
- Aperte o cinto de segurança. - Lembrou Geraldo a ela.- Ok. Ela ajustou o cinto de segurança e perguntou a ele: - O que você quer me dizer?- Sobre a Luiza. - Disse Geraldo com seriedade estampada em seu rosto gentil. - Ontem à noite, ela se queixou de dores na barriga. Miguel a levou ao hospital e descobriram que ela tinha placenta prévia anormal. O médico disse que isso poderia causar muitas complicações mais tarde na gravidez. Se ela quisesse manter o bebê, teria que ficar de repouso a partir de agora. Então Miguel sugeriu que eles abortassem, mas Luiza não concordou. Eles discutiram, e Luiza saiu. No corredor, ela esbarrou em uma enfermeira que estava empurrando um carrinho, e foi assim que o bebê se perdeu.Eduardo contou isso a ele de manhã cedo.Marina ficou perplexa por um momento. - O bebê se perdeu? Ela caiu?- Sim, ela caiu e começou a sangrar imediatamente. Mais tarde, houve hemorragia grave. Miguel passou a noite inteira procurando por doadores de sangue em toda a cid
Marina empurrou a porta do quarto do hospital. Luiza estava deitada na cama, olhando para o teto com pupilas dilatadas, sem expressão.Marina sentiu o coração partir, se aproximou da cama e olhou para ela, sem ousar tocar, com medo de que Lulu pudesse estar com dor, com a voz engasgada perguntou: - Lulu, ainda dói em algum lugar do corpo?Ao ver Marina, as pupilas de Luiza se clarearam um pouco e ela balançou a cabeça.Na verdade, ela ainda estava muito fraca, sentindo frio, o corpo dolorido, o coração doendo como uma facada, mas ela não queria que a Mari se preocupasse, então balançou a cabeça.Marina tocou sua testa, se aproximou dela, segurou sua mão delicada e disse: - Ouvi dizer que você não está cooperando com o tratamento, Lulu, não podemos nos permitir isso, nosso corpo é nosso, precisamos nos animar... Pense, você ainda tem seu pai, ele está no sanatório, ele precisa de você... E nosso estúdio, é o nosso sonho, nós prometemos que iríamos expandir juntas o estúdio. Ah, ontem
Geraldo percebeu que ele estava triste pela criança, deu uma tapinha em seu ombro e disse: - Não fique tão triste, haverá outras crianças.- Outras crianças? Isso é ridículo!Marina levou Bryan para dentro do quarto e saiu, e assim que saiu, ouviu as palavras do Geraldo, e imediatamente rebateu: - Um homem como ele quer que a Lulu tenha um filho para ele? Ridículo!- Como está a Luiza? Miguel não prestou atenção nas palavras da Marina, ela sabia que ela estava com raiva pela Luiza.Marina disse com raiva: - Ela está recebendo tratamento, mas vou te dizer, se você tiver um pouco de consciência, quando ela sair do hospital, você se mantém longe dela, não se aproxime mais dela.- Não seja assim. - Geraldo viu a expressão angustiada de Miguel e se virou para Marina, tentando a impedir. - Essa criança já estava com problemas, eu perguntei ao médico, ele disse que mesmo que a gravidez fosse forçada, poderia haver muitas complicações depois, além disso, Luiza tem um tipo sanguíneo especia
- Está bem, se nós o odiamos, então não precisamos mais dele, não o veremos mais no futuro. - Bryan consolou a sua filha.Miguel ficou do lado de fora, ouvindo ela dizer que o odiava, seu sangue esfriando aos poucos, se espalhando do fundo dos pés até o peito, formando uma dor surda...Seus olhos ficaram vermelhos, seu corpo ficou rígido.Marina, ao lado, o olhou com indiferença.- Viu? A Lulu te odeia, então não se aproxime mais dela, deixe ela em paz, deixe ela ser um pouco mais feliz pelo resto da vida.- Se eu soubesse que aquelas palavras a fariam cair, com certeza teria conversado seriamente com ela naquele momento.- Não adianta ficar pensando em "e se". O que passou, passou, e não há como mudar isso. - Disse Marina, exasperada com ele.Miguel ficou lá parado, atordoado.Sim, não havia “se,” tudo já aconteceu, nada podia ser salvo, nada podia ser desfeito...Geraldo levou Marina embora.Miguel ainda estava parado lá, parecendo que sua alma foi retirada, parado no corredor, como
Neste momento, Luiza estava bebendo água quando ouviu as palavras. Seus cílios negros se ergueram.- É verdade?- É verdade, causou um grande alvoroço no país, depois que você se recuperar, quero que o diretor de design do Grupo NAS te leve para participar da Semana de Moda de Paris.Luiza ficou atordoada por um momento, porque com essa frase, toda a escuridão em seu coração nos últimos dias se dissipou.Este sonho, ela esperou tanto tempo, desde o primeiro dia na universidade cinco anos atrás, ela esperava por este momento todos os dias.Nunca imaginou que essa oportunidade viria depois de perder o bebê.Como se, em um mundo sombrio, finalmente surgisse uma luz.Luiza pensou bem, se não podia segurar o bebê, pelo menos queria manter a carreira que amava.Quanto a Miguel, ela já desistiu totalmente dele, desde que perdeu o filho deles, seu destino foi selado.Agora ela quase não o via mais, todos os dias seu pai e a Mari a acompanhavam, e ela estava relativamente calma.Mas não sabia p
Ela fechou os olhos. Ela não queria mais ver ele. Miguel permaneceu na enfermaria, seu coração sendo espetado por milhões de agulhas, uma dor surda que dificultava até a respiração. Mas ela ainda estava se recuperando, e Miguel não queria a estressar, então ele deu uma olhada em seu rosto pálido e saiu.Ao meio-dia, depois que Luiza terminou de almoçar, Bryan saiu para providenciar sua alta hospitalar. Depois de concluir o último exame de ultrassom, ela seria liberada. Mas Luiza esperou por muito tempo, e Bryan não voltou. Ela não podia ir sozinha para a sala de ultrassom no ambulatório. Eram quase onze horas, então Luiza saiu para procurar o pai.- Pai! Ela chamou por ele no corredor. Passando pelo balcão da enfermagem, a enfermeira disse: - Sra. Luiza, seu pai parece ter ido para o corredor.- Por que ele foi para o corredor?- Não sei, havia uma jovem com ele, os dois estavam conversando quando eu subi as escadas.Uma jovem? Luiza ficou cheia de dúvidas, mas a enfermeira
- Não! Não fui eu... - Nanda saiu correndo de trás da multidão e disse lamentavelmente com lágrimas nos olhos.Ao ver o rosto de Nanda, Luiza subitamente se lembrou da expressão fria que ela tinha quando conversava com o pai naquele momento, um olhar distante e gélido, nada parecido com a fragilidade que demonstrava agora.Ela se levantou com esforço, avançando para agarrar o pescoço de Nanda. - Nanda, o que você fez com o meu pai? Por que ele caiu das escadas? Foi você quem o empurrou, não foi?- Não, eu não encostei nele, foi ele mesmo que caiu por causa de um ataque! - Nanda balançou a cabeça.- Impossível! Meu pai estava saudável ultimamente, como poderia ter um ataque do nada? Por que ele me disse para não buscar vingança? O que você fez afinal?Miguel deu um salto, parecia ter entendido o que Nanda disse aO Bryan.Rapidamente, ele deu um tapa em Nanda, seus olhos se estreitaram perigosamente.Nanda caiu no chão com o golpe, cinco marcas vermelhas de dedos apareceram em seu rosto
Ao pensar nisso, sua expressão suavizou bastante, e ele voltou a olhar para Luiza. — Como está o machucado na sua mão? Ainda dói? Ele passou de um tom sombrio para uma doçura repentina. Luiza olhou para o rosto dele com cautela e respondeu: — Está melhor. Era um momento crucial, e Luiza não queria provocá-lo, para evitar apanhar novamente. Se fosse ferida, talvez nem conseguisse escapar quando tivesse a chance. Theo ficou encarando ela por um longo tempo, algo se movendo no fundo de seus olhos, e então passou o braço ao redor dela. Luiza, temendo que ele levantasse o cobertor, rapidamente pressionou o celular escondido com a perna. — Luiza. — Theo a puxou para os braços. O corpo de Luiza ficou tenso como uma pedra. Ele apoiou a cabeça sobre a dela e falou suavemente: — Eu vou compensar o casamento que te prometi. Luiza permaneceu em silêncio. — Assim que eu terminar os assuntos recentes, nós poderemos ficar juntos. — Theo fez uma pausa e continuou. — Sobre o q
[Já pensei em uma forma de salvar você. Tenha paciência e espere.] Miguel pediu que ela ficasse tranquila e aguardasse. Mas Luiza não conseguia simplesmente esperar sem entender o que estava acontecendo. Ela respondeu à mensagem: [Que forma?] Ela não ousava fazer uma ligação, com medo de que as pessoas do lado de fora ouvissem. Miguel respondeu: [Ofereci trezentos milhões como resgate para salvá-la. O General Uéliton é um homem que só pensa em dinheiro, com certeza ficará tentado e convencerá Theo a libertá-la. Caso ele não aceite, o General Uéliton ficará insatisfeito com ele.] Luiza achou a ideia brilhante. "Mas sair assim, não seria como deixar o Theo escapar novamente?" Ele fez tantas coisas ruins e, ainda assim, continuaria vivendo tranquilamente no País Y? Então, todo o esforço deles até agora teria sido em vão? Ela respondeu: [Vamos simplesmente deixar o Theo escapar assim?] [Você está no quartel da Brigada do Norte agora. Não temos como agir contra o Theo por
Luiza fez uma expressão de resignação, pegou a comida das mãos dele e disse: — Eu mesma vou comer. Theo não respondeu nada, se sentou no sofá ao lado e ficou observando-a. Aquela mulher despertava nele sentimentos contraditórios: amor e ódio. Mas, quando cogitava deixá-la, sentia que simplesmente não conseguia. Ele sabia que deveria se desprender, mas algo nele o impedia de soltá-la. Depois de um momento de silêncio, ele falou: — Luiza, podemos parar com isso, por favor? Luiza, enquanto comia, lançou um olhar rápido para ele. Theo continuou: — Vamos parar de brigar o tempo todo. Podemos tentar nos dar bem? Finja que... Que eu estou tentando compensar o que fiz com você antes. A partir de agora, prometo cuidar bem de você, tudo bem? Luiza o encarava em silêncio. Ele sustentou o olhar, até que, depois de alguns segundos, acrescentou: — O que fiz com você antes... Eu não tive escolha. Se houvesse outra saída, nunca teria te usado... Theo a observava, visivelmente e
[Eu sei.] Foi Miguel quem respondeu! As mãos de Luiza tremiam violentamente; Miguel havia respondido, ele sabia que era ela. Ela olhou para o horário da resposta: tinha sido há duas horas... Luiza calculou o tempo: duas horas atrás, isso foi durante aquele caos de combate. Ainda não era possível confirmar se Miguel estava em segurança. Luiza imediatamente enxugou as lágrimas e respondeu: [Miguel, você está bem?] Depois de enviar a mensagem, ela ficou esperando, o coração apertado e as mãos ainda trêmulas. Estava com medo de que ele não respondesse, medo de que algo tivesse acontecido com ele... Quando ela já não aguentava mais o silêncio, o celular vibrou várias vezes seguidas. Uma série de mensagens chegou apressadamente. Miguel respondeu: [Estou bem.] Logo em seguida, Miguel enviou outra mensagem: [Luiza, onde você está agora?] Eles estavam procurando por ela. Mas onde ela estava? Nem Luiza sabia. Quando chegou ali, estava inconsciente e não fazia ideia de o
Giovana estava prestes a falar quando uma empregada entrou dizendo: — Presidente Theo, a senhorita que o senhor trouxe já acordou. Ela está insistindo para ir embora. Theo franziu as sobrancelhas, e Giovana imediatamente disse: — Presidente Theo, vá ver a Srta. Luiza. Parece que ela se machucou há pouco. Ao ouvir que Luiza estava machucada, a expressão de Theo se tornou ansiosa, e ele saiu apressado. O rosto de Giovana ficou abatido. Ela também estava ferida, mas Theo mal se importava. Já se Luiza estivesse machucada, ele parecia querer voar até ela imediatamente. O tratamento era claramente diferente. ... No quarto. Luiza estava insistindo em sair dali. Duas empregadas seguravam seus braços, mas ela, ignorando os ferimentos no próprio corpo, lutava sem parar. — Me soltem agora! Ela precisava voltar para Miguel. Havia desmaiado há pouco e não sabia de nada. Estava aterrorizada com a possibilidade de Miguel estar em perigo. Mesmo que fosse morrer, queria morrer
— Foi a própria Luiza quem disse. Ela falou que, depois que eu me casasse com ela, viveríamos juntos tranquilamente. — É mesmo? — Miguel curvou os lábios num leve sorriso. — Eu não acredito. Luiza já havia se reconciliado com ele, e ainda havia Felipinho. Miguel não acreditava que Luiza realmente quisesse ficar com Theo. Theo havia cometido tantas atrocidades. Mesmo que Luiza tivesse concordado em ficar com ele, provavelmente era apenas uma estratégia temporária, talvez... Para ganhar tempo até que ele pudesse resgatá-la. Com esse pensamento, Miguel desviou o olhar para o lado, na direção de Uéliton, e disse: — General Uéliton, invadi sua festa de aniversário de casamento hoje por um motivo principal: O Theo sequestrou minha esposa, e eu vim resgatá-la. Não tive a intenção de desrespeitá-lo. Quanto aos danos causados ao hotel, eu posso pagar por tudo. O hotel era uma propriedade de Uéliton. Quando Miguel mencionou a compensação, Uéliton ficou visivelmente tentado. No enta
Enquanto os três desciam as escadas, um estrondo repentino ecoou ao lado deles. Um dos seguranças que escoltavam Luiza caiu no chão. Tinha sido atingido por uma bala! Luiza ficou aterrorizada. Antes que pudesse reagir, outro segurança ao seu lado também foi baleado, caindo em uma poça de sangue. Os olhos de Luiza se arregalaram. No instante seguinte, uma mão firme agarrou seu braço. Quando viu o rosto da pessoa, um frio percorreu todo o seu corpo. Era Theo. Ele era o responsável pelos disparos que haviam atingido os dois seguranças. — Quem mandou você sair do salão de festas? — Theo disse com um olhar sombrio, enquanto a puxava rapidamente para baixo. Luiza não sabia o que dizer. Ela sabia que as pessoas que estavam ali para resgatá-la eram de Miguel. Era para ele que ela deveria correr. Mas, se tentasse fugir naquele momento, será que Theo, irritado, atiraria nela? No fim, Luiza não teve coragem de arriscar. Permitiu que Theo a puxasse escada abaixo. Em meio à
Isso era algo que jamais poderia ser apagado. Theo também entendia isso, então apenas acenou com a cabeça: — Deixa para lá. O que passou, passou. Vamos considerar que estamos quites. Além disso, viver aqui não é tão ruim assim para mim. O ambiente é perigoso, mas, de certa forma, acaba sendo favorável. Com isso, a conversa entre os dois chegou ao fim, e o banquete começou. O General Uéliton subiu ao palco com uma taça de vinho em mãos e iniciou um discurso. Logo em seguida, chamou Theo para se juntar a ele no palco. Os dois brindaram e trocaram algumas palavras que Luiza não conseguiu entender. Enquanto isso, os olhos dela vagavam em direção à porta do salão. Assim que percebeu que o olhar de Theo estava distante, sem prestar atenção nela, Luiza saiu discretamente. Ao sair do salão, se deparou com soldados armados por todos os lados. Luiza sabia que, naquela situação, seria melhor não correr. Se tentasse, poderia levar um tiro na cabeça a qualquer momento. Ela seguiu cal
Luiza deixou os olhos brilharem levemente, mas logo se lembrou de que estava fingindo fragilidade. Então, perguntou suavemente: — Posso sair? — Hoje à noite é o décimo aniversário de casamento do General Uéliton e da esposa dele. Ele me convidou para uma festa no hotel. Se você quiser sair um pouco, posso levá-la comigo. — Pode ser. — Luiza não se atreveu a parecer muito animada e respondeu calmamente. Theo sorriu: — Falando em sair, você não está se sentindo mal, né? — Já disse que foi só algo que comi de errado, agora já estou bem. — Luiza temia que ele percebesse algo, então ainda esfregou o estômago como se nada tivesse acontecido. Theo a observou por um instante e, de repente, estendeu a mão para massagear sua barriga. Luiza ficou completamente rígida, mas não ousou detê-lo. Ela sabia que poderia sair naquela noite e precisava aproveitar essa oportunidade. Mesmo que não conseguisse fugir, ao menos precisava enviar uma mensagem. Depois de descansar, Theo pediu que