Capítulo 0002

De volta para casa, Mia redigiu o acordo de divórcio e o imprimiu, rapidamente assinou seu nome na sua coluna e o colocou em um envelope na mesa da sala de estar.

Quando Heitor voltasse para casa, ele o veria.

Ela estava com medo de não conseguir deixar Heitor se chegasse um segundo atrasado.

Nesse casamento, Heitor estava sempre acordado, mas ela havia perdido seu coração.

Depois de terminar tudo, a noite já estava escura.

Mia simplesmente arrumou algumas roupas sem as joias enviadas pela vovó de Heitor, e planejou sair durante a noite.

Ela não tinha nada quando chegou à família Óscar e, agora que estava indo embora, ela naturalmente não queria o que não lhe pertencia.

Antes de sair, Mia deu uma volta pela casa.

Por causa do incidente anterior sobre droga, Heitor demitiu todos os empregados da casa e ela estava trabalhando como governanta, cozinheira, faxineira e jardineira. Com sua sogra rigorosa, Eva Limo, ela já se familiarizava com mais tarefas domésticas.

Cada canto da casa era decorado de acordo com as preferências de Heitor e ela já havia limpado tudo inúmeras vezes.

Agora que estava indo embora, ela se sentia um pouco relutante.

Entretanto, não importava o quanto relutasse, o que não lhe pertencia era como areia em sua mão, ela não podia ficar com isso.

Mia encontrou um hotel expresso limpo para se estabelecer. Ela tinha que planejar bem como viver após o divórcio.

No meio da noite.

Mia estava dormindo e foi arrastada para cima da cama.

Ela soltou um grito de alarme quando um pano sujo e fedorento foi enfiado em sua boca, seus olhos foram vendados e ela foi arrastada para o carro.

Seu coração se encheu de uma forte sensação de desconforto e pânico, ela se debateu desesperadamente, mas não conseguiu se libertar.

Mia pensou rapidamente quem ela havia ofendido recentemente, ou quando havia revelado sua riqueza.

Normalmente, ficava em casa, trabalhava on-line, conhecia poucas pessoas e a possibilidade de ofender alguém era mínima.

Pensando na criança em seu estômago, Mia se forçou a se acalmar.

O carro acelerou por um período de tempo e depois parou. Mia foi arrastada para fora do carro novamente e enviada para um lugar cheio de cheiro de todos os tipos de medicamentos.

Era o hospital!

Mia percebeu algo, o medo avassalador subiu ao seu coração novamente e ela não pôde deixar de se debater violentamente.

Splat. Uma tapa foi dada ferozmente em seu rosto.

Mia foi atingida a ponto de seus olhos ficarem vidrados com voz zumbindo ao redor de suas orelhas, e suas bochechas ficaram ainda mais ardentes e doloridas.

— Se você não quiser morrer, coopere obedientemente.— Um aviso feroz soou e Mia, atordoada e espancada, foi colocada na mesa de cirurgia.

— Tire o bebê que está na barriga dela.

Sob o pano preto, os olhos de Mia se abriram, suas pupilas tremulando ferozmente, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.

Não era por vingança, não era um sequestro por dinheiro, mas era para abortar o filho dela!

No final das contas, quem queria tratar essa criança que ainda não nasceu com crueldade?

Mia lutava como louca, seus braços e pernas amarrados eram esfregados pela corda e a pele estava ferida mas ela era como se não pudesse sentir isso. Só havia um pensamento em sua mente: não importava o que acontecesse, ela tinha que ficar com a criança.

Houve uma dor repentina em seu braço.

Um líquido gelado foi injetado em seu corpo.

Mia perdeu cada vez mais força e mover um dedo se tornou incrivelmente difícil.

Ela queria implorar por ajuda, queria implorar para que soltasse ela e sua criança, mas não conseguia emitir um único som.

Era como se ela tivesse sido jogada nas profundezas do mar e a água do mar que a cercava entrou em seu nariz, arrancando cada peça de esperança, e o desespero intenso a afogou.

— Use dose máxima de anestesia, ela ainda não está completamente inconsciente. No caso de uma luta violenta durante a operação, pode haver duas mortes!

— Existe alguma coisa que Sr. Heitor não possa suportar? Se houver duas mortes, isso é porque ela é barata e merece morrer!

Sr. Heitor?

Heitor?

Mia pensou nessa figura alta e reta, com um ar frio e indiferente que rejeita os outros, seu coração parecia ter sido arrancado, e a dor a fazia desmaiar completamente.

Não sabia quanto tempo levou.

— Marido, a mão de filha parece ter se movido.

— Chame rapidamente o médico, filha está acordada!

...

Mia abriu os olhos com dificuldade, de repente viu o arranjo que era comparável a uma luxuosa suíte presidencial, se não fosse pelos vários instrumentos e equipamentos ao redor, ela simplesmente não acreditava que aquilo era um hospital.

Ao lado, cinco pares de olhos a encaravam em uníssono.

Ao vê-la examinando os arredores, eles também seguiram sua linha de visão para se mover, sem ousar respirar.

Mia de repente se lembrou da cena antes de desmaiar, subconscientemente querendo se sentar. A mulher bem cuidada ao lado veio rápido para ajudá-la.

Mia não teve tempo de agradecer, uma dor latejante na parte inferior do abdômen e uma forte inquietação subitamente surgiram em seu coração.

Ela perguntou inquieta: — Meu filho...

A mulher que a segurava tinha uma dor no coração tão forte que não podia ser derretida: — Filha, os dias à frente ainda são longos, a criança ainda estará lá!

Os olhos de Mia se arregalaram instantaneamente.

Seu filho, afinal foi abortado...

As pontas dos dedos que pousaram em seu abdômen tremeram. Mia estava com o coração partido e, mais ainda, ela se culpava.

Culpava-se por ser inútil, incapaz de proteger sua criança!

Ela disse claramente que queria o divórcio, por que Heitor ainda se recusava a deixá-la ir?

Agarrando a colcha de seda com toda a sua força, o ódio extremo se espalhava no coração de Mia.

— Querida, eu a ajudarei com essa raiva ruim.— O elegante e gentil homem de meia-idade se aproximou, abraçou a mulher que estava com o coração partido por Mia e disse com preocupação: — A coisa mais importante agora é ficar bem!

A mulher assentiu repetidamente, e os três jovens atrás deles, com excelente aparência e temperamentos diferentes, também a encararam com olhos ardentes.

— Mas...— Mia olhou para eles desconfiada: — Quem são vocês, onde é aqui e por que estou aqui?

As cinco pessoas se entreolharam e, finalmente, o homem de meia-idade explicou tudo.

Afinal, ela era sua filha.

Devido a brigas familiares, ela foi sequestrada quando tinha menos de um ano de idade e, quando souberam de sua pista e foram procurá-la, descobriram que ela havia desaparecido e, desde então, não ouviram mais nada sobre ela.

Depois de anos de busca, eles conseguiram encontrá-la, mas ainda estavam um passo atrasado.

Ouvindo o homem terminar tudo e notando seus olhos de autoculpa e expectativa, os lábios de Mia se moveram, sem saber o que dizer.

Ela sabia desde cedo que havia sido raptada pelo pai adotivo.

Quando seu pai adotivo a sequestrou para vendê-la, o comprador quebrou suas palavras e seu pai adotivo teve que trazê-la para casa. Por ser menina, ela nunca encontrou um comprador adequado, seu pai adotivo queria vendê-la a um grupo de mendigos, mas sua mãe adotiva não suportou se separar dela e a adotou, apesar da oposição.

Com o passar dos anos, Mia também tentou encontrar seus pais biológicos.

Quando ela foi trazida de volta para a família Óscar, a avó também a ajudou a procurá-los.

Infelizmente, ela não se lembrava de sua infância e seu pai adotivo a odiava por tê-lo levado para a cadeia, por isso ele não deixava de lado sua palavra, e não havia nenhuma pista.

Inesperadamente, eles a encontraram.

Observando mais de perto, ela tinha alguma semelhança com essas pessoas.

Só que, depois de experimentar a dor de perder sua criança, diante do súbito aparecimento da família, o coração de Mia estava complexo e, por um momento, não sabia como encarar.

— Filha, a culpa é toda minha por não ter cuidado bem de você, e é por isso que você sofreu tanto!— A mulher estava com lágrimas: — Se você não quiser nos reconhecer, não a forçaremos. Só esperamos que você nos dê a oportunidade de fazer as pazes e cuidar de você.

— Irmãzinha, no futuro, o irmão mais velho a protegerá e não permitirá que ninguém a maltrate.

— Irmãzinha, do que você gosta? Contanto que você diga, seu segundo irmão vai conseguir tudo para você!

— Irmãzinha, esse cartão preto é para você, não precisa guardar dinheiro para seu quinto irmão!

...

Eles mal podiam esperar para mostrar sua boa vontade para Mia.

Olhando para a família à sua frente, que estava vestida de forma discreta, mas exalava uma aura aristocrática com seus gestos, uma ideia brilhou na mente de Mia. Ela perguntou timidamente: — Vocês... são de família Soares?

A família Soares, chefe dos três maiores plutocratas, que estava procurando sua filha com notícia popular. Poderiam ser eles?