Miguel virou a cabeça, com uma expressão grave. Apenas ao olhar para o rosto dela, sabia que ela já tinha visto as notícias. Com a voz pesada, disse:— O Centro de Desenvolvimento Infantil no norte da cidade sofreu um atentado.— Eu sei! — Luiza deu dois passos à frente, a voz trêmula. — Vocês vão para lá agora?Com medo de que ela caísse, Miguel se aproximou rapidamente para segurá-la e disse:— Não se exalte. Já enviei uma equipe para lá. Agora eu vou pessoalmente.— Eu também quero ir. — Luiza estava desesperada com a possibilidade de algo ter acontecido com o Felipinho e Maria. Lágrimas já escorriam pelo seu rosto.Se algo acontecesse com qualquer uma das crianças, eles não suportariam.— Seu pé está machucado, você não pode ir. — Miguel apertou os lábios, impedindo ela. — Fique em casa e descanse...— Como posso descansar? — Luiza agarrou o braço dele, o coração parecia estar na garganta. Sem saber se Felipinho estava vivo ou morto, como ela poderia ficar tranquila?— Você não pod
De repente, um estrondo ensurdecedor!Um dos policiais foi atingido na cabeça por um tiro e caiu no chão, imóvel.Alguém estava mirando neles.Luiza e Priscila ficaram em choque.O maior medo de Luiza era que aquele grupo tivesse sido enviado por Theo. Se fosse ele o responsável, os emboscadores certamente estariam lá para tirar a vida de Miguel!Ela cobriu a boca com a mão, sentindo o coração apertado de tanta ansiedade.Mas as gravações das câmeras de segurança eram limitadas. Depois que as pessoas se dispersaram e se esconderam nas salas de aula, ninguém mais aparecia nos vídeos.A cena parecia um jogo de videogame: as pessoas estavam fora de vista, mas os sons dos disparos ecoavam incessantemente pelos corredores.Os dois grupos estavam envolvidos em um confronto feroz.Luiza estava apavorada, até que o telefone de Priscila tocou, trazendo ela de volta à realidade.— O que aconteceu? — Perguntou Priscila, segurando o celular e chorando.Do outro lado da linha, Francisco, com Maria
— Aqui! — Francisco gritou para elas, não muito longe dali.Ao ouvir sua voz, Priscila, cuja mente estava confusa, recobrou um pouco da clareza. Seus olhos encontraram os de Francisco no meio da multidão, e ela também viu Maria, intacta, deitada na cama do hospital. A menina, que acabava de chegar, estava tomando leite com achocolatado.— Maria! — Priscila correu apressadamente até ela.— Mamãe! — Maria abriu os braços, seus olhos vermelhos. A criança também tinha se assustado, e, ao ver a mãe, começou a chorar.Priscila a abraçou com força. Seu coração, antes tão inquieto, finalmente encontrou paz.Francisco observou Priscila chorar. Uma mulher que quase nunca chorava, naquele momento estava completamente tomada pelas lágrimas. Ele ficou um pouco comovido.De longe, Luiza observava a cena, e as lágrimas brotaram de repente em seus olhos.Ela estava apavorada.Mas precisava manter a calma. Com esforço, controlou suas pernas e caminhou passo a passo até Francisco, perguntando:— Já enco
Luiza suspeitava que Miguel estivesse ferido. Ela o observava atentamente, vestido com uma camisa preta, mas não conseguia identificar se ele estava machucado.Entretanto, seu rosto estava extremamente pálido.Luiza hesitou por um momento e perguntou:— Miguel, você está ferido?Ele sorriu levemente e balançou a cabeça:— Estou bem.Nesse instante, o médico chegou acompanhado de enfermeiros.Um grupo de pessoas rapidamente se organizou para colocar Felipinho na ambulância. O médico perguntou:— Quem é o responsável pela criança?— Eu sou a mãe dele. — Luiza respondeu, se aproximando do médico.O médico olhou para ela e disse:— Vamos levar a criança para a sala de tratamento agora. Sendo a mãe, você deve nos acompanhar.— Está bem. — Luiza assentiu com a cabeça, mas lançou mais um olhar a Miguel.Ele ainda estava parado ali, acenando levemente para ela, com um olhar cheio de ternura:— Pode ir.Luiza não disse mais nada. Seguiu o médico, empurrando a maca em direção à sala de tratament
Miguel estava deitado na cama do hospital, com o rosto pálido.A manga da camisa havia sido cortada pelo médico, o ferimento estava parcialmente enfaixado, e ele recebia soro por via intravenosa.Ele permanecia em silêncio, o rosto bonito manchado por vestígios de sangue seco.Luiza deu dois passos à frente, olhou para o braço enfaixado dele e se virou para perguntar ao Eduardo:— O médico já cuidou dele?— Sim, o médico fez um atendimento rápido no senhor. Houve uma explosão na escola, muitas pessoas ficaram feridas, e os médicos estão tratando os casos mais graves.Luiza ficou ligeiramente surpresa.— Então houve mesmo uma explosão?— Sim. — Eduardo assentiu, o rosto cansado. — Aqueles bandidos, incapazes de capturar o Felipinho, acabaram detonando os explosivos que estavam usando.— Como ele se feriu? — O olhar de Luiza recaiu sobre Miguel enquanto ela questionava Eduardo.Eduardo respondeu:— Naquele momento, estávamos em um grupo com a polícia no segundo andar. Conseguimos encontr
Nesse momento, o médico entrou e anunciou que Miguel havia passado pela cirurgia. Miguel foi levado para fora. Luiza o seguiu, mas foi barrada na porta da sala de cirurgia pela enfermeira. Ela ficou do lado de fora, olhando enquanto Miguel era levado para dentro da sala, os olhos cheios de preocupação... Ninguém sabia quanto tempo havia se passado, até que Eduardo a alertou: — Senhora, seu celular está tocando. Luiza então voltou à realidade e olhou para o telefone. Era sua avó quem ligava, perguntando onde ela estava. Luiza respondeu: — Vó, o Miguel se machucou, ele está passando por uma cirurgia agora. Estou esperando aqui. — Ele se feriu para salvar o Felipinho? — Perguntou a avó, com a voz preocupada. — Sim. Melissa ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Então fique aí cuidando disso. Nós estamos aqui com o Felipinho. Quando ele acordar, eu te ligo. — Certo. — Luiza concordou. Ao desligar, ela olhou para Eduardo, que estava ao seu lado com um
Luiza não compreendeu muito bem as palavras do médico e, após um momento de hesitação, perguntou: — A cirurgia foi bem-sucedida? — Sim, foi um sucesso. O paciente já está fora de perigo. — Respondeu o médico. Luiza quase perdeu o equilíbrio, estendendo a mão para se apoiar na parede. Felizmente, a cirurgia tinha sido bem-sucedida. A tensão avassaladora que a consumia começou a se dissipar, e seu coração, que parecia ter sido esvaziado, lentamente voltou a bater... Ela sempre acreditou que havia perdido a fé no casamento, que não queria mais estar com ele. Mas hoje, ao vê-lo gravemente ferido na sala de cirurgia, percebeu que, na verdade, ainda tinha sentimentos por ele. Ela estava aterrorizada. Temia que ele morresse, que nunca mais pudesse vê-lo novamente. Por isso, quando ouviu o médico dizer que ele estava bem, sentiu como se tivesse renascido. No fundo, ela ainda se importava muito com ele... Com a mente um tanto confusa, Luiza involuntariamente se lembrou do
— Por que você acordou? — Luiza ficou um pouco chocada. — Você não estava sob efeito de anestesia? — Foi anestesia local no braço. Luiza arregalou os olhos, surpresa. — Então, quer dizer que você estava acordado o tempo todo? — Sim. Ele sabia que ela tinha chorado e segurado a mão dele? A mente de Luiza ficou confusa. — E por que você não disse nada? — Quando saí da sala de cirurgia, eu estava exausto, então fechei os olhos, mas, de alguma forma, percebia que alguém estava segurando minha mão. Era você, né... — Miguel abriu os olhos e, ao ver que era ela, ficou visivelmente feliz. Isso mostrava que ela se importava com ele. Luiza, no entanto, parecia desconfortável. Respondeu, um pouco emburrada: — Você deveria ter dito alguma coisa. — Eu já disse, eu não tinha forças. — Ao salvar Felipinho, ele havia usado toda a energia que tinha e agora estava completamente esgotado. Luiza percebeu a exaustão dele e decidiu não insistir. Com os olhos vermelhos, disse suavemente
Ao pensar nisso, sua expressão suavizou bastante, e ele voltou a olhar para Luiza. — Como está o machucado na sua mão? Ainda dói? Ele passou de um tom sombrio para uma doçura repentina. Luiza olhou para o rosto dele com cautela e respondeu: — Está melhor. Era um momento crucial, e Luiza não queria provocá-lo, para evitar apanhar novamente. Se fosse ferida, talvez nem conseguisse escapar quando tivesse a chance. Theo ficou encarando ela por um longo tempo, algo se movendo no fundo de seus olhos, e então passou o braço ao redor dela. Luiza, temendo que ele levantasse o cobertor, rapidamente pressionou o celular escondido com a perna. — Luiza. — Theo a puxou para os braços. O corpo de Luiza ficou tenso como uma pedra. Ele apoiou a cabeça sobre a dela e falou suavemente: — Eu vou compensar o casamento que te prometi. Luiza permaneceu em silêncio. — Assim que eu terminar os assuntos recentes, nós poderemos ficar juntos. — Theo fez uma pausa e continuou. — Sobre o q
[Já pensei em uma forma de salvar você. Tenha paciência e espere.] Miguel pediu que ela ficasse tranquila e aguardasse. Mas Luiza não conseguia simplesmente esperar sem entender o que estava acontecendo. Ela respondeu à mensagem: [Que forma?] Ela não ousava fazer uma ligação, com medo de que as pessoas do lado de fora ouvissem. Miguel respondeu: [Ofereci trezentos milhões como resgate para salvá-la. O General Uéliton é um homem que só pensa em dinheiro, com certeza ficará tentado e convencerá Theo a libertá-la. Caso ele não aceite, o General Uéliton ficará insatisfeito com ele.] Luiza achou a ideia brilhante. "Mas sair assim, não seria como deixar o Theo escapar novamente?" Ele fez tantas coisas ruins e, ainda assim, continuaria vivendo tranquilamente no País Y? Então, todo o esforço deles até agora teria sido em vão? Ela respondeu: [Vamos simplesmente deixar o Theo escapar assim?] [Você está no quartel da Brigada do Norte agora. Não temos como agir contra o Theo por
Luiza fez uma expressão de resignação, pegou a comida das mãos dele e disse: — Eu mesma vou comer. Theo não respondeu nada, se sentou no sofá ao lado e ficou observando-a. Aquela mulher despertava nele sentimentos contraditórios: amor e ódio. Mas, quando cogitava deixá-la, sentia que simplesmente não conseguia. Ele sabia que deveria se desprender, mas algo nele o impedia de soltá-la. Depois de um momento de silêncio, ele falou: — Luiza, podemos parar com isso, por favor? Luiza, enquanto comia, lançou um olhar rápido para ele. Theo continuou: — Vamos parar de brigar o tempo todo. Podemos tentar nos dar bem? Finja que... Que eu estou tentando compensar o que fiz com você antes. A partir de agora, prometo cuidar bem de você, tudo bem? Luiza o encarava em silêncio. Ele sustentou o olhar, até que, depois de alguns segundos, acrescentou: — O que fiz com você antes... Eu não tive escolha. Se houvesse outra saída, nunca teria te usado... Theo a observava, visivelmente e
[Eu sei.] Foi Miguel quem respondeu! As mãos de Luiza tremiam violentamente; Miguel havia respondido, ele sabia que era ela. Ela olhou para o horário da resposta: tinha sido há duas horas... Luiza calculou o tempo: duas horas atrás, isso foi durante aquele caos de combate. Ainda não era possível confirmar se Miguel estava em segurança. Luiza imediatamente enxugou as lágrimas e respondeu: [Miguel, você está bem?] Depois de enviar a mensagem, ela ficou esperando, o coração apertado e as mãos ainda trêmulas. Estava com medo de que ele não respondesse, medo de que algo tivesse acontecido com ele... Quando ela já não aguentava mais o silêncio, o celular vibrou várias vezes seguidas. Uma série de mensagens chegou apressadamente. Miguel respondeu: [Estou bem.] Logo em seguida, Miguel enviou outra mensagem: [Luiza, onde você está agora?] Eles estavam procurando por ela. Mas onde ela estava? Nem Luiza sabia. Quando chegou ali, estava inconsciente e não fazia ideia de o
Giovana estava prestes a falar quando uma empregada entrou dizendo: — Presidente Theo, a senhorita que o senhor trouxe já acordou. Ela está insistindo para ir embora. Theo franziu as sobrancelhas, e Giovana imediatamente disse: — Presidente Theo, vá ver a Srta. Luiza. Parece que ela se machucou há pouco. Ao ouvir que Luiza estava machucada, a expressão de Theo se tornou ansiosa, e ele saiu apressado. O rosto de Giovana ficou abatido. Ela também estava ferida, mas Theo mal se importava. Já se Luiza estivesse machucada, ele parecia querer voar até ela imediatamente. O tratamento era claramente diferente. ... No quarto. Luiza estava insistindo em sair dali. Duas empregadas seguravam seus braços, mas ela, ignorando os ferimentos no próprio corpo, lutava sem parar. — Me soltem agora! Ela precisava voltar para Miguel. Havia desmaiado há pouco e não sabia de nada. Estava aterrorizada com a possibilidade de Miguel estar em perigo. Mesmo que fosse morrer, queria morrer
— Foi a própria Luiza quem disse. Ela falou que, depois que eu me casasse com ela, viveríamos juntos tranquilamente. — É mesmo? — Miguel curvou os lábios num leve sorriso. — Eu não acredito. Luiza já havia se reconciliado com ele, e ainda havia Felipinho. Miguel não acreditava que Luiza realmente quisesse ficar com Theo. Theo havia cometido tantas atrocidades. Mesmo que Luiza tivesse concordado em ficar com ele, provavelmente era apenas uma estratégia temporária, talvez... Para ganhar tempo até que ele pudesse resgatá-la. Com esse pensamento, Miguel desviou o olhar para o lado, na direção de Uéliton, e disse: — General Uéliton, invadi sua festa de aniversário de casamento hoje por um motivo principal: O Theo sequestrou minha esposa, e eu vim resgatá-la. Não tive a intenção de desrespeitá-lo. Quanto aos danos causados ao hotel, eu posso pagar por tudo. O hotel era uma propriedade de Uéliton. Quando Miguel mencionou a compensação, Uéliton ficou visivelmente tentado. No enta
Enquanto os três desciam as escadas, um estrondo repentino ecoou ao lado deles. Um dos seguranças que escoltavam Luiza caiu no chão. Tinha sido atingido por uma bala! Luiza ficou aterrorizada. Antes que pudesse reagir, outro segurança ao seu lado também foi baleado, caindo em uma poça de sangue. Os olhos de Luiza se arregalaram. No instante seguinte, uma mão firme agarrou seu braço. Quando viu o rosto da pessoa, um frio percorreu todo o seu corpo. Era Theo. Ele era o responsável pelos disparos que haviam atingido os dois seguranças. — Quem mandou você sair do salão de festas? — Theo disse com um olhar sombrio, enquanto a puxava rapidamente para baixo. Luiza não sabia o que dizer. Ela sabia que as pessoas que estavam ali para resgatá-la eram de Miguel. Era para ele que ela deveria correr. Mas, se tentasse fugir naquele momento, será que Theo, irritado, atiraria nela? No fim, Luiza não teve coragem de arriscar. Permitiu que Theo a puxasse escada abaixo. Em meio à
Isso era algo que jamais poderia ser apagado. Theo também entendia isso, então apenas acenou com a cabeça: — Deixa para lá. O que passou, passou. Vamos considerar que estamos quites. Além disso, viver aqui não é tão ruim assim para mim. O ambiente é perigoso, mas, de certa forma, acaba sendo favorável. Com isso, a conversa entre os dois chegou ao fim, e o banquete começou. O General Uéliton subiu ao palco com uma taça de vinho em mãos e iniciou um discurso. Logo em seguida, chamou Theo para se juntar a ele no palco. Os dois brindaram e trocaram algumas palavras que Luiza não conseguiu entender. Enquanto isso, os olhos dela vagavam em direção à porta do salão. Assim que percebeu que o olhar de Theo estava distante, sem prestar atenção nela, Luiza saiu discretamente. Ao sair do salão, se deparou com soldados armados por todos os lados. Luiza sabia que, naquela situação, seria melhor não correr. Se tentasse, poderia levar um tiro na cabeça a qualquer momento. Ela seguiu cal
Luiza deixou os olhos brilharem levemente, mas logo se lembrou de que estava fingindo fragilidade. Então, perguntou suavemente: — Posso sair? — Hoje à noite é o décimo aniversário de casamento do General Uéliton e da esposa dele. Ele me convidou para uma festa no hotel. Se você quiser sair um pouco, posso levá-la comigo. — Pode ser. — Luiza não se atreveu a parecer muito animada e respondeu calmamente. Theo sorriu: — Falando em sair, você não está se sentindo mal, né? — Já disse que foi só algo que comi de errado, agora já estou bem. — Luiza temia que ele percebesse algo, então ainda esfregou o estômago como se nada tivesse acontecido. Theo a observou por um instante e, de repente, estendeu a mão para massagear sua barriga. Luiza ficou completamente rígida, mas não ousou detê-lo. Ela sabia que poderia sair naquela noite e precisava aproveitar essa oportunidade. Mesmo que não conseguisse fugir, ao menos precisava enviar uma mensagem. Depois de descansar, Theo pediu que