Almir virou a cabeça para Leandro. Embora houvesse um sorriso em seu rosto, o olhar era frio como gelo.— Vamos lá.Larissa estava ao lado de Almir, enchendo seu copo, enquanto Luís servia Leandro.Os dois começaram a beber, um copo atrás do outro, e logo a primeira garrafa já tinha acabado.Larissa lembrou-se de Almir dizendo que não gostava de beber e que sua resistência ao álcool não era das melhores. Ela começou a ficar preocupada.— Melhor parar por aqui. — Disse Larissa em voz baixa.Almir colocou o copo vazio sobre a mesa e respondeu:— Fica tranquila. Hoje eu vou acabar com ele!— Quem cair primeiro é covarde! — Leandro gritou, irritado ao ver Larissa cochichando com Almir.Os dois abriram uma nova garrafa e, mais uma vez, a esvaziaram rapidamente. Leandro já demonstrava sinais de que não aguentava mais. Seu corpo balançava para os lados, incapaz de permanecer firme.— Continua servindo! Quero mais! — Ele gritou, tentando manter a postura.Luís segurou Leandro pelo braço, tenta
O salão ficou em completo silêncio por alguns minutos. Ninguém esperava que as coisas tomassem aquele rumo tão rápido.Luís e Felipe finalmente se recuperaram do choque e imediatamente ergueram Leandro, levando-o para os fundos para limpá-lo. Almir, por sua vez, tinha a calça toda manchada com bebida, e Felipe lhe entregou uma de suas calças.— Não precisam se preocupar, eu troco na sala ao lado. — Disse Almir.Felipe assentiu, ainda impressionado. Ele olhou para Almir, que havia acabado de beber três garrafas de bebida forte e ainda parecia completamente lúcido.— Você realmente aguenta bem a bebida.Almir deu de ombros:— Mais ou menos.Assim que Felipe saiu, Almir apoiou a cabeça no ombro de Larissa e disse:— Acho que estou bêbado.Larissa virou o rosto e deu um beijo leve nele:— Obrigada.— Pelo quê?— Por me defender.— Não tem que me agradecer.— Por quê?— Porque é minha obrigação como marido.Larissa corou e empurrou de leve o peito dele:— Vai logo trocar de roupa. Vou levar
Luís ficou parado, observando Almir entrar no carro com a noiva nos braços. Ele não conseguia tirar da cabeça a sensação de que conhecia aquele perfil de algum lugar.Dentro do carro, Almir tirou o casaco que cobria Larissa e a encontrou olhando para ele com os olhos brilhando. Ela era linda, mas aqueles olhos... Pareciam vê-lo como se ele fosse o único homem no mundo.Almir não resistiu e se inclinou para beijá-la, mas Larissa colocou a mão sobre a boca dele, interrompendo o gesto. Com um sorriso travesso, ela beijou o dorso da própria mão, ainda cobrindo a boca dele. Ele riu. Não sabia exatamente por quê, mas quando ela sorria, ele sentia vontade de sorrir também.— Por que você está rindo? — Perguntou Larissa.Almir pensou por um momento antes de responder:— Porque estou feliz. E você, por que está rindo?— Porque eu também estou feliz.O carro seguia pela estrada quando o celular de José tocou.— Sr. Almir, posso atender? É a minha esposa ligando.— Claro, pode atender. Encosta o
Ao sair do metrô, Almir carregava uma cesta de verduras na mão esquerda enquanto segurava a mão de Larissa com a direita.— Amanhã vamos para minha cidade buscar minha avó, seu tio e sua tia para virem para Cidade A. — Disse Almir enquanto caminhavam.Larissa assentiu. Faltava apenas uma semana para o casamento, e as famílias dos dois ainda não haviam se encontrado.— E também precisamos visitar o túmulo dos seus pais.Larissa segurou o braço de Almir, apoiando a cabeça nele. Casar com a pessoa certa era isso: ele se importava com o que ela valorizava e sempre pensava nos detalhes antes mesmo dela.Quando chegaram à mansão, Almir decidiu dar a cesta de verduras para o segurança. Como eles iriam viajar no dia seguinte e ficariam dois dias fora, os legumes não estariam mais frescos na volta.Depois de entrarem, Almir começou a se queixar de um leve desconforto no estômago. Larissa, preocupada, foi até a cozinha preparar uma sopa para aquecer e ajudar a aliviar os efeitos da bebida. Quand
Leandro estava com os cabelos desgrenhados, as roupas cobertas de poeira e tremendo de frio depois de passar a noite inteira ao relento. A manhã estava particularmente gelada, e ele encolhia os ombros, tentando se aquecer. Quando ele virou a cabeça, olhou direto para Larissa, que já estava na janela o observando. Ele a encarou com um olhar furioso, mas ela manteve apenas uma expressão fria e indiferente.Talvez incapaz de suportar a maneira como ela o olhava, Leandro desviou o olhar rapidamente, levantou-se e voltou correndo para a casa do outro lado da rua.Depois do café da manhã, Larissa subiu para trocar de roupa, enquanto Almir foi até a entrada da mansão esperar pelo carro. José chegaria em breve para buscá-los.Quando Larissa terminou de se arrumar e chegou ao portão, viu Almir encostado de lado na guarita, conversando animadamente com o segurança. Ele parecia bastante envolvido no assunto.— A carne ficou dura porque você cortou do jeito errado. Não pode cortar no sentido da fi
Ketty era a esposa do presidente do Grupo Freitas. Isso significava que o filho dela era simplesmente o herdeiro do império Freitas.Larissa levou a mão à boca, completamente surpresa. Ela já tinha imaginado que Almir não era alguém comum, mas nunca passou pela sua cabeça que ele fosse o sucessor do Grupo Freitas. Afinal, o Grupo Freitas era um dos dez conglomerados familiares mais influentes do mundo.— Mas o seu sobrenome é Costa...— Meu nome era Almir Freitas. Eu vivia doente quando era pequeno, e minha mãe chamou um vidente, que disse que meu sobrenome não combinava com o meu mapa astral, ou algo assim. Então, ela me fez usar o sobrenome dela, Costa.Larissa ficou sem palavras. Sua tia havia dito que iria apresentá-la a um rapaz trabalhador e humilde, e acabou apresentando o herdeiro do Grupo Freitas! E ainda tinha Dona Regina, que, de vez em quando, reclamava:"Essa senhora é tão pão-dura, vive tentando levar vantagem."— O romã está doce?— O quê?Almir apontou para o romã nas m
Ketty segurou Larissa pela mão e praticamente ignorou Almir. Assim que entraram na delegacia, os três se sentaram em um banco, enquanto os policiais terminavam de colher os depoimentos.O tio e a tia de Larissa, gente simples do interior, pareciam estar completamente assustados. Era a primeira vez que passavam por uma situação assim, e o nervosismo ainda estava evidente nos rostos de ambos.Dona Regina, apesar dos cabelos brancos, estava cheia de energia e explicava com clareza o que tinha acontecido:— Aquela moça parecia mesmo estar machucada. A gente achou que seria bom ajudá-la a pegar um táxi ali na estrada. Mas, no meio do caminho, ela nos levou para um lugar deserto, e, do nada, apareceram uns rapazes fortes e jovens que levaram nossas bolsas. Tá vendo? Fazer o bem não compensa mais. Até menina hoje em dia tá roubando.— Quanto dinheiro tinha nas bolsas? — Perguntou o policial.— Não muito. Trezentos mil. E eles não levaram só a minha, levaram a deles também. Acho que tinham uns
Almir havia voltado para a antiga mansão da família Freitas. Como o herdeiro do Grupo Freitas, seu casamento era um evento que estava causando grande alvoroço em Cidade A. Era assunto em todos os círculos sociais, desde o empresarial até o político.Por isso, ele precisava socializar e atender aos compromissos com as pessoas importantes que participariam da cerimônia. Do lado de Larissa, ela não precisava se preocupar com nada, pois a família Freitas cuidava de todos os detalhes. No entanto, a mansão onde eles morariam após o casamento precisava ser decorada. Assim, cestas de flores foram colocadas, balões vermelhos foram enchidos, e a casa começou a ganhar um ar festivo.Na véspera do casamento, Luana tirou folga do trabalho no set de gravação. Camila, outra grande amiga de Larissa, também estava lá para ajudar. Durante a tarde, Arthur e Lorena chegaram para dar uma mão na decoração.— Rissa, vem ver esse balão gigante! Tem uns dois metros de altura! — Luana gritou da área externa.La
— Então, o que o senhor vai querer para o jantar? — Larissa perguntou.— Eu quero comer joelho de porco alemão...— Está muito barulhento aqui, pode repetir?— Ele disse que quer comer chucrute com joelho de porco alemão! — Ketty gritou ao fundo.— Quem disse que eu quero comer joelho de porco alemão? Quer me matar? Não inventa! — Lorenzo gritou de volta para Ketty, irritado.Larissa segurou o riso antes de responder:— Eu vou lhe mandar uma receita mais saudável para o jantar. E lembre-se: marcamos o check-up para segunda-feira. Almir também estará de volta, então não tem desculpa para não ir.Lorenzo murmurou, tentando parecer firme:— Eu estou bem saudável, não preciso disso.— Tudo bem. Se os resultados estiverem ótimos, eu autorizo que o senhor coma uma refeição especial.— Posso comer joelho de porco?— Pode.Lorenzo sorriu, satisfeito:— Certo, segunda-feira está combinado.Ketty pegou o telefone, sorrindo:— Só você consegue fazer ele obedecer. Apareça em casa para um jantar qu
Com apenas um telefonema, o diretor Nuno convocou os dois diretores executivos, Renata e o agente dela para uma reunião de emergência. Larissa e Luana ficaram no corredor do hotel, aguardando. Elas poderiam ser chamadas a qualquer momento para confrontar Renata, caso necessário.Casos de bullying em sets de filmagem eram situações delicadas. Não eram exatamente raros, mas o impacto podia variar dependendo de como fossem tratados. A postura do diretor Nuno era clara: ele não toleraria abusos, mas isso também dependia das negociações e interesses dos investidores.Antes de entrar na sala, Renata lançou um olhar de desprezo para Larissa e Luana, soltando uma risada sarcástica:— Vocês estão sonhando se acham que eu vou ser substituída. — Ela disse com arrogância. — Já estou com metade das minhas cenas gravadas. Se me tirarem agora, o prejuízo para o estúdio será enorme. E vocês acham que eu entrei nesse projeto sem ter um bom apoio nos bastidores?Luana, indignada, respondeu:— Você humil
— Diretor, me desculpe. Vamos gravar mais uma vez. Desta vez, prometo que vou captar a emoção certa. — Renata disse, fingindo arrependimento.O diretor Nuno, já segurando sua irritação, suspirou com força e, sem querer prolongar a discussão, acenou com a mão:— Vamos fazer uma pausa. Use esse tempo para pensar melhor na cena.— Sim, senhor.Enquanto todos se afastavam, Larissa correu para ajudar Luana, tirando um lenço de papel e secando seu rosto. O rosto de Luana estava levemente arroxeado, provavelmente por ter ficado muito tempo submersa. Mesmo que tentasse parecer forte, estava claro que ela havia chegado ao seu limite.— Estou bem. — Luana assegurou, ofegante.Larissa levantou-se e olhou diretamente para Renata:— Você fez isso de propósito, não foi?Renata cruzou os braços, com um sorriso cheio de deboche:— Se é isso que você acha, então foi mesmo.— Legal. Então vamos até o diretor Nuno agora, para resolver isso. Espero que não mude de ideia na frente dele.Os olhos de Renata
— Ele realmente deveria ir a um psiquiatra! — Luana disse, balançando a cabeça em descrença.Larissa deu um sorriso amargo:— Na verdade, depois de pensar bastante, percebi que talvez ele tenha razão em uma coisa: nossas famílias realmente não deveriam morar tão perto.— Mas isso não significa que você e o Almir tenham que se mudar!— Por isso, eu perguntei: por que não você e a Bianca se mudam?— E o que ele respondeu? — Luana perguntou, curiosa.Larissa suspirou:— Ele disse que mora lá há oito anos, que tem muitas lembranças e que não pode simplesmente abandonar tudo.— Ele está claramente fazendo isso só para te irritar!— Foi o que pensei. Então, fechei a porta na cara dele e não dei mais atenção.Enquanto dizia isso, Larissa olhou ao redor. Ela estava no set de filmagens do diretor Nuno.— Você termina de gravar hoje?— Só falta a última cena.— E depois, qual é o plano?Luana suspirou:— A empresa não está me oferecendo muitos projetos. Vou ter que procurar por conta própria.—
Leandro só deixou transparecer a dor quando finalmente entrou em casa. Ele pressionou o estômago com a mão, contorcendo o rosto. Por causa de sua rotina desregrada e do consumo excessivo de álcool, sua gastrite havia atacado novamente. Se fosse antes, Larissa já estaria ao seu lado, reclamando sem parar, insistindo para que ele parasse de se destruir desse jeito.O armário de remédios estava vazio, sem nenhum medicamento para o estômago, mas, ao abrir uma gaveta na cozinha, encontrou a receita que Larissa havia deixado para preparar uma sopa reconfortante para o estômago.— Larissa, você acha que, sem você, eu vou morrer de dor? Eu mesmo faço a sopa. Que dificuldade isso pode ter? — Resmungou, enquanto colocava uma panela no fogão e começava a preparar tudo conforme a receita. Por sorte, Larissa já havia deixado os ingredientes devidamente organizados antes de se mudar.Embora os ingredientes estivessem ali, o processo era mais trabalhoso do que ele esperava. Ele precisou lavar tudo, d
Era Leandro. Ele segurava o batente da porta, impedindo-a de fechar, enquanto a encarava com um olhar furioso e fixo.Larissa franziu as sobrancelhas:— O que você quer?Ele não respondeu, apenas continuou a encará-la, sem piscar.Larissa respirou fundo:— Se você não sair agora, eu vou chamar a polícia!Ao ouvir isso, Leandro ficou ainda mais irritado e socou a parede com força.— O que você está fazendo aqui, no meio da noite, enlouquecendo na porta da minha casa?! — Larissa também perdeu a paciência.— Aquela casa velha dos seus pais… eu comprei para te dar! — Ele disse entre os dentes, com raiva.— Mas você não deu. Pelo contrário, usou essa casa repetidamente para me ameaçar. — Larissa retrucou com frieza.— Eu ia te dar!— Escute o que está dizendo. Não parece ridículo?Leandro, visivelmente frustrado, passou a mão pelos cabelos com força, como se tentasse aliviar a tensão.— Eu ia te dar, mas você não deveria ter deixado o Almir pegar de mim! Quem ele pensa que é? Aquela casa fo
A melodia que Almir tocava ao piano era calma e acolhedora, e Larissa caminhou até ele, observando-o enquanto ele parecia imerso na música, com um olhar cheio de ternura. Quando a música terminou, ele estendeu a mão e puxou-a para que sentasse ao seu lado.— Como se chama essa música? — Ela perguntou.Almir pensou por um momento, depois sorriu e balançou a cabeça:— Não faço ideia. Foi algo que improvisei.— Seu pai disse que você tocava violino muito mal, mas que no piano você se sai bem.— Foi porque eu percebi que não tinha talento para o violino. Então resolvi aprender piano.— Esse piano é seu? — Larissa perguntou, olhando para o instrumento, que estava cheio de adesivos de desenhos animados, algo que não parecia combinar com Almir.— Não, ele pertence à irmã do Bruno. Lembra que eu te falei do Bruno?Larissa assentiu. Almir já havia contado sobre o ano em que fugiu de casa e fez amizade com três grandes companheiros: Arthur, Omo e Bruno. Bruno, no entanto, havia perdido a vida du
Ao ouvir a pergunta de Larissa, Lorenzo imediatamente se arrependeu de ter tocado no assunto.— Pelo visto, o Almir não te contou nada sobre o passado dele.Larissa pensou por um instante e deduziu que Almir provavelmente havia tido uma namorada antes, alguém com quem ele teve um relacionamento profundo e que, após o término, o deixou bastante abalado. Talvez por isso ele nunca tivesse se envolvido seriamente com mais ninguém, o que fez Lorenzo e Ketty acreditarem que ele não iria se casar. Para Larissa, não era nada demais. Ela tinha um passado com Leandro, e era natural que Almir também tivesse alguém em seu passado.— Não tem problema. Quando ele quiser me contar, ele vai contar. — Disse Larissa, com calma.Lorenzo suspirou aliviado e acrescentou:— Pode ficar tranquila. O Almir não é do tipo que não sabe ser leal. Se ele te escolheu para ser sua esposa, ele será completamente fiel a você. Mas, se ele te tratar mal, venha nos contar. Nós sempre estaremos do seu lado.Larissa sentiu-
Lorenzo lançou mais um olhar reprovador para Almir. Sem ter mais desculpas, acabou concordando.— Tudo bem, eu vou com você.Após o jantar, Larissa chamou Lorenzo, que estava prestes a subir as escadas, pedindo que ele fosse caminhar com ela. Almir quis ir junto, mas Lorenzo declarou que, se ele fosse, então ele mesmo não iria.Almir soltou um suspiro exagerado e disse:— Se não fosse para acompanhar minha esposa, pode ter certeza de que eu não iria também.A antiga casa da família Freitas era enorme, com bosques e gramados, perfeita para uma caminhada. Larissa estava um pouco tímida no começo, mas, ao perceber que Lorenzo parecia ainda mais desconfortável do que ela, acabou relaxando.— Com quantos anos o senhor começou a assumir os negócios da família? — Perguntou Larissa, puxando um assunto aleatório para quebrar o gelo.Lorenzo imediatamente lembrou-se de seus tempos de juventude:— Foi logo depois de me formar na faculdade. Eu estava planejando ir para o exterior, mas o avó do Alm