Aurora segurava um regador em sua mão direita e, ao virar a cabeça para olhar para ele, ergueu o regador com a mão direita, indicando que ela usaria a mão direita. A mão ferida era a esquerda.- É cansativo fazer tudo com uma mão. Eu já pedi para dona Izete cuidar bem dessas flores, não se preocupe. - Mesmo assim, Bruno pegou o regador das mãos dela e a levou até a cadeira de balanço, fazendo ela se sentar. - Você adora ficar aqui, balançando na cadeira de balanço. Vou buscar um casaco para você.- Não estou com frio.Como se não tivesse ouvido o que ela disse, Bruno trouxe um casaco para ela e insistiu para que o vestisse. Ela não queria, então ele colocou o casaco sobre as pernas dela, para que não sentisse frio enquanto estava sentada na cadeira de balanço.- Vou cozinhar agora. Se precisar de algo, me chame. Mas não deixe essa mão tocar na água de jeito nenhum.Depois de repetir as instruções várias vezes, Bruno voltou para a cozinha para preparar o jantar para o casal.Aurora fico
Aurora começou a falar:- Quando descobri que você estava me enganando, fiquei extremamente furiosa... Deixe pra lá, não vamos falar sobre isso agora. Olha só para você, parece que seus cabelos vão ficar em pé. Mal acalmei minha raiva, mal consegui me acalmar, e já tem pessoas se oferecendo para interceder por você, para falar por você, uma atrás da outra.Mesmo os amigos próximos dela, que estavam do lado dela, também estavam falando por ele.- Aurora, você tem o direito de ficar com raiva. Eu estava errado, não deveria ter escondido isso de você por tanto tempo, não tive coragem de ser honesto pessoalmente com você, e acabei escolhendo outras maneiras de fazer você descobrir... Uma péssima estratégia do maldito Walter Tavares!(Walter: Quem mandou você me pedir conselhos?)Depois de um breve silêncio, Aurora disse:- No fim das contas, essa questão se resume à falta de confiança que você tem em mim.- Aurora, eu admito que antes eu não confiava em você, desconfiava de você, achava qu
Aurora disse:- Bruno, o que eu quero dizer é que você me dê um pouco de tempo. Vou tentar me encaixar no seu mundo, mas se eu não conseguir, não vou me forçar, e você também não deve me forçar. Um casamento desigual não dura muito tempo. Agora, você se apaixonou por mim há pouco tempo, é justamente quando os sentimentos são mais intensos. Tenho certeza de que você acredita que pode aceitar tudo em mim, não importa qual seja a minha identidade. Mas com o tempo, você vai perceber que eu não posso te ajudar em nada, não teremos assuntos em comum. Você vai falar sobre finanças, ações, investimentos, e não vou conseguir entender nada. Quando você me levar para sair com seus amigos, as esposas deles conseguem conversar animadamente com vocês sobre tudo, e o que eu poderia dizer? Perguntar o que eles comeram hoje? Que sopa eles tomaram?Aurora suspirou, continuando:- E então, você vai achar que eu te envergonho, que não sou tão boa quanto as esposas dos seus amigos, porque eles são do mesmo
Aurora também reconhecia que os membros da família do marido eram muito bons e tinha uma ótima educação, mas sua sogra não estava satisfeita com ela. Sim, ela tinha percebido isso.Até agora, elas passaram pouco tempo juntas, e ainda não tiveram conflitos. Mas no futuro, elas não teriam? Talvez acabassem na mesma relação que a tia Fernanda teve na família Junqueira quando era jovem.O que ela queria era ser verdadeiramente reconhecida pela família do marido!- Bruno, vamos parar por aqui. Já está ficando tarde, você precisa descansar. Eu vou embora. - Aurora controlou sua raiva, não brigou com Bruno, pois não conseguiria convencê-lo. O que ela queria, ele não conseguia entender.Eles não estavam se entendendo e era inútil continuar falando.Aurora sentia essa sensação de impotência.Ela sentia que se continuassem discutindo, eles acabariam brigando intensamente, o que só pioraria o relacionamento do casal.Ela estava lá para resolver as coisas, não para brigar com ele.Bruno se levanto
A velocidade do carro era lenta, mas logo eles chegaram ao apartamento alugado de Madalena.Quando Madalena alugou o apartamento, ela não queria ficar longe da irmã, então escolheu um lugar que não ficava muito distante do Condomínio Rosa.Bruno estacionou o carro.- Cheguei. - Disse Aurora enquanto abria a porta do carro, se despedindo de Bruno e saindo do veículo.- Eu te acompanho até lá em cima.- Não precisa, você pode ir. Dirija com cuidado e descanse bem em casa amanhã, você não está com uma cara muito boa.Bruno a olhou intensamente com seus olhos negros e perguntou em um tom baixo e rouco:- Aurora, você ainda se preocupa comigo, não é?Ele queria segurar a mão dela, mas ela se virou e entrou no prédio.Bruno ficou parado na entrada, observando enquanto ela subia as escadas. No final, ele não a acompanhou.Ele também tinha sua dignidade. Por ela, ele abaixou a cabeça várias vezes, mas ela o rejeitou uma vez após a outra...Após um bom tempo, Bruno voltou para o carro e ligou p
Depois de derrubar as garrafas e copos da mesa, Bruno se debruçou sobre a mesa e murmurou:- Aurora, Aurora... Eu não sou dependente de você...No início, Paulo e João não conseguiram entender o que ele estava dizendo.Ele repetia suas palavras baixinho, e foi só quando Paulo se aproximou de sua boca que conseguiu ouvir claramente:- Aurora, eu não sou dependente de você.Ao ver a expressão estranha de Paulo, João perguntou com curiosidade:- O que ele está dizendo?Paulo se endireitou e olhou para o embriagado Bruno, dizendo a João:- Desde que Bruno se casou às pressas, ele já ficou bêbado algumas vezes por causa de Aurora.No início, quando Bruno e Aurora assinaram o acordo, a atitude despreocupada de Aurora o deixou frustrado. Naquela ocasião, ele saiu para beber com dois amigos e acabou ficando bêbado. Foi Vasco quem o levou para casa, e foi nessa mesma ocasião que Vasco apareceu abertamente na frente de Aurora como motorista.- E ele ainda diz que não é dependente de Aurora, ah t
- Eu vou levá-lo para a Aurora, ela vai cuidar dele. - Paulo disse, pensando em ajudar seu amigo.Mas João alertou:- Bruno está bêbado agora, falando besteiras. Se a Aurora ouvir o que ele disse, será ainda pior.Paulo respondeu:- É verdade... Então, vamos levá-lo de volta para a Villa.João concordou com a cabeça.Os três saíram do bar. João ajudou Bruno a entrar no carro de Paulo e, depois de dar algumas instruções, observou enquanto Paulo levava Bruno embora antes de ligar para um motorista para buscá-lo.No caminho de volta para a Villa, Bruno ocasionalmente murmurava algumas palavras. Às vezes, ele gritava: “Aurora, eu te amo, não me deixe”. Em outros momentos, ele gritava: “O que mais você quer de mim? Deixe eu te dizer, não sou dependente de você”.De qualquer forma, ele repetia as mesmas frases.Era uma batalha entre o amor e o seu orgulho, às vezes o amor prevalecia, outras vezes o orgulho.Mais de uma hora depois, o carro de Paulo chegou a Villa.Ele já havia ligado para Er
E o que aconteceu com Bruno depois disso?Bruno estava sonhando enquanto dormia embriagado.No sonho, ele estava discutindo intensamente com Aurora, gritando:“- Aurora, eu não sou dependente de você, posso te substituir a qualquer momento! Não seja ingrata diante das minhas bondades!”Aurora olhava friamente para ele no sonho e se virava para sair.“- Aurora! Você não pode me deixar! Você é minha! Eu não posso viver sem você!”Seu instinto o fez segurar ela e impedi-la de ir embora. Ele a puxou de volta, a abraçando com força, e depois abaixou a cabeça para beijá-la intensamente, pensando em ter mais momentos apaixonados com ela na cama...Houve um som de algo caindo na água.Enquanto Bruno estava intensamente envolvido com Aurora no sonho, ele se virou de repente e caiu da espreguiçadeira, mergulhando na piscina.A água gelada o engoliu instantaneamente.Seu sonho se despedaçou, e o fogo ardente que havia acendido também se apagou no momento em que ele caiu na piscina.Jesus!Que fri
Stella esfregou a testa, refletindo com um suspiro: - Eu sei que você nunca amou o Helder. Só fiquei com medo de que você se sentisse culpada. Mas ele está bem agora, sendo o herdeiro da família. Precisa enfrentar desafios para crescer e se tornar mais maduro. - Isso foi algo que sua mãe fez pelo bem dele, mandando-o para ser testado. Não tenho motivo para me sentir culpada. - Aurora respondeu com firmeza.Aurora voltou para o caixa, pegou o celular e comentou com um leve sorriso: - Vou avisar meu namorado antes que ele tenha alguma ideia errada. Ela sabia que Bruno tinha um temperamento possessivo e ciumento. Era melhor contar para ele sobre o encontro com Helder do que deixá-lo descobrir pelos seguranças. Aurora digitou uma mensagem rápida para Bruno, seus dedos movendo-se ágeis pelo teclado.Stella foi para a cozinha, seus pensamentos ainda no encontro inesperado. Pouco tempo depois, voltou com uma bandeja de uvas e colocou no balcão do caixa. - Helder trouxe estas, são aquelas
Aurora voltou à livraria com o coração leve, satisfeita por ter resolvido os problemas com a casa da família. O sol brilhava, refletindo seu bom humor. Ao abrir a porta da loja, foi surpreendida por uma visão inesperada.Helder, alguém que não via há muito tempo, estava ali. Ele havia tirado dois dias de folga, que junto com o fim de semana, somavam quatro dias para visitar seus pais. Sabendo que Aurora não estava na loja, ele decidiu passar por lá para ver sua prima. Stella, que estava atendendo um cliente, sorriu ao vê-la entrar, mas não teve tempo de dizer nada antes de Helder se virar para sair.- Aurora! - Helder exclamou, com um sorriso caloroso, chamando-a com o mesmo carinho de sempre. Havia uma emoção sincera em sua voz.- Helder? - Aurora piscou, surpresa. Ela o observou de cima a baixo, notando as mudanças em sua postura. - Quando você chegou? Faz tanto tempo. Você parece mais maduro e confiante.- Cheguei hoje. Minha mãe não está se sentindo bem. A fábrica está mais tranq
A Sra. Ferreira estava ansiosa para descobrir se Madalena e seu filho tinham contato frequente com João. Dalila, ao ouvir a Sra. Ferreira pedir para investigar Madalena, franziu a testa e perguntou: - Sra. Ferreira, você acha que João está interessado em Madalena?A Sra. Ferreira soltou um suspiro profundo, tentando manter a calma. - Madalena é uma mulher divorciada e gorda. João não tem um gosto tão ruim. Mas, devemos tomar cuidado. Quem sabe Madalena não está de olho em João? Dalila, a esposa ideal para meu filho é uma garota como você.Mesmo que Madalena não fosse divorciada, ela nunca teria a aprovação da Sra. Ferreira. Ela queria o melhor para seu filho, e Dalila parecia ser a escolha perfeita em todos os aspectos.Dalila refletiu por um momento antes de responder, seus olhos estreitando-se enquanto pensava. - É verdade, não pensei nisso. Eu achava que João nunca se interessaria por uma mulher divorciada, e que você nunca permitiria. Por isso, não considerei Madalena uma ameaç
No mesmo círculo social, era inevitável que se encontrasse de vez em quando. Madalena era uma mulher divorciada, e Sra. Ferreira apenas a mencionou de passagem. Dalila só tinha uma vaga lembrança de Madalena porque ela era irmã de Aurora.- Sim, Madalena se divorciou no ano passado. O marido traiu ela, e também havia relatos de violência doméstica. - Comentou a Sra. Ferreira, a voz tingida de desprezo pelo ex-marido de Madalena. - Além disso, ele exigiu que dividissem as despesas igualmente, mesmo sabendo que Madalena era dona de casa e não tinha renda própria. Ele claramente desprezava ela, e ela não percebeu isso a tempo.- Ouvi dizer que ela só descobriu a traição quando encontrou provas. Enquanto obrigava a dividir as contas, ele gastava dinheiro comprando presentes de luxo para a amante. - A Sra. Ferreira continuou, com desprezo. - Mulheres, especialmente as casadas, precisam ser espertas. Ame a si mesma antes de amar os outros. Se você não se valoriza, como pode esperar que seu
Capítulo 1216- Obrigada, Sr. João. - Agradeceu Madalena cortesmente e acrescentou. - Sr. João, vamos indo. Até logo.João, sempre preocupado com a segurança de Madalena e Michel, aconselhou: - Ande devagar. Michel, até logo.Michel acenou para João com a mãozinha, um sorriso inocente iluminando seu rosto. - Até logo, Sr. João.Madalena montou na moto e saiu com o filho, o motor roncando suavemente. João ficou parado, observando os dois se afastarem, seu olhar fixo na figura pequena e determinada de Madalena. Ele permaneceu olhando até que eles se tornaram pequenos pontos no horizonte. Só então ele voltou ao carro, um suspiro profundo escapando de seus lábios antes de seguir para a empresa.Assim que o carro de João começou a se mover, um carro de luxo estacionado cinquenta metros atrás também ligou o motor, o som do motor ecoando na rua tranquila.- Dalila, acelere um pouco. Vamos ultrapassar o carro do João e descobrir quem é aquela mulher. - Disse Sra. Ferreira, com uma ponta de u
Dalila estava dirigindo com confiança e um leve sorriso no rosto. O carro que ela estava usando pertencia à Sra. Ferreira, que o emprestou a Dalila para usar enquanto estava na Cidade G. Era uma demonstração de confiança e afeto, algo que Dalila apreciava muito.A Sra. Ferreira gostava muito de Dalila e queria muito que ela ficasse com João. Dalila, por outro lado, não estava com pressa para conquistar João. Em vez disso, ela passava seu tempo livre acompanhando a Sra. Ferreira em passeios e atividades, o que fazia com que a Sra. Ferreira gostasse ainda mais dela. Ela estava seguindo a estratégia de conquistar a sogra primeiro.Ouvindo o que Dalila disse, a Sra. Ferreira olhou rapidamente para fora da janela do carro. Dalila estava dirigindo e havia muitos carros atrás dela, então ela não podia parar de repente ou reduzir a velocidade. Quando a Sra. Ferreira olhou, já estavam muito distantes, mas uma mãe pode facilmente reconhecer seu filho.- É o João. - Disse a Sra. Ferreira com ce
- Cinco a seis mil reais por metro quadrado, mais ou menos. - Sandro respondeu, com um tom de voz que sugeria resignação.Aurora olhou para os dois tios e os dois primos, sua expressão severa. - Vocês têm alguma objeção? Se não, faremos como o avô sugeriu. Vou pedir a alguém para redigir o contrato e levar um notário para formalizar o acordo. Depois disso, a propriedade dos meus pais não incluirá mais os avós. - Ela respirou fundo, mantendo a postura firme. - Eles podem continuar morando lá, mas vocês precisam pagar o aluguel e as contas de água e luz. Não vamos tirar vantagem de vocês, mas também não aceitamos ser prejudicadas.Bruno se aproximou e sussurrou no ouvido de Aurora: - Primeiro, transfira a propriedade. Embora o nome na escritura ainda seja o de seu pai, precisamos que seus avós assinem um documento renunciando à herança para que você e Madalena possam herdar completamente.Aurora assentiu, entendendo a necessidade de resolver tudo legalmente. Havia uma determinação em s
Após trocarem olhares, Sandro perguntou com um tom de preocupação: - Aurora, vocês duas podem discutir e nos dar um preço pela casa e o terreno? - Se vendermos, quem vai pagar? Vocês ou os avós? - Aurora olhou para Sandro. Sandro suspirou, consciente da complicação. - Seria para os avós morarem, então eles pagariam. Mas depois da doença da vovó, as economias deles acabaram. Nós ajudamos a pagar as despesas médicas, mas eles não têm dinheiro suficiente. - Ele hesitou antes de continuar, sabendo que a resposta não seria bem recebida. - Podemos fazer com que os avós escrevam uma nota promissória, e eles pagam o que puderem agora e o resto fica pendente...Aurora levantou uma sobrancelha, incrédula. - Pendentes para vocês pagarem depois? - Ela sentia a irritação crescer, sabendo que essa era mais uma tentativa de passar a responsabilidade para elas.Madalena, tentando conter a indignação, perguntou: - Os avós estão idosos, sem renda. Como eles vão comprar uma casa? Sandro ficou em s
Sandro convenceu o velho Sr. Garcia a negociar com Aurora e Madalena sobre a questão da casa de Joaquim.- Está bem. - Aurora concordou. Ela preferia resolver isso por meio de negociações do que gastar tempo e energia com um processo judicial. Uma hora depois.Bruno arranjou uma sala privada no Hotel Internacional da Cidade G para a reunião entre eles. Madalena chegou acompanhada de Michel. Ela segurava a mão do filho com firmeza, buscando força no pequeno, que olhava curioso para todos ao redor. O velho Sr. Garcia também chamou Diego de volta. Ele sempre planejava deixar a casa de Joaquim para Diego, considerando-o seu neto favorito e confiando-lhe todas as decisões importantes. Diego, apesar de suas falhas, era visto pelo o velho Sr. Garcia como uma extensão de si mesmo.Quando Diego soube que Aurora usou Ronaldo para fazer um teste de DNA com seu avô, ele percebeu que continuar com a disputa seria inútil. Sentiu uma mistura de raiva e resignação. Aurora tinha sido mais astuta do