Francisco disse:— Conversei com sua avó à tarde e conseguimos fechar um bom preço.— Foi tranquilo?— Tranquilo, já estamos assinando o contrato.Luiza ficou tão feliz que quase soltou um grito, mas antes que pudesse dizer algo, Miguel falou:— Cuidado com o seu pé.Luiza olhou e viu que seu pé estava bem apoiado no travesseiro, sem problema algum.— Meu pé está bem.— Com quem você está conversando, Francisco? Parece tão feliz. — Miguel se aproximou, o rosto bonito com uma expressão fria, claramente insatisfeito.— Quem está aí com você? — Francisco perguntou ao telefone. — É o Miguel?— Sim. — Luiza assentiu.Francisco disse:— Já são mais de oito horas da noite, ele ainda está na sua casa? Pretende passar a noite aí?— Não, daqui a pouco eu faço ele ir embora. — Luiza ignorou Miguel e continuou conversando com Francisco.Miguel franziu a testa, lançando a ela um olhar ressentido.Luiza o ignorou, sem vontade de dar explicações. Afinal, não tinham nenhuma relação, e ela não precisav
— Tá bom. — Desta vez, ele não deu mais desculpas, talvez também porque sabia que não poderia ficar. Se levantou e foi até o banheiro para se trocar.Dez minutos depois, o homem voltou do banheiro já arrumado, com uma presença nobre e radiante.— Estou indo embora. — Disse ele, parando calmamente em frente a ela.Luiza não olhou para ele, apenas soltou um leve murmúrio, encostada no travesseiro.Miguel a observou por um instante, mas acabou saindo, relutante, embora soubesse que não tinha motivo para ficar naquela noite.Ele também temia que, se pressionasse demais, acabaria afastando ela ainda mais.Só depois que Miguel foi embora, Luiza virou a cabeça, olhando fixamente para a porta por onde ele saiu.Quando ele estava ali, ela se incomodava.Mas, quando ele foi embora, de repente sentiu um silêncio incomum, algo desconfortável.Miguel desceu para o primeiro andar.Melissa e Dalila estavam tomando chá, conversando sobre assuntos da empresa.Ao vê-lo descer, Melissa sorriu e perguntou
— Eu... — Ela gemeu inconscientemente.O coração de Miguel apertou, e uma chama intensa subiu dentro dele.Como ele poderia se segurar?Ele abaixou a cabeça de repente e a beijou.Suas línguas se entrelaçaram firmemente; quando ela tentava se afastar, ele a perseguia, beijando ela até que ela ficasse sem fôlego..."O que está acontecendo? Por que está tão quente? E esse cheiro... Por que é tão familiar? Quem é?"Confusa, ela abriu os olhos e viu um rosto belo. O homem segurava seu rosto com as mãos, absorvendo o perfume de seus lábios com carinho.Luiza estremeceu, tentando empurrá-lo, mas ele a envolveu pela cintura, puxando ela para perto, colando ela em seu corpo.Ele segurou sua cabeça e, antes que ela pudesse falar, ele a beijou novamente, com uma intensidade dominadora.A mente de Luiza parecia que ia explodir.Por que eles estavam se beijando?Não, esperem!Por que o Miguel estava no quarto dela?"Ele não foi embora ontem à noite?"Sentindo sua distração, ele mordeu de leve o ca
Ela desviou o olhar, embaraçada, com os olhos baixos, e disse:— Não chegue perto.— Você fica se mexendo e ainda quer que eu não chegue perto? — Miguel abaixou a cabeça e a olhou, com um olhar ardente como fogo, o corpo todo tenso de desejo.Afinal, foi ela quem começou a provocá-lo.— Foi você quem me segurou à força. — Sua voz continha um tom de mágoa. — Se eu não fugisse, teria que ficar parada e deixar você...Ela não conseguiu terminar a frase.Mas Miguel fez questão de perguntar:— Deixar eu fazer o quê?Ela ficou vermelha e disse:— Você sabe.— Assim? — Ele avançou e demonstrou um pouco do que ela queria dizer.Luiza sentiu um arrepio na nuca e se segurou nos ombros dele, dizendo:— Não faça isso.Ela estava tão nervosa que a ponta do nariz estava úmida de suor, e o rosto, todo vermelho, a fazia parecer uma coelhinha assustada.Miguel levantou o queixo dela e a encarou diretamente nos olhos:— Você não quer?— Não quero! — Ela respondeu na mesma hora.— Estamos separados há ta
— Mamãe, você está acordada? — De repente, a voz de Felipinho surgiu à porta.Logo em seguida, a voz de Maria se juntou.— Irmão, será que a tia Luiza ainda está dormindo?— Provavelmente, né? Fique aqui esperando, eu vou entrar para pegar meu brinquedo. — Felipinho respondeu, empurrando a porta.O que ele viu primeiro foi uma pequena sala de estar, e só depois o quarto.Felipinho já tinha entrado na salinha.Luiza levou um susto e abriu os olhos, olhando para Miguel.— O Felipinho chegou. — Ela ainda estava presa nos braços dele, com os olhos um tanto enevoados.Os dois estavam com as roupas desarrumadas; se fossem vistos assim pela criança, não haveria como explicar!— Ele ainda não entrou, por que está tão apressada? — Miguel não parecia nem um pouco nervoso.— Mas eles já estão aqui!— E ainda não entraram no quarto. — Miguel, tranquilo, lançou a ela um olhar e sussurrou. — Quando ele sair, continuamos.O rosto de Luiza ficou vermelho.Continuar o quê?!"Foi só um momento de fraque
— Se eu não dissesse, o Felipinho iria sair? — Ele olhou para ela, provocando. — Ou você quer que ele te veja assim?Ele apontou para os dois debaixo do cobertor.Ambos estavam com as roupas desarrumadas, o que tornava a situação ainda mais constrangedora.Vendo o olhar ameaçador dele, Luiza deu um tapinha em seu braço.— Me solte, meu tornozelo está machucado, e daqui a pouco os empregados vão trazer o café da manhã. Se te virem assim...Antes que ela terminasse de falar, ouviram a voz de Melissa do lado de fora.— Felipinho, bom dia! — Bisavó, vovó Dalila, por que vocês subiram?— Sua mãe machucou o tornozelo, viemos trazer o café da manhã para ela e dar uma olhada. — Dito isso, Melissa e Dalila começaram a entrar.O rosto de Luiza ficou vermelho na mesma hora. Olhando para Miguel, ela murmurou:— Viu? Eu disse que alguém ia aparecer.Miguel não insistiu mais.Com tanta gente ali, ele sabia que o assunto terminava ali por hoje. Soltou ela e arrumou as roupas bagunçadas.Luiza rapida
Os dias foram passando.Assim, uma semana tranquila se passou.Naquela terça-feira, Luiza estava tomando café da manhã quando recebeu uma ligação de Francisco.— Deu problema com aquele terreno.— O Theo teve problemas? — Luiza perguntou, os olhos cheios de entusiasmo.— Sim! — A voz de Francisco tinha um toque de satisfação. — Ele comprou vários terrenos, mas justamente o mais importante, o nosso, ele não conseguiu. Ele se deu mal.Luiza quase pulou de alegria ao ouvir isso.De tão feliz, ela quase caiu para o lado da cama.Por sorte, Miguel agiu rapidamente, se levantando do sofá ao lado da cama e segurando ela pela cintura.A mão larga dele pousou firme na cintura dela.Luiza se virou para olhá-lo.Nos últimos dias, Miguel esteve na mansão da família Amorim cuidando dela.Durante o dia, ele ficava em seu quarto trabalhando, participando de reuniões por vídeo; à noite, dormia no quarto ao lado, e ela não conseguia mandá-lo embora.Luiza acabou se acostumando com a presença dele e já
— Luiza, você consegue ouvir minha voz, não é?A voz de Theo soou de repente, assustando Luiza, que congelou no lugar e parou de tomar seu café.Nesse momento, Theo estava na sacada, segurando o pequeno dispositivo de escuta.— Eu não esperava que o relógio que você me deu tivesse um dispositivo de escuta escondido.O coração de Luiza deu um salto, mas ela não respondeu, pois sabia que Theo não podia ouvir sua voz do outro lado.Theo não se importou com o silêncio dela. Ele já não conseguia entrar em contato com Luiza há muito tempo; eles a tinham protegido tão bem que ele simplesmente não conseguia alcançá-la.Então, sabendo que ela podia ouvi-lo, ele decidiu não destruir o dispositivo de imediato e caminhou até a sacada, garantindo que sua voz fosse ouvida por Luiza.— Não imaginei que você tivesse esses truques. — Theo deu uma risadinha, um tanto surpreso com as manobras de Luiza. — Eu te enganei antes, então você resolveu trair informações internas do meu lado?Se Luiza pudesse fal
Ao pensar nisso, sua expressão suavizou bastante, e ele voltou a olhar para Luiza. — Como está o machucado na sua mão? Ainda dói? Ele passou de um tom sombrio para uma doçura repentina. Luiza olhou para o rosto dele com cautela e respondeu: — Está melhor. Era um momento crucial, e Luiza não queria provocá-lo, para evitar apanhar novamente. Se fosse ferida, talvez nem conseguisse escapar quando tivesse a chance. Theo ficou encarando ela por um longo tempo, algo se movendo no fundo de seus olhos, e então passou o braço ao redor dela. Luiza, temendo que ele levantasse o cobertor, rapidamente pressionou o celular escondido com a perna. — Luiza. — Theo a puxou para os braços. O corpo de Luiza ficou tenso como uma pedra. Ele apoiou a cabeça sobre a dela e falou suavemente: — Eu vou compensar o casamento que te prometi. Luiza permaneceu em silêncio. — Assim que eu terminar os assuntos recentes, nós poderemos ficar juntos. — Theo fez uma pausa e continuou. — Sobre o q
[Já pensei em uma forma de salvar você. Tenha paciência e espere.] Miguel pediu que ela ficasse tranquila e aguardasse. Mas Luiza não conseguia simplesmente esperar sem entender o que estava acontecendo. Ela respondeu à mensagem: [Que forma?] Ela não ousava fazer uma ligação, com medo de que as pessoas do lado de fora ouvissem. Miguel respondeu: [Ofereci trezentos milhões como resgate para salvá-la. O General Uéliton é um homem que só pensa em dinheiro, com certeza ficará tentado e convencerá Theo a libertá-la. Caso ele não aceite, o General Uéliton ficará insatisfeito com ele.] Luiza achou a ideia brilhante. "Mas sair assim, não seria como deixar o Theo escapar novamente?" Ele fez tantas coisas ruins e, ainda assim, continuaria vivendo tranquilamente no País Y? Então, todo o esforço deles até agora teria sido em vão? Ela respondeu: [Vamos simplesmente deixar o Theo escapar assim?] [Você está no quartel da Brigada do Norte agora. Não temos como agir contra o Theo por
Luiza fez uma expressão de resignação, pegou a comida das mãos dele e disse: — Eu mesma vou comer. Theo não respondeu nada, se sentou no sofá ao lado e ficou observando-a. Aquela mulher despertava nele sentimentos contraditórios: amor e ódio. Mas, quando cogitava deixá-la, sentia que simplesmente não conseguia. Ele sabia que deveria se desprender, mas algo nele o impedia de soltá-la. Depois de um momento de silêncio, ele falou: — Luiza, podemos parar com isso, por favor? Luiza, enquanto comia, lançou um olhar rápido para ele. Theo continuou: — Vamos parar de brigar o tempo todo. Podemos tentar nos dar bem? Finja que... Que eu estou tentando compensar o que fiz com você antes. A partir de agora, prometo cuidar bem de você, tudo bem? Luiza o encarava em silêncio. Ele sustentou o olhar, até que, depois de alguns segundos, acrescentou: — O que fiz com você antes... Eu não tive escolha. Se houvesse outra saída, nunca teria te usado... Theo a observava, visivelmente e
[Eu sei.] Foi Miguel quem respondeu! As mãos de Luiza tremiam violentamente; Miguel havia respondido, ele sabia que era ela. Ela olhou para o horário da resposta: tinha sido há duas horas... Luiza calculou o tempo: duas horas atrás, isso foi durante aquele caos de combate. Ainda não era possível confirmar se Miguel estava em segurança. Luiza imediatamente enxugou as lágrimas e respondeu: [Miguel, você está bem?] Depois de enviar a mensagem, ela ficou esperando, o coração apertado e as mãos ainda trêmulas. Estava com medo de que ele não respondesse, medo de que algo tivesse acontecido com ele... Quando ela já não aguentava mais o silêncio, o celular vibrou várias vezes seguidas. Uma série de mensagens chegou apressadamente. Miguel respondeu: [Estou bem.] Logo em seguida, Miguel enviou outra mensagem: [Luiza, onde você está agora?] Eles estavam procurando por ela. Mas onde ela estava? Nem Luiza sabia. Quando chegou ali, estava inconsciente e não fazia ideia de o
Giovana estava prestes a falar quando uma empregada entrou dizendo: — Presidente Theo, a senhorita que o senhor trouxe já acordou. Ela está insistindo para ir embora. Theo franziu as sobrancelhas, e Giovana imediatamente disse: — Presidente Theo, vá ver a Srta. Luiza. Parece que ela se machucou há pouco. Ao ouvir que Luiza estava machucada, a expressão de Theo se tornou ansiosa, e ele saiu apressado. O rosto de Giovana ficou abatido. Ela também estava ferida, mas Theo mal se importava. Já se Luiza estivesse machucada, ele parecia querer voar até ela imediatamente. O tratamento era claramente diferente. ... No quarto. Luiza estava insistindo em sair dali. Duas empregadas seguravam seus braços, mas ela, ignorando os ferimentos no próprio corpo, lutava sem parar. — Me soltem agora! Ela precisava voltar para Miguel. Havia desmaiado há pouco e não sabia de nada. Estava aterrorizada com a possibilidade de Miguel estar em perigo. Mesmo que fosse morrer, queria morrer
— Foi a própria Luiza quem disse. Ela falou que, depois que eu me casasse com ela, viveríamos juntos tranquilamente. — É mesmo? — Miguel curvou os lábios num leve sorriso. — Eu não acredito. Luiza já havia se reconciliado com ele, e ainda havia Felipinho. Miguel não acreditava que Luiza realmente quisesse ficar com Theo. Theo havia cometido tantas atrocidades. Mesmo que Luiza tivesse concordado em ficar com ele, provavelmente era apenas uma estratégia temporária, talvez... Para ganhar tempo até que ele pudesse resgatá-la. Com esse pensamento, Miguel desviou o olhar para o lado, na direção de Uéliton, e disse: — General Uéliton, invadi sua festa de aniversário de casamento hoje por um motivo principal: O Theo sequestrou minha esposa, e eu vim resgatá-la. Não tive a intenção de desrespeitá-lo. Quanto aos danos causados ao hotel, eu posso pagar por tudo. O hotel era uma propriedade de Uéliton. Quando Miguel mencionou a compensação, Uéliton ficou visivelmente tentado. No enta
Enquanto os três desciam as escadas, um estrondo repentino ecoou ao lado deles. Um dos seguranças que escoltavam Luiza caiu no chão. Tinha sido atingido por uma bala! Luiza ficou aterrorizada. Antes que pudesse reagir, outro segurança ao seu lado também foi baleado, caindo em uma poça de sangue. Os olhos de Luiza se arregalaram. No instante seguinte, uma mão firme agarrou seu braço. Quando viu o rosto da pessoa, um frio percorreu todo o seu corpo. Era Theo. Ele era o responsável pelos disparos que haviam atingido os dois seguranças. — Quem mandou você sair do salão de festas? — Theo disse com um olhar sombrio, enquanto a puxava rapidamente para baixo. Luiza não sabia o que dizer. Ela sabia que as pessoas que estavam ali para resgatá-la eram de Miguel. Era para ele que ela deveria correr. Mas, se tentasse fugir naquele momento, será que Theo, irritado, atiraria nela? No fim, Luiza não teve coragem de arriscar. Permitiu que Theo a puxasse escada abaixo. Em meio à
Isso era algo que jamais poderia ser apagado. Theo também entendia isso, então apenas acenou com a cabeça: — Deixa para lá. O que passou, passou. Vamos considerar que estamos quites. Além disso, viver aqui não é tão ruim assim para mim. O ambiente é perigoso, mas, de certa forma, acaba sendo favorável. Com isso, a conversa entre os dois chegou ao fim, e o banquete começou. O General Uéliton subiu ao palco com uma taça de vinho em mãos e iniciou um discurso. Logo em seguida, chamou Theo para se juntar a ele no palco. Os dois brindaram e trocaram algumas palavras que Luiza não conseguiu entender. Enquanto isso, os olhos dela vagavam em direção à porta do salão. Assim que percebeu que o olhar de Theo estava distante, sem prestar atenção nela, Luiza saiu discretamente. Ao sair do salão, se deparou com soldados armados por todos os lados. Luiza sabia que, naquela situação, seria melhor não correr. Se tentasse, poderia levar um tiro na cabeça a qualquer momento. Ela seguiu cal
Luiza deixou os olhos brilharem levemente, mas logo se lembrou de que estava fingindo fragilidade. Então, perguntou suavemente: — Posso sair? — Hoje à noite é o décimo aniversário de casamento do General Uéliton e da esposa dele. Ele me convidou para uma festa no hotel. Se você quiser sair um pouco, posso levá-la comigo. — Pode ser. — Luiza não se atreveu a parecer muito animada e respondeu calmamente. Theo sorriu: — Falando em sair, você não está se sentindo mal, né? — Já disse que foi só algo que comi de errado, agora já estou bem. — Luiza temia que ele percebesse algo, então ainda esfregou o estômago como se nada tivesse acontecido. Theo a observou por um instante e, de repente, estendeu a mão para massagear sua barriga. Luiza ficou completamente rígida, mas não ousou detê-lo. Ela sabia que poderia sair naquela noite e precisava aproveitar essa oportunidade. Mesmo que não conseguisse fugir, ao menos precisava enviar uma mensagem. Depois de descansar, Theo pediu que