_Carolina, acorda!_ abro meus olhos e encontro Mari sentada ao meu lado, olho ao redor e percebo que estou deitada na minha cama.
_o que aconteceu?_ pergunto e ela me ajuda a sentar, sua expressão estava me deixando um pouco nervosa, algumas cenas da noite passada passam pela minha mente e fazem com que a mesma doa ainda mais.
_Carol, você se lembra que desmaiou?_ ela me pergunta e eu afirmo que sim com a cabeça, me lembro que fiquei muito nervosa e acabei desmaiando na cozinha quando a minha mãe descobriu a verdade. Era a única coisa que me lembro da noite anterior_ e você se lembra de mais alguma coisa?_ nego com a cabeça.
_não, não me lembro de mais nada, onde está Luigi?_ olho em volta pelo meu quarto e não encontro a sua bagagem_onde está ele?!
_Carol, tenha calma vou te explicar tudo o que aconteceu enquanto
_filha tem certeza que precisa ir naquela empresa hoje? Tenho certeza que aquela bruxa vai está lá_ minha mãe diz se referindo à Cassandra.Automaticamente olho para o meu italiano gato, ele sabe de quem estamos falando porém não parece se importar, me pergunto se estou fazendo o certo querendo unir ele à megera. Pelo que eu pude perceber, Luigi parecia não se importar de estar longe de Cassandra e nem de ter crescido sem ela por perto._Carolina?_ minha mãe me pergunta novamente chamando a minha atenção, eu estava tão focada em Luigi que até esqueci que estava falando com a minha mãe._sim, eu tenho que ir para resolver algumas coisas no RH_ tive uma conversa com a minha mãe ontem à noite, eu tinha contado a ela como tudo aconteceu, claro, tirando as partes das trepadas. Ela também havia falado com Luig
_decidi que não vou ajudar na sua causa_ digo me sentando na cadeira na frente da mesa da megera._não fale como se eu tivesse pedido a sua ajuda, e como eu disse antes por telefone, vou pedir para os seguranças te expulsarem caso não queira sair da minha sala por vontade própria e começar uma confusão_ ela cruza as mãos e fica me encarando._sim, você não pediu mas sabe muito bem que precisa de mim, porém não sou mais a favor de unir vocês dois, decidi que não vou me meter_ ela me olha como se quisesse me comer viva, ela sempre me olhou dessa forma mas acho que por tocar no seu ponto fraco, ela parece mais ameaçadora agora, porém não me detenho por causa disso.Cara feia para mim é fome!_Carolina, você se acha muito esperta, você acha mesmo que o meu filho vai querer uma perrapa
_porque você está tão estressada?_ meu italiano gato pergunta ao me ver enforcando um ursinho de pelúcia do curso de grávidas._eu briguei com a Mari_ ele tira o ursinho das minhas mãos e o leva para longe de mim antes que eu arranque a sua cabeça._ele não tem culpa_ Luigi diz se referindo ao pobre ursinho e logo depois me abraça por trás beijando a minha bochecha. Eu nunca tinha brigado com Mari por causa de fofoca, até porque ela sempre me contava tudo e nunca escondeu nada.Até agora...Após a minha "reunião" com a megera da Cassandra, Luigi foi me buscar na empresa para irmos pela última vez ao curso de grávidas, seria a nossa última aula antes de voltar para a Itália.Eu já havia contado a verdade para a minha mãe, bom, não foi bem assim que acon
Por mais difícil que seja de acreditar, Carol fez mesmo amizade com a Miranda, elas até trocaram os números de celulares e prometeram ficarem em contato uma com a outra para saber das fofocas.De início achei que fosse mais uma daquelas encenações que as mulheres fazem para não parecerem rudes umas com as outras. Mas não era nada do que eu estava pensando, Carolina conseguiu fazer com que uma rival se tornasse a sua amiga, isso sem usar nenhum truque sujo.Ela é genial, linda e tem algo que atrai as pessoas, não sei explicar direito mas ela cativava de uma forma que, sem que a pessoa percebesse que estava sendo manipulada e facilmente distraída. Isso era algo nato que eu nunca tinha visto em toda a minha vida, até mesmo o Matteo tinha que dar o braço à torcer em relação à essa habilidade de Carolina.
Me levanto da cama, acho que já deveria ser umas duas horas da madrugada, me viro na cama para encontrar a cama improvisada de Luigi vazia.Aonde será que ele está?Bom, a mala dele ainda estava aqui no meu quarto então, sem chances dele ter viajado sem mim e me abandonado no Brasil. Vou à sua procura pela minha casa, ele deveria está em algum lugar, apesar de não querer olhar na sua cara queria me tranquilizar que ele ainda estava aqui perto de mim. Acho que isso é coisa dos hormônios na gravidez.Eu estava tão estressada depois que chegamos do shopping que nem conseguir comer direito, fiquei remexendo a comida no prato e nem dormi direito consegui, tanto que estou agora andando pelo corredor da cozinha para ver se encontro o meu italiano gato.Eu não acredito que ele fez a mesma coisa que a minha mãe fazia quando
_por que você acha que tem algum motivo por trás da minha boa ação?_porque de boas ações o inferno está cheio, então pode começar dizendo o que você quer em troca_ cruzo meu braços acima dos seios e o encaro._não é que eu queira algo em troca, só que seria bom receber pelo menos um beijo de agradecimento_ conheço muito bem Luigi e sei que um beijo pode ocasionar bastante coisa, não quero arriscar perder a aposta mas também não quero ser injusta com ele, afinal de contas ele comprou um shopping para poder me dar esse urso de presente._tudo bem_ vou até ele e ficando na ponta dos pés, dou um selinho na sua boca. O mesmo faz uma careta e cruza os braços._não acho que isso possa me pagar por comprar um shopping_ reviro os olhos e dou outro selinho, ag
Como eu havia imaginado, Matteo ficou me importunando a viagem toda, quando não eram seus comentários desnecessários, eram as tentativas de falar sobre o trabalho com Luigi. Tenho certeza que ele sabia que Luigi não gostava de falar sobre seu trabalho quando estava perto de mim mas mesmo assim ele insistiu até eu perder a paciência e me trancar no quarto.O mesmo quarto em que fiquei quando desmaiei e Luigi me sequestrou com a desculpa de que ia me levar no médico, naquela época eu ainda nem podia imaginar que estava grávida, fiquei fantasiando várias situações sobre Luigi me jogar de fora desse jato.Bons tempos...só que não!Meus pensamentos são todos direcionados para Mariana, nós nunca passando tanto tempo sem nos falar, entretanto esse era um caso raro, ela tinha me escondido algo importante sobre o loiro do banhei
Luigi fica em completo silêncio e eu fecho a porta, a pergunta de Matteo me fez pensar que Luigi ainda gosta da Bárbara e o seu silêncio não me agradou em nada. Mas se ele ainda gosta da ex dele então porque infernos vai me pedir em casamento?Claro, ele vai esperar por ela e se certificar se ela vai querer ou não voltar para ele e então se ela não quiser, a segunda opção aqui será pedida em casamento. Meus olhos se enchem de lágrimas e sou obrigada a tambar a boca para que os soluços não sejam escutado por eles.Me deito na cama e me cubro com o cobertor, preciso tanto da Mari porém não posso contar com ela nesse momento e também não sei se consigo mais confiar nela.Calma Carolina, respira! Ah, malditos hormônios que não me deixam em paz!Ouço o barulho da porta do
- Sério que você usa Cinquenta Tons como um tipo de devocional do sexo? - brinco com o loiro que estendia a mão para me ajudar a levantar do banco. Ainda me sentia fraca pelas risadas e meu estômago suplicava para parar.- Até tu Brutus? - ele recolhe a mão e a estende novamente - sorte sua que sou cavalheiro, senão a deixaria largada aí - duvido muito que ele teria a coragem de fazer isso, Matteo não aparentava ser desse tipo e acho que ele gostava de manter a fama de insensível inabalável.Quase volto a sorrir quando penso nele implorando para me comer, não tinha nada de insensível e muito menos inabalável naquela noite.- Ainda bem que tenho meu bom cavaleiro para me ajudar - seguro sua mão e vamos de mãos dadas para o jardim principal, onde aconteceria o brunch.E era um senhor jardim, não precisava de muita decoração pois, pasmem, existiam muitas ginkgos bilobas. Mais conhecidas como nogueiras-do-japão, espalhadas no imenso jardim com folhas amarelas, quando o vento batia voavam
- Vamos Luigi - digo enlaçando meu braço no dele, levando meu italiano gato para longe de qualquer discussão que poderia acontecer naquele meio. Os gêmeos eram meus preciosos tesouros, bastava ficar alguns segundos olhando aquelas fofuras que toda raiva se dissiparia. Tenho total certeza que eles farão um ótimo trabalho, decretando a paz entre os avós paternos.- Você fica tão sexy quando é mandona - ele elogia e não consigo não ficar convencida disso. Lanço meu melhor olhar sedutor, mordendo levemente o lábio para atrair seu olhos.- Só não vale reclamar quando eu te arrancar do brunch e te arrastar para o... - ele me interrompe com um pigarreio, penso que seja pelos convidados terem chegado mas não era por esse motivo. Até porque os convidados eram os familiares de Luigi.- O engraçado é que se eu dizer isso, sou chamado de pervertido e ninfomaníaco, mas a senhorita pode dizer qualquer imoralidade, não é?- Exatamente, posso tudo e você nada - brinco, sorrindo e quando ele sorri exi
Não tenho um motivo plausível para ficar obcecada nessa história de ter um fantasma ou alguém vestindo branco e passeando pelo castelo, visto que Luigi não tinha encontrado nenhum registro que não seja os nossos ontem á noite. Apesar de nenhuma evidência concreta, a minha intuição de repórter enxerida me alerta para não descartar uma possível manipulação de evidências. Qualquer funcionário poderia muito bem mexer nas câmeras e apagar as últimas filmagens, mas o meu questionamento gira em torno de: quem seria a pessoa por trás? - O que está te incomodando? - tento não parecer surpresa, mas acho que minha expressão me entrega, porque Cassandra solta uma risada. E pelo que presumo ser a primeira vez que a vejo usando um vestido rodado, normalmente seu guarda-roupa se divide em terninhos chiques, conjuntos caros e tubinhos famosos pela sexta do massacre. Chamávamos assim após uma sexta-feira em que aconteceu uma demissão em massa, lembro-me como se fosse hoje, Cassandra passeando pelos c
- Eu juro! - bato meu pé no chão como um tique nervoso e devoro mais uma unha, o que deixa meu italiano preocupado. Ele estica o braço e relutante seguro sua mão, deixando que me leve para seu colo. Afasto um pensamento impuro quando sento-me na sua coxa torneada e acumulo minha mente novamente com teorias.Resultou que passei o dia com os gêmeos e cuidando de Luigi, desisti imediatamente do tuor com Mari quando encostei na testa do meu italiano gato e percebi que ardia em febre. E mesmo contrariado, chamou um médico para me tranquilizar e comprovar que se tratava de uma simples exaustão. Tenho uma parcela de culpa no seu diagnóstico, talvez a brincadeira com a camisa da união tenha lhe causado desgaste e somando a péssima viagem que tivemos com o loiro do banheiro me provocando, piorou seu estado. Admito que se tivesse fechado minha boca, não teria entrado numa discussão de horas com Matteo. Acabei vencendo-o pelo cansaço, é aquela coisa: entre a paz e a razão, talvez sua paz esteja
A surpresa que Luigi tinha prometido a Carolina, na realidade era um convite para um brunch na casa da Nonna. Organizado pela sua irmã, Giulia. Tinha me perguntado mentalmente como conseguira conciliar o trabalho e a organização do brunch tendo um bebê em casa. Mas Luigi logo me tirou a dúvida quando comentou sobre a babá que a irmã contratou. Não sei o porquê presumir que ela fosse ciumenta, acho que Luigi deixa essa impressão sobre todos os Benacci.Pondo meu pé direito para fora do jatinho, agradeço primeiramente aos meus fones de ouvido que me proporcionaram uma viagem tranquila, as ombreiras por me darem o conforto necessário para aguentar a viagem longa e principalmente as pílulas milagrosas que me apagaram por tempo suficiente para não vivenciar o puro caos que foi dentro do jatinho.- Como foi a viagem? - pergunto enquanto seguro a pequenina adormecida nos braços, Luigi me lança um olhar cansado, balançava o pequenino nos braços para fazê-lo adormecer também.- Eles estavam nu
- Posso perguntar, aonde vocês se conheceram? - Tia Maria pergunta, fazendo que vários olhares se aculmulassem divididos entre Matteo e eu. A história continha dois lados, o que a fazia um pouco longa. Ganhando uma autorização para ser o primeiro, inicio contando de relance sobre a minha vida noturna agitada. Oculto partes que envolvem a minha amizade e o início do meu relacionamento com Bárbara, não seria relevante.- Na noite em que conheci Matteo, estava numa boate em Tokyo para me divertir. Eu tinha costume de ignorar as regras feitas pelo meu pai sobre festas e minha segurança. Em minha mentalidade juvenil, ser uma figura pública auxiliaria minha segurança. Quanto mais famoso menos chances de sofrer algum atentado, simplesmente não era um pensamento coerente - não entro em muitos detalhes para não assustar minha sogra e nem menciono que encontrei Matteo após ficar com Bárbara - então, chegado o ponto alto da festa, me afastei para o terraço do prédio em busca de solitude. Não ti
Retiro o que disse sobre esse almoço ser longo e divertido. Agora tinha virado letárgico e torturante. Me sinto como um dos convidados do filme "O menu", onde a tia Maria era o chef maluco que torturava os convidados, no caso Luigi e eu. O almoço estava as mil maravilhas, Luigi agarrado à Carolina como adolescentes apaixonados e eu com minha mão se deliciando da pele macia e arrepiada da minha... ainda não tinha dado um rótulo para Mariana. Tenho que resolver isso o quanto antes.Mas o quero dizer é que eu estava feliz no meu lugar, estava satisfeito onde minha mão pousava e agora não estava mais nada disso. De um momento para outro minha calmaria tinha sido escanteada e morta pela cruel tia Maria. Conseguia até imaginá-la apontando o revólver para o meu conforto e atirando sem pestanejar, dizendo: não sou sua tia.E não estou exagerando, porque sinto o quão tenso e desconfortável está o italiano ao meu lado, ou pior dizendo, dentro da mesma camisa que eu. Sim. Uma maldita camisa imen
- O mesmo que você, pelo visto - respondo para Luigi, que mantinha a cara amarrada.Me atento às pistas praticamente esfregadas em minha cara. Deveria ter suspeitado desde o início do convite da mãe da Carolina. Tia Maria nunca tinha posto confiança em mim e no meu plano, sempre mantivera uma opinião escancarada e um pé atrás. Aceitou a contragosto quando eu a chamava de tia Maria. A senhora não tinha mesmo ido com a minha cara.- Que maravilha, finalmente chegaram! - tia Maria adentra a sala com um avental pendurado no ombro e um sorriso largo de recepção. Desde que chegamos, fomos avisados que a cozinha estava restrita por tempo indeterminado. Roberto havia dito algo sobre sua companheira ser possessiva com sua cozinha em dias especiais. Ela era a chefe da noite e pelo aroma delicioso que invadia a sala de visitas, não quero correr o risco de ser expulso do almoço sem antes provar uma colherada do que estava assando no forno.- Demoramos um pouco porque alguém... - o tom de Luigi to
- Um bom filho a casa retorna - ofereço o dedo do meio como resposta para Will sentado na calçada da rua. Tinha as mãos e parte da roupa de mendigo sujas de terra. Seria muito errado da minha parte perguntar se alguém jogou algumas moedas enquanto cuidava das plantas? Aliás, nunca tinha notado antes os vasos com plantas na frente da casa de Mari e nunca iria notar, porque estavam quase mortas e camufladas na fachada com tinta descascando.- Ótimo que chegou - Mari abre a porta e percebendo minha mala do meu lado, ela entra rapidamente e sai com um rolo de pintura na mão para me entregar.- Você quer que eu pinte a casa?- Não a casa, a fachada - responde com um sorriso.- Agora?- Agora - ela continua sorrindo e retira de trás das costas um balde com tinta branca, pousando do lado oposto da minha mala. E como se não fosse trabalho suficiente, aponta para o candelabro de parede acima da porta, era um daqueles antigos estilo pescoço de ganso americano - e pode trocar a lâmpada?- Esse