Naquele momento, o responsável pelo parque também chegou. Ao ver que Luiza estava ferida, ele se curvou imediatamente e pediu desculpas, se comprometendo a arcar com todos os custos médicos.Miguel, com o rosto frio, questionou:— Por que uma bicicleta quebrada foi deixada aqui?O responsável explicou que a bicicleta havia quebrado naquele dia e estava ali esperando para ser retirada, mas não foi possível fazer isso a tempo, e Luiza acabou se deparando com ela.Miguel ignorou as explicações e, com a voz gélida, disse:— Equipamentos quebrados não deveriam estar ao alcance dos visitantes. Isso é negligência.Embora o que ele dissesse fosse verdade, Luiza sentia que também tinha responsabilidade pelo ocorrido. Se ela não tivesse subido na bicicleta, o acidente não teria acontecido.Ela segurou a mão de Miguel e disse:— Deixa para lá. Eles deixaram o equipamento ali sem intenção de causar problemas. A culpa não é só deles.— Um equipamento quebrado, deixado sem supervisão, e ainda por ci
O coração dela pareceu aquecer junto.Talvez fosse porque agora estava machucada, com o coração mais frágil. Ou talvez tivesse se lembrado das vezes em que ele a salvou sem hesitar. Olhando para ele, com o olhar um pouco perdido, ela perguntou:— A perna... Ficou com alguma sequela?Ela nunca tinha perguntado isso a ele depois do acidente. Diziam que, quando a lesão era muito grave, a dor podia voltar nas trocas de estação.Ao ver a preocupação no olhar dela, ele respondeu em voz baixa:— Um pouco. O osso ficou meio deslocado.— Dói no dia a dia? — Luiza perguntou imediatamente.Ele esboçou um leve sorriso.— Se eu ficar muito tempo em pé, talvez incomode um pouco.— E na troca de estação? É como dizem na internet, que fica muito dolorido e desconfortável?— Parece que não. — Olhando para o rosto delicado dela, ele sorriu e disse. — Talvez seja porque eu ainda sou jovem.— Ainda é jovem? — Luiza não concordou com essa e retrucou sem pensar. — Você já tem 34 anos.Ao mencionar a idade,
Quando acordou novamente, já tinham se passado duas horas.Luiza abriu os olhos lentamente e viu Miguel usando uma toalha para envolver uma nova bolsa de gelo, que ele colocou em seu tornozelo machucado. Na outra mão, ele segurava o celular dela.Luiza ficou um pouco confusa e, quando estava prestes a perguntar por que ele estava com o celular dela, ouviu Miguel dizer para a pessoa do outro lado da linha:— Vovó, a Luiza está dormindo. Ela está bem. O médico recomendou que ela descançasse aqui, então vocês não precisam se preocupar.— Muito obrigada por cuidar dela. — Agradeceu Melissa.Miguel sorriu levemente.— É o mínimo que posso fazer, vovó. Não precisam vir aqui, apenas cuidem do Felipinho.Do ângulo em que Luiza estava, ela conseguia ver perfeitamente o perfil dele, iluminado pelo pôr do sol. Na verdade, Felipinho se parecia muito com ele. Bonito e charmoso, ela ficou olhando para o rosto de Miguel e, sem perceber, se perdeu em pensamentos.Miguel desligou o telefone, olhou para
Miguel abaixou a cabeça e deu de cara com a testa bonita e o nariz delicado dela, e logo abaixo estavam seus lábios rosados.Ele não pôde evitar lembrar de todas as vezes que a beijava; seus lábios eram tão macios quanto uma gelatina doce.Pensando nisso, sua garganta secou, e as mãos que a seguravam começaram a esquentar sem motivo aparente.Sua temperatura aumentou, e ela também pôde sentir. As mãos dele, pousadas em sua cintura, pareciam estar queimando como ferro em brasa.O rosto dela corou inexplicavelmente.No estacionamento, Miguel abriu a porta do passageiro e a acomodou no assento. Sem saber como, acabou dando um beijo em sua bochecha.Era macio.Ambos ficaram surpresos.Luiza olhou para ele.Miguel disse:— Desculpa, não foi intencional.Luiza não respondeu, ajeitou as pernas, e de repente uma mão se estendeu em sua direção. Ela se assustou e olhou para ele.— O que você está fazendo?— Vou colocar o cinto de segurança em você. — Respondeu Miguel, passando a longa mão pelo c
Luiza disse:— Não foi nada, o médico falou que foi só uma distensão de ligamento. É só fazer compressas de gelo por dois dias e repousar por umas duas semanas que vai ficar tudo bem.— Então, você não vai poder sair de casa nesses dias? — Priscila perguntou.Luiza assentiu:— Se puder, é melhor não sair. Mas se precisar, posso usar muletas ou uma cadeira de rodas.— Se machucou a perna, é melhor ficar em casa descansando. — Melissa deu um tapinha na mão de Luiza. — Quanto ao seu pai, já mandei aquela empregada chamada Larissa para cuidar dele. Ela é bem eficiente, então você pode ficar tranquila e descansar em casa. Quando melhorar, poderá ver seu pai.— A Larissa já chegou ao País R? — Luiza perguntou.Melissa fez que sim com a cabeça:— Sim, o assistente a trouxe esta tarde. Eu a observei, e, realmente, ela parece boa, então a mandei para cuidar do seu pai.Com Larissa cuidando do pai, Luiza ficou mais tranquila. Afinal, ele estava em um centro de reabilitação, e era mais seguro ter
— Ué, você até que se importa com as aparências, hein?— Claro, eu sou o "Felipinho, o estiloso"! — Felipinho resmungou, com uma expressão de orgulho.Luiza não conseguiu segurar o riso; o garotinho era realmente adorável.— Felipinho, o que você está fazendo aqui? Hora de comer, desça logo para jantar com a tia. — Priscila, que não encontrou Felipinho no andar de baixo, subiu para procurá-lo e o encontrou no quarto de Luiza.— Estou conversando com a mamãe. — Felipinho respondeu.Priscila disse:— Sua mãe machucou o pé, então não a incomode. Deixe ela descansar bem hoje à noite, tá bom?— Tudo bem. — Felipinho pulou da cama.— Que menino bom você é, Felipinho. — Priscila o elogiou, segurando sua mão, e acrescentou. — Sua mamãe está machucada hoje, então talvez não consiga dormir com você hoje à noite. Não queremos que você acabe chutando o pé dela sem querer. Que tal você dormir com a Maria hoje?— Dormir com a Maria? — Felipinho ouviu isso e seus olhos brilharam.Priscila assentiu.—
Miguel respirou fundo, envolveu a cintura fina dela e murmurou com voz rouca. — Não se mexa tanto, cuidado com seu pé.— Se não, o que eu faço? — Luiza corou. Naquela posição, de frente um para o outro, tão próximos, podiam sentir a respiração um do outro. A atmosfera ficou inexplicavelmente carregada de um certo clima.Miguel olhou para o rostinho ligeiramente corado dela. — Está nervosa?"E como não estaria?" Estavam tão próximos que era impossível não se sentir constrangida. Luiza virou o rosto. — Você não acha que isso é errado?— Errado por quê?— Somos apenas amigos.— Mas já fomos casados. — Disse Miguel. — E muito apaixonados.Luiza sentiu que ele estava provocando ela. Ela queria rebater, mas não tinha argumentos. De fato, eles já tinham tido uma relação muito boa. Se não fosse por tantos mal-entendidos, talvez agora já teriam dois filhos.Depois de pensar muito, ela só conseguiu dizer: — Descanse, eu vou dormir.— Depois de acordar, como é que vai dormir de n
Ela pulou em uma perna só para fora do banheiro e estava prestes a bater na porta quando esta se abriu.O corpo ereto de Miguel apareceu à sua frente.Peito musculoso, pernas longas, aquele "V" irresistível...O mais impressionante era que ele não estava vestido...O rosto de Luiza ficou imediatamente vermelho.— Por que você não está usando roupa?— Estou tomando banho, como iria usar roupa? — Miguel percebeu o rosto corado dela e sorriu levemente. — Estava justamente pensando em dizer que você, com a perna machucada, não precisava pegar nada, que eu mesmo sairia para buscar, mas aí você apareceu.Luiza ficou sem graça, pensando: "Se você sair sem roupa, aí é que eu fico ainda mais envergonhada."Distraída, a toalha em sua mão foi puxada de repente.Ela reagiu instintivamente e segurou a toalha antes que ele a tirasse completamente.— O que foi? Ainda não viu o suficiente? Quer que eu fique assim para você ver mais? — Miguel arqueou uma sobrancelha, a voz rouca.Seu olhar era profundo
Ao ver o rostinho pálido de Felipinho, Luiza não conseguiu conter a dor no coração. Felipinho tinha pouco mais de três anos, mas, por causa de Theo, já havia passado por tantos eventos seguidos. Ela estava profundamente arrependida. Sentia pena do Felipinho, e odiava o Theo. O odiava com toda a sua alma! Enquanto assistia ao noticiário, completamente absorta, seu celular foi subitamente arrancado de sua mão. Ao levantar os olhos, viu que quem tinha pegado o aparelho era Theo. Ele jogou o celular de volta para Giovana e, com um rosto impassível, disse: — Já chega. Vamos comer. No dia seguinte, o navio atracou. Luiza finalmente saiu daquele porão escuro e sombrio. Ao sentir o brilho do sol pela primeira vez, ficou um pouco desconfortável e apertou os olhos. Ao olhar ao redor, viu um mar azul e um país completamente desconhecido... As placas ao redor estavam escritas em um idioma que ela não conseguia entender. No entanto, deduziu que aquele era um país quente e com ce
Ele falava, mas Luiza não olhava para ele. Theo ficou irritado e segurou o queixo dela com força, forçando ela a virar o rosto e encará-lo. — Sabe de uma coisa? Eu fui bondoso demais com você. Se, na época em que você estava grávida do Felipinho, eu tivesse sido mais firme, ele nem teria nascido. Luiza ficou atônita por um momento e, furiosa, retrucou: — Theo, você é um monstro! — Não existe homem que aceite sua mulher dar à luz o filho de outro homem. Mas por que, no final, eu aceitei? Porque eu vi o quanto você queria esse filho, vi o quanto você se esforçou para tê-lo. Então, no fim, não fiz nada contra ele. Eu aceitei. Sei que te magoei, mas pensei em passar o resto da minha vida te compensando. — Eu não preciso disso. — Luiza respondeu, palavra por palavra. — Nunca gostei de você. Ele ficou impassível. — E daí? Agora você está nas minhas mãos. Não tem como fugir. — Tanto faz. — Luiza sorriu friamente, os lábios curvados com indiferença. — Minha família morreu, e
Luiza olhou para ele, sem dizer uma palavra. — Você acha que, deixando de comer, vai me fazer sentir pena de você? — Theo perguntou com o rosto frio. Luiza sorriu com indiferença. — Não. Eu não me rebaixo a esse tipo de artimanha, porque simplesmente não me dou ao trabalho de agradar você. Theo encarou aquele rosto frio e sorriu levemente. — Ótimo. Você não quer me agradar? Então fique aqui e morra de fome, por mim tanto faz. Luiza deu um sorriso desolado e se deitou novamente na cama. Ela já havia decidido: se algo acontecesse com sua família, ela não teria mais vontade de viver. Theo podia mantê-la presa, mas, se ela desistisse da própria vida, não haveria nada que ele pudesse fazer. Com o rosto carregado, Theo saiu do quarto. Na manhã seguinte, por volta das nove, Luiza ainda se recusava a comer. Theo estava ouvindo Giovana falar sobre os assuntos no País R quando Laís veio reportar: — Sr. Theo, a Srta. Luiza ainda não quis tomar o café da manhã. Ela trouxe
Nos olhos dela, aquele homem era frio como gelo, com um sorriso gélido nos lábios. Ele disse suavemente: — Este é o preço por não me obedecer. As pupilas de Luiza se dilataram levemente. Theo continuou: — Eu te dei uma chance naquela época. Te chamei para me encontrar várias vezes, mas você ignorou. Achou que eu, mesmo em apuros, não teria como te capturar? Pois bem, mesmo que eu morra, vou te levar comigo... Luiza ficou atônita, a raiva tomando conta de seu coração. Ela levantou a mão, tentando acertá-lo no rosto. — Desgraçado! Mas não conseguiu. Theo segurou seu pulso e o torceu para trás. Ele a olhou friamente, sem nenhum traço de emoção: — Eu já te dei oportunidades no passado, mas você não as aproveitou. Agora, não há mais chance... Com a dor, Luiza franziu as sobrancelhas e lançou um olhar furioso para ele: — Você é um desgraçado! — Você está certa. Sou mesmo um desgraçado. — Ele nem sequer usava mais os óculos, não se importando em manter uma aparência civi
Theo estava sentado no sofá, o olhar frio como uma lâmina de gelo cravado nas marcas de mordida no pescoço dela. Seus olhos semicerrados estavam carregados de rancor e cobiça. — De onde vieram essas marcas no seu pescoço? Luiza ficou sem palavras. Abriu a boca, mas conseguiu pronunciar apenas uma frase: — Você... Não está morto? — Você acha que eu morreria tão facilmente? — Theo soltou uma risada sarcástica. — Mas as notícias diziam... Que você tinha se enforcado na prisão! — Se eu não tivesse forjado aquela notícia, como poderia sair da prisão? — Ele sorriu com frieza. Então era isso! As notícias sobre a prisão nas Américas eram falsas, apenas uma encenação para enganar o público. Na verdade, Theo havia escapado como um verdadeiro mestre da fuga! "Não era de se estranhar que tudo tivesse parecido tão conveniente. Um homem tão calculista como ele nunca deixaria de ter uma rota de fuga preparada." Enquanto Luiza refletia sobre isso, Theo se levantou abruptamente e agar
Luiza, sem escolha, caminhou até a entrada do elevador e disse: — Pode ficar por aqui. Eu vou subir sozinha. Volte para casa, eu também já estou indo. — Vou esperar o elevador chegar. — Ele não tinha intenção de ir embora, seus longos dedos se entrelaçando nos dela. Assim, os dois ficaram de mãos dadas até o elevador chegar, e as portas se abrirem diante deles. Luiza olhou para ele e disse: — O elevador chegou. Eu realmente preciso ir. — Tudo bem. Ele soltou a mão dela, mas permaneceu parado do lado de fora, com o olhar cheio de saudade, fixo nela. O coração de Luiza estava agitado. Mesmo quando as portas do elevador se fecharam completamente, o canto de seus lábios ainda estava levemente curvado em um sorriso. Ao chegar ao estacionamento, ela abriu a porta do carro e jogou sua bolsa para dentro. No momento em que ia entrar no veículo, uma sombra repentina surgiu ao seu lado. Luiza levantou o olhar, alarmada. Uma toalha foi pressionada contra seu nariz e boca, e
Durante o jantar, ele a observava o tempo todo. Luiza abaixou a cabeça para tomar a sopa, desconfortável sob o olhar constante dele. Ergueu os olhos e encontrou os dele: — Por que está me olhando assim? — Quando sua avó e as outras voltam para as Américas? — Miguel perguntou enquanto descascava um camarão e o colocava no prato dela com naturalidade. Luiza olhou para o camarão, esboçou um leve sorriso, não recusou e o levou diretamente à boca: — Devem voltar amanhã. Hoje já cuidaram de toda a bagagem. — E seu pai? — Ele continuou, sem desviar o olhar. — Devo começar a organizar o retorno dele para Valenciana do Rio? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Meu pai vai ficar no País R por enquanto. — Ainda não confia em mim? — Ele perguntou, encarando ela atentamente. Luiza respondeu com serenidade: — Não é isso. Só acho que ainda não está tão seguro. Quero esperar até que tudo esteja resolvido para trazê-lo de volta para Valenciana do Rio. — Você tem med
O olhar de Miguel parecia em chamas. Ele segurou a cintura dela com uma mão, enquanto a outra a puxava para mais perto, beijando cada centímetro de sua pele. Luiza estava tão fraca que parecia derreter como água, pendurada pelo pescoço dele, deixando que ele fizesse o que quisesse... ...Ao entardecer, o celular de Luiza tocou. Ela ouviu o toque familiar e abriu os olhos nos braços de Miguel. Viu que ele estava atendendo o celular dela. — Por que você está atendendo minhas ligações? — Perguntou ele, só então percebendo que sua voz estava rouca. À tarde, ele havia sido tão intenso que ela gritou até ficar sem voz. — Foi o Felipinho quem ligou. Então eu atendi por você. — Respondeu Miguel, segurando ela com um braço enquanto usava a outra mão para atender o telefone. Ele falou de forma preguiçosa com Felipinho, que estava do outro lado da linha. — Sua mãe talvez demore um pouco mais. Podem jantar sem ela, não precisam esperar. — Por que não precisam me esperar? — Luiza perg
— Desta vez, a reconciliação é real, certo? — Miguel perguntou. Luiza franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. — Quero dizer, uma reconciliação de verdade, sem separações no futuro, certo? — Miguel a olhou diretamente nos olhos, sua expressão séria. Sob o olhar intenso dele, Luiza se sentiu desconfortável e, com um leve sorriso irônico, respondeu: — Isso não é garantido. Quem sabe daqui a alguns dias a gente brigue de novo? Miguel franziu a testa, impaciente. — Da sua boca não sai uma palavra boa. Luiza tentou conter o riso, mas antes que pudesse responder, Miguel a surpreendeu com um beijo. Sua voz rouca ecoou em seu ouvido: — Se não fala coisas boas, então vou lavar essa boca. Luiza congelou por um momento. "Esse é o jeito dele de lavar a boca?" Ele até colocou a língua. O beijo de Miguel a deixou sem fôlego. Tentando se recompor, ela colocou a mão no peito dele e perguntou: — Já terminou de lavar? — Não, ainda está muito suja. Precisa de mais lavagens.