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Capítulo 3

Author: Dióspiros
Aquele chicote caiu sobre minha mãe, mas ela parecia não sentir dor alguma.

Ela se virou e olhou fixamente para Simão.

— Simão, você realmente está se equivocando em relação à Helena, não bate nela, por favor, sente e vamos conversar direito. Se continuar assim, vai se arrepender.

— Me arrepender? Eu vou me arrepender de quê? De não ter batido nela antes? Quando vi o exame de gravidez, eu deveria ter dado um tapa nela logo. Essa velha, você acha que pode proteger ela? Sempre me manda ceder para ela. Por que você não ensina sua filha a ter princípios? Hoje, vou bater em você junto com ela.

Simão levantou a mão e desferiu mais alguns golpes.

Minha mãe, com medo de que eu me machucasse, foi na minha direção e me abraçou, aguentando aqueles golpes ela mesma.

Ela soltou um grito de dor tão forte que meu coração apertou.

Para proteger minha mãe, eu não me importava com minha própria dignidade.

Desesperada, implorei a Simão:

— Não bata mais, Simão, por favor, não bata mais. Eu juro que não estou com outro homem! Por favor, pelo tempo que estamos casados, não bata mais nela, ela não vai aguentar!

Mas diante do meu apelo, Simão não parou.

Ele gritou, furioso:

— Que direito você tem de falar de nós dois? Eu te tratei mal? Você não consegue ter filhos, e eu nunca te pressionei por isso. Até minha mãe me pediu para te largar, mas eu recusei. E o que você fez comigo?

Depois de mais algumas chicotadas, senti o corpo da minha mãe, que me abraçava, perder a força.

Simão finalmente parou. O corpo de minha mãe murchou imediatamente.

Quando coloquei a mão nas costas dela, estava cheia de sangue.

Soltei um grito de pavor.

— Mãe, mãe, acorde! Acorda, por favor!

Mas minha mãe já estava inconsciente.

Eu tentei chamar ela de todas as formas, mas ela não reagia.

Ao ver aquele estado da minha mãe, Simão ficou preocupado.

Ele colocou a mão perto do nariz dela e, ao perceber que ela ainda respirava, relaxou um pouco.

Logo a levantou e a colocou no sofá.

Vi a bolsa em cima da mesa e corri para pegar meu celular, querendo ligar para uma ambulância.

Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Simão veio rapidamente e arrancou o celular da minha mão.

— Vai ligar para quem? Não me diga que é para o Alexandre. Eu já te avisei, ele não está livre para te ajudar.

Desesperada, disse:

— Eu vou chamar a ambulância, minha mãe desmaiou, ela precisa de atendimento!

— Não vai ligar!

Simão levantou meu celular e o jogou diretamente no chão.

Meu celular foi instantaneamente esmagado sob o impacto.

— Eu sei que você está tentando ligar para o seu amante.

— Simão, você enlouqueceu.

Eu estava tão desesperada que as lágrimas começaram a escorrer. Com toda a força que consegui reunir, lhe dei um tapa.

Esse tapa, mais uma vez, fez Simão perder o controle.

— Você se atreve a me bater?

Ele levantou o pé e foi em direção ao meu ventre.

Imediatamente, me protegi com as mãos.

Ele acertou minha mão com força.

Esse gesto fez Simão perder completamente a razão.

— Você está defendendo esse filho? Eu te amo tanto, e no final você se empenha em proteger o filho de outro!

Simão deu um, dois, três, e tantos chutes na minha mão, que quase senti como se fosse quebrá-la.

— Chega! Não bata mais! — A violência de Simão fez um vizinho aparecer de repente. — Você vai se dar mal assim.

Simão pegou o cinzeiro da mesa e o atirou contra o homem sem pensar.

— Seu velho, não se meta em assuntos que não te dizem respeito.

Os vizinhos eram todos de idade avançada. Ao verem Simão tão fora de si, começaram a se afastar.

Simão, então, voltou a me agredir.

— Helena, você pode ficar com quem você quiser, mas por que tem que ser com o Alexandre? Você sabe o quanto eu o detesto!

Simão sempre disse que ele e Alexandre eram bons amigos de faculdade, mas a verdade era que, durante a faculdade, Alexandre constantemente o humilhava.

Alexandre obrigava Simão a comprar comida sem o dar dinheiro, falava mal dele para as colegas de classe, e em uma vez, durante o período das provas finais, apagou o alarme de Simão e até copiou sua monografia de formatura. Ele ainda se vangloriava dizendo que era como se fosse o pai de Simão.

O pai de Simão havia falecido há muitos anos, e ele era muito sensível a essa palavra.

Simão já havia pedido várias vezes a Alexandre para parar com isso, mas ele nunca o fez.

Na formatura, os dois brigaram.

Quem diria que, três anos depois, Alexandre se tornaria o superior de Simão no trabalho?

Simão, para se manter, teve que engolir sua raiva e ser submisso a ele.

Simão vivia com extrema cautela no ambiente profissional.

Eu sabia bem o que ele estava sentindo, mas não conseguia entender por que, se ele odiava tanto Alexandre, não o enfrentava, mas vinha descarregar sua fúria em mim.

Era por Alexandre ser homem?

Eu finalmente enxerguei, com clareza, o homem que sempre dizia me amar.

Finalmente, eu entendia o porquê de meu pai sempre dizer que Simão era perigoso. Ele só sabia agredir quem estava mais próximo de si.

A dor me trouxe de volta à realidade.

Minha mão já não aguentava mais.

Eu olhei para Simão e, com a voz trêmula, perguntei:

— Simão, se esse filho realmente for seu, você vai se arrepender de ter o agredido assim?

O que ele disse em seguida me deixou completamente chocada.

— Esse filho não pode ser meu. Eu te digo, há quatro anos eu fiz um exame, e a atividade dos meus espermatozoides é muito baixa. Não teria como eu ter um filho.

— Você fez o exame?

Nós passamos todos esses anos sem conseguir ter filhos.

Não era só Simão quem estava sobre pressão, eu também estava.

Sua mãe me observava todos os dias, me forçando a tomar remédios.

Uma vez, quase morri de envenenamento por causa da medicação.

Mas Simão nunca havia me contado que ele tinha feito o exame e descoberto que tinha problemas com os espermatozoides.

Ele sabia perfeitamente que o problema não era meu, mas ainda assim permitia que a mãe dele me tratasse daquele jeito.

Ele dizia que me amava, mas tudo era mentira.

Eu finalmente desisti.

Soltei minhas mãos e, no instante seguinte, Simão me deu um chute forte no ventre.

Uma dor lancinante me percorreu, e, ao mesmo tempo, uma sensação quente e estranha começou a escorrer de mim.

Foi nesse momento que o celular de Simão tocou.

Ele atendeu a chamada, era do centro de exames.

— Sr. Simão, o resultado do exame saiu. O filho que a Sra. Helena está esperando, realmente é seu.

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