- E aqui é a área de lazer - digo mostrando o último lugar da mansão para a minha mãe e para o seu encostado, digo, namorado.
- Nossa, é muito grande essa casa, imagina só fazer um churrasco numa casa desse tamanho? - Roberto diz enquanto olha maravilhado tudo ao redor - fico pensando, se eu bebesse, com certeza levariam semanas para me encontrarem dentro dessa casa.
- Sim, querido, a mansão é enorme e muito bonita, com certeza levariam horas para te encontrar, talvez eu até chamasse os bombeiros - os dois riem se entreolhando enquanto eu sorria falsamente como se tudo estivesse indo muito bem.
Como se eu não estivesse correndo perigo de vida, como se a minha relação com Luigi não estivesse uma verdadeira catástrofe, como se a minha amizade com a Mari não tivesse ido pro ralo e como se eu não estivesse odiando a
- Você queria falar comigo sobre a exposição, não foi? - digo enquanto caminho pelo corredor da mansão, em que estavam penduradas nas paredes as fotografias que Giulia tinha fotografado.Lembro que quando Luigi disse que eram delas, achei super fofo que ele tivesse separado um lugar da casa para prestigiar a irmã, porém depois de saber que ela nunca havia exposto nenhum dos projetos, percebi que ele deveria ter feito isso para encorajar a irmã em seguir em frente com seu trabalho.- Na verdade, o assunto é mais delicado - Giulia para de andar e começa a prestar atenção no corredor, se certificando de ninguém esteja ouvindo nossa conversa - vou te contar uma coisa mas você precisa guardar segredo, ninguém, nem a sua mãe e nem o meu irmão devem saber sobre isso - começo a ficar preocupada, será que ela falaria algo importa
- Tudo ótimo, só a Carolina que estava brigando comigo pela surpresa que fizemos - Luigi tenta contornar a situação e vejo nos olhos de Carolina que ela estaria planejando alguma vingança breve quando a sua mãe defende ele.- Luigi posso falar com você? É sobre trabalho - sou direto e entro dentro do escritório, mesmo não querendo estar no mesmo ambiente em que eles fizeram sabe-lá-o-que, eu precisava falar á sós com Luigi sobre o tal "amigo" da Carolina.Ela planejaria me matar mesmo, então mais uma coisa para adicionar a lista não faria diferença.- Trabalho, é? - Luigi se vira para mim depois que se livrou das duas e fechou a porta para nos dar privacidade - você sabe bem que não gosto de tratar de negócio da máfia na minha casa, para isso temos o Hotel. Acho bom ser algo muito urgen
Minutos depois que uma conversa saudável foi estabelecida durante o almoço, Luigi reaparece, saindo do cômodo com Matteo logo atrás. Ele arruma uma desculpa fuleira de que precisa sair para resolver um problema no hotel, mas eu sei que ele deve sair para se encontrar com a sua amante.Mas isso não importa pra você Carolina, foque em apenas no seu planejamento em fugir com Marco para bem longe.Depois dessa canalhice de Luigi, tomei a decisão de aceitar a proposta de Marco e ir embora com ele. Luigi já tratou de me mostrar que nunca vai mudar, sempre vai continuar mentindo pra mim, armando pelas minhas costas e agindo como se estivesse certo em fazer esse tipo de coisa. E não quero criar o meu bebê num tipo de ambiente em que não existe confiança.- Você não vai acompanhar seu noivo até a porta? - Luigi para na entrada da sala de
Me sento na poltrona da sala pequena e ligo a TV para ver as notícias da manhã, com a xícara de café quente na mão direita e o controle remoto na mão esquerda, deixo que meus pensamentos vaguem em Carolina. Será que aquela doida está se cuidando?Voltando a minha rotina diária, visto uma roupa formal e fresca para trabalhar, afinal de contas estamos no inverno porém ainda faz calor no Brasil.Como se o passar das estações também afetasse o clima.- Bom dia, Mari - uma funcionária que trabalha comigo na mesma equipe, me sauda ao passar por mim pelo longo corredor que levava até a minha nova sala onde trabalho. As coisas parecem ter mudado muito de um mês para cá, a megera da Cassandra parece ter ficado ausente da empresa mesmo vindo todos os dias para a Montero. Uma parte boa é que ela não tem pegado tanto n
Indo até a localização da pessoa, que segundo Rex, havia ouvido mencionar o nome do Marco Almeida, sigo pela avenida e entro dentro de um pequeno cortiço de casas velhas e até abandonadas. Andando e entrando cada vez mais afundo naquele lugar, chego até uma casa no final com porta azul. Assim como o Rex disse que encontraria.Me apresso em ficar na frente da porta e bater, eram oito horas da manhã então eu não incomodaria ninguém.- Quem é? - uma voz feminina e bastante anasalada grita de dentro da casa e bato mais uma vez - mas que merda! Quem é que está batendo na minha porta uma hora dessas, caramba?! Já vai! Juro que se for você moleque, vou tacar um tijolo na sua cabeça e olha que nem vai adiantar correr, tem um monte de tijolos soltos nessa droga dessa parede então não vai dar problema nenhum eu pegar alguns e jogar em v
Pego o primeiro táxi que vejo na frente da lanchonete da esquina, a mesma onde deixei Rex aos cuidados da dona Márcia e ligo para Matteo. Hoje fazia uma semana desde que nos falamos por ligação, foi estranhamente boa aquela conversa e bem esclarecedora.Apesar do final um pouco grosseiro, da minha parte, eu não tinha tempo para ficar envergonhada. Carolina poderia está em perigo ou até mesmo outras mulheres parecidas com ela poderiam está na mira desse maluco. E com a ajuda de Matteo, posso conseguir acabar com esse caso e finalmente mostrar a verdadeira face desse psicopata.Ligação on:- Mariana? Oi, aconteceu alguma coisa? - ele pergunta desconfiado e um pouco receoso, acho que ele ainda se prende naquela noite em que ficamos juntos e ainda pensa que mantenho alguma esperança de ficarmos juntos.Tudo bem que eu soei bastante ciumenta no final
- Caramba, eu estou sem palavras, Matteo - ela diz olhando os arquivos secretos que o meu amigo não tão querido Will conseguiu - esses arquivos são provas suficientes para trancar aquele cara numa prisão pelo resto da vida, imagina só se isso vazar na imprensa? Que escândalo seria...- Sim, seria um baita de um escândalo se uma jornalista que trabalha para uma famosa revista de fofoca e notícias bombásticas divulgasse esses arquivos incriminatórios numa coluna recheada de segredos ocultos revelados e uma capa bem chamativa com a imagem de um CEO bem sucedido com supostos desaparecimentos de mulheres nas costas - insinuo olhando para ela e Mari entende claramente onde quero chegar, assim que termino de falar o sorriso grande e malicioso dela me faz ter faíscas. Nunca pensei que conheceria alguém tão sagaz e maliciosa quanto eu.Mariana é uma caixinha de surpresa
Me reviro na cama de um lado para o outro, sem conseguir dormir, minha cabeça gritava com pensamentos ansioso e preocupados com tudo o que Matteo me disse sobre a Carolina e tudo o que ela teve que passar depois que nós brigamos.Não consigo não me sentir culpada, tenho uma parcela de culpa em tudo o que aconteceu com ela. Carol deveria está precisando de mim e eu simplesmente dei um "escândalo" e a afastei no exato momento em que ela mais precisava de mim. Me sinto tão péssima que minhas pálpebras se recusam á se fecharem me deixarem descansar para o próximo dia.Então me levanto e caminho até a cozinha para pegar algo para comer ou beber, que talvez me faça ter sono suficiente para conseguir pregar o olho, eu precisaria descansar por conta do plano de Matteo porém eu não conseguia tirar da cabeça o quão horrível amiga
Foi fácil impestar a casa da nonna com baratas para Giulia mudar o local do brunch e era mais fácil subornar empregados com valores exorbitantes, afinal de contas eu não teria com que gastar o resto da pequena fortuna que minha irmã e eu reunimos.Perdemos não somente a família como a fortuna que nossos pais deixaram. Não culpo nossos tios por não saberem administrar tão bem os negócios e com a quantidade de inimigos que nossa família tinha, seria impossível mesmo se tentássemos. Foi difícil para eles, repentinamente cuidar de duas crianças e negócios mafiosos dos quais nem sabiam a existência. Perdemos muito naquela época, entretanto tínhamos uma a outra e eu tinha Luigi.Engraçado pensar em tudo do passado como "nosso", como se Raquel estivesse ainda viva. Minha irmãzinha, minha única família legítima tinha morrido e eu não pude fazer nada. Estava desconfiada desde quando ela tinha me mandado mensagem alertando sobre Luigi estar saindo com uma mulher chamada Carolina. Mesmo que eu n
- Sério que você usa Cinquenta Tons como um tipo de devocional do sexo? - brinco com o loiro que estendia a mão para me ajudar a levantar do banco. Ainda me sentia fraca pelas risadas e meu estômago suplicava para parar.- Até tu Brutus? - ele recolhe a mão e a estende novamente - sorte sua que sou cavalheiro, senão a deixaria largada aí - duvido muito que ele teria a coragem de fazer isso, Matteo não aparentava ser desse tipo e acho que ele gostava de manter a fama de insensível inabalável.Quase volto a sorrir quando penso nele implorando para me comer, não tinha nada de insensível e muito menos inabalável naquela noite.- Ainda bem que tenho meu bom cavaleiro para me ajudar - seguro sua mão e vamos de mãos dadas para o jardim principal, onde aconteceria o brunch.E era um senhor jardim, não precisava de muita decoração pois, pasmem, existiam muitas ginkgos bilobas. Mais conhecidas como nogueiras-do-japão, espalhadas no imenso jardim com folhas amarelas, quando o vento batia voavam
- Vamos Luigi - digo enlaçando meu braço no dele, levando meu italiano gato para longe de qualquer discussão que poderia acontecer naquele meio. Os gêmeos eram meus preciosos tesouros, bastava ficar alguns segundos olhando aquelas fofuras que toda raiva se dissiparia. Tenho total certeza que eles farão um ótimo trabalho, decretando a paz entre os avós paternos.- Você fica tão sexy quando é mandona - ele elogia e não consigo não ficar convencida disso. Lanço meu melhor olhar sedutor, mordendo levemente o lábio para atrair seu olhos.- Só não vale reclamar quando eu te arrancar do brunch e te arrastar para o... - ele me interrompe com um pigarreio, penso que seja pelos convidados terem chegado mas não era por esse motivo. Até porque os convidados eram os familiares de Luigi.- O engraçado é que se eu dizer isso, sou chamado de pervertido e ninfomaníaco, mas a senhorita pode dizer qualquer imoralidade, não é?- Exatamente, posso tudo e você nada - brinco, sorrindo e quando ele sorri exi
Não tenho um motivo plausível para ficar obcecada nessa história de ter um fantasma ou alguém vestindo branco e passeando pelo castelo, visto que Luigi não tinha encontrado nenhum registro que não seja os nossos ontem á noite. Apesar de nenhuma evidência concreta, a minha intuição de repórter enxerida me alerta para não descartar uma possível manipulação de evidências. Qualquer funcionário poderia muito bem mexer nas câmeras e apagar as últimas filmagens, mas o meu questionamento gira em torno de: quem seria a pessoa por trás? - O que está te incomodando? - tento não parecer surpresa, mas acho que minha expressão me entrega, porque Cassandra solta uma risada. E pelo que presumo ser a primeira vez que a vejo usando um vestido rodado, normalmente seu guarda-roupa se divide em terninhos chiques, conjuntos caros e tubinhos famosos pela sexta do massacre. Chamávamos assim após uma sexta-feira em que aconteceu uma demissão em massa, lembro-me como se fosse hoje, Cassandra passeando pelos c
- Eu juro! - bato meu pé no chão como um tique nervoso e devoro mais uma unha, o que deixa meu italiano preocupado. Ele estica o braço e relutante seguro sua mão, deixando que me leve para seu colo. Afasto um pensamento impuro quando sento-me na sua coxa torneada e acumulo minha mente novamente com teorias.Resultou que passei o dia com os gêmeos e cuidando de Luigi, desisti imediatamente do tuor com Mari quando encostei na testa do meu italiano gato e percebi que ardia em febre. E mesmo contrariado, chamou um médico para me tranquilizar e comprovar que se tratava de uma simples exaustão. Tenho uma parcela de culpa no seu diagnóstico, talvez a brincadeira com a camisa da união tenha lhe causado desgaste e somando a péssima viagem que tivemos com o loiro do banheiro me provocando, piorou seu estado. Admito que se tivesse fechado minha boca, não teria entrado numa discussão de horas com Matteo. Acabei vencendo-o pelo cansaço, é aquela coisa: entre a paz e a razão, talvez sua paz esteja
A surpresa que Luigi tinha prometido a Carolina, na realidade era um convite para um brunch na casa da Nonna. Organizado pela sua irmã, Giulia. Tinha me perguntado mentalmente como conseguira conciliar o trabalho e a organização do brunch tendo um bebê em casa. Mas Luigi logo me tirou a dúvida quando comentou sobre a babá que a irmã contratou. Não sei o porquê presumir que ela fosse ciumenta, acho que Luigi deixa essa impressão sobre todos os Benacci.Pondo meu pé direito para fora do jatinho, agradeço primeiramente aos meus fones de ouvido que me proporcionaram uma viagem tranquila, as ombreiras por me darem o conforto necessário para aguentar a viagem longa e principalmente as pílulas milagrosas que me apagaram por tempo suficiente para não vivenciar o puro caos que foi dentro do jatinho.- Como foi a viagem? - pergunto enquanto seguro a pequenina adormecida nos braços, Luigi me lança um olhar cansado, balançava o pequenino nos braços para fazê-lo adormecer também.- Eles estavam nu
- Posso perguntar, aonde vocês se conheceram? - Tia Maria pergunta, fazendo que vários olhares se aculmulassem divididos entre Matteo e eu. A história continha dois lados, o que a fazia um pouco longa. Ganhando uma autorização para ser o primeiro, inicio contando de relance sobre a minha vida noturna agitada. Oculto partes que envolvem a minha amizade e o início do meu relacionamento com Bárbara, não seria relevante.- Na noite em que conheci Matteo, estava numa boate em Tokyo para me divertir. Eu tinha costume de ignorar as regras feitas pelo meu pai sobre festas e minha segurança. Em minha mentalidade juvenil, ser uma figura pública auxiliaria minha segurança. Quanto mais famoso menos chances de sofrer algum atentado, simplesmente não era um pensamento coerente - não entro em muitos detalhes para não assustar minha sogra e nem menciono que encontrei Matteo após ficar com Bárbara - então, chegado o ponto alto da festa, me afastei para o terraço do prédio em busca de solitude. Não ti
Retiro o que disse sobre esse almoço ser longo e divertido. Agora tinha virado letárgico e torturante. Me sinto como um dos convidados do filme "O menu", onde a tia Maria era o chef maluco que torturava os convidados, no caso Luigi e eu. O almoço estava as mil maravilhas, Luigi agarrado à Carolina como adolescentes apaixonados e eu com minha mão se deliciando da pele macia e arrepiada da minha... ainda não tinha dado um rótulo para Mariana. Tenho que resolver isso o quanto antes.Mas o quero dizer é que eu estava feliz no meu lugar, estava satisfeito onde minha mão pousava e agora não estava mais nada disso. De um momento para outro minha calmaria tinha sido escanteada e morta pela cruel tia Maria. Conseguia até imaginá-la apontando o revólver para o meu conforto e atirando sem pestanejar, dizendo: não sou sua tia.E não estou exagerando, porque sinto o quão tenso e desconfortável está o italiano ao meu lado, ou pior dizendo, dentro da mesma camisa que eu. Sim. Uma maldita camisa imen
- O mesmo que você, pelo visto - respondo para Luigi, que mantinha a cara amarrada.Me atento às pistas praticamente esfregadas em minha cara. Deveria ter suspeitado desde o início do convite da mãe da Carolina. Tia Maria nunca tinha posto confiança em mim e no meu plano, sempre mantivera uma opinião escancarada e um pé atrás. Aceitou a contragosto quando eu a chamava de tia Maria. A senhora não tinha mesmo ido com a minha cara.- Que maravilha, finalmente chegaram! - tia Maria adentra a sala com um avental pendurado no ombro e um sorriso largo de recepção. Desde que chegamos, fomos avisados que a cozinha estava restrita por tempo indeterminado. Roberto havia dito algo sobre sua companheira ser possessiva com sua cozinha em dias especiais. Ela era a chefe da noite e pelo aroma delicioso que invadia a sala de visitas, não quero correr o risco de ser expulso do almoço sem antes provar uma colherada do que estava assando no forno.- Demoramos um pouco porque alguém... - o tom de Luigi to