- E foi isso que aconteceu, essa é toda a verdade que não te contaram, se você quiser acreditar ou não, é um direito seu. Fui sincera ao me abrir e contar essa história para mais outra pessoa que não seja o Matteo - ela diz soltando um suspiro de alívio como se um peso á menos tivesse sido removido das suas costas.
Agora diante de toda a verdade, estava explicado o porquê daquelas palavras da Bárbara quando nos encontramos no banheiro do hospital. Ela também não se dava bem com o Sr.Benacci e pelas palavras dele no início dessa manhã, quando ele me comparou com a Bárbara e com a Amélia, ficou visível que ele odiava qualquer uma que "poderia" roubar seu filho.
Quem sabe depois que Cassandra fugiu num impulso de desespero e deixou o filho e tudo para trás, fez com que o Sr.Benacci abrisse os olhos para a realidade
Saindo do carro e ficando na frente do portão da propriedade dos Benacci, Carolina e eu nos despedirmos da Cassandra, segundo a mesma, ela não entraria dentro da mansão para evitar que haja outro confronto com o Sr. Benacci. Então minha chefe seguiu para o hotel em que tinha se hospedado.Assim que entramos na sala de estar grande repleta de pinturas valiosas e vasos que nem se eu vendesse todos os órgãos do meu corpo no mercado negro conseguiria comprar um, damos de cara com Matteo.Um brilho de esperança surgiu na expressão fria de Carolina quando viu ele parado na frente da lareira. Mantenho a calma enquanto ela andava em passos largos até ele, pela cara de Matteo eu podia saber que a pista que estava seguindo não deu em nada.- Matteo, você conseguiu achar alguma coisa? Conseguiu achar ele? - Carol perguntava ansiosa e Matteo me deu um olhar receoso
E lá estava ela, fugindo novamente pela lateral do jardim da mansão dos Benacci durante a madrugada.No dia depois que vi Mariana fugindo pela primeira vez pelo jardim para ter seu encontro casual escondido, eu fui checar no jardim e descobri que tinha uma passagem lateral que os empregados usavam para levar o lixo para fora, talvez ela tivesse conseguido a chave com uma das empregadas da cozinha ou da faxina, mas isso não importava.O fato era que fazia uma semana que Mari estava escapando de madrugada e pelo que eu percebia, Carolina não sabia de nada assim como Cassandra quando perguntei ocasionalmente durante uma das nossas conversas sobre as buscas por Luigi. Cassandra estava fazendo sua parte ao entrar em contato com seus amigos e aliados para conseguir informações sobre a Bárbara. Uma coisa que não descartamos e temos certeza, era que a irmã mais velha da Raquel estava envolvida no sumi
- Mariana! - ele gritou do corredor me fazendo parar imediatamente e me virar para trás para reclamar.Eu tinha mesmo que mostrar á ele que era de madrugada e todos estávamos dormindo quase no mesmo corredor em que ele está gritando o meu nome? Sério mesmo?- Cala essa boca! - sussurro-grito para ele e um som de maçaneta se abrindo nos deixa em alerta. Antes mesmo de eu pensar numa desculpa razoável para está com Matteo gritando o meu nome no meio do corredor á essa hora da madrugada, o loiro do banheiro me arrasta para dentro de um dos quartos de hóspedes que ficava no outro corredor á direita.Era impressionante o fato de ter tantos quartos e tão poucas pessoas nessa mansão.Eles poderiam abrir um hotel ou pousada nesse lugar!Ficamos em silêncio, prendendo a respiração até ouvir a porta do lado d
Me levanto da cama e ando na ponta dos pés para catar as minhas roupas que foram jogadas no chão. Eu deveria ter ido para o meu quarto quando Matteo adormeceu, porém estava tão boa a posição que nós estávamos deitados que não tive coragem de sair dos seus braços. Hoje de manhã eu teria que torcer para a Carolina não passar no meu quarto e nem esbarrar com alguém quando eu sair do quarto de Matteo.- Você não estava planejando me abandonar depois de passarmos a noite juntos, não né? - me viro para trás encontrando com Matteo sentado na cama, com os lençóis cobrindo a sua nudez e os olhos azuis vidrados em mim - você não seria o tipo de pessoa insensível que me deixaria aqui pelado, enrolado nesses lençóis e iria embora logo depois de pegar as suas roupas e quando nos trombarmos pela casa iria
- Não vai jantar conosco hoje, Matteo? - Giulia pergunta para o italiano que estava pronto para outra viagem, com uma mochila preta e surrada nas costas. Ele havia parado na sala de estar apenas para se despedir de nós e assegurar que mandaria notícias caso encontre algo.- Infelizmente não, preciso ver de perto como anda as buscas por Luigi - ele responde para Giulia passando o olhar em Enrico, que também estava presente no cômodo, e se demorando alguns segundos á mais em mim. Engulo em seco e desvio o olhar, não seria nada bom se todos soubessem da nossa...amizade colorida.Não que houvesse algum impedimento, era apenas pela ocasião fatídica em que todos estamos. Não acho certo ficar de pegação e nem de joguinhos ou provocações na frente dos familiares do noivo da minha amiga que foi sequestrado.V
- Então é aqui o destino das suas escapadas? Com esse cara? - Matteo estava com os braços cruzados e um olhar acusatório furioso em mim.Ele não tinha viajado?!- Eu posso explicar tudo, só peço que você escute e compreenda o motivo de eu ter escondido... - sou interrompida pelo homem brisado do meu lado.- Matteozinho! - ele passa por mim com os braços abertos e abraça o loiro, que logo o empurra para longe - que foi, irmão? Senti sua falta também - como se lembrasse que eu estava ali, se virou e piscou - ele é muito emotivo, só não gosta de demonstrar esse lado.Eles se conhecem? Como? Onde? E principalmente, por quê Matteo o conhecendo e sabendo que é um hacker famoso no ramo não pediu sua ajuda?- Vem, vamos embora, vou te levar para casa e depois penso se quero ouvir sua desculpa - Matteo empurra Will com o ombro e agarra minha mão, me puxando na direção da saída porém eu me livro da sua pegada.- Não, tenho um acordo com ele - me refiro ao cara brisado e sorridente á alguns pass
Okay, talvez não estivesse preparada para ouvir, ou aceitar que um ser humano seria capaz de crescer assim, nesse meio sujo. Temo que Rex trilhe o mesmo caminho ou pior, é quase impossível de não compará-los. Rex assim como Matteo, não possuía família mas a diferença era que matteo tinha sagacidade suficiente para se cuidar e não ser influenciado a se destruir. Diferente do garoto de dezoito anos que entrou no mundo das drogas e sobrevive pela proteção de alguns traficantes a qual servia como informante. Meu coração aperta, ninguém deveria seguir um caminho desses tão jovem. Acredito na mudança, acredito que com ajuda uma pessoa possa se libertar desse meio e principalmente acredito que haja perdão. Mesmo estando nessa vida criminosa desde pequeno, acredito que posso ajudar Matteo. Sua cabeça aprendeu desde menor que não era digno de perdão, de amor fraternal e isso conforme os anos passaram repetindo-se em sua mente, o fez crer que realmente não é digno.Eu poderia muito bem culpá-l
- Não me interessa saber das suas atualizações, não vamos trabalhar com você - Matteo vocifera para Will.- Não me inclua - digo olhando para o loiro ao meu lado e levando minha atenção até o homem de dreadlocks atrás do balcão - e não estamos tendo DR nenhuma, quais são as atualizações? Conseguiu achar alguma pista?- Espera, o que? Vai trabalhar com ele mesmo depois de saber que não é confiável? - ele cruza os braços, ficando na frente do balcão e tampando minha visão do Will.- Não temos mais escolhas, não vou perder mais tempo e nem esperar sentada por você e pelo Sr. Giovanni - digo o nome do pai de Luigi quase num sussurro enquanto enxugo as lágrimas no rosto, seria perigoso falar sobre ele nesse território - Carolina precisa do Luigi, n&
Foi fácil impestar a casa da nonna com baratas para Giulia mudar o local do brunch e era mais fácil subornar empregados com valores exorbitantes, afinal de contas eu não teria com que gastar o resto da pequena fortuna que minha irmã e eu reunimos.Perdemos não somente a família como a fortuna que nossos pais deixaram. Não culpo nossos tios por não saberem administrar tão bem os negócios e com a quantidade de inimigos que nossa família tinha, seria impossível mesmo se tentássemos. Foi difícil para eles, repentinamente cuidar de duas crianças e negócios mafiosos dos quais nem sabiam a existência. Perdemos muito naquela época, entretanto tínhamos uma a outra e eu tinha Luigi.Engraçado pensar em tudo do passado como "nosso", como se Raquel estivesse ainda viva. Minha irmãzinha, minha única família legítima tinha morrido e eu não pude fazer nada. Estava desconfiada desde quando ela tinha me mandado mensagem alertando sobre Luigi estar saindo com uma mulher chamada Carolina. Mesmo que eu n
- Sério que você usa Cinquenta Tons como um tipo de devocional do sexo? - brinco com o loiro que estendia a mão para me ajudar a levantar do banco. Ainda me sentia fraca pelas risadas e meu estômago suplicava para parar.- Até tu Brutus? - ele recolhe a mão e a estende novamente - sorte sua que sou cavalheiro, senão a deixaria largada aí - duvido muito que ele teria a coragem de fazer isso, Matteo não aparentava ser desse tipo e acho que ele gostava de manter a fama de insensível inabalável.Quase volto a sorrir quando penso nele implorando para me comer, não tinha nada de insensível e muito menos inabalável naquela noite.- Ainda bem que tenho meu bom cavaleiro para me ajudar - seguro sua mão e vamos de mãos dadas para o jardim principal, onde aconteceria o brunch.E era um senhor jardim, não precisava de muita decoração pois, pasmem, existiam muitas ginkgos bilobas. Mais conhecidas como nogueiras-do-japão, espalhadas no imenso jardim com folhas amarelas, quando o vento batia voavam
- Vamos Luigi - digo enlaçando meu braço no dele, levando meu italiano gato para longe de qualquer discussão que poderia acontecer naquele meio. Os gêmeos eram meus preciosos tesouros, bastava ficar alguns segundos olhando aquelas fofuras que toda raiva se dissiparia. Tenho total certeza que eles farão um ótimo trabalho, decretando a paz entre os avós paternos.- Você fica tão sexy quando é mandona - ele elogia e não consigo não ficar convencida disso. Lanço meu melhor olhar sedutor, mordendo levemente o lábio para atrair seu olhos.- Só não vale reclamar quando eu te arrancar do brunch e te arrastar para o... - ele me interrompe com um pigarreio, penso que seja pelos convidados terem chegado mas não era por esse motivo. Até porque os convidados eram os familiares de Luigi.- O engraçado é que se eu dizer isso, sou chamado de pervertido e ninfomaníaco, mas a senhorita pode dizer qualquer imoralidade, não é?- Exatamente, posso tudo e você nada - brinco, sorrindo e quando ele sorri exi
Não tenho um motivo plausível para ficar obcecada nessa história de ter um fantasma ou alguém vestindo branco e passeando pelo castelo, visto que Luigi não tinha encontrado nenhum registro que não seja os nossos ontem á noite. Apesar de nenhuma evidência concreta, a minha intuição de repórter enxerida me alerta para não descartar uma possível manipulação de evidências. Qualquer funcionário poderia muito bem mexer nas câmeras e apagar as últimas filmagens, mas o meu questionamento gira em torno de: quem seria a pessoa por trás? - O que está te incomodando? - tento não parecer surpresa, mas acho que minha expressão me entrega, porque Cassandra solta uma risada. E pelo que presumo ser a primeira vez que a vejo usando um vestido rodado, normalmente seu guarda-roupa se divide em terninhos chiques, conjuntos caros e tubinhos famosos pela sexta do massacre. Chamávamos assim após uma sexta-feira em que aconteceu uma demissão em massa, lembro-me como se fosse hoje, Cassandra passeando pelos c
- Eu juro! - bato meu pé no chão como um tique nervoso e devoro mais uma unha, o que deixa meu italiano preocupado. Ele estica o braço e relutante seguro sua mão, deixando que me leve para seu colo. Afasto um pensamento impuro quando sento-me na sua coxa torneada e acumulo minha mente novamente com teorias.Resultou que passei o dia com os gêmeos e cuidando de Luigi, desisti imediatamente do tuor com Mari quando encostei na testa do meu italiano gato e percebi que ardia em febre. E mesmo contrariado, chamou um médico para me tranquilizar e comprovar que se tratava de uma simples exaustão. Tenho uma parcela de culpa no seu diagnóstico, talvez a brincadeira com a camisa da união tenha lhe causado desgaste e somando a péssima viagem que tivemos com o loiro do banheiro me provocando, piorou seu estado. Admito que se tivesse fechado minha boca, não teria entrado numa discussão de horas com Matteo. Acabei vencendo-o pelo cansaço, é aquela coisa: entre a paz e a razão, talvez sua paz esteja
A surpresa que Luigi tinha prometido a Carolina, na realidade era um convite para um brunch na casa da Nonna. Organizado pela sua irmã, Giulia. Tinha me perguntado mentalmente como conseguira conciliar o trabalho e a organização do brunch tendo um bebê em casa. Mas Luigi logo me tirou a dúvida quando comentou sobre a babá que a irmã contratou. Não sei o porquê presumir que ela fosse ciumenta, acho que Luigi deixa essa impressão sobre todos os Benacci.Pondo meu pé direito para fora do jatinho, agradeço primeiramente aos meus fones de ouvido que me proporcionaram uma viagem tranquila, as ombreiras por me darem o conforto necessário para aguentar a viagem longa e principalmente as pílulas milagrosas que me apagaram por tempo suficiente para não vivenciar o puro caos que foi dentro do jatinho.- Como foi a viagem? - pergunto enquanto seguro a pequenina adormecida nos braços, Luigi me lança um olhar cansado, balançava o pequenino nos braços para fazê-lo adormecer também.- Eles estavam nu
- Posso perguntar, aonde vocês se conheceram? - Tia Maria pergunta, fazendo que vários olhares se aculmulassem divididos entre Matteo e eu. A história continha dois lados, o que a fazia um pouco longa. Ganhando uma autorização para ser o primeiro, inicio contando de relance sobre a minha vida noturna agitada. Oculto partes que envolvem a minha amizade e o início do meu relacionamento com Bárbara, não seria relevante.- Na noite em que conheci Matteo, estava numa boate em Tokyo para me divertir. Eu tinha costume de ignorar as regras feitas pelo meu pai sobre festas e minha segurança. Em minha mentalidade juvenil, ser uma figura pública auxiliaria minha segurança. Quanto mais famoso menos chances de sofrer algum atentado, simplesmente não era um pensamento coerente - não entro em muitos detalhes para não assustar minha sogra e nem menciono que encontrei Matteo após ficar com Bárbara - então, chegado o ponto alto da festa, me afastei para o terraço do prédio em busca de solitude. Não ti
Retiro o que disse sobre esse almoço ser longo e divertido. Agora tinha virado letárgico e torturante. Me sinto como um dos convidados do filme "O menu", onde a tia Maria era o chef maluco que torturava os convidados, no caso Luigi e eu. O almoço estava as mil maravilhas, Luigi agarrado à Carolina como adolescentes apaixonados e eu com minha mão se deliciando da pele macia e arrepiada da minha... ainda não tinha dado um rótulo para Mariana. Tenho que resolver isso o quanto antes.Mas o quero dizer é que eu estava feliz no meu lugar, estava satisfeito onde minha mão pousava e agora não estava mais nada disso. De um momento para outro minha calmaria tinha sido escanteada e morta pela cruel tia Maria. Conseguia até imaginá-la apontando o revólver para o meu conforto e atirando sem pestanejar, dizendo: não sou sua tia.E não estou exagerando, porque sinto o quão tenso e desconfortável está o italiano ao meu lado, ou pior dizendo, dentro da mesma camisa que eu. Sim. Uma maldita camisa imen
- O mesmo que você, pelo visto - respondo para Luigi, que mantinha a cara amarrada.Me atento às pistas praticamente esfregadas em minha cara. Deveria ter suspeitado desde o início do convite da mãe da Carolina. Tia Maria nunca tinha posto confiança em mim e no meu plano, sempre mantivera uma opinião escancarada e um pé atrás. Aceitou a contragosto quando eu a chamava de tia Maria. A senhora não tinha mesmo ido com a minha cara.- Que maravilha, finalmente chegaram! - tia Maria adentra a sala com um avental pendurado no ombro e um sorriso largo de recepção. Desde que chegamos, fomos avisados que a cozinha estava restrita por tempo indeterminado. Roberto havia dito algo sobre sua companheira ser possessiva com sua cozinha em dias especiais. Ela era a chefe da noite e pelo aroma delicioso que invadia a sala de visitas, não quero correr o risco de ser expulso do almoço sem antes provar uma colherada do que estava assando no forno.- Demoramos um pouco porque alguém... - o tom de Luigi to