Sra. Erica apenas murmurou algumas palavras, sem continuar com o assunto. - Querido, aquele carro que você me deu de presente no Dia dos Namorados, peça para a dona Izete trazê-lo. Sem carro é muito inconveniente sair. - Pediu Aurora, virando-se para Bruno.- Claro. - Bruno respondeu com um sorriso afável. A felicidade em seus olhos era evidente. Finalmente conseguiu entregar o presente de Dia dos Namorados que havia planejado para sua esposa. Ele se sentiu satisfeito.Sra. Erica se virou para Aurora, que estava sentada ao seu lado. - Aurora, é assim mesmo que deve ser. Seu homem trabalha para ganhar dinheiro para você gastar. Quanto mais você gastar, mais feliz ele fica e mais motivado ele fica para ganhar dinheiro. Se você não gastar, o dinheiro dele vira apenas uma sequência de números, sem nenhum significado ou senso de realização.Aurora riu suavemente, os olhos brilhando com carinho e gratidão. - Vovó, eu não estou precisando de dinheiro. Ela sabia que Bruno frequentemente
- Amor, você precisa dar um jeito de tirar a Eliana da prisão. Ela nunca passou por algo assim na vida. - Disse a Sra. Leite, com uma expressão de profunda preocupação no rosto, os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar.O que mais inquietava a Sra. Leite era a sua filha mais nova. Mesmo com o filho no ensino médio, ela não se preocupava tanto com ele. Para ela, Eliana sempre foi a criança mais frágil e sensível, que precisava de proteção constante.Seu filho, um estudante do terceiro ano do ensino médio, morava no internato e só voltava para casa uma vez por mês. Ela só precisava garantir que o saldo do cartão de alimentação dele estivesse sempre cheio. Ele era bem mais sensato que Eliana. A única coisa que incomodava a Sra. Leite era que ele sempre defendia Natália, com uma determinação que às vezes a surpreendia.Quando ele estava em casa, a Sra. Leite precisava ser mais amável com Natália para evitar discussões com ele. O menino, alto e já demonstrando traços da virilidade que
Natália estava na calçada, de frente para o carro que havia acabado de estacionar, erguendo os ouvidos, tentando identificar quem estava ao volante pelo som. A chuva fina da manhã caía suavemente em seu rosto, e ela só podia perceber a fraca luz através da cortina de chuva, sem conseguir distinguir qualquer detalhe. As gotas de chuva caíam em seu guarda-chuva, produzindo um leve som de pingos, misturando-se ao ruído de fundo da rua. Sentia a luz tão próxima, quase ao alcance, mas inatingível, como se uma barreira invisível a impedisse de chegar até ela.- Você caminha todos os dias para voltar à loja? - Uma voz grave rompeu a tranquilidade.Natália reconheceu imediatamente a voz, era Rivaldo. Ele havia sido enganado por Aurora, mas ainda assim a acompanhou até a floricultura. Quando Natália agradeceu e perguntou seu nome, Rivaldo, ao contrário de Bruno, não ocultou sua identidade e lhe disse que era o segundo filho da família Alves.- Sr. Rivaldo. - Disse Natália, esboçando seu sorri
Rivaldo lançou um olhar rápido para ela, seus olhos brilhando com uma mistura de preocupação e curiosidade. - Você não pode ver. Mesmo que o ônibus passe, você não conseguirá sinalizá-lo.Com uma serenidade que contrastava com a sua situação, Natália respondeu: - Os seguranças na entrada do condomínio são muito prestativos. Todos os dias, eles me ajudam a parar o ônibus e garantem que eu embarque com segurança.Rivaldo ficou em silêncio após a resposta. Ele mal a conhecia, e ainda assim, se sentia compelido a protegê-la. Depois de ser enganado por Aurora, se sentia obrigado a cortejar Natália, não apenas por orgulho, mas para não dar ao Bruno e à Aurora, a satisfação de vê-lo falhar. Contudo, Natália permanecia um mistério para ele. Sua avó tinha fornecido apenas as informações básicas. O resto, ele teria que descobrir por si mesmo.A falta de conhecimento e familiaridade criava um silêncio palpável entre os dois. Rivaldo dirigia concentrado, enquanto Natália ouvia atentamente a músi
- Srta. Natália, ao fazer essas tarefas, você nem parece cega. - Observou Rivaldo, admirado, enquanto ela se movia com destreza pela loja. Natália colocou a vara de volta no lugar, seus movimentos precisos demonstrando anos de prática, e respondeu calmamente: - A prática leva à perfeição. Tenho esta floricultura há anos e faço essas tarefas todos os dias. Com o tempo, aprendi a fazer tudo pelo tato. Depois de abrir a porta, Natália deixou sua bengala de lado e começou a mover habilmente os vasos de plantas para fora da loja, um por um, organizando-os cuidadosamente na entrada. Ela conhecia cada vaso, cada planta, como a palma da sua mão.- Sr. Rivaldo, quais flores deseja comprar hoje? - Ela perguntou enquanto carregava os vasos, sua voz suave contrastando com a força necessária para mover as plantas. - Se sinta à vontade para olhar com calma. Rivaldo, vendo-a mover vários vasos sozinha, finalmente decidiu ajudar. Ele se aproximou e começou a carregar os vasos de plantas, organizan
Eliana não suportava ver o irmão sendo carinhoso com Natália. Quando ele ainda estava na escola primária, ela convenceu a mãe a mandá-lo para um internato, reduzindo assim o tempo que ele passava em casa. Mesmo com essa distância, o meio-irmão de nove anos de Natália continuava nutrindo um profundo carinho por ela.O jovem sempre se culpava por não estar presente quando Natália adoeceu, e por não poder forçar os pais a levá-la ao hospital, o que resultou na perda de sua visão. Para Natália, o calor humano vinha exclusivamente do irmão, e essa era a única fonte de conforto em sua família.Rivaldo ouvia Natália falar com uma calma surpreendente sobre as experiências mais dolorosas de sua vida, e sentia uma compaixão crescente por ela. Talvez fosse porque, desde o início, sabia que Natália era a escolha de sua avó para ser sua esposa. De alguma forma, ele já a via como alguém sob sua proteção.- Os tempos difíceis vão passar. - Disse Rivaldo com uma voz grave e consoladora.Natália sorr
Agora, Rivaldo e Natália ainda nem haviam começado uma relação. Ou melhor, Rivaldo havia começado, mas Natália ainda não sabia. Ela recusava dar rosas a ele, e ele entendia perfeitamente, mesmo que isso doesse um pouco, como uma farpa persistente no coração.- Essas flores também são muito bonitas. Obrigado pelo buquê, Srta. Natália. - Agradeceu Rivaldo, admirando o arranjo com uma reverência silenciosa antes de se despedir com um sorriso gentil, um sorriso que escondia uma admiração profunda. - Srta. Natália, vou para o trabalho agora.Saindo da floricultura, Rivaldo voltou ao seu carro, um carro prateado que brilhava sob o sol matinal. Ele abriu a porta do passageiro com cuidado, como se estivesse manejando um tesouro frágil, e cuidadosamente colocou o buquê no assento, ajeitando as flores com um toque delicado. Antes de entrar no carro, olhou para Natália mais uma vez, sentindo uma pontada de ternura por aquela mulher que, sem saber, começava a conquistar seu coração.Natália escuto
Rivaldo, curioso e um tanto incrédulo, perguntou:- Um médico lendário? Ele pode curar problemas de visão?- Um médico lendário pode curar de tudo. Caso contrário, por que o chamariam assim? - Bruno respondeu com um sorriso enigmático, seus olhos cintilando com um conhecimento oculto.Rivaldo, ansioso, sentiu um sopro de esperança renovada em seu peito. - Onde ele está? Vou mandar alguém para chamar ele. - Continuou, seus olhos brilhando como estrelas numa noite clara.Bruno se inclinou um pouco para frente, apoiando os cotovelos na mesa e entrelaçando os dedos. - Ele apareceu na Mansão Tavares, na Cidade A, mas recentemente não está mais lá. Ouvi dizer que sua discípula, Catarina, está muito próxima da família Tavares, especialmente de Tiago, mas não se dá bem com Walter. Talvez Jean possa saber mais. - Explicou Bruno, pensativo, seus olhos fixos em um ponto distante, como se estivesse revivendo memórias. - Essa Catarina é uma mulher extraordinária. Ela e a esposa do chefe da famíli
Stella esfregou a testa, refletindo com um suspiro: - Eu sei que você nunca amou o Helder. Só fiquei com medo de que você se sentisse culpada. Mas ele está bem agora, sendo o herdeiro da família. Precisa enfrentar desafios para crescer e se tornar mais maduro. - Isso foi algo que sua mãe fez pelo bem dele, mandando-o para ser testado. Não tenho motivo para me sentir culpada. - Aurora respondeu com firmeza.Aurora voltou para o caixa, pegou o celular e comentou com um leve sorriso: - Vou avisar meu namorado antes que ele tenha alguma ideia errada. Ela sabia que Bruno tinha um temperamento possessivo e ciumento. Era melhor contar para ele sobre o encontro com Helder do que deixá-lo descobrir pelos seguranças. Aurora digitou uma mensagem rápida para Bruno, seus dedos movendo-se ágeis pelo teclado.Stella foi para a cozinha, seus pensamentos ainda no encontro inesperado. Pouco tempo depois, voltou com uma bandeja de uvas e colocou no balcão do caixa. - Helder trouxe estas, são aquelas
Aurora voltou à livraria com o coração leve, satisfeita por ter resolvido os problemas com a casa da família. O sol brilhava, refletindo seu bom humor. Ao abrir a porta da loja, foi surpreendida por uma visão inesperada.Helder, alguém que não via há muito tempo, estava ali. Ele havia tirado dois dias de folga, que junto com o fim de semana, somavam quatro dias para visitar seus pais. Sabendo que Aurora não estava na loja, ele decidiu passar por lá para ver sua prima. Stella, que estava atendendo um cliente, sorriu ao vê-la entrar, mas não teve tempo de dizer nada antes de Helder se virar para sair.- Aurora! - Helder exclamou, com um sorriso caloroso, chamando-a com o mesmo carinho de sempre. Havia uma emoção sincera em sua voz.- Helder? - Aurora piscou, surpresa. Ela o observou de cima a baixo, notando as mudanças em sua postura. - Quando você chegou? Faz tanto tempo. Você parece mais maduro e confiante.- Cheguei hoje. Minha mãe não está se sentindo bem. A fábrica está mais tranq
A Sra. Ferreira estava ansiosa para descobrir se Madalena e seu filho tinham contato frequente com João. Dalila, ao ouvir a Sra. Ferreira pedir para investigar Madalena, franziu a testa e perguntou: - Sra. Ferreira, você acha que João está interessado em Madalena?A Sra. Ferreira soltou um suspiro profundo, tentando manter a calma. - Madalena é uma mulher divorciada e gorda. João não tem um gosto tão ruim. Mas, devemos tomar cuidado. Quem sabe Madalena não está de olho em João? Dalila, a esposa ideal para meu filho é uma garota como você.Mesmo que Madalena não fosse divorciada, ela nunca teria a aprovação da Sra. Ferreira. Ela queria o melhor para seu filho, e Dalila parecia ser a escolha perfeita em todos os aspectos.Dalila refletiu por um momento antes de responder, seus olhos estreitando-se enquanto pensava. - É verdade, não pensei nisso. Eu achava que João nunca se interessaria por uma mulher divorciada, e que você nunca permitiria. Por isso, não considerei Madalena uma ameaç
No mesmo círculo social, era inevitável que se encontrasse de vez em quando. Madalena era uma mulher divorciada, e Sra. Ferreira apenas a mencionou de passagem. Dalila só tinha uma vaga lembrança de Madalena porque ela era irmã de Aurora.- Sim, Madalena se divorciou no ano passado. O marido traiu ela, e também havia relatos de violência doméstica. - Comentou a Sra. Ferreira, a voz tingida de desprezo pelo ex-marido de Madalena. - Além disso, ele exigiu que dividissem as despesas igualmente, mesmo sabendo que Madalena era dona de casa e não tinha renda própria. Ele claramente desprezava ela, e ela não percebeu isso a tempo.- Ouvi dizer que ela só descobriu a traição quando encontrou provas. Enquanto obrigava a dividir as contas, ele gastava dinheiro comprando presentes de luxo para a amante. - A Sra. Ferreira continuou, com desprezo. - Mulheres, especialmente as casadas, precisam ser espertas. Ame a si mesma antes de amar os outros. Se você não se valoriza, como pode esperar que seu
Capítulo 1216- Obrigada, Sr. João. - Agradeceu Madalena cortesmente e acrescentou. - Sr. João, vamos indo. Até logo.João, sempre preocupado com a segurança de Madalena e Michel, aconselhou: - Ande devagar. Michel, até logo.Michel acenou para João com a mãozinha, um sorriso inocente iluminando seu rosto. - Até logo, Sr. João.Madalena montou na moto e saiu com o filho, o motor roncando suavemente. João ficou parado, observando os dois se afastarem, seu olhar fixo na figura pequena e determinada de Madalena. Ele permaneceu olhando até que eles se tornaram pequenos pontos no horizonte. Só então ele voltou ao carro, um suspiro profundo escapando de seus lábios antes de seguir para a empresa.Assim que o carro de João começou a se mover, um carro de luxo estacionado cinquenta metros atrás também ligou o motor, o som do motor ecoando na rua tranquila.- Dalila, acelere um pouco. Vamos ultrapassar o carro do João e descobrir quem é aquela mulher. - Disse Sra. Ferreira, com uma ponta de u
Dalila estava dirigindo com confiança e um leve sorriso no rosto. O carro que ela estava usando pertencia à Sra. Ferreira, que o emprestou a Dalila para usar enquanto estava na Cidade G. Era uma demonstração de confiança e afeto, algo que Dalila apreciava muito.A Sra. Ferreira gostava muito de Dalila e queria muito que ela ficasse com João. Dalila, por outro lado, não estava com pressa para conquistar João. Em vez disso, ela passava seu tempo livre acompanhando a Sra. Ferreira em passeios e atividades, o que fazia com que a Sra. Ferreira gostasse ainda mais dela. Ela estava seguindo a estratégia de conquistar a sogra primeiro.Ouvindo o que Dalila disse, a Sra. Ferreira olhou rapidamente para fora da janela do carro. Dalila estava dirigindo e havia muitos carros atrás dela, então ela não podia parar de repente ou reduzir a velocidade. Quando a Sra. Ferreira olhou, já estavam muito distantes, mas uma mãe pode facilmente reconhecer seu filho.- É o João. - Disse a Sra. Ferreira com ce
- Cinco a seis mil reais por metro quadrado, mais ou menos. - Sandro respondeu, com um tom de voz que sugeria resignação.Aurora olhou para os dois tios e os dois primos, sua expressão severa. - Vocês têm alguma objeção? Se não, faremos como o avô sugeriu. Vou pedir a alguém para redigir o contrato e levar um notário para formalizar o acordo. Depois disso, a propriedade dos meus pais não incluirá mais os avós. - Ela respirou fundo, mantendo a postura firme. - Eles podem continuar morando lá, mas vocês precisam pagar o aluguel e as contas de água e luz. Não vamos tirar vantagem de vocês, mas também não aceitamos ser prejudicadas.Bruno se aproximou e sussurrou no ouvido de Aurora: - Primeiro, transfira a propriedade. Embora o nome na escritura ainda seja o de seu pai, precisamos que seus avós assinem um documento renunciando à herança para que você e Madalena possam herdar completamente.Aurora assentiu, entendendo a necessidade de resolver tudo legalmente. Havia uma determinação em s
Após trocarem olhares, Sandro perguntou com um tom de preocupação: - Aurora, vocês duas podem discutir e nos dar um preço pela casa e o terreno? - Se vendermos, quem vai pagar? Vocês ou os avós? - Aurora olhou para Sandro. Sandro suspirou, consciente da complicação. - Seria para os avós morarem, então eles pagariam. Mas depois da doença da vovó, as economias deles acabaram. Nós ajudamos a pagar as despesas médicas, mas eles não têm dinheiro suficiente. - Ele hesitou antes de continuar, sabendo que a resposta não seria bem recebida. - Podemos fazer com que os avós escrevam uma nota promissória, e eles pagam o que puderem agora e o resto fica pendente...Aurora levantou uma sobrancelha, incrédula. - Pendentes para vocês pagarem depois? - Ela sentia a irritação crescer, sabendo que essa era mais uma tentativa de passar a responsabilidade para elas.Madalena, tentando conter a indignação, perguntou: - Os avós estão idosos, sem renda. Como eles vão comprar uma casa? Sandro ficou em s
Sandro convenceu o velho Sr. Garcia a negociar com Aurora e Madalena sobre a questão da casa de Joaquim.- Está bem. - Aurora concordou. Ela preferia resolver isso por meio de negociações do que gastar tempo e energia com um processo judicial. Uma hora depois.Bruno arranjou uma sala privada no Hotel Internacional da Cidade G para a reunião entre eles. Madalena chegou acompanhada de Michel. Ela segurava a mão do filho com firmeza, buscando força no pequeno, que olhava curioso para todos ao redor. O velho Sr. Garcia também chamou Diego de volta. Ele sempre planejava deixar a casa de Joaquim para Diego, considerando-o seu neto favorito e confiando-lhe todas as decisões importantes. Diego, apesar de suas falhas, era visto pelo o velho Sr. Garcia como uma extensão de si mesmo.Quando Diego soube que Aurora usou Ronaldo para fazer um teste de DNA com seu avô, ele percebeu que continuar com a disputa seria inútil. Sentiu uma mistura de raiva e resignação. Aurora tinha sido mais astuta do