A tia de Natália ouviu dizer que um famoso médico milagroso tem aparecido frequentemente na Cidade A e decidiu tentar pedir sua ajuda para tratar os olhos de Natália. Mesmo que não conseguissem encontrar o médico em pessoa, talvez um de seus discípulos talentosos pudesse dar uma olhada.O médico e seus aprendizes representavam a última esperança de Natália.Depois de tantos meses de tratamento, Natália começou a perceber uma leve melhora na visão, embora ainda visse tudo embaçado e indistinto. Mesmo assim, essa pequena mudança a encheu de alegria e renovou sua esperança de recuperar a visão. No entanto, ela manteve isso em segredo, compartilhando apenas com sua tia.Para todos os outros, Natália continuava sendo cega como antes.- Srta. Natália, como soube que havia outras pessoas na minha loja se você não pode ver? - Perguntou Aurora, intrigada.Natália sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos, e respondeu: - Quando entrei, ouvi os passos deles. Seus passos eram firmes e pesad
O som insistente da buzina de um carro cortou o ar, e Natália, apavorada, rapidamente tentou se levantar. No entanto, em meio à confusão, ela não sabia para qual lado deveria ir.Provavelmente estava quase na hora da saída da escola, pois as buzinas continuavam soando sem parar, criando um tumulto ao seu redor.Sem ter certeza de qual direção seguir, ela decidiu ir para a direita, esperando que fosse o caminho certo. Mas o som da buzina voltou a soar, mais alto e insistente. Será que ela estava indo na direção errada?Hesitando um pouco, com o coração batendo acelerado, ela começou a voltar, seus passos hesitantes e incertos.Rivaldo, observando de perto, suspirou e desceu do carro, caminhando rapidamente até ela. Com um movimento decidido, ele pegou seu pulso com firmeza. Por instinto, Natália tentou se soltar, mas quando sentiu o cheiro familiar do perfume de colônia de Rivaldo, uma sensação de alívio a inundou, e ela parou de resistir.Sem perder tempo, Rivaldo a colocou no carro co
No final da tarde, os pais começaram a chegar para buscar seus filhos na escola. Após lidar com essa correria, Aurora planejava jantar na casa da irmã, enquanto Stella tinha um encontro com Paulo. Por isso, a livraria não abriria naquela noite.Aurora comprou duas sacolas de frutas para levar à irmã.A relação entre ela e Madalena continuava a mesma, apesar de Aurora ter se tornado a esposa de Bruno. Nada havia mudado entre elas.Aurora tinha a chave do apartamento da irmã, então entrou diretamente. Ao abrir a porta, viu uma pequena garota... Não, era Michel, mas ele estava usando um lindo vestidinho, caminhando alegremente pela casa, rodopiando e sorrindo.- Michel? - Aurora entrou sorrindo e fechou a porta atrás de si, chamando o sobrinho. - Por que você está usando um vestido?- Tia! - Michel correu até ela, exibindo com orgulho seu vestido. - Tia, estou bonito com ele? Aurora colocou as sacolas de frutas na mesa de centro e pegou o sobrinho no colo, rindo enquanto acariciava seu c
Michel ficou radiante ao ver Bruno e se inclinou para ele. Bruno rapidamente colocou os pacotes que trazia no chão e pegou o garoto no colo.Aurora, sorrindo, abaixou-se para pegar as duas sacolas de frutas e a caixa de leite que Bruno havia trazido. - O que você está fazendo aqui? Você não disse que tinha um compromisso? Eu também trouxe duas sacolas de frutas para minha irmã, e você trouxe as mesmas coisas! - Disse ela, com um tom divertido.- Isso é porque temos uma conexão de alma. - Respondeu Bruno, entrando na casa com Michel nos braços. - O cliente teve um imprevisto e cancelou a reunião, então aproveitei para vir aqui e jantar com vocês.Ele sabia que sua amada esposa estava na casa de Madalena. Essa era uma das vantagens de ter seguranças acompanhando Aurora. Ele não precisava perguntar onde ela estava o tempo todo, mas podia descobrir com uma simples ligação se precisasse.- Oi, Madalena. - Cumprimentou Bruno.Madalena, ao ver Bruno, colocou o garfo de lado e se levantou par
Madalena permaneceu em silêncio.Aurora, porém, interveio, tentando ser diplomática.: - Vocês nunca cuidaram do Michel antes. Levar ele agora não é uma boa ideia, ele não está acostumado e vai chorar muito. Se vocês querem vê-lo, podem vir todos os dias durante o dia para brincar com ele.Cornélio, com um sorriso forçado, respondeu: - Aurora, é verdade que nunca cuidamos do Michel, mas é exatamente por isso que queremos compensar agora. Estamos sem fazer nada em casa e podemos ajudar sua irmã a cuidar do Michel, assim ela pode se concentrar mais no trabalho.Ele então se virou para Michel e perguntou: - Michel, você quer ir para a casa do vovô e da vovó?Michel olhou para Cornélio com um pouco de hesitação e perguntou: - Minha mãe vai também?Cornélio ficou um pouco desconcertado com a pergunta e respondeu: - Sua mãe não vai, mas na casa do vovô e da vovó tem seu pai. Michel, venha para casa conosco, assim sua mãe não precisa se cansar tanto.Michel, com uma expressão decidida, de
Usando as palavras de Arabela, se ela voltasse para a terra natal, seu filho não seria mais dela, pois Juliana o controlaria completamente.Além disso, Daulo e Juliana ainda não tinham feito o casamento oficial. Juliana queria esperar até que o apartamento estivesse reformado para que o casamento fosse mais digno. Agora, morando de aluguel, fazer a cerimônia de casamento seria inconveniente, pois a família dela não teria onde ficar.Se pudessem levar Michel, eles não ficariam tão entediados e poderiam criar um vínculo maior com o neto. Afinal, Michel era o único descendente da família Francisco, e Juliana ainda não tinha engravidado, deixando dúvidas sobre sua capacidade de ter filhos.Madalena estava comendo uma refeição vegetariana e rapidamente ficou satisfeita. Ao ver seus ex-sogros cochichando, ela se levantou e pegou as quatro sacolas de frutas que os cunhados tinham trazido, levando-as para a cozinha.Alguns minutos depois, ela voltou com uma travessa de frutas variadas, enquant
Aurora e Bruno também terminaram de comer, e Bruno disse à esposa: - Aurora, leve o Michel para se sentar um pouco, eu cuido da louça. Em casa, Bruno frequentemente fazia as tarefas domésticas, algo a que Aurora já estava acostumada. Seguindo a sugestão dele, ela pegou Michel e foi se sentar no sofá, ao lado de sua irmã.Assim que se acomodou, percebeu que estava sendo observada por três pares de olhos atentos: sua irmã e os ex-sogros dela. Todos a olhavam fixamente.- Mana, por que estão todos me olhando assim? - Perguntou Aurona, intrigada. - Tenho algum grão de arroz no rosto?Ela passou a mão pelo rosto, mas não encontrou nada.- Aurora, como você pode deixar o Sr. Bruno lavar a louça e fazer as tarefas domésticas? - Arabela repreendeu Aurora. Em seguida, ela acrescentou, tentando explicar seu ponto de vista. - Os homens trabalham fora o dia todo e, quando chegam em casa, as esposas devem cuidar bem deles, proporcionando um ambiente acolhedor para que queiram voltar para casa. A
Mas Michel era neto legítimo deles.Quando Cornélio e Arabela voltaram para o apartamento alugado, encontraram o filho e a nora assistindo televisão no sofá da sala. Os rostos dos dois estavam sombrios, revelando a frustração e o cansaço após a tentativa frustrada de trazer Michel.- Pai, mãe, vocês não trouxeram o Michel? - Daulo se levantou do sofá imediatamente ao ver os pais entrarem. Ele franziu a testa ao notar que não haviam trazido o menino.Juliana também se aproximou, com uma expressão ansiosa no rosto. Ela disse, com uma voz um pouco trêmula: - Eu já arrumei o quartinho e o decorei como um quarto infantil. Comprei muitos brinquedos novos para o Michel. Por que vocês não trouxeram ele?Ela estava visivelmente preocupada, lembrando-se da ameaça recente que havia recebido. Uma mulher desconhecida havia enviado um maço de cabelo, junto com um bilhete. O bilhete dizia que o cabelo era de sua mãe e exigia que ela implementasse seu plano de levar Michel para um lugar movimentado,
Stella esfregou a testa, refletindo com um suspiro: - Eu sei que você nunca amou o Helder. Só fiquei com medo de que você se sentisse culpada. Mas ele está bem agora, sendo o herdeiro da família. Precisa enfrentar desafios para crescer e se tornar mais maduro. - Isso foi algo que sua mãe fez pelo bem dele, mandando-o para ser testado. Não tenho motivo para me sentir culpada. - Aurora respondeu com firmeza.Aurora voltou para o caixa, pegou o celular e comentou com um leve sorriso: - Vou avisar meu namorado antes que ele tenha alguma ideia errada. Ela sabia que Bruno tinha um temperamento possessivo e ciumento. Era melhor contar para ele sobre o encontro com Helder do que deixá-lo descobrir pelos seguranças. Aurora digitou uma mensagem rápida para Bruno, seus dedos movendo-se ágeis pelo teclado.Stella foi para a cozinha, seus pensamentos ainda no encontro inesperado. Pouco tempo depois, voltou com uma bandeja de uvas e colocou no balcão do caixa. - Helder trouxe estas, são aquelas
Aurora voltou à livraria com o coração leve, satisfeita por ter resolvido os problemas com a casa da família. O sol brilhava, refletindo seu bom humor. Ao abrir a porta da loja, foi surpreendida por uma visão inesperada.Helder, alguém que não via há muito tempo, estava ali. Ele havia tirado dois dias de folga, que junto com o fim de semana, somavam quatro dias para visitar seus pais. Sabendo que Aurora não estava na loja, ele decidiu passar por lá para ver sua prima. Stella, que estava atendendo um cliente, sorriu ao vê-la entrar, mas não teve tempo de dizer nada antes de Helder se virar para sair.- Aurora! - Helder exclamou, com um sorriso caloroso, chamando-a com o mesmo carinho de sempre. Havia uma emoção sincera em sua voz.- Helder? - Aurora piscou, surpresa. Ela o observou de cima a baixo, notando as mudanças em sua postura. - Quando você chegou? Faz tanto tempo. Você parece mais maduro e confiante.- Cheguei hoje. Minha mãe não está se sentindo bem. A fábrica está mais tranq
A Sra. Ferreira estava ansiosa para descobrir se Madalena e seu filho tinham contato frequente com João. Dalila, ao ouvir a Sra. Ferreira pedir para investigar Madalena, franziu a testa e perguntou: - Sra. Ferreira, você acha que João está interessado em Madalena?A Sra. Ferreira soltou um suspiro profundo, tentando manter a calma. - Madalena é uma mulher divorciada e gorda. João não tem um gosto tão ruim. Mas, devemos tomar cuidado. Quem sabe Madalena não está de olho em João? Dalila, a esposa ideal para meu filho é uma garota como você.Mesmo que Madalena não fosse divorciada, ela nunca teria a aprovação da Sra. Ferreira. Ela queria o melhor para seu filho, e Dalila parecia ser a escolha perfeita em todos os aspectos.Dalila refletiu por um momento antes de responder, seus olhos estreitando-se enquanto pensava. - É verdade, não pensei nisso. Eu achava que João nunca se interessaria por uma mulher divorciada, e que você nunca permitiria. Por isso, não considerei Madalena uma ameaç
No mesmo círculo social, era inevitável que se encontrasse de vez em quando. Madalena era uma mulher divorciada, e Sra. Ferreira apenas a mencionou de passagem. Dalila só tinha uma vaga lembrança de Madalena porque ela era irmã de Aurora.- Sim, Madalena se divorciou no ano passado. O marido traiu ela, e também havia relatos de violência doméstica. - Comentou a Sra. Ferreira, a voz tingida de desprezo pelo ex-marido de Madalena. - Além disso, ele exigiu que dividissem as despesas igualmente, mesmo sabendo que Madalena era dona de casa e não tinha renda própria. Ele claramente desprezava ela, e ela não percebeu isso a tempo.- Ouvi dizer que ela só descobriu a traição quando encontrou provas. Enquanto obrigava a dividir as contas, ele gastava dinheiro comprando presentes de luxo para a amante. - A Sra. Ferreira continuou, com desprezo. - Mulheres, especialmente as casadas, precisam ser espertas. Ame a si mesma antes de amar os outros. Se você não se valoriza, como pode esperar que seu
Capítulo 1216- Obrigada, Sr. João. - Agradeceu Madalena cortesmente e acrescentou. - Sr. João, vamos indo. Até logo.João, sempre preocupado com a segurança de Madalena e Michel, aconselhou: - Ande devagar. Michel, até logo.Michel acenou para João com a mãozinha, um sorriso inocente iluminando seu rosto. - Até logo, Sr. João.Madalena montou na moto e saiu com o filho, o motor roncando suavemente. João ficou parado, observando os dois se afastarem, seu olhar fixo na figura pequena e determinada de Madalena. Ele permaneceu olhando até que eles se tornaram pequenos pontos no horizonte. Só então ele voltou ao carro, um suspiro profundo escapando de seus lábios antes de seguir para a empresa.Assim que o carro de João começou a se mover, um carro de luxo estacionado cinquenta metros atrás também ligou o motor, o som do motor ecoando na rua tranquila.- Dalila, acelere um pouco. Vamos ultrapassar o carro do João e descobrir quem é aquela mulher. - Disse Sra. Ferreira, com uma ponta de u
Dalila estava dirigindo com confiança e um leve sorriso no rosto. O carro que ela estava usando pertencia à Sra. Ferreira, que o emprestou a Dalila para usar enquanto estava na Cidade G. Era uma demonstração de confiança e afeto, algo que Dalila apreciava muito.A Sra. Ferreira gostava muito de Dalila e queria muito que ela ficasse com João. Dalila, por outro lado, não estava com pressa para conquistar João. Em vez disso, ela passava seu tempo livre acompanhando a Sra. Ferreira em passeios e atividades, o que fazia com que a Sra. Ferreira gostasse ainda mais dela. Ela estava seguindo a estratégia de conquistar a sogra primeiro.Ouvindo o que Dalila disse, a Sra. Ferreira olhou rapidamente para fora da janela do carro. Dalila estava dirigindo e havia muitos carros atrás dela, então ela não podia parar de repente ou reduzir a velocidade. Quando a Sra. Ferreira olhou, já estavam muito distantes, mas uma mãe pode facilmente reconhecer seu filho.- É o João. - Disse a Sra. Ferreira com ce
- Cinco a seis mil reais por metro quadrado, mais ou menos. - Sandro respondeu, com um tom de voz que sugeria resignação.Aurora olhou para os dois tios e os dois primos, sua expressão severa. - Vocês têm alguma objeção? Se não, faremos como o avô sugeriu. Vou pedir a alguém para redigir o contrato e levar um notário para formalizar o acordo. Depois disso, a propriedade dos meus pais não incluirá mais os avós. - Ela respirou fundo, mantendo a postura firme. - Eles podem continuar morando lá, mas vocês precisam pagar o aluguel e as contas de água e luz. Não vamos tirar vantagem de vocês, mas também não aceitamos ser prejudicadas.Bruno se aproximou e sussurrou no ouvido de Aurora: - Primeiro, transfira a propriedade. Embora o nome na escritura ainda seja o de seu pai, precisamos que seus avós assinem um documento renunciando à herança para que você e Madalena possam herdar completamente.Aurora assentiu, entendendo a necessidade de resolver tudo legalmente. Havia uma determinação em s
Após trocarem olhares, Sandro perguntou com um tom de preocupação: - Aurora, vocês duas podem discutir e nos dar um preço pela casa e o terreno? - Se vendermos, quem vai pagar? Vocês ou os avós? - Aurora olhou para Sandro. Sandro suspirou, consciente da complicação. - Seria para os avós morarem, então eles pagariam. Mas depois da doença da vovó, as economias deles acabaram. Nós ajudamos a pagar as despesas médicas, mas eles não têm dinheiro suficiente. - Ele hesitou antes de continuar, sabendo que a resposta não seria bem recebida. - Podemos fazer com que os avós escrevam uma nota promissória, e eles pagam o que puderem agora e o resto fica pendente...Aurora levantou uma sobrancelha, incrédula. - Pendentes para vocês pagarem depois? - Ela sentia a irritação crescer, sabendo que essa era mais uma tentativa de passar a responsabilidade para elas.Madalena, tentando conter a indignação, perguntou: - Os avós estão idosos, sem renda. Como eles vão comprar uma casa? Sandro ficou em s
Sandro convenceu o velho Sr. Garcia a negociar com Aurora e Madalena sobre a questão da casa de Joaquim.- Está bem. - Aurora concordou. Ela preferia resolver isso por meio de negociações do que gastar tempo e energia com um processo judicial. Uma hora depois.Bruno arranjou uma sala privada no Hotel Internacional da Cidade G para a reunião entre eles. Madalena chegou acompanhada de Michel. Ela segurava a mão do filho com firmeza, buscando força no pequeno, que olhava curioso para todos ao redor. O velho Sr. Garcia também chamou Diego de volta. Ele sempre planejava deixar a casa de Joaquim para Diego, considerando-o seu neto favorito e confiando-lhe todas as decisões importantes. Diego, apesar de suas falhas, era visto pelo o velho Sr. Garcia como uma extensão de si mesmo.Quando Diego soube que Aurora usou Ronaldo para fazer um teste de DNA com seu avô, ele percebeu que continuar com a disputa seria inútil. Sentiu uma mistura de raiva e resignação. Aurora tinha sido mais astuta do