_eu sabia que ela não deixaria barato!_consigo ouvir a voz distante de Mari através da ligação.
O sinal era horrível e pela dúvida na cara do homem de bigode engraçado quando lhe perguntei sobre o Wi-Fi, tenho certeza que ele não sabia do que se tratava.
Conto toda a minha noite à Mari, desde a minha chegada até a faxina que fiz no quarto. Mal dormir por causa da minha alergia então resolvi dar uma geral no lugar, eu teria que ficar aqui por uma semana e não custava nada tirar o pó já que nesse lugar não tem nem uma empregada.
Ligação on:
_preciso desligar, tenho que ir rápido tomar banho.
_por que tão rápido? Você vai sair?
_não, só que descobri da pior forma que o banheiro é compartilhado!
_como você descobriu?
_foi ontem de noite quando fui pedir para o homem de bigode engraçado que ele pedisse para a faxineira tirar o pó do quarto, mas aí foi como eu te expliquei antes...
_ele disse que não tinha empregados no hotel e que cada hóspede tinha que cuidar do próprio quarto, foi eu me lembro. Agora eu tô curiosa para saber como você descobriu que o banheiro era compartilhado!
_é uma história muito vergonhosa de se contar!
_conta logo Carolina!
_eu já tava chegando nessa parte quando você me interrompeu!
_conta logo!
_tá bom, tá bom. Depois que o homem de bigode engraçado me explicou algumas coisas do hotel, mesmo eu não tendo entendido quase nada porque não sei italiano eu perguntei sobre o banheiro, ele me mostrou a direção e não disse mais nada..._ faço uma pausa me lembrando do constrangimento da noite passada.
_continua!
_eu entrei para fazer xixi, mas bateu uma vontade de fazer o número dois.
_já sei, o "negócio" ficou preso no vasso?
_não, pior! Surgiu uma peste de uma criança. O menino pequeno escancarou a porta do banheiro, como o banheiro é pequeno a privada ficava de frente para a porta, tinha algumas pessoas passando no corredor na hora e me viram sentada na privada. Lembrando que o banheiro ficava no térreo! Perto da portaria!
_e você não fechou a porta?_Mari diz tentando abafar a risada.
_eu tentei! Mas aquela porcaria emperrou de alguma forma, fiquei tentando fechar a porta até ver a peste do menino que escangalhou com ela. O pior é que ele não estava sozinho!
_quem estava com ele? Não me diga que ele chamou outros meninos para ter ver sentada na privada!_ela disse entre risos.
_não, pior! Quem estava com ele era um homem lindo, alto, loiro, vestindo um terno todo de preto, ele tinha um cabelo curto e seus olhos eram azuis da cor do mar! Naquele momento eu queria morrer Mariana!
_poxa, na primeira oportunidade de flertar com um italiano gato você quer morrer?_ela diz rindo da minha cara.
_isso não tem graça! Eu morri de vergonha!
_o que aconteceu depois que ele te viu naquela situação?_ ela rir novamente.
_por incrível que pareça, ele se desculpou e fechou a porta do banheiro. Achei ele muito educado e incrivelmente lindo. Quando eu sair do banheiro, corri direto para o quarto com vergonha e com medo de encontrar ele de novo.
Mari não consegue parar de rir da situação vergonhosa que passei, já estou me arrependendo de ter dito isso à ela.
_eu tô comendo o pão que a Cassandra amassou e você fica rindo da minha cara?
_desculpa...é que...não consigo imaginar o quão vergonhosa foi essa cena_ ela consegue dizer antes de cair na risada novamente.
_que seja! Por culpa daquela demônia agora eu tenho ficar numa fila esperando a minha vez de tomar banho. Tenha um bom dia!
Mari tenta falar mas o riso à impede de emitir qualquer palavra.
Ligação off
Olho no relógio e vejo que já são dez horas da manhã, com certeza o café da manhã acabou e o que me resta agora é orar para que a fila do banheiro esteja pequena.
A conversa com Mari não foi nada produtiva, pelo contrário só me fez reviver a vergonha da noite passada. O que poderia me aliviar nesse momento era um bom banho, ando em direção ao banheiro pedindo à Deus para não encontrar com aquele homem bonito.
Não sabia que esse fim de mundo tinha estrutura para hospedar gente tão bonita quanto ele.
Para a minha sorte só tinha duas pessoas na minha frente, uma senhora e um homem com cara de desempregado. Ambos são rápidos no banho e quando estou prestes à entrar vejo Melissa entrar pelo corredor.
_tenho que falar com você_ ela diz friamente, nem parece a mesma pessoa do dia anterior que estava triste por me largar nesse fim de mundo.
_agora?_ pergunto e ela assente com a cabeça_ mas agora é a minha vez!
_problema é seu, tenho que te informar algumas coisas sobre o trabalho que Cassandra me mandou te dizer_ a ríspidez dela só me faz confirmar que todo aquele drama da noite passada não passava de uma encenação. Olho exitante para a fila que se formou atrás de mim e sigo Melissa até o quarto.
Ela vai me pagar!
Mesmo odiando a megera, ela infelizmente ainda era a minha chefe e se ela mencionou sobre o trabalho eu deveria ouvir o que a puxa saco dela tinha a dizer.
Me sento na beira da cama enquanto ela fica em pé diante de mim. Melissa bruscamente j**a uma pasta que estava guardada na bolsa em cima da cama.
_Cassandra mandou que você estudar todos que estão nessa lista_ abro a pasta e leio alguns nomes com fotos ao lado, muitos são famosos e alguns eu nem conheço_ essa é a lista de convidados e ela quer que você decore todos os nomes e rosto dessa pasta até o casamento que vai acontecer na sexta. Hoje ainda é terça-feira, então acho que você vai ter tempo suficiente para decorar de cabo a rabo essa lista.
_espera um pouco, eu não vou sair daqui até sexta?!_ não acredito que a megera quer que eu fique decorando nomes de pessoas que nem conheço ao invés de estar aproveitando meu tempo livre.
_sim, essa é a única tarefa que ela mandou para você e espero que você não seja tão incompetente de não decorar alguns simples nomes_ nesse momento uma cena de mim jogando Melissa pela janela passa pela minha cabeça. E depois outra cena de mim sendo levada pela polícia, não vale apena ser presa por causa dessa vaca.
_e eu não vou poder sair daqui nem para visitar um ponto turístico?!_ estou começando a repensar sobre jogar ela da janela, a prisão da Itália nem deve ser tão ruim assim.
_Cassandra disse que você só poderia sair depois que decorar todos os nomes da lista_ ela revira a bolsa procurando algo e tira de dentro um envelope marrom_ esse dinheiro deve servir para você pegar um táxi para visitar a cidade.
Pego o dinheiro, o envelope é fino e leve. Com certeza ela só me deu o dinheiro da ida faltando o da volta. Cassandra adoraria que eu me perdesse pela Itália e nunca mais voltasse. Concordo que não seria tão mau ideia assim, estar perdida em Roma, mas sem nenhum tostão furado não parece ser um boa idéia.
Melissa me entrega um dicionário italiano antes de ir embora. Eu não sei nem falar, quem dirá ler em italiano!
Me levanto jogando o dicionário na cama, a única coisa que eu tenho que me preocupar agora é com a fila do banheiro, que dele estar enorme agora.
Eu te odeio Cassandra!
Volto para a fila e noto que ela está maior do que quando eu saí, ando para ficar no final da fila e a porta de um dos quarto que fica no mesmo corredor se abre, uma senhora sai de lá correndo e entra na minha frente. Ela reclama sobre eu roubar o lugar dela ou algo parecido, eu não consigo e nem quero entender nada que sai da boca dela. Decido ignorar a velha gritando comigo e deixar ela ficar na minha frente.
Apareceu mais uma para me tirar a paz, que por sinal não tenho.
De volta ao quarto após longas horas em pé na fila para o banheiro visto um roupa leve e me jogou na cama agradecida por ter colocado algumas roupas minhas dentro da mala antes de viajar, seria o cúmulo eu vestir os looks que separei para ficar trancada nesse lugar.
Seguro a pasta em minhas mãos aceitando meu destino, eu teria que decorar todas as pessoas dessa m*****a lista antes de sexta se eu quiser visitar algum ponto turístico.
Vamos Carolina, você consegue garota! Não desanime!
Viro as páginas notando que a maioria é italiano ou de família italiana, muito nomes difíceis de memorizar, principalmente os sobrenomes.
São tudo com itti ou ette no final, como vou decorar tudo isso?
Pego meu laptop e começo a fazer rascunho de uma coluna, eu já possuo nomes, agora só falta imagens e as novidades. E aí que eu me pergunto como vou conseguir informações, será que vou ter que ficar presa no banheiro escutando a conversa dos outros?
Meu Deus por que eu vim trabalhar nessa revista?
Sexta-feiraAssim como a megera da Cassandra junto com a sua puxa saco Melissa planejaram, eu não consegui memorizar todos os nomes da lista e não pude sair para visitar nenhum lugar.Desço para tomar café na força do ódio. Eu não sou uma pessoa muito vingativa, mas dessa vez elas não vão me escapar. Eu só queria que Ítalo não estivesse de férias, ele sim poderia dar um jeito nas duas.Não importa agora Carolina, você precisa se arrumar para o casamento! Deixa a vingança para quando voltar para o Brasil.Diferente dos outros dias, decido tomar um banho bem demorado, não me importa se os outros vão reclamar, não tenho culpa desse fim de mundo ter apenas um banheiro.Lavo primeiro meu cabelo, em seguida hidrato minha pele com um óleo corporal, faço minha skin care bem básica e saio do banheiro com uma toalha na cabeça ao som das reclamações das pessoas que esperavam na fila.
_até que ele não é de se jogar fora_ fico chocada com sua a cara de pau._o que você quer?_entro na frente dele como se pudesse escondê-lo dela.Ele é meu, eu vi primeiro!_eu que deveria está perguntando isso à você!_ué, eu pensava que você não estava aqui para ser minha babá_ respondo._Você quer ser demitida, Carolina? Eu posso agora mesmo ligar para Cassandra e dizer a ela o quando você está aproveitando a festa_ela debocha e estou prestes à levantar a mão para dar um tapa na cara dela._então Carolina é o seu nome_ ele pega minha mão antes que eu a levante e diz baixinho no meu ouvido, sua voz me faz voltar o mesmo transe de antes_peço que não suma da minha vista durante a festa, Carolina_ ele sorri ant
Estando longe dos convidados chegamos aos fundos da propriedade, tudo parece calmo e um pouco escuro, ou seja, o melhor lugar para ficar de pegação.Luigi encosta as costas na parede e eu fico na sua frente, a camisa parece está ainda mais encharcada do que antes e não consigo desviar os olhos daquele tanquinho esculpido._você não tem nenhuma receita de tirar manchas, não é?_ digo forçando a minha atenção para o seu lindo rosto._não mesmo_ ele sorri de forma travessa._ desculpa, eu não queria mesmo te deixar nesse estado_chego mais perto dele e toco sua camisa molhada._eu sei, Carolina_ meu nome sai da sua boca como um pecado e percebo que realmente estamos sozinhos, ninguém nos viu vindo para cá e isso significava uma coisa: sem interrupções._eu n&ati
_é tão fácil te enganar assim?_ ele cobre a boca com a mão tentando abafar a risada.Fico parada tentando processar tudo o que acabou de acontecer, ele estava brincando comigo esse tempo todo? Se ele não fosse tão gato e se eu não estive com tanta vontade de dar para ele, eu lhe daria uma bofetada nesse mesmo segundo._você tá bem?_ ele se aproxima de mim e coloca um das mãos em meu ombro_ você está muito pálida...Luigi é interrompido quando minhas cabeça pende para frente na sua direção e começo a colocar tudo para fora, manchando mais uma vez sua camisa, só que dessa vez não era de vinho.Bem que poderia abrir uma cratera no chão e me engolir agora mesmo. Sinceramente, não sei se fico constrangida por vomitar em um italiano incrivelmente gato, ou se me sinto vingada por vomitar no homem que quase me fez ter um ataque cardíaco. Acho que vou ficar é triste, porque depois
_quem é Cassandra? Eu vou te dizer quem é a megera_ digo olhando para ele que faz uma cara de curiosidade.Estou andando pelas ruas de Roma, com um belo italiano me acompanhando, a luz do luar nos iluminando e nos permitindo ver a bela imagem romântica de Roma durante à noite. E estamos falando da mulher que sempre me maltratou no trabalho e que sem nenhum motivo simplesmente me odeia, não tem como estragar ainda mais essa noite, ou tem?Tem sim, a vida sempre te mostra que sempre pode piorar ainda mais..._Cassandra é um espírito maligno, mais forte e mais velho que o próprio satã, ela venceu o diabo e se apoderou do inferno, tomando forma humana voltou ao mundo mortal para castigar os pequenos e oprimidos pobres como eu_ digo enquanto seguro a mão de Luigi na minha, ele sorri das besteiras que eu falo e isso me faz sentir mais aliviada.Viro meu rosto e fico o olhando fixadamente, que homem lindo eu tenho a
_eu acho que Kai deve me odiar, ainda bem que ele não me conhece, nem sabe meu nome e o melhor, o apelido foi citado na história como que se a equipe tivesse tido a ideia em conjunto_ sorrio sabendo que ele nunca iria saber quem foi a pessoa que lhe deu esse apelido._e você não tem medo de dizer isso para mim?_ vejo que Luigi não dava nenhuma risada ao contrário de mim que mal conseguia falar._por que eu teria? Há, por acaso você é o próprio Kai? O tirano?_ solto outra risada não aguentando mais._e se eu for o próprio?_ ele me olha com uma sobrancelha levantada como se estive me desafiando._não, você não poderia ser ele_ estou tentando recuperar meu fôlego com muita dificuldade. Tenho que manerar, minha barriga ja está começando à doer._e por que eu não poderia ser ele? Até então você nem sabe direito quem eu sou e muito menos o que eu estava fazendo naquele casamento. Eu poderia está dis
Após ambos salvarmos os números um do outro, Luigi vai embora e eu fico naquele fim de mundo sozinha.Estou tão quente, o que esse homem tem para me deixar assim?Decido ir tomar um banho para dissipar o calor dentro de mim, estava me sentindo tão sufocada que seria ótimo um banho bem gelado para me despertar.Aproveito que o banheiro fica no térreo e vou direto para lá, fico feliz em saber que não tem ninguém na fila, também é tarde da noite e não teria uma alma acordada a essa hora para tomar banho.Em pleno silêncio dentro do banheiro decido colocar uma música no celular. Vou até o aplicativo de música e dou o play na minha playlist para tomar banho, quando deito o celular na pia a música para, repito o ato de novo e acontece que a música para novamente. Com certeza a água afetou isso nele...que ódio de Melissa!Na minha última tentativa de colocar uma bendita de uma música para toca
Não consigo dormir e fico me remexendo na cama de um lado para o outro, não tenho sono, a única coisa que consigo fazer é ficar ansiosa pelo encontro com Luigi.Por outro lado, eu deveria ficar preocupada já que estou desempregada novamente, entretanto eu não consigo ficar mais preocupada com isso, é como se tivessem tirado um peso enorme das minhas costas.Sair daquela revista está sendo uma grande benção, nunca mais olhar na cara da megera da Cassandra e nem da sua puxa saco Melissa era por si uma boa notícia, o ruim era a parte em que eu não trabalharia nem com Ítalo e nem com a Mari.Mari...Mari...Mariana! Meu Deus eu esqueci dela!Pego o celular que estava em cima da cômoda e ligo para a minha melhor amiga, ela vai ficar uma fera por eu não ter ligado para fofoca com ela sobre a festa. E principalmente por não ter mandado a foto de Luigi.Por fim, na foto que Luigi tirou minha no espelho dava para aparecer a
- Eu juro! - bato meu pé no chão como um tique nervoso e devoro mais uma unha, o que deixa meu italiano preocupado. Ele estica o braço e relutante seguro sua mão, deixando que me leve para seu colo. Afasto um pensamento impuro quando sento-me na sua coxa torneada e acumulo minha mente novamente com teorias.Resultou que passei o dia com os gêmeos e cuidando de Luigi, desisti imediatamente do tuor com Mari quando encostei na testa do meu italiano gato e percebi que ardia em febre. E mesmo contrariado, chamou um médico para me tranquilizar e comprovar que se tratava de uma simples exaustão. Tenho uma parcela de culpa no seu diagnóstico, talvez a brincadeira com a camisa da união tenha lhe causado desgaste e somando a péssima viagem que tivemos com o loiro do banheiro me provocando, piorou seu estado. Admito que se tivesse fechado minha boca, não teria entrado numa discussão de horas com Matteo. Acabei vencendo-o pelo cansaço, é aquela coisa: entre a paz e a razão, talvez sua paz esteja
A surpresa que Luigi tinha prometido a Carolina, na realidade era um convite para um brunch na casa da Nonna. Organizado pela sua irmã, Giulia. Tinha me perguntado mentalmente como conseguira conciliar o trabalho e a organização do brunch tendo um bebê em casa. Mas Luigi logo me tirou a dúvida quando comentou sobre a babá que a irmã contratou. Não sei o porquê presumir que ela fosse ciumenta, acho que Luigi deixa essa impressão sobre todos os Benacci.Pondo meu pé direito para fora do jatinho, agradeço primeiramente aos meus fones de ouvido que me proporcionaram uma viagem tranquila, as ombreiras por me darem o conforto necessário para aguentar a viagem longa e principalmente as pílulas milagrosas que me apagaram por tempo suficiente para não vivenciar o puro caos que foi dentro do jatinho.- Como foi a viagem? - pergunto enquanto seguro a pequenina adormecida nos braços, Luigi me lança um olhar cansado, balançava o pequenino nos braços para fazê-lo adormecer também.- Eles estavam nu
- Posso perguntar, aonde vocês se conheceram? - Tia Maria pergunta, fazendo que vários olhares se aculmulassem divididos entre Matteo e eu. A história continha dois lados, o que a fazia um pouco longa. Ganhando uma autorização para ser o primeiro, inicio contando de relance sobre a minha vida noturna agitada. Oculto partes que envolvem a minha amizade e o início do meu relacionamento com Bárbara, não seria relevante.- Na noite em que conheci Matteo, estava numa boate em Tokyo para me divertir. Eu tinha costume de ignorar as regras feitas pelo meu pai sobre festas e minha segurança. Em minha mentalidade juvenil, ser uma figura pública auxiliaria minha segurança. Quanto mais famoso menos chances de sofrer algum atentado, simplesmente não era um pensamento coerente - não entro em muitos detalhes para não assustar minha sogra e nem menciono que encontrei Matteo após ficar com Bárbara - então, chegado o ponto alto da festa, me afastei para o terraço do prédio em busca de solitude. Não ti
Retiro o que disse sobre esse almoço ser longo e divertido. Agora tinha virado letárgico e torturante. Me sinto como um dos convidados do filme "O menu", onde a tia Maria era o chef maluco que torturava os convidados, no caso Luigi e eu. O almoço estava as mil maravilhas, Luigi agarrado à Carolina como adolescentes apaixonados e eu com minha mão se deliciando da pele macia e arrepiada da minha... ainda não tinha dado um rótulo para Mariana. Tenho que resolver isso o quanto antes.Mas o quero dizer é que eu estava feliz no meu lugar, estava satisfeito onde minha mão pousava e agora não estava mais nada disso. De um momento para outro minha calmaria tinha sido escanteada e morta pela cruel tia Maria. Conseguia até imaginá-la apontando o revólver para o meu conforto e atirando sem pestanejar, dizendo: não sou sua tia.E não estou exagerando, porque sinto o quão tenso e desconfortável está o italiano ao meu lado, ou pior dizendo, dentro da mesma camisa que eu. Sim. Uma maldita camisa imen
- O mesmo que você, pelo visto - respondo para Luigi, que mantinha a cara amarrada.Me atento às pistas praticamente esfregadas em minha cara. Deveria ter suspeitado desde o início do convite da mãe da Carolina. Tia Maria nunca tinha posto confiança em mim e no meu plano, sempre mantivera uma opinião escancarada e um pé atrás. Aceitou a contragosto quando eu a chamava de tia Maria. A senhora não tinha mesmo ido com a minha cara.- Que maravilha, finalmente chegaram! - tia Maria adentra a sala com um avental pendurado no ombro e um sorriso largo de recepção. Desde que chegamos, fomos avisados que a cozinha estava restrita por tempo indeterminado. Roberto havia dito algo sobre sua companheira ser possessiva com sua cozinha em dias especiais. Ela era a chefe da noite e pelo aroma delicioso que invadia a sala de visitas, não quero correr o risco de ser expulso do almoço sem antes provar uma colherada do que estava assando no forno.- Demoramos um pouco porque alguém... - o tom de Luigi t
- Um bom filho a casa retorna - ofereço o dedo do meio como resposta para Will sentado na calçada da rua. Tinha as mãos e parte da roupa de mendigo sujas de terra. Seria muito errado da minha parte perguntar se alguém jogou algumas moedas enquanto cuidava das plantas? Aliás, nunca tinha notado antes os vasos com plantas na frente da casa de Mari e nunca iria notar, porque estavam quase mortas e camufladas na fachada com tinta descascando.- Ótimo que chegou - Mari abre a porta e percebendo minha mala do meu lado, ela entra rapidamente e sai com um rolo de pintura na mão para me entregar.- Você quer que eu pinte a casa?- Não a casa, a fachada - responde com um sorriso.- Agora?- Agora - ela continua sorrindo e retira de trás das costas um balde com tinta branca, pousando do lado oposto da minha mala. E como se não fosse trabalho suficiente, aponta para o candelabro de parede acima da porta, era um daqueles antigos estilo pescoço de ganso americano - e pode trocar a lâmpada?- Esse
Deveria ter sido mais rápido, deveria tê-la agarrado pelos pulsos e a impedido de entrar no carro com Matteo. Acaso não estaria corroendo de ansiedade na frente da porta do quarto deles. Fico um pouco tranquilo de saber que os gêmeos estão com a mãe da Carolina e não que estão suscetíveis à briga dos dois.Garanto que arrombo a porta se ouvir um "ai" dela ou algo se quebrando. Matteo poderia ser perigoso, porém nunca fora violento com mulheres. Outrora, brincava dizendo que se a polícia ou o FBI fossem espertos, mandavam uma mulher que conseguiriam arrancar qualquer confissão dele na cama. A verdade era que Matteo nunca faria mal á alguma mulher, porém quero acreditar que sua natureza continue a mesma em relação á Carolina. Pelo próprio bem dele.Enquanto a discussão dos dois acontecem, uma música alta se sobressai. Olho para a porta do quarto ao lado, impressioando pela discrepância do contraste. Enquanto os dois acabam o noivado num lado, outro casal faz uma festinha particular no o
- Eu nunca mais quero te ver, nem pintada de ouro, Carolina. Você e Luigi se merecem! - o loiro do banheiro simula bater a porta do quarto, igualmente como fez na porta do provador no Ateliê da Sra. Lafaiete e eu o aplaudo, enxugando uma lágrima imaginária.- Sem dúvidas, cinema! - deixo os aplausos de lado, erguendo a taça de champanhe e ficando de pé em cima da cama e a usando como palco - ladies and gentlemen, indicado ao Globo de Ouro, com indicação de melhor ator coadjuvante e melhor atuação em novela dramática sobre máfia... - o loiro tamborilou os indicadores no carrinho do serviço de quarto repleto de aperitivos - Matteo Donato! - Grazie, grazie! - o loiro do banheiro reverenciava o público inexistente na suíte, sorrindo exagerado enquanto subia em cima da cama. E como uma imitação das premiações normais, retiro o champanhe do balde metálico repleto de gelo e lhe entrego, na ausência de um troféu. Matteo segura-o pelo gargalo, erguendo como se fosse um ator de verdade que est
Não sou nenhum Chico Moedas, mas eu tentei... Tentei o máximo esconder minha preocupação da minha mãe durante o jantar, ri das piadas sem graça de Roberto para disfarçar e nem o chamava mais de encostado. Porém mãe é mãe, elas sabem quando você está escondendo algo. Se algo não lhe é revelado em sonho, elas te olham no fundo dos olhos e identificam o problema em questão de segundos. O tipo de habilidade que almejo ter quando os gêmeos crescerem.Filhos de quem são, não devem permanecer na fase de anjinhos calminhos por muito tempo. Espero estar munida por Luigi quando a fase trelosa iniciar ou senão enlouquecerei.E pela primeira vez na vida, algo inédito acontece, minha mãe não faz perguntas e nem presume nada quando aviso que os gêmeos dormiriam com ela essa noite. Agradeço por ela me dar folga, eu estava muito ansiosa para ouvir a resposta de Giulia e não gostaria de me preocupar em medir palavras ao avisá-la do possível vício de Luigi.Entro dentro do carro, que o loiro do banheir