No banheiro do restaurante observei meu reflexo, cada detalhe do meu rosto, parecia que meu pesadelo estava longe de acabar. Toda vez que eu estava feliz, algo conseguia me atingir de tal forma que eu parecia uma boneca prestes a se quebrar.
Tudo o que eu precisava era de controle e controle estava longe de estar em minhas mãos. E eu me odiava por isso.
Depois de garantir ao segurança que estava tudo bem e que Logan não era uma ameaça, ele pegou as chaves do carro sumindo de nossa vista. Consegui ficar em pé e caminhar sem tropeçar.
Como eu disse, o lugar era incrível e pela decoração deveria ser
Logan desligou o motor do carro quando chegamos à beira de um mirante dando para ver toda a cidade. Desligou os faróis e respirou fundo. - A noite é ainda mais bonito. – Disse ao abrir a porta. Ele caminhou até a frente do carro se recostando no para-choque de braços cruzados. Soltei meus cabelos, observei seus passos até que tomei coragem e fiz companhia a ele. Conseguíamos ver alguns pontos de luzes da cidade, de longe era tudo tão pequeno e calmo. Ouvi o cantar de algumas cigarras, as luzes de alguns vaga-lumes e o barulho dos sapos. Como eu amava a natureza, isso me fez relembrar das noites na mansão.
Uma pequena claridade invadiu o quarto, com dificuldade e cansaço consegui abrir os olhos com a mão sob eles para que pudesse enxergar melhor. O barulho da festa do dia anterior havia cessado, pela janela, o sol forte batia pegando bem em meu rosto. - Quem está aí? – Perguntei sonolenta, duas sombras entraram no quarto rindo e segurando-se uma na outra para não cair. - Alysson? – Outra voz segurou uma risada, com certeza estavam bêbadas. Vi Carrie e Beck caírem em suas camas apagando logo em seguida, Alysson não estava com elas, talvez tivesse tido uma noite melhor que a minha.&
Logan me olhou de forma estranha, talvez por eu estar bebendo algo que odiava. Mas esse não foi o foco da conversa. - Tudo bem. – Balançou a cabeça como se me ver tomando café estourasse seus miolos. – Encontrei a pasta. Realmente está em nome de Mason. - É da minha família? – Perguntei esperançosa. - Não sei. – Meu semblante de esperança desapareceu. – Não tive tempo de ver, peguei antes que alguém desconfiasse, o escritório não vai abrir pelos próximos três dias por causa do feriado, então teremos tempo de analisar com cuidado. Irei me certificar que Mason não saiba desse meu pequeno furto.
- Tia Ben? – Refiz sua pergunta. – Carter... – Lembrei do sobrenome. – Margo Bennet Carter é sua tia? – Dei um passo para trás. - Sim. – Dei outro passo tropeçando nas caixas. - E não me contou? Como pôde deixar eu me aproximar de você sabendo quem Bennet representa em minha vida? – Perguntei. - E o que Bennet é em sua vida? – Perguntou confuso ao se aproximar. - É a dona do orfanato. – Falei ríspida. - Orfanato? Nancy, por que nunca me disse que estava em um orfanato? – Pisq
Vi Logan correr pela cozinha de um lado para o outro, coloquei as mãos nos bolsos da calça jeans seguindo seus passos. - O que está fazendo? – Perguntei com a voz brincalhona. - Voltou. – Não parecia uma pergunta, mas sua voz era diferente. - Estava falando com Luan. – Por mais que Logan parecia ser amigo de Luan, quando eu dizia seu nome, ele transparecia certa irritação, ou será que fosse... – Está com ciúmes? – Acusei me aproximando do balcão da cozinha. Debrucei-me diante dele, senti o gelo da pedra em meus braços. - Ciúmes? Por que eu teria
Não dissemos nada sobre o ocorrido de mais cedo, depois que havia recuperado um pouco da minha dignidade, consegui ir tomar um banho. Infelizmente não conseguia decifrar as expressões de Logan, mas eu acreditava que para realmente termos algo, ele deveria conhecer sobre seus próprios sentimentos. - Até a pessoa mais forte, tem seus momentos de fraqueza. – Logan pegou uma xícara e colocou diante de mim, acrescentou chá fresco e voltou seus olhos a mim, como se pudesse ler minha mente, respondendo minha única pergunta daquele momento. - Como? – Perguntei confusa. Logan era tão estranho quanto eu. Logan r
Logan saiu para comprar comida, me deixou com Luan arrumando nossa bagunça, já que iriamos embora na manhã seguinte. Por obra do acaso, Luan precisou cuidar de sua mãe que estava doente e parecia ter piorado com o frio. - Tem certeza que não precisa de ajuda? – Perguntei preocupada. – Sem contar que não há nada a se fazer aqui. – Corri rapidamente meus olhos pela cozinha. - Absoluta. – Luan riu me fazendo retribuir o sorriso. - Qualquer coisa estarei aqui. – Coloquei a vassoura no canto da cozinha e o pano dentro da pia ao terminar de limpar a bancada. – Também não tenho pra ond
A noite terminou quase tranquila, tirando o fato de eu quase ter amputado meu braço e sentir dor a noite toda. Tentei me concentrar na fatia de pizza que comia, mas ver Logan sempre de terno e de repente sem camisa era uma total confusão. - Vai comer o último pedaço? – Logan perguntou me trazendo de volta. - Não mesmo. – Meu estômago estava explodindo de tão cheio, que nem consegui terminar de comer meu pedaço o jogando no prato. Anos sem comer pizza e quando como, acabo desperdiçando. - Acho melhor ir dormir, não aguento m
Abri os olhos com dificuldade, demorou bastante até eu conseguir me estabilizar. Parecia estar num quarto de hospital, era branco e a luminosidade do sol cegavam meus olhos. Um homem e duas mulheres adentraram no quarto, uma delas fechou a cortina da janela e outra verificou minha temperatura. - Vejo que ocorreu tudo bem na cirurgia. – O homem de cabelo perfeito começou a tagarelar, não entendi metade do que disse. – Você foi atingida por duas balas, por sorte nenhuma ficou alojada em seu corpo. Vai se sentir desconfortável com a medicação, tontura e cansaço. Recomendo que fique de repouso o resto do mês. – Deitei minha cabeça no travesseiro, eu não queria ouvir nada do que diziam.
Por favor, não me abandone! Vendo Nancy ser atingida por um tiro, tirei forças de onde não tinha pulando em cima de Mason, no qual me acertou com um soco na cara e outro no estômago. Mason era bem mais forte do que se esperava. Busquei os olhos de Bennet que me evitava ao máximo que podia. - Tia Bennet! – Gritei quando Mason pousava violentamente outro soco em minha cara. - Chega Mason! – Gritou Bennet em meio à chuva forte. - Chega? Esse moleque vai estragar tudo. – Mason se virou bruscamente cerrando os dentes para Bennet, no
Mason nos obrigou a sair para o jardim apontando aquela coisa pesada para nós. Bennet seguia seus passos em silêncio, apenas fazendo o que Mason mandava. - Para trás. – O vento bagunçava meus pensamentos. Mason obrigou Logan a ficar na casa, ou cravaria uma bala bem no meu peito. Uma parte de mim se sentiu lisonjeada, outra terrivelmente assustada. - Não vamos chegar a lugar algum desse jeito. – Falei alto para que me ouvisse, já que o barulho dos trovões atrapalhava nosso diálogo. Bennet não estava tão calma quanto Mason. Posso não ter morrido há três anos, mas eu já e
Trânsito e mais trânsito, chegamos ao local que me causava arrepios pelo corpo todo. Segurei firme a mão de Logan tapando a respiração, parecia que aquele caminho não tinha fim. Não me admiraria se Mason chegasse primeiro que nós na mansão. Nancy, pensamento positivo. Nada vai mudar se vocês forem idiotas e perderem essa chance de provar que tal testamento é inválido! - Não sei quanto tempo mais posso aguentar. – Choraminguei. - Já está no fim, estamos juntos lembra? – Afirmou apertando minha mão.&n
No dia seguinte deitada na cama de Logan, o observei colocar uma camisa branca social por dentro da calça prendendo com o cinto de couro preto, sorri vendo tal cena, agarrei seu cobertor até a altura de meus olhos. Em seguida passou minha gravata vermelha preferida em volta de seu pescoço dando um nó. Pelo reflexo do espelho, Logan me pegou o observando me fazendo corar de imediato. Escondi meu rosto entre as cobertas tentando passar despercebida. - Você fica linda quando está envergonhada. – Minhas bochechas esquentaram a ponto de parecer que eu estava com febre. - E você vai se atrasar. – Afirmei indo ao banheiro. -
Logan comprou os ingressos do filme, para minha sorte era filme antigo. Um thriller chamado Psicose, amava aquele filme desde que meu pai havia me apresentado. - Vai amar o filme. – Falei sorrindo ao apertar seu braço quando ele se sentou ao meu lado segurando um balde de pipoca e dois refrigerantes. Peguei de sua mão antes que caísse tudo em cima de mim. - Não gosto de terror. – Afirmou tomando um gole de seu refrigerante. - Não é terror. É clássico. – Assegurei enfiando pipoca em minha boca. - Pessoas morrem? – Lo
No dia seguinte não foi diferente do anterior, trabalho e mais trabalho onde isso se repetiu pelas próximas duas semanas. O Juiz Peterson não cedeu em sua decisão, nem sequer me ofereceu uma colher de chá. Logan e eu nos víamos quando podíamos, ele prometeu não sumir de repente e até sugeriu para que eu conhecesse sua mãe, mas a ideia de dar de cara com Bennet me assustou, e resolvemos esperar mais um pouco antes desse encontro. E detalhe, ele não comentava sobre o que ocorria na MC3, nem mesmo migalhas, se falavam de mim ou se sentiam minha falta. - Estou desesperada, o ano está acabando junto com meu prazo, e eu não sei o que fazer. Literalmente! – Eu
Você implora por silêncio, mas esquece que o barulho está dentro de você. O pensamento mais sábio que havia tido desde que fizera dezoito anos. N era a melhor companhia que eu consegui arranjar em anos. E olha que ela só apareceu há poucos dias! Ótimo, tudo o que precisava era alguns dias para procurar um emprego novo que pague minhas contas e garanta o futuro dos meus irmãos. Não poderia ficar melhor. Beck corria pelo quarto ao se arrumar, parecia ir para um lugar importante, já que nunca corria. Passou pela porta acenando me deixando outra vez sozinha no quarto.&nbs
Nós percebemos que as coisas mudam, quando algo muito importante para de ser importante a ponto de não nos importarmos mais. Nem em um milhão de anos imaginaria Logan me levar aquele lugar novamente. Estávamos de volta ao mirante, onde tinha visto Logan chorar pela primeira e última vez. - Acha que não posso ser feliz, por que meu pai morreu? Que não posso aproveitar a vida, por que minha mãe está ficando doida? Ou ver minha tia, uma pessoa que eu pensava que conhecia, se tornar alguém cruel? Talvez eu tenha culpa ou não, não tem como saber. E se eu tiver, eu não quero essa culpa! – Logan disparou a falar assim que saímos do car