Capítulo 1
Um Estranho No Meu Quintal
O pai preparava-se para mais uma das suas aventuras, estava eu sentada no sofá, tentado imaginar algo de extraordinário para colocar no meu caderno diário, mas minha vida não tinha grandes sobressaltos, visto que hoje completo 14 anos e três meses. É que vivo confinada a esta casa, delimitada por um grande muro desde que me entendo por gente. Vivo apenas com o meu pai Bruno, meu melhor amigo, meu herói e protetor. Minha mãe morreu no parto, segundo o pai, devido à negligência de certas pessoas, ela era muito boa gente, mas o mundo lá fora foi muito cruel para ela, e meu pai não queria que acontecesse o mesmo comigo.
Ele me beijou na testa e despediu-se, aconselhando-me:
- Fique bem Olívia, voltarei já e trarei o teu pão favorito.
- Está bem pai - respondi-lhe com um sorriso amarelo.
Ele saiu, mas voltou às pressas, entrando no quarto, e esclareceu:
- Esqueci-me da minha arma!
Beijou a pistola enquanto se dirigia à porta, e exclamou, olhando para a arma:
- O que seria feito de mim sem ti?
Eram cerca de 13h30, àquela hora eu ia sempre sentar-me, encostada ao vaso de plantas que ficava no quintal de casa, o único lugar de onde dava para ver o sol.
Mas naquele dia aconteceu algo inesperado. Estava um humano em minha casa! Levei as mãos ao peito, abri a boca o quanto podia, o meu espanto era enorme! Era a primeira vez que via um humano, sem ser eu ou o meu pai.
Era um rapaz, ele estava dormindo com as costas encostadas ao vaso e os pés estendidos no chão. O sol brincava com a sua pele que tinha um tom dourado, cor de mel. Os cabelos curtos, encaracolados e caramelizados, caíam-lhe para o rosto. Era bem magrinho. Seus lábios eram carnudos, a parte superior da cor da sua pele, mas a parte inferior era rosada.
Quando ele se deu conta da minha presença, pois a minha sombra cobria-o, pouco a pouco, abriu olhos. Eram os olhos mais lindos do mundo: bem pequenos e um bocado puxados, que brilhavam ao sol. Ele devia estar a sonhar porque sorria, fazendo aparecer duas lindas covinhas que lhe davam um sorriso perfeito e doce.
Havia um porém: ele estava sujo, muito sujo, e a camisola azul-bebé e o calção branco que usava estavam vermelhos de sangue, ele tinha uma grande ferida. Quando ele se apercebeu da minha presença tentou levantar-se às pressas, mas escorregou e caiu.
- Acalme-se, por favor, eu não vou lhe fazer mal algum - disse eu, fazendo gestos com as mãos.
Ele encarou-me bem assustado e voltou a encostar-se ao vaso como se tivesse medo de mim.
Ofereci-lhe a mão para o ajudar a levantar-se, ele pegou nela e, segundos depois, já estava de pé.
Ele era só um bocadinho mais alto do que eu, e parecia ter a mesma idade.
Comecei a enchê-lo de perguntas:
- Estás bem, rapaz? Como é que te chamas? Como é que vieste cá parar?
Ele então me respondeu:
- Meu nome é Sander e, na verdade, nem sei como eu vim cá parar.
Não sei mesmo, ajudei todas aquelas crianças a irem ter com a sua família, era suposto eu ir ver a minha também. Pois, não faço ideia de como vim cá parar.
Interrompi-o e voltei a questioná-lo:
- Como conseguiste entrar aqui?
- Já disse que não sei como, estive a lutar com aquele casal.
E já muito alterado, e nitidamente zangado disse:
- Aquele casal explora crianças, ambos são maldosos. Eu tive de acabar com eles para salvar aquelas crianças. Eu só fiz o que ele me pediu.
Interrompi-o novamente, perguntando:
- Ele quem? Não te estou a entender.
- Ora, acho que é melhor te sentares que é uma longa história - disse ele, apoiando os braços sobre as suas pernas.
A lha Acima Do Céu- Quando eu pulei da janela a fugir da avó, corri para a avenida. Andava atordoado pelas ruas, os carros apitavam para que eu saísse da estrada, um homem alto, vestido de preto pegou-me pelo ombro e, levantando as mãos, fez sinal de paz para os condutores, e disse:&
A Verdadeira IdentidadeEstava tão concentrada a ouvir as histórias de Sander que me esqueci das horas. Já estava a escurecer, lembrei-me de que o pai chegava em casa sempre à hora do jantar e se ele encontrasse o Sander ali daria cabo dele e de mim também.Então, sugeri-lhe: - Acho melhor entramos, podes ficar no meu quarto.Estava adorando conversar com ele e já tinha o que escrever no meu caderno di&aa
O orfanatoFui levada para um abrigo de meninas órfãs. Cheguei lá por volta das 10 horas da noite, as outras meninas tinham acabado de jantar e já se tinham recolhido.Levaram-me para um quarto que tinha várias camas dispostas lado a lado. Uma assistente mostrou-me qual seria a minha cama e foi-se embora.Logo que ela saiu as meninas se levantaram e começaram a cochichar, olhando para mim. Fiquei incomodada, todas elas observavam-me com nítido desagrado, demonstrando que a minha presença não lhes agradava. Apontavam-me o dedo, exceto uma rapariga que continuava deitada. Subitamente, ela se levantou e veio em minha direção. Estava vestida toda de preto, à moda dos rapazes, e tinha os lábios pintados da mesma cor e umas lindas tranças, tão compridas que lhe chegavam à cintura. Trazia um lenço tamb&ea
A Casa AmaldiçoadaEstava a ficar tudo monótono, em casa era sempre a mesma coisa, a escola continuava a ser a mesma chatice. Ama, de vez em quando, levava-me a passear, Luís, sempre disponível, esforçava-se muito para me agradar. Wilker e os amigos, sempre que podiam, irritavam-me. O único normal naquela casa era Júnior, mas sempre muito tímido.Descobri alguns meses depois onde era a casa em que Sander cresceu. Desde então passei a lá ir, ficava à frente da casa, a observar, era a minha maneira de me sentir perto dele.Um dia não resisti à curiosidade e entrei naquela casa. Lá dentro dominava a escuridão, o ambiente era pesado, isso não me surpreendia, vários crimes foram lá cometidos.Sentei-me no chão, imaginando Sander a viver naquela casa. De repente, vi uma sombra, e fiq
E Renasce Das CinzasLogo após ser divulgada a notícia da morte de Sander, a sua mãe entrou em contato comigo. Fomos as únicas a fazer luto por ele.Helenice tinha dado à luz uma menina havia quatro meses. De vez em quando nos encontrávamos e relembrávamos Sander, e consolávamos uma à outra.Passados quase dois meses, ouvi falar muito de um novo médium que adivinhava tudo, um médium misterioso, mas nunca levei a sério essa notícia. Até que um dia ouvi a minha madrasta falando com uma sua amiga sobre o tal médium e fiquei atrás da porta, ouvindo-as conversar.- Olha, tens mesmo que ir lá, ele é mesmo muito bom - disse a amiga de Ama.E continuou:- Estive com ele e colocou-me em contato com meus parentes já falecidos. Ele fez-me sentir mais leve, como se ele tivess
O PânicoConversamos com Hermínia, uma das amas de Sander, que não cuidou dele por mais do que um dia. Ela não tinha encontrado a caixa que tanto procurávamos, mas tinha uma história um tanto triste para nos contar. E desabafou:- Quando fui chamada para ir trabalhar com a família desse menino, logo que cheguei lá encontrei os seus pais discutindo sobre qual deles iria levá-lo à escola pela primeira vez. Cada um puxava para o seu lado, ambos tinham coisas a fazer que consideravam mais importantes do que acompanhar o menino no seu primeiro dia de aulas. Sobrou para mim. Lembro-me que estava lá um rapaz muito espevitado, que apressava a mãe do menino, chamando-a insistentemente de “Milady”.Quando cheguei lá nem me cumprimentaram, só me entregaram o menino com a missão de acompanhá-lo à es
De Volta Ao EspelhoChegamos de noite e fomos imediatamente ver Helenice, ela ficou tão feliz por estarmos bem. Depois fui para a minha casa, tinha que dar sinal de vida. Já estavam todos a dormir. O pai ficou muito contente por eu ter voltado. Ama e Juninho também. Quem não gostou muito do nosso regresso foi Wilker. Estávamos muito cansados, deitamo-nos logo.E Sander então começou a desabafar:&n
Naquele momento não senti nada, nem dor, nem tristeza. Subi ao meu quarto e pus-me a pensar em tudo o que se passara entre nós. Sander entrou em minha vida e mudou-a por completo, ele tinha-me tocado na alma, ele tinha visto coisas em mim que eu nunca imaginara. Eu já não era apenas eu, ele já se alastrara em mim, estava em minha cabeça 24 sobre 24 horas. Sander tinha se tornado o motivo da minha existência. Eu gostaria de retribuir tudo o que ele fez por mim, provando que ele era inocente e libertando-o daquela maldição.enjoy this amazing book!
Naquele momento não senti nada, nem dor, nem tristeza. Subi ao meu quarto e pus-me a pensar em tudo o que se passara entre nós. Sander entrou em minha vida e mudou-a por completo, ele tinha-me tocado na alma, ele tinha visto coisas em mim que eu nunca imaginara. Eu já não era apenas eu, ele já se alastrara em mim, estava em minha cabeça 24 sobre 24 horas. Sander tinha se tornado o motivo da minha existência. Eu gostaria de retribuir tudo o que ele fez por mim, provando que ele era inocente e libertando-o daquela maldição.enjoy this amazing book!
De Volta Ao EspelhoChegamos de noite e fomos imediatamente ver Helenice, ela ficou tão feliz por estarmos bem. Depois fui para a minha casa, tinha que dar sinal de vida. Já estavam todos a dormir. O pai ficou muito contente por eu ter voltado. Ama e Juninho também. Quem não gostou muito do nosso regresso foi Wilker. Estávamos muito cansados, deitamo-nos logo.E Sander então começou a desabafar:&n
O PânicoConversamos com Hermínia, uma das amas de Sander, que não cuidou dele por mais do que um dia. Ela não tinha encontrado a caixa que tanto procurávamos, mas tinha uma história um tanto triste para nos contar. E desabafou:- Quando fui chamada para ir trabalhar com a família desse menino, logo que cheguei lá encontrei os seus pais discutindo sobre qual deles iria levá-lo à escola pela primeira vez. Cada um puxava para o seu lado, ambos tinham coisas a fazer que consideravam mais importantes do que acompanhar o menino no seu primeiro dia de aulas. Sobrou para mim. Lembro-me que estava lá um rapaz muito espevitado, que apressava a mãe do menino, chamando-a insistentemente de “Milady”.Quando cheguei lá nem me cumprimentaram, só me entregaram o menino com a missão de acompanhá-lo à es
E Renasce Das CinzasLogo após ser divulgada a notícia da morte de Sander, a sua mãe entrou em contato comigo. Fomos as únicas a fazer luto por ele.Helenice tinha dado à luz uma menina havia quatro meses. De vez em quando nos encontrávamos e relembrávamos Sander, e consolávamos uma à outra.Passados quase dois meses, ouvi falar muito de um novo médium que adivinhava tudo, um médium misterioso, mas nunca levei a sério essa notícia. Até que um dia ouvi a minha madrasta falando com uma sua amiga sobre o tal médium e fiquei atrás da porta, ouvindo-as conversar.- Olha, tens mesmo que ir lá, ele é mesmo muito bom - disse a amiga de Ama.E continuou:- Estive com ele e colocou-me em contato com meus parentes já falecidos. Ele fez-me sentir mais leve, como se ele tivess
A Casa AmaldiçoadaEstava a ficar tudo monótono, em casa era sempre a mesma coisa, a escola continuava a ser a mesma chatice. Ama, de vez em quando, levava-me a passear, Luís, sempre disponível, esforçava-se muito para me agradar. Wilker e os amigos, sempre que podiam, irritavam-me. O único normal naquela casa era Júnior, mas sempre muito tímido.Descobri alguns meses depois onde era a casa em que Sander cresceu. Desde então passei a lá ir, ficava à frente da casa, a observar, era a minha maneira de me sentir perto dele.Um dia não resisti à curiosidade e entrei naquela casa. Lá dentro dominava a escuridão, o ambiente era pesado, isso não me surpreendia, vários crimes foram lá cometidos.Sentei-me no chão, imaginando Sander a viver naquela casa. De repente, vi uma sombra, e fiq
O orfanatoFui levada para um abrigo de meninas órfãs. Cheguei lá por volta das 10 horas da noite, as outras meninas tinham acabado de jantar e já se tinham recolhido.Levaram-me para um quarto que tinha várias camas dispostas lado a lado. Uma assistente mostrou-me qual seria a minha cama e foi-se embora.Logo que ela saiu as meninas se levantaram e começaram a cochichar, olhando para mim. Fiquei incomodada, todas elas observavam-me com nítido desagrado, demonstrando que a minha presença não lhes agradava. Apontavam-me o dedo, exceto uma rapariga que continuava deitada. Subitamente, ela se levantou e veio em minha direção. Estava vestida toda de preto, à moda dos rapazes, e tinha os lábios pintados da mesma cor e umas lindas tranças, tão compridas que lhe chegavam à cintura. Trazia um lenço tamb&ea
A Verdadeira IdentidadeEstava tão concentrada a ouvir as histórias de Sander que me esqueci das horas. Já estava a escurecer, lembrei-me de que o pai chegava em casa sempre à hora do jantar e se ele encontrasse o Sander ali daria cabo dele e de mim também.Então, sugeri-lhe: - Acho melhor entramos, podes ficar no meu quarto.Estava adorando conversar com ele e já tinha o que escrever no meu caderno di&aa
A lha Acima Do Céu- Quando eu pulei da janela a fugir da avó, corri para a avenida. Andava atordoado pelas ruas, os carros apitavam para que eu saísse da estrada, um homem alto, vestido de preto pegou-me pelo ombro e, levantando as mãos, fez sinal de paz para os condutores, e disse:&
Capítulo 1Um Estranho No Meu QuintalO pai preparava-se para mais uma das suas aventuras, estava eu sentada no sofá, tentado imaginar algo de extraordinário para colocar no meu caderno diário, mas minha vida não tinha grandes sobressaltos, visto que hoje completo 14 anos e três meses. É que vivo confinada a esta casa, delimitada por um grande muro desde que me entendo por gente. Vivo apenas com o meu pai Bruno, meu melhor amigo, meu herói e protetor. Minha mãe morreu no parto, segundo o pai, devido à negligência de certas pessoas, ela era muito boa gente, mas o mundo lá fora foi muito cruel para ela, e meu pai não queria que acontecesse o mesmo comigo.Ele me beijou na testa e despediu-se, aconselhando-me: