Luiza suspeitava que Miguel estivesse ferido. Ela o observava atentamente, vestido com uma camisa preta, mas não conseguia identificar se ele estava machucado.Entretanto, seu rosto estava extremamente pálido.Luiza hesitou por um momento e perguntou:— Miguel, você está ferido?Ele sorriu levemente e balançou a cabeça:— Estou bem.Nesse instante, o médico chegou acompanhado de enfermeiros.Um grupo de pessoas rapidamente se organizou para colocar Felipinho na ambulância. O médico perguntou:— Quem é o responsável pela criança?— Eu sou a mãe dele. — Luiza respondeu, se aproximando do médico.O médico olhou para ela e disse:— Vamos levar a criança para a sala de tratamento agora. Sendo a mãe, você deve nos acompanhar.— Está bem. — Luiza assentiu com a cabeça, mas lançou mais um olhar a Miguel.Ele ainda estava parado ali, acenando levemente para ela, com um olhar cheio de ternura:— Pode ir.Luiza não disse mais nada. Seguiu o médico, empurrando a maca em direção à sala de tratament
Miguel estava deitado na cama do hospital, com o rosto pálido.A manga da camisa havia sido cortada pelo médico, o ferimento estava parcialmente enfaixado, e ele recebia soro por via intravenosa.Ele permanecia em silêncio, o rosto bonito manchado por vestígios de sangue seco.Luiza deu dois passos à frente, olhou para o braço enfaixado dele e se virou para perguntar ao Eduardo:— O médico já cuidou dele?— Sim, o médico fez um atendimento rápido no senhor. Houve uma explosão na escola, muitas pessoas ficaram feridas, e os médicos estão tratando os casos mais graves.Luiza ficou ligeiramente surpresa.— Então houve mesmo uma explosão?— Sim. — Eduardo assentiu, o rosto cansado. — Aqueles bandidos, incapazes de capturar o Felipinho, acabaram detonando os explosivos que estavam usando.— Como ele se feriu? — O olhar de Luiza recaiu sobre Miguel enquanto ela questionava Eduardo.Eduardo respondeu:— Naquele momento, estávamos em um grupo com a polícia no segundo andar. Conseguimos encontr
Nesse momento, o médico entrou e anunciou que Miguel havia passado pela cirurgia. Miguel foi levado para fora. Luiza o seguiu, mas foi barrada na porta da sala de cirurgia pela enfermeira. Ela ficou do lado de fora, olhando enquanto Miguel era levado para dentro da sala, os olhos cheios de preocupação... Ninguém sabia quanto tempo havia se passado, até que Eduardo a alertou: — Senhora, seu celular está tocando. Luiza então voltou à realidade e olhou para o telefone. Era sua avó quem ligava, perguntando onde ela estava. Luiza respondeu: — Vó, o Miguel se machucou, ele está passando por uma cirurgia agora. Estou esperando aqui. — Ele se feriu para salvar o Felipinho? — Perguntou a avó, com a voz preocupada. — Sim. Melissa ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Então fique aí cuidando disso. Nós estamos aqui com o Felipinho. Quando ele acordar, eu te ligo. — Certo. — Luiza concordou. Ao desligar, ela olhou para Eduardo, que estava ao seu lado com um
Luiza não compreendeu muito bem as palavras do médico e, após um momento de hesitação, perguntou: — A cirurgia foi bem-sucedida? — Sim, foi um sucesso. O paciente já está fora de perigo. — Respondeu o médico. Luiza quase perdeu o equilíbrio, estendendo a mão para se apoiar na parede. Felizmente, a cirurgia tinha sido bem-sucedida. A tensão avassaladora que a consumia começou a se dissipar, e seu coração, que parecia ter sido esvaziado, lentamente voltou a bater... Ela sempre acreditou que havia perdido a fé no casamento, que não queria mais estar com ele. Mas hoje, ao vê-lo gravemente ferido na sala de cirurgia, percebeu que, na verdade, ainda tinha sentimentos por ele. Ela estava aterrorizada. Temia que ele morresse, que nunca mais pudesse vê-lo novamente. Por isso, quando ouviu o médico dizer que ele estava bem, sentiu como se tivesse renascido. No fundo, ela ainda se importava muito com ele... Com a mente um tanto confusa, Luiza involuntariamente se lembrou do
— Por que você acordou? — Luiza ficou um pouco chocada. — Você não estava sob efeito de anestesia? — Foi anestesia local no braço. Luiza arregalou os olhos, surpresa. — Então, quer dizer que você estava acordado o tempo todo? — Sim. Ele sabia que ela tinha chorado e segurado a mão dele? A mente de Luiza ficou confusa. — E por que você não disse nada? — Quando saí da sala de cirurgia, eu estava exausto, então fechei os olhos, mas, de alguma forma, percebia que alguém estava segurando minha mão. Era você, né... — Miguel abriu os olhos e, ao ver que era ela, ficou visivelmente feliz. Isso mostrava que ela se importava com ele. Luiza, no entanto, parecia desconfortável. Respondeu, um pouco emburrada: — Você deveria ter dito alguma coisa. — Eu já disse, eu não tinha forças. — Ao salvar Felipinho, ele havia usado toda a energia que tinha e agora estava completamente esgotado. Luiza percebeu a exaustão dele e decidiu não insistir. Com os olhos vermelhos, disse suavemente
Ao voltar para o quarto, Melissa perguntou a ela: — Luiza, o que o médico disse? — O médico disse que amanhã vai chamar um psicólogo para uma consulta. — Luiza respondeu enquanto ajudava Melissa a se acomodar. Melissa assentiu com a cabeça. — E o Miguel? — A cirurgia já terminou. O médico disse que foi um sucesso. Provavelmente, quando ele acordar, estará bem. — Você precisa ir até lá para ficar de olho nele? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Sim, preciso. O Eduardo foi descansar e não tem ninguém com ele agora. Vovó, vou deixar o Felipinho aos seus cuidados. — Eu sou a bisavó dele. É minha obrigação cuidar dele. — Depois de levar Melissa de volta ao quarto, Luiza chamou Francisco para o corredor e perguntou. — Foi o Theo que fez isso dessa vez? Francisco assentiu. — Estragamos o projeto de aquisição do ponto turístico dele. Agora ele está como um cachorro acuado. Já começou a se vingar. Agora, Theo nem sequer se importava mais com a segurança do
O médico e os enfermeiros chegaram rapidamente. O médico levantou a gaze do ombro de Miguel, revelando um ferimento de bala. A carne necrosada já havia sido removida, deixando um buraco vazio e ensanguentado. Luiza deu uma olhada e imediatamente desviou o olhar. Era uma cena horrível demais para encarar. — Ficou assustada? — Miguel notou a reação dela e não conseguiu evitar um sorriso de canto. "Ainda consegue achar graça?" Pensou Luiza. Ela disse: — Esse ferimento parece muito grave. — Isso não é nada. — Respondeu Miguel, em um tom despreocupado. — Já tive ferimentos muito piores do que esse. De fato, ele tinha várias cicatrizes espalhadas pelo corpo, evidências das situações extremamente cruéis que já enfrentou no passado. Luiza suspirou. — Sr. Miguel, agora vou aplicar um analgésico no ferimento. Vai doer um pouco, mas logo a dor vai diminuir. — Avisou o médico, enquanto preparava o medicamento. Miguel assentiu com a cabeça. — Certo. — Quando virou o rosto, v
— Apenas dando água? — Ele não pôde evitar rir, um riso astuto. — Dando água a ponto de quase se beijarem? O rosto dela ficou ainda mais vermelho. — Não a provoque. — Miguel não gostava de ver Francisco zombar de Luiza e lançou a ele um olhar frio. — Você é um completo insensível e ainda tem coragem de tirar sarro dos outros? Francisco olhou para ele e não resistiu à provocação: — Não consigo abaixar a cabeça para agradar aos outros.— Por isso está destinado a ficar solteiro. — Miguel o ironizou. Os dois mal se encontravam e já começavam a discutir. Luiza rapidamente tentou interrompê-los: — Pronto, parem com isso vocês dois. Me dê o pote, que eu mesma vou alimentá-lo. Ao ouvir Luiza dizer isso, Francisco finalmente ficou sério. — Ah, agora que estou aqui, também vim falar sobre Theo. — Sobre o que? — Luiza perguntou. Francisco lançou um olhar para Miguel. Luiza respondeu: — Não tem problema, ele também tem desavenças com o Theo, pode falar na frente dele.
Ao ver o rostinho pálido de Felipinho, Luiza não conseguiu conter a dor no coração. Felipinho tinha pouco mais de três anos, mas, por causa de Theo, já havia passado por tantos eventos seguidos. Ela estava profundamente arrependida. Sentia pena do Felipinho, e odiava o Theo. O odiava com toda a sua alma! Enquanto assistia ao noticiário, completamente absorta, seu celular foi subitamente arrancado de sua mão. Ao levantar os olhos, viu que quem tinha pegado o aparelho era Theo. Ele jogou o celular de volta para Giovana e, com um rosto impassível, disse: — Já chega. Vamos comer. No dia seguinte, o navio atracou. Luiza finalmente saiu daquele porão escuro e sombrio. Ao sentir o brilho do sol pela primeira vez, ficou um pouco desconfortável e apertou os olhos. Ao olhar ao redor, viu um mar azul e um país completamente desconhecido... As placas ao redor estavam escritas em um idioma que ela não conseguia entender. No entanto, deduziu que aquele era um país quente e com ce
Ele falava, mas Luiza não olhava para ele. Theo ficou irritado e segurou o queixo dela com força, forçando ela a virar o rosto e encará-lo. — Sabe de uma coisa? Eu fui bondoso demais com você. Se, na época em que você estava grávida do Felipinho, eu tivesse sido mais firme, ele nem teria nascido. Luiza ficou atônita por um momento e, furiosa, retrucou: — Theo, você é um monstro! — Não existe homem que aceite sua mulher dar à luz o filho de outro homem. Mas por que, no final, eu aceitei? Porque eu vi o quanto você queria esse filho, vi o quanto você se esforçou para tê-lo. Então, no fim, não fiz nada contra ele. Eu aceitei. Sei que te magoei, mas pensei em passar o resto da minha vida te compensando. — Eu não preciso disso. — Luiza respondeu, palavra por palavra. — Nunca gostei de você. Ele ficou impassível. — E daí? Agora você está nas minhas mãos. Não tem como fugir. — Tanto faz. — Luiza sorriu friamente, os lábios curvados com indiferença. — Minha família morreu, e
Luiza olhou para ele, sem dizer uma palavra. — Você acha que, deixando de comer, vai me fazer sentir pena de você? — Theo perguntou com o rosto frio. Luiza sorriu com indiferença. — Não. Eu não me rebaixo a esse tipo de artimanha, porque simplesmente não me dou ao trabalho de agradar você. Theo encarou aquele rosto frio e sorriu levemente. — Ótimo. Você não quer me agradar? Então fique aqui e morra de fome, por mim tanto faz. Luiza deu um sorriso desolado e se deitou novamente na cama. Ela já havia decidido: se algo acontecesse com sua família, ela não teria mais vontade de viver. Theo podia mantê-la presa, mas, se ela desistisse da própria vida, não haveria nada que ele pudesse fazer. Com o rosto carregado, Theo saiu do quarto. Na manhã seguinte, por volta das nove, Luiza ainda se recusava a comer. Theo estava ouvindo Giovana falar sobre os assuntos no País R quando Laís veio reportar: — Sr. Theo, a Srta. Luiza ainda não quis tomar o café da manhã. Ela trouxe
Nos olhos dela, aquele homem era frio como gelo, com um sorriso gélido nos lábios. Ele disse suavemente: — Este é o preço por não me obedecer. As pupilas de Luiza se dilataram levemente. Theo continuou: — Eu te dei uma chance naquela época. Te chamei para me encontrar várias vezes, mas você ignorou. Achou que eu, mesmo em apuros, não teria como te capturar? Pois bem, mesmo que eu morra, vou te levar comigo... Luiza ficou atônita, a raiva tomando conta de seu coração. Ela levantou a mão, tentando acertá-lo no rosto. — Desgraçado! Mas não conseguiu. Theo segurou seu pulso e o torceu para trás. Ele a olhou friamente, sem nenhum traço de emoção: — Eu já te dei oportunidades no passado, mas você não as aproveitou. Agora, não há mais chance... Com a dor, Luiza franziu as sobrancelhas e lançou um olhar furioso para ele: — Você é um desgraçado! — Você está certa. Sou mesmo um desgraçado. — Ele nem sequer usava mais os óculos, não se importando em manter uma aparência civi
Theo estava sentado no sofá, o olhar frio como uma lâmina de gelo cravado nas marcas de mordida no pescoço dela. Seus olhos semicerrados estavam carregados de rancor e cobiça. — De onde vieram essas marcas no seu pescoço? Luiza ficou sem palavras. Abriu a boca, mas conseguiu pronunciar apenas uma frase: — Você... Não está morto? — Você acha que eu morreria tão facilmente? — Theo soltou uma risada sarcástica. — Mas as notícias diziam... Que você tinha se enforcado na prisão! — Se eu não tivesse forjado aquela notícia, como poderia sair da prisão? — Ele sorriu com frieza. Então era isso! As notícias sobre a prisão nas Américas eram falsas, apenas uma encenação para enganar o público. Na verdade, Theo havia escapado como um verdadeiro mestre da fuga! "Não era de se estranhar que tudo tivesse parecido tão conveniente. Um homem tão calculista como ele nunca deixaria de ter uma rota de fuga preparada." Enquanto Luiza refletia sobre isso, Theo se levantou abruptamente e agar
Luiza, sem escolha, caminhou até a entrada do elevador e disse: — Pode ficar por aqui. Eu vou subir sozinha. Volte para casa, eu também já estou indo. — Vou esperar o elevador chegar. — Ele não tinha intenção de ir embora, seus longos dedos se entrelaçando nos dela. Assim, os dois ficaram de mãos dadas até o elevador chegar, e as portas se abrirem diante deles. Luiza olhou para ele e disse: — O elevador chegou. Eu realmente preciso ir. — Tudo bem. Ele soltou a mão dela, mas permaneceu parado do lado de fora, com o olhar cheio de saudade, fixo nela. O coração de Luiza estava agitado. Mesmo quando as portas do elevador se fecharam completamente, o canto de seus lábios ainda estava levemente curvado em um sorriso. Ao chegar ao estacionamento, ela abriu a porta do carro e jogou sua bolsa para dentro. No momento em que ia entrar no veículo, uma sombra repentina surgiu ao seu lado. Luiza levantou o olhar, alarmada. Uma toalha foi pressionada contra seu nariz e boca, e
Durante o jantar, ele a observava o tempo todo. Luiza abaixou a cabeça para tomar a sopa, desconfortável sob o olhar constante dele. Ergueu os olhos e encontrou os dele: — Por que está me olhando assim? — Quando sua avó e as outras voltam para as Américas? — Miguel perguntou enquanto descascava um camarão e o colocava no prato dela com naturalidade. Luiza olhou para o camarão, esboçou um leve sorriso, não recusou e o levou diretamente à boca: — Devem voltar amanhã. Hoje já cuidaram de toda a bagagem. — E seu pai? — Ele continuou, sem desviar o olhar. — Devo começar a organizar o retorno dele para Valenciana do Rio? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Meu pai vai ficar no País R por enquanto. — Ainda não confia em mim? — Ele perguntou, encarando ela atentamente. Luiza respondeu com serenidade: — Não é isso. Só acho que ainda não está tão seguro. Quero esperar até que tudo esteja resolvido para trazê-lo de volta para Valenciana do Rio. — Você tem med
O olhar de Miguel parecia em chamas. Ele segurou a cintura dela com uma mão, enquanto a outra a puxava para mais perto, beijando cada centímetro de sua pele. Luiza estava tão fraca que parecia derreter como água, pendurada pelo pescoço dele, deixando que ele fizesse o que quisesse... ...Ao entardecer, o celular de Luiza tocou. Ela ouviu o toque familiar e abriu os olhos nos braços de Miguel. Viu que ele estava atendendo o celular dela. — Por que você está atendendo minhas ligações? — Perguntou ele, só então percebendo que sua voz estava rouca. À tarde, ele havia sido tão intenso que ela gritou até ficar sem voz. — Foi o Felipinho quem ligou. Então eu atendi por você. — Respondeu Miguel, segurando ela com um braço enquanto usava a outra mão para atender o telefone. Ele falou de forma preguiçosa com Felipinho, que estava do outro lado da linha. — Sua mãe talvez demore um pouco mais. Podem jantar sem ela, não precisam esperar. — Por que não precisam me esperar? — Luiza perg
— Desta vez, a reconciliação é real, certo? — Miguel perguntou. Luiza franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. — Quero dizer, uma reconciliação de verdade, sem separações no futuro, certo? — Miguel a olhou diretamente nos olhos, sua expressão séria. Sob o olhar intenso dele, Luiza se sentiu desconfortável e, com um leve sorriso irônico, respondeu: — Isso não é garantido. Quem sabe daqui a alguns dias a gente brigue de novo? Miguel franziu a testa, impaciente. — Da sua boca não sai uma palavra boa. Luiza tentou conter o riso, mas antes que pudesse responder, Miguel a surpreendeu com um beijo. Sua voz rouca ecoou em seu ouvido: — Se não fala coisas boas, então vou lavar essa boca. Luiza congelou por um momento. "Esse é o jeito dele de lavar a boca?" Ele até colocou a língua. O beijo de Miguel a deixou sem fôlego. Tentando se recompor, ela colocou a mão no peito dele e perguntou: — Já terminou de lavar? — Não, ainda está muito suja. Precisa de mais lavagens.