Miguel manteve uma expressão fria, e sua voz esfriou ao extremo.- O que você está aprontando, afinal? Você disse para não comprarmos aquela joia, e no final não a compramos. Você não quis comer, e todos nós voltamos juntos, sem que ninguém comesse, tentamos te agradar, mas você não nos ouve. O que você quer, afinal?Luiza apertou os lábios e permaneceu em silêncio.Ela estava descontente, mas não conseguia expressar o motivo.Quando Miguel falava, parecia que todos estavam tentando agradá-la, e que ela era a pessoa sendo irracional.Sim, era assim que parecia na superfície. Nanda falava de maneira doce e sofrida, enquanto Luiza era vista como temperamental, como uma mulher irracional e descontrolada.Mesmo que quisesse questionar, Luiza não conseguiria dizer muito, pois Nanda já havia afirmado que era ela quem estava com ciúmes e suspeitas infundadas sobre eles, dizendo que "o irmão gostava muito da cunhada", o que a fazia parecer mesquinha e injusta.No fim, ela só pôde dizer:- Ent
Nanda ainda falava:- O irmão é a pessoa mais próxima de mim neste mundo, e agora que a cunhada se casou com ele, espero que ela também trate bem meu irmão. O mal-entendido de ontem à noite não me deixou dormir, levantei cedo para preparar o café da manhã para o irmão e a cunhada, na esperança de receber seu perdão...Luiza sentia como se houvesse uma mosca zumbindo incessantemente em seus ouvidos.Ela não se conteve e deu a ela um tapa!O som claro ecoou no ar.Nanda caiu no chão, e omelete que segurava espirrou para todos os lados.- Nanda! - A voz de Miguel ecoou.Luiza empalideceu e olhou, vendo Miguel sair do quarto ao lado e se abaixar para verificar os ferimentos de Nanda.Ele estava de pé atrás da porta o tempo todo.Pelo lugar onde Nanda estava, ela provavelmente viu Miguel, e por isso disse aquelas palavras de propósito.- Irmão, estou bem. - Nanda, no chão, segurava o rosto, com os olhos cheios de lágrimas, mas sem deixá-las cair, uma expressão de alguém que aguentava a dor.
Luiza disse:- Não, só não quero voltar.- Não quer ver a Nanda?- Exato. Luiza era alguém que não conseguia esconder seus sentimentos e admitiu francamente que simplesmente não queria lidar com Nanda.Miguel se virou e olhou para ela friamente:- Você colocou a Nanda no hospital, ela não te culpou, e você diz que não quer vê-la?- Eu só dei um tapa nela, como ela poderia ter ido para o hospital? - Indagou Luiza, olhando para ele.- Ela ficou em coma por vários anos e acabou de acordar. Já estava com a saúde frágil, agora teve que ir ao hospital para uma transfusão de sangue.Luiza apertou os lábios.Miguel disse:- Você deveria pedir desculpas a ela.Um sentimento de sufocamento subiu ao coração de Luiza:- Eu não vou.Ela insistiu em voltar para casa, caminhou até a estrada para pegar um táxi, recusando até mesmo pegar uma carona no carro de Emerson.A expressão de Miguel estava gélida quando ele saiu do carro.Luiza levantou a mão para chamar um táxi.De repente, um par de mãos lon
Luiza olhou para as expressões dos dois: o pai com um rosto cheio de preocupação e a avó sentindo medo.A família deles tinha acabado de se estabilizar, e a avó não queria que ela ofendesse Miguel novamente.Luiza pareceu entender o olhar da avó e, após um momento de silêncio, disse:- Não, só voltei para jantar com vocês. Depois, volto para lá.Bryan suspirou aliviado.A avó também bateu no próprio peito, dizendo a Luiza:- Lulu, Miguel ajudou muito nossa família. Seja boa com ele, dê um pouco de espaço a ele.Luiza baixou os olhos e não disse nada.Durante a refeição, a avó continuou falando para ela controlar seu temperamento e não ficar sempre brava com Miguel.Luiza não gostava de ouvir isso e, depois de mexer displicentemente na comida, foi para o quintal.Bryan a seguiu e, parando ao seu lado, perguntou:- Aconteceu alguma coisa?Luiza balançou a cabeça.- Não.Bryan percebeu que ela não queria falar e, após um momento, disse:- O relacionamento entre marido e mulher é assim mes
- Aqui!Luiza foi agarrada por três capangas e atirada sobre um gramado.Seu rosto pálido surgiu no campo de visão deles, provocando um lampejo de surpresa em seus olhos.A escuridão da noite só permitia perceber que ela tinha um corpo esbelto; contudo, não esperavam que seu rosto fosse ainda mais belo, deslumbrante a ponto de encantar.Os três trocaram olhares e cercaram Luiza.- Por que a pressa, linda? Não somos maus, apenas achamos você tão bonita que queremos ser seus amigos. - Disse um dos capangas, tentando tocar seu rosto.Luiza segurava um punhado de lama na mão e, assim que o capanga se aproximou, esfregou a lama nos olhos dele.O capanga gritou de dor e a soltou.Luiza começou a correr imediatamente.Os outros dois capangas reagiram e correram atrás dela, alcançando ela e algemando suas mãos atrás das costas com um casaco.Luiza foi imobilizada e empurrada de volta ao gramado.Ela se virou e encarou os dois capangas ferozmente, como um pequeno animal selvagem.- Eu vou dizer
Miguel perguntou:- Como ela está?- Exceto por um lado do rosto estar inchado, não há mais ferimentos. Não deve ser nada sério. - Respondeu a médica.Miguel suspirou aliviado, o olhar fixo no lado inchado do rosto dela. Sua pele era clara, então um hematoma era muito evidente.O coração de Miguel doeu levemente.Sentia um certo arrependimento.Se soubesse que isso aconteceria, jamais teria deixado ela sair sozinha aquela noite.Ele sempre tinha dito que não permitia que ela dirigisse sozinha, nem que pegasse táxi.Justamente na primeira noite, algo aconteceu.Ele se sentia pesado enquanto esperava a médica sair. Então, se virou para Eduardo e disse:- Esses três, quero que você quebre os braços e as pernas deles e os mande para a prisão.Sua expressão estava muito tensa.Eduardo respondeu:- Sim.Depois que ele saiu, Miguel se aproximou da cama, afastou o cabelo bagunçado dela com a mão e observou cuidadosamente sua bochecha ferida.Estava bastante inchada, e o médico já havia aplic
Luiza não falou.Miguel suspirou e disse:- Aqueles que te intimidaram ontem à noite, eu quebrei os braços e as pernas e os enviei para a prisão.Os cílios de Luiza tremeram, ela olhou para ele e, após um momento, disse:- Obrigada.Ela devia agradecer; ele a tinha salvado.Miguel apertou os lábios e a abraçou, dizendo:- Não precisa agradecer, sou seu marido, é meu dever proteger você.Luiza ficou em silêncio novamente, sua relutância era evidente.Miguel só pôde acariciar sua cabeça e dizer:- Bem, vou pedir o café da manhã. O que você gostaria de comer? Eu cuido disso?Luiza continuou sem falar com ele, mantendo uma expressão fria no rosto delicado.Miguel, sem opções, foi organizar tudo por conta própria.O café da manhã foi entregue rapidamente.Miguel e Luiza se sentaram para comer no quarto do hospital.- Coma um pouco de ovo. - Miguel colocou o ovo na frente dela.Luiza olhou para ele, e ele sorriu:- Você não ama ovos?Ela não respondeu e baixou a cabeça para comer.De repente
- Minhas pernas estão sem força. - Disse ela.- Sem forças? - Miguel, com suas mãos esguias, pressionou as pernas dela. - Onde exatamente? Devo chamar um médico para examiná-la?- Não, não estou ferida. É só que pressionei uma das pernas e agora ela está dormente.- Má postura. - Criticou Miguel. - Sempre te digo para sentar com as duas pernas no chão, não para pressioná-las ou cruzá-las.Ela baixou os olhos e não disse nada.Miguel a observou por um momento e de repente explicou:- Não estou te repreendendo, só estou dizendo que essas posturas são maus hábitos e prejudicam o seu corpo.Ele explicou isso com muita delicadeza.Luiza olhou para ele.Ele abaixou a voz e continuou:- A partir de hoje, Emerson vai te levar e buscar no trabalho. Você dirigir ou pegar um táxi é perigoso; não vou permitir que saia sozinha.Essas palavras eram tanto uma ordem quanto um sinal de cuidado.Luiza sentiu seu cuidado e gradualmente se acalmou, embora ainda se sentisse um pouco ressentida.Depois de u
Ao pensar nisso, sua expressão suavizou bastante, e ele voltou a olhar para Luiza. — Como está o machucado na sua mão? Ainda dói? Ele passou de um tom sombrio para uma doçura repentina. Luiza olhou para o rosto dele com cautela e respondeu: — Está melhor. Era um momento crucial, e Luiza não queria provocá-lo, para evitar apanhar novamente. Se fosse ferida, talvez nem conseguisse escapar quando tivesse a chance. Theo ficou encarando ela por um longo tempo, algo se movendo no fundo de seus olhos, e então passou o braço ao redor dela. Luiza, temendo que ele levantasse o cobertor, rapidamente pressionou o celular escondido com a perna. — Luiza. — Theo a puxou para os braços. O corpo de Luiza ficou tenso como uma pedra. Ele apoiou a cabeça sobre a dela e falou suavemente: — Eu vou compensar o casamento que te prometi. Luiza permaneceu em silêncio. — Assim que eu terminar os assuntos recentes, nós poderemos ficar juntos. — Theo fez uma pausa e continuou. — Sobre o q
[Já pensei em uma forma de salvar você. Tenha paciência e espere.] Miguel pediu que ela ficasse tranquila e aguardasse. Mas Luiza não conseguia simplesmente esperar sem entender o que estava acontecendo. Ela respondeu à mensagem: [Que forma?] Ela não ousava fazer uma ligação, com medo de que as pessoas do lado de fora ouvissem. Miguel respondeu: [Ofereci trezentos milhões como resgate para salvá-la. O General Uéliton é um homem que só pensa em dinheiro, com certeza ficará tentado e convencerá Theo a libertá-la. Caso ele não aceite, o General Uéliton ficará insatisfeito com ele.] Luiza achou a ideia brilhante. "Mas sair assim, não seria como deixar o Theo escapar novamente?" Ele fez tantas coisas ruins e, ainda assim, continuaria vivendo tranquilamente no País Y? Então, todo o esforço deles até agora teria sido em vão? Ela respondeu: [Vamos simplesmente deixar o Theo escapar assim?] [Você está no quartel da Brigada do Norte agora. Não temos como agir contra o Theo por
Luiza fez uma expressão de resignação, pegou a comida das mãos dele e disse: — Eu mesma vou comer. Theo não respondeu nada, se sentou no sofá ao lado e ficou observando-a. Aquela mulher despertava nele sentimentos contraditórios: amor e ódio. Mas, quando cogitava deixá-la, sentia que simplesmente não conseguia. Ele sabia que deveria se desprender, mas algo nele o impedia de soltá-la. Depois de um momento de silêncio, ele falou: — Luiza, podemos parar com isso, por favor? Luiza, enquanto comia, lançou um olhar rápido para ele. Theo continuou: — Vamos parar de brigar o tempo todo. Podemos tentar nos dar bem? Finja que... Que eu estou tentando compensar o que fiz com você antes. A partir de agora, prometo cuidar bem de você, tudo bem? Luiza o encarava em silêncio. Ele sustentou o olhar, até que, depois de alguns segundos, acrescentou: — O que fiz com você antes... Eu não tive escolha. Se houvesse outra saída, nunca teria te usado... Theo a observava, visivelmente e
[Eu sei.] Foi Miguel quem respondeu! As mãos de Luiza tremiam violentamente; Miguel havia respondido, ele sabia que era ela. Ela olhou para o horário da resposta: tinha sido há duas horas... Luiza calculou o tempo: duas horas atrás, isso foi durante aquele caos de combate. Ainda não era possível confirmar se Miguel estava em segurança. Luiza imediatamente enxugou as lágrimas e respondeu: [Miguel, você está bem?] Depois de enviar a mensagem, ela ficou esperando, o coração apertado e as mãos ainda trêmulas. Estava com medo de que ele não respondesse, medo de que algo tivesse acontecido com ele... Quando ela já não aguentava mais o silêncio, o celular vibrou várias vezes seguidas. Uma série de mensagens chegou apressadamente. Miguel respondeu: [Estou bem.] Logo em seguida, Miguel enviou outra mensagem: [Luiza, onde você está agora?] Eles estavam procurando por ela. Mas onde ela estava? Nem Luiza sabia. Quando chegou ali, estava inconsciente e não fazia ideia de o
Giovana estava prestes a falar quando uma empregada entrou dizendo: — Presidente Theo, a senhorita que o senhor trouxe já acordou. Ela está insistindo para ir embora. Theo franziu as sobrancelhas, e Giovana imediatamente disse: — Presidente Theo, vá ver a Srta. Luiza. Parece que ela se machucou há pouco. Ao ouvir que Luiza estava machucada, a expressão de Theo se tornou ansiosa, e ele saiu apressado. O rosto de Giovana ficou abatido. Ela também estava ferida, mas Theo mal se importava. Já se Luiza estivesse machucada, ele parecia querer voar até ela imediatamente. O tratamento era claramente diferente. ... No quarto. Luiza estava insistindo em sair dali. Duas empregadas seguravam seus braços, mas ela, ignorando os ferimentos no próprio corpo, lutava sem parar. — Me soltem agora! Ela precisava voltar para Miguel. Havia desmaiado há pouco e não sabia de nada. Estava aterrorizada com a possibilidade de Miguel estar em perigo. Mesmo que fosse morrer, queria morrer
— Foi a própria Luiza quem disse. Ela falou que, depois que eu me casasse com ela, viveríamos juntos tranquilamente. — É mesmo? — Miguel curvou os lábios num leve sorriso. — Eu não acredito. Luiza já havia se reconciliado com ele, e ainda havia Felipinho. Miguel não acreditava que Luiza realmente quisesse ficar com Theo. Theo havia cometido tantas atrocidades. Mesmo que Luiza tivesse concordado em ficar com ele, provavelmente era apenas uma estratégia temporária, talvez... Para ganhar tempo até que ele pudesse resgatá-la. Com esse pensamento, Miguel desviou o olhar para o lado, na direção de Uéliton, e disse: — General Uéliton, invadi sua festa de aniversário de casamento hoje por um motivo principal: O Theo sequestrou minha esposa, e eu vim resgatá-la. Não tive a intenção de desrespeitá-lo. Quanto aos danos causados ao hotel, eu posso pagar por tudo. O hotel era uma propriedade de Uéliton. Quando Miguel mencionou a compensação, Uéliton ficou visivelmente tentado. No enta
Enquanto os três desciam as escadas, um estrondo repentino ecoou ao lado deles. Um dos seguranças que escoltavam Luiza caiu no chão. Tinha sido atingido por uma bala! Luiza ficou aterrorizada. Antes que pudesse reagir, outro segurança ao seu lado também foi baleado, caindo em uma poça de sangue. Os olhos de Luiza se arregalaram. No instante seguinte, uma mão firme agarrou seu braço. Quando viu o rosto da pessoa, um frio percorreu todo o seu corpo. Era Theo. Ele era o responsável pelos disparos que haviam atingido os dois seguranças. — Quem mandou você sair do salão de festas? — Theo disse com um olhar sombrio, enquanto a puxava rapidamente para baixo. Luiza não sabia o que dizer. Ela sabia que as pessoas que estavam ali para resgatá-la eram de Miguel. Era para ele que ela deveria correr. Mas, se tentasse fugir naquele momento, será que Theo, irritado, atiraria nela? No fim, Luiza não teve coragem de arriscar. Permitiu que Theo a puxasse escada abaixo. Em meio à
Isso era algo que jamais poderia ser apagado. Theo também entendia isso, então apenas acenou com a cabeça: — Deixa para lá. O que passou, passou. Vamos considerar que estamos quites. Além disso, viver aqui não é tão ruim assim para mim. O ambiente é perigoso, mas, de certa forma, acaba sendo favorável. Com isso, a conversa entre os dois chegou ao fim, e o banquete começou. O General Uéliton subiu ao palco com uma taça de vinho em mãos e iniciou um discurso. Logo em seguida, chamou Theo para se juntar a ele no palco. Os dois brindaram e trocaram algumas palavras que Luiza não conseguiu entender. Enquanto isso, os olhos dela vagavam em direção à porta do salão. Assim que percebeu que o olhar de Theo estava distante, sem prestar atenção nela, Luiza saiu discretamente. Ao sair do salão, se deparou com soldados armados por todos os lados. Luiza sabia que, naquela situação, seria melhor não correr. Se tentasse, poderia levar um tiro na cabeça a qualquer momento. Ela seguiu cal
Luiza deixou os olhos brilharem levemente, mas logo se lembrou de que estava fingindo fragilidade. Então, perguntou suavemente: — Posso sair? — Hoje à noite é o décimo aniversário de casamento do General Uéliton e da esposa dele. Ele me convidou para uma festa no hotel. Se você quiser sair um pouco, posso levá-la comigo. — Pode ser. — Luiza não se atreveu a parecer muito animada e respondeu calmamente. Theo sorriu: — Falando em sair, você não está se sentindo mal, né? — Já disse que foi só algo que comi de errado, agora já estou bem. — Luiza temia que ele percebesse algo, então ainda esfregou o estômago como se nada tivesse acontecido. Theo a observou por um instante e, de repente, estendeu a mão para massagear sua barriga. Luiza ficou completamente rígida, mas não ousou detê-lo. Ela sabia que poderia sair naquela noite e precisava aproveitar essa oportunidade. Mesmo que não conseguisse fugir, ao menos precisava enviar uma mensagem. Depois de descansar, Theo pediu que