— De qualquer forma, não gosto de ficar por baixo de ninguém. Se não der certo, podemos considerar o casamento na ilha… — Bianca começou a falar, mas, ao virar a cabeça, viu Larissa. Imediatamente, guardou a raiva e trocou sua expressão por um sorriso radiante, cheio de felicidade.— Larissa, que coincidência! Ah, por falar nisso, eu e o Leandro estamos escolhendo o local do nosso casamento. Que tal nos dar sua opinião?Larissa soltou uma risada curta:— Claro.— Você conhece o Castelo Omar? — Perguntou Bianca, com um tom casual.Larissa arregalou os olhos e abriu a boca, fingindo surpresa:— Claro que conheço! Quando o seu noivo ainda era meu namorado, contei a ele que sempre sonhei com um casamento em um castelo. E especificamente no Castelo Omar. Sempre disse que seria uma experiência inesquecível.Ela então adotou uma expressão de admiração:— Vocês vão se casar no Castelo Omar? Que sorte! Conseguir reservar lá deve ser muito difícil.Bianca, vendo a suposta admiração de Larissa, f
Naquele momento, uma mulher usando um avental saiu apressada da cozinha. Trazia um bebê de seis ou sete meses no colo e, com a outra mão, equilibrava um engradado de cerveja, enquanto gritava para dentro do restaurante:— Uma porção de caracóis para a mesa quatro!Ela entregou as cervejas para uma mesa de clientes e passou um abridor para eles.— Desculpem a demora, gente. Estamos super ocupados hoje! Prometo que depois faço um desconto para vocês.Os clientes, que pareciam ser estudantes, riram e começaram a chamá-la de "irmã mais velha", elogiando sua beleza e brincando com ela. A mulher gargalhou, claramente à vontade com eles.Depois de trocar algumas palavras animadas, virou-se para voltar ao restaurante, mas, ao olhar para o lado, seus olhos se arregalaram de surpresa.— Ai, meu Deus! Dra. Larissa, é você mesmo? — Disse a mulher, radiante, enquanto corria na direção de Larissa com o bebê ainda no colo. — Por que não me avisou antes de vir? Eu teria ido te buscar na entrada do bec
Os outros dois médicos não tiveram coragem de assumir o caso, e coube a Larissa intervir. Foram seis ou sete horas de cirurgia, e, milagrosamente, tanto a mãe quanto o bebê sobreviveram.Desde então, Lorena frequentemente levava Daniel ao hospital para visitar Larissa, e, por causa disso, Larissa já estava bem familiarizada com o pequeno. Ela brincou com Daniel, e o garoto, reconhecendo-a, imediatamente quis ir para os braços dela.— Ei, olha direito para mim! Sou o seu padrinho! — Disse Almir, segurando o rostinho de Daniel para ele olhar para si. Mas o garoto insistiu em tentar pular para o colo de Larissa.Larissa estendeu os braços, segurou o bebê e beijou sua testa com carinho.— Você é o padrinho do Daniel?— Sim, autoproclamado.Larissa riu:— Então eu acabei virando a madrinha dele?— Com certeza.Os dois brincaram com Daniel por mais alguns minutos, e depois seguiram em direção ao restaurante. Arthur estava ocupado na cozinha, mas arranjou um tempo para sair e cumprimentá-los.
Larissa seguiu Almir rapidamente descendo as escadas, indo atrás dele até a porta. Quando viu Arthur, ainda com o avental amarrado e uma barra de ferro na mão, correndo na frente, ela ficou ainda mais preocupada.Lorena, por outro lado, parecia acostumada com a situação. Com Daniel no colo, ela saiu atrás deles e gritou:— Arthur, termina de brigar e volta logo pra cá! Eu não dou conta sozinha!Larissa pegou Daniel no colo, incentivando Lorena a voltar para o restaurante.— Omo tem uma equipe de transporte. No pátio de cargas, ele e outros motoristas às vezes disputam os trabalhos quando não tem muita coisa pra fazer. Mas não é nada sério. — Explicou Lorena, parecendo tranquila.Ao ouvir isso, Larissa ficou ainda mais apreensiva.Lorena riu:— Se fosse só o Arthur indo, eu ficaria preocupada. Mas com o Almir junto, eu fico tranquila. Ele sempre sabe o que está fazendo. Não vai deixar a situação sair do controle.Larissa assentiu, mas ainda não conseguia relaxar completamente. Enquanto
— O Almir não faz nada?— Ah, ele faz também.Larissa, na verdade, estava falando sobre o passado, quando estava com Leandro. Naquele tempo, todas as tarefas domésticas recaíam sobre ela.— Vou te dizer uma coisa: homem não pode ser mimado. — Disse Lorena, limpando a mesa com eficiência. Então, inclinou-se para sussurrar para Larissa. — E vou te contar outra: o Almir cozinha muito bem. Deixa ele preparar as refeições.— Eu já comi o sanduíche que ele fez. Estava delicioso.— Tá vendo? Ele já trabalhou aqui como cozinheiro.Lembrando disso, Larissa perguntou:— Ele sabe fazer rissois?— E como sabe! — Lorena respondeu animada. Contou que, na época em que Almir estudava no exterior, ele passava as férias ajudando no restaurante. Os rissois que ele fazia eram tão bons que, depois que voltou para a faculdade, Arthur não conseguia reproduzir o mesmo sabor, e os estudantes da Universidade A chegaram até a reclamar.— Então era ele mesmo que fazia. — Larissa riu, achando incrível como o desti
Segundo Almir, Omo tinha surtos ocasionais e não valia a pena se preocupar com ele.Para evitar que Larissa ficasse pensando demais, Lorena logo se aproximou e explicou:— Omo é solteirão e, toda vez que ouve falar de casamento, fica de mau humor. Mas não se preocupe, ele sempre acaba se ajustando sozinho depois.Quando saíram do pequeno restaurante de Arthur, Almir fez questão de levar todas as mangas que havia colhido.De volta para casa, os dois se sentaram no solário do segundo andar, encostados um no outro, cada um com um livro nas mãos. Aproveitaram em silêncio os últimos raios de luz antes do pôr do sol.Tinham combinado de preparar o jantar juntos, mas Almir precisou sair de última hora.— É sobre uma possível parceria. Estou pensando se vale a pena dar uma chance para eles.Como era algo relacionado ao trabalho, Larissa não fez muitas perguntas. Assim que Almir saiu, o telefone de Larissa tocou: era Luana, convidando-a para beber no bar do Felipe.— Você me deu um bolo da últi
— Tudo bem, pode ir. Só não bata na cabeça do Leandro. — Luana brincou.— Eu só espero nunca tê-lo conhecido.Larissa pegou os pratos e caminhou em direção à sala privada. Quando chegou à porta, ouviu o som animado das conversas lá dentro. Ela abriu a porta e estava prestes a entrar, mas parou de repente, surpresa.Sentado na cadeira bem de frente para a porta, inclinando o corpo de lado e fumando um cigarro, estava Almir. Ele também pareceu surpreso ao vê-la e imediatamente endireitou a postura. Ele ia dizer algo, mas Leandro foi mais rápido:— Quem disse que todas as garotas da escola gostavam de você? Também tem quem gostasse de mim.Leandro olhou para Almir e depois apontou para Larissa:— Ela me amava. Amava de um jeito desesperado. Eu não casei com ela, mas mesmo assim ela ficou comigo por oito anos.No início, o tom era de brincadeira, mas, quando Leandro terminou, tanto Felipe quanto Luís franziram as sobrancelhas.— Leandro, para com isso. Você está prestes a se casar, lembra?
Larissa, enquanto refletia sobre como o mundo era pequeno, carregava as garrafas de bebida seguindo Luís em direção à sala privada.— Quem organizou isso hoje? — Larissa perguntou.— Foi o Felipe, mas, na verdade, foi por causa do Leandro. Ele não consegue engolir o orgulho. O Grupo Freitas tem um projeto importante, e o Grupo Tecnologia Cruz está tentando conseguir essa parceria há tempos, mas não está indo nada bem. O responsável pelo projeto é o Almir. — Explicou Luís.Larissa assentiu, pensando que Leandro recentemente havia tentado agradar Fernando, provavelmente sem sucesso, e agora estava tentando se aproximar de Almir. No entanto, ela achava curioso: Almir, por mais que fosse o responsável pelo projeto, ainda era apenas um funcionário. Ele não deveria ter poder absoluto para decidir algo tão grande.— Larissa, me entrega as bebidas e não entra lá, tá bom? — Disse Luís.Larissa soltou uma risadinha:— Nem pensar. Quero ver o show de perto.Luís suspirou:— Leandro já está muito
— Então, o que o senhor vai querer para o jantar? — Larissa perguntou.— Eu quero comer joelho de porco alemão...— Está muito barulhento aqui, pode repetir?— Ele disse que quer comer chucrute com joelho de porco alemão! — Ketty gritou ao fundo.— Quem disse que eu quero comer joelho de porco alemão? Quer me matar? Não inventa! — Lorenzo gritou de volta para Ketty, irritado.Larissa segurou o riso antes de responder:— Eu vou lhe mandar uma receita mais saudável para o jantar. E lembre-se: marcamos o check-up para segunda-feira. Almir também estará de volta, então não tem desculpa para não ir.Lorenzo murmurou, tentando parecer firme:— Eu estou bem saudável, não preciso disso.— Tudo bem. Se os resultados estiverem ótimos, eu autorizo que o senhor coma uma refeição especial.— Posso comer joelho de porco?— Pode.Lorenzo sorriu, satisfeito:— Certo, segunda-feira está combinado.Ketty pegou o telefone, sorrindo:— Só você consegue fazer ele obedecer. Apareça em casa para um jantar qu
Com apenas um telefonema, o diretor Nuno convocou os dois diretores executivos, Renata e o agente dela para uma reunião de emergência. Larissa e Luana ficaram no corredor do hotel, aguardando. Elas poderiam ser chamadas a qualquer momento para confrontar Renata, caso necessário.Casos de bullying em sets de filmagem eram situações delicadas. Não eram exatamente raros, mas o impacto podia variar dependendo de como fossem tratados. A postura do diretor Nuno era clara: ele não toleraria abusos, mas isso também dependia das negociações e interesses dos investidores.Antes de entrar na sala, Renata lançou um olhar de desprezo para Larissa e Luana, soltando uma risada sarcástica:— Vocês estão sonhando se acham que eu vou ser substituída. — Ela disse com arrogância. — Já estou com metade das minhas cenas gravadas. Se me tirarem agora, o prejuízo para o estúdio será enorme. E vocês acham que eu entrei nesse projeto sem ter um bom apoio nos bastidores?Luana, indignada, respondeu:— Você humil
— Diretor, me desculpe. Vamos gravar mais uma vez. Desta vez, prometo que vou captar a emoção certa. — Renata disse, fingindo arrependimento.O diretor Nuno, já segurando sua irritação, suspirou com força e, sem querer prolongar a discussão, acenou com a mão:— Vamos fazer uma pausa. Use esse tempo para pensar melhor na cena.— Sim, senhor.Enquanto todos se afastavam, Larissa correu para ajudar Luana, tirando um lenço de papel e secando seu rosto. O rosto de Luana estava levemente arroxeado, provavelmente por ter ficado muito tempo submersa. Mesmo que tentasse parecer forte, estava claro que ela havia chegado ao seu limite.— Estou bem. — Luana assegurou, ofegante.Larissa levantou-se e olhou diretamente para Renata:— Você fez isso de propósito, não foi?Renata cruzou os braços, com um sorriso cheio de deboche:— Se é isso que você acha, então foi mesmo.— Legal. Então vamos até o diretor Nuno agora, para resolver isso. Espero que não mude de ideia na frente dele.Os olhos de Renata
— Ele realmente deveria ir a um psiquiatra! — Luana disse, balançando a cabeça em descrença.Larissa deu um sorriso amargo:— Na verdade, depois de pensar bastante, percebi que talvez ele tenha razão em uma coisa: nossas famílias realmente não deveriam morar tão perto.— Mas isso não significa que você e o Almir tenham que se mudar!— Por isso, eu perguntei: por que não você e a Bianca se mudam?— E o que ele respondeu? — Luana perguntou, curiosa.Larissa suspirou:— Ele disse que mora lá há oito anos, que tem muitas lembranças e que não pode simplesmente abandonar tudo.— Ele está claramente fazendo isso só para te irritar!— Foi o que pensei. Então, fechei a porta na cara dele e não dei mais atenção.Enquanto dizia isso, Larissa olhou ao redor. Ela estava no set de filmagens do diretor Nuno.— Você termina de gravar hoje?— Só falta a última cena.— E depois, qual é o plano?Luana suspirou:— A empresa não está me oferecendo muitos projetos. Vou ter que procurar por conta própria.—
Leandro só deixou transparecer a dor quando finalmente entrou em casa. Ele pressionou o estômago com a mão, contorcendo o rosto. Por causa de sua rotina desregrada e do consumo excessivo de álcool, sua gastrite havia atacado novamente. Se fosse antes, Larissa já estaria ao seu lado, reclamando sem parar, insistindo para que ele parasse de se destruir desse jeito.O armário de remédios estava vazio, sem nenhum medicamento para o estômago, mas, ao abrir uma gaveta na cozinha, encontrou a receita que Larissa havia deixado para preparar uma sopa reconfortante para o estômago.— Larissa, você acha que, sem você, eu vou morrer de dor? Eu mesmo faço a sopa. Que dificuldade isso pode ter? — Resmungou, enquanto colocava uma panela no fogão e começava a preparar tudo conforme a receita. Por sorte, Larissa já havia deixado os ingredientes devidamente organizados antes de se mudar.Embora os ingredientes estivessem ali, o processo era mais trabalhoso do que ele esperava. Ele precisou lavar tudo, d
Era Leandro. Ele segurava o batente da porta, impedindo-a de fechar, enquanto a encarava com um olhar furioso e fixo.Larissa franziu as sobrancelhas:— O que você quer?Ele não respondeu, apenas continuou a encará-la, sem piscar.Larissa respirou fundo:— Se você não sair agora, eu vou chamar a polícia!Ao ouvir isso, Leandro ficou ainda mais irritado e socou a parede com força.— O que você está fazendo aqui, no meio da noite, enlouquecendo na porta da minha casa?! — Larissa também perdeu a paciência.— Aquela casa velha dos seus pais… eu comprei para te dar! — Ele disse entre os dentes, com raiva.— Mas você não deu. Pelo contrário, usou essa casa repetidamente para me ameaçar. — Larissa retrucou com frieza.— Eu ia te dar!— Escute o que está dizendo. Não parece ridículo?Leandro, visivelmente frustrado, passou a mão pelos cabelos com força, como se tentasse aliviar a tensão.— Eu ia te dar, mas você não deveria ter deixado o Almir pegar de mim! Quem ele pensa que é? Aquela casa fo
A melodia que Almir tocava ao piano era calma e acolhedora, e Larissa caminhou até ele, observando-o enquanto ele parecia imerso na música, com um olhar cheio de ternura. Quando a música terminou, ele estendeu a mão e puxou-a para que sentasse ao seu lado.— Como se chama essa música? — Ela perguntou.Almir pensou por um momento, depois sorriu e balançou a cabeça:— Não faço ideia. Foi algo que improvisei.— Seu pai disse que você tocava violino muito mal, mas que no piano você se sai bem.— Foi porque eu percebi que não tinha talento para o violino. Então resolvi aprender piano.— Esse piano é seu? — Larissa perguntou, olhando para o instrumento, que estava cheio de adesivos de desenhos animados, algo que não parecia combinar com Almir.— Não, ele pertence à irmã do Bruno. Lembra que eu te falei do Bruno?Larissa assentiu. Almir já havia contado sobre o ano em que fugiu de casa e fez amizade com três grandes companheiros: Arthur, Omo e Bruno. Bruno, no entanto, havia perdido a vida du
Ao ouvir a pergunta de Larissa, Lorenzo imediatamente se arrependeu de ter tocado no assunto.— Pelo visto, o Almir não te contou nada sobre o passado dele.Larissa pensou por um instante e deduziu que Almir provavelmente havia tido uma namorada antes, alguém com quem ele teve um relacionamento profundo e que, após o término, o deixou bastante abalado. Talvez por isso ele nunca tivesse se envolvido seriamente com mais ninguém, o que fez Lorenzo e Ketty acreditarem que ele não iria se casar. Para Larissa, não era nada demais. Ela tinha um passado com Leandro, e era natural que Almir também tivesse alguém em seu passado.— Não tem problema. Quando ele quiser me contar, ele vai contar. — Disse Larissa, com calma.Lorenzo suspirou aliviado e acrescentou:— Pode ficar tranquila. O Almir não é do tipo que não sabe ser leal. Se ele te escolheu para ser sua esposa, ele será completamente fiel a você. Mas, se ele te tratar mal, venha nos contar. Nós sempre estaremos do seu lado.Larissa sentiu-
Lorenzo lançou mais um olhar reprovador para Almir. Sem ter mais desculpas, acabou concordando.— Tudo bem, eu vou com você.Após o jantar, Larissa chamou Lorenzo, que estava prestes a subir as escadas, pedindo que ele fosse caminhar com ela. Almir quis ir junto, mas Lorenzo declarou que, se ele fosse, então ele mesmo não iria.Almir soltou um suspiro exagerado e disse:— Se não fosse para acompanhar minha esposa, pode ter certeza de que eu não iria também.A antiga casa da família Freitas era enorme, com bosques e gramados, perfeita para uma caminhada. Larissa estava um pouco tímida no começo, mas, ao perceber que Lorenzo parecia ainda mais desconfortável do que ela, acabou relaxando.— Com quantos anos o senhor começou a assumir os negócios da família? — Perguntou Larissa, puxando um assunto aleatório para quebrar o gelo.Lorenzo imediatamente lembrou-se de seus tempos de juventude:— Foi logo depois de me formar na faculdade. Eu estava planejando ir para o exterior, mas o avó do Alm