Selene se esquivou para o lado. Com sua vasta experiência em combate, derrubou imediatamente um dos agressores com um chute certeiro. Seus movimentos eram rápidos e implacáveis. O outro, ao ver a cena, soltou Fábia apressadamente e avançou, desferindo um soco direto contra ela. Selene inclinou a cabeça para desviar e, num movimento ágil, agarrou o braço do agressor, aplicando nele um ippon seoi nage. O homem gritou de dor. Mal conseguiu se levantar antes de ser empurrado por Selene, que, sem demonstrar esforço algum, o arremessou contra uma lixeira de metal, produzindo um estrondo alto. Percebendo que não tinham chance contra ela, os dois fugiram em disparada, tropeçando pelo caminho. Selene pegou o celular e chamou a polícia. Depois, se ajoelhou ao lado de Fábia, dando leves tapinhas em seu rosto. — Fábia, Fábia? Talvez pelo som de seu nome sendo chamado, Fábia abriu os olhos lentamente e ergueu o olhar para Selene. — Como você está? Sente alguma coisa? — Perguntou
Selene saiu do hospital, ainda abalada. Ela suspeitava que, em sua vida passada, Fábia provavelmente escapou dos sequestradores porque ficou presa no elevador, perdendo o momento exato em que eles a perseguiam. Isso fez com que os criminosos desperdiçassem a chance de capturá-la. Mas e Belmiro? Por que ele insistiu em se casar com ela? Na vida passada, depois de salvar Fábia, Selene também encontrou Belmiro, mas ele apenas lhe agradeceu de maneira fria e breve. Nesta vida, no entanto, Belmiro estava claramente exagerando em sua demonstração de entusiasmo... Enquanto refletia sobre isso, Selene de repente ouviu alguém chamá-la: — Srta. Selene! Ela se virou e viu Eulália se aproximando apressada, segurando uma sacola plástica. Eulália era empregada da família Oliveira e a única pessoa da casa que não a tratava mal por ser uma "filha adotiva" caída em desgraça, vinda do interior. Pelo contrário, Eulália sempre lhe dirigia palavras gentis. — Eulália? O que você está... A
Dez minutos depois. A marmita vazia foi jogada no lixo por Teodoro. Selene ainda não tinha trazido a comida para ele. Teodoro ficou sentado em silêncio por alguns segundos antes de se levantar. Apesar de odiar Selene, o fato de ela ter desaparecido de repente, justamente quando estava trazendo a comida para ele, não lhe permitia simplesmente ignorar a situação. Ele até pensou em entrar em contato com ela, mas nunca havia lhe enviado uma mensagem antes e não conseguia engolir seu orgulho para fazer isso agora. Sem alternativa, Teodoro desceu até o saguão do hospital. Bastou um olhar para que ele a visse. Ela estava sentada em um canto, de pernas cruzadas, segurando uma garrafa grande de água mineral e bebendo tranquilamente. Depois de terminar, ainda olhou ao redor enquanto massageava a barriga, claramente satisfeita e saciada. A cena o irritou sem motivo aparente. Ela não se preocupava nem um pouco com a possibilidade de ele ficar sem comida? Só sabia perder tempo a
Selene bateu a porta, e a raiva e o desprezo que demonstrara no andar de baixo desapareceram instantaneamente, dando lugar a um sorriso frio e zombeteiro. Depois de voltar, os acontecimentos estavam se desenrolando exatamente como na vida passada. Naquela vida, Evaristo também havia comprado para ela esse mesmo vestido. O modelo, a cor... tudo era idêntico. Na época, ela aceitou o presente sem abrir a embalagem na frente dele. Se sentia tão feliz por recebê-lo que nem se preocupou com o que era. Mas, ao voltar para o quarto e experimentar o vestido, descobriu que ele estava todo rasgado, completamente inutilizável. Foi como se tivesse sido atingida por um balde de água fria, e um sentimento de decepção tomou conta dela. Desde que voltou para aquela casa, Evaristo adorava provocá-la. Naturalmente, ela pensou que aquilo era apenas mais uma de suas brincadeiras, um jeito cruel de lhe dar um presente apenas para vê-la frustrada ao descobrir que não poderia usá-lo. Mesmo ass
O belo rosto de Teodoro estava ligeiramente sombrio. — Tenho algo para perguntar a ela. Ele se sentiu incomodado durante a tarde inteira. Sua mente estava repleta da imagem de Selene o ignorando por completo. Maristela percebeu que a expressão de Teodoro não era das melhores e perguntou instintivamente: — O que foi que Selene fez desta vez? Teodoro respirou fundo. — Ao meio-dia, Selene viu Eulália na entrada do hospital, pegou dela a minha marmita e disse que iria me entregar. Maristela desviou o olhar e disse, sem dar muita importância: — Achei que fosse algo mais sério. Selene só queria entregar a refeição pessoalmente, tentando chamar sua atenção, Teodoro. — Mas ela não me entregou a comida. — A voz de Teodoro soou abafada. Maristela ficou em silêncio por um momento antes de perguntar: — Como assim? Teodoro apertou as mãos, hesitante em falar, mas acabou dizendo: — Selene nunca trouxe a comida para mim... Ela comeu tudo. Maristela e Eulália ficaram para
— Como isso é possível? — Teodoro exclamou instintivamente. Selene pegou a marmita das mãos de Eulália... Será que ela não pretendia entregá-la a ele? — Se não for isso, então o que mais poderia ser? — Selene ergueu levemente o queixo, indicando com um olhar a direção da escada. — Eulália está aqui, pergunte a ela. Teodoro imediatamente olhou para Eulália. — O que está acontecendo, afinal? Eulália subiu correndo as escadas, aflita, só se dando conta do problema depois que ele ocorreu. Quando Teodoro disse que Selene havia comido sua marmita, ela ficou surpresa a princípio, mas depois, ao refletir melhor, percebeu que havia algo estranho nisso. "A Srta. Selene sempre demonstrou um respeito especial por esses irmãos dela. Como poderia, sem motivo algum, fazer algo tão inconcebível?" Ao investigar discretamente, Eulália soube do que havia acontecido no jantar da noite anterior. Não imaginava que, de um dia para o outro, a relação entre Selene e o Sr. Teodoro se tornaria tã
À noite, a atmosfera à mesa da família Oliveira estava carregada de tensão. Teodoro mantinha o rosto fechado e não dizia uma palavra. Por várias vezes, Anabela o chamou, mas ele parecia estar em outro mundo e demorava a responder. Evaristo, por sua vez, estava ainda mais estranho. Seus olhos vermelhos denunciavam sua irritação, mas ninguém sabia ao certo o motivo de seu mau humor. Selene, ao contrário, comia com grande apetite, levando enormes garfadas à boca. Fazia questão de comentar sobre os pratos, apontando quais estavam sem sal e quais tinham carne dura demais, mandando que a cozinha anotasse tudo para fazer ajustes. Comparada à sua timidez de antes, quando sequer tinha coragem de se servir, agora parecia outra pessoa. Valentim a observava com atenção. A naturalidade e confiança com que Selene agora agia despertavam nele sentimentos contraditórios. Desde o primeiro dia em que ela chegou àquela casa, sempre carregou um ar provinciano, uma insegurança que parecia impossí
Álvaro provavelmente só chegou de volta ontem à noite, depois de um longo dia de trabalho.Quando Selene o viu, nem se deu ao trabalho de cumprimentá-lo, indo direto para o canto mais distante dele. Se sentou e começou a beber leite de sua xícara, enquanto comia um sanduíche.Álvaro a observou rapidamente.Hoje, Selene estava usando novamente sua maquiagem exagerada. Seus longos cabelos vermelhos eram tão artificiais que era impossível não notar, e a base amarela cobria completamente sua pele clara. A maquiagem roxa e preta nos olhos substituía a delicada linha de maquiagem natural que ela costumava usar, fazendo com que ninguém conseguisse enxergar seu rosto como era antes.Uma maquiagem invertida.Selene era muito boa nisso.Álvaro não se importou muito. Pensou que ela estava fazendo aquilo para chamar a atenção da família, tirando o foco de Anabela.Mas, no fundo, ele sabia que ninguém poderia tirar a atenção de Anabela. Ela convivia com a família deles por dezessete anos, e isso er
— Selene, venha aqui. — Valentim a chamou.Selene levantou os olhos.— O que foi?— O vídeo, todos viram. Naquela época, fomos nós que a injustiçamos. Você não empurrou Anabela, fomos nós que a interpretamos mal.Selene hesitou por um momento.Naquela época, ela chorou até os olhos ficarem vermelhos, fez de tudo para conseguir a gravação do hospital, só queria provar sua inocência, mas Teodoro nem sequer lhe deu uma oportunidade.Ela queria que a família Oliveira soubesse que não era uma pessoa má, que não foi ela quem empurrou Anabela e que não sentia inveja dela a ponto de querer fazer mal a ela.Naquela época, o que ela mais se importava era com a opinião da família Oliveira sobre ela, mas e agora? Nunca obteve sua inocência reconhecida.Agora, depois de tudo, essa mesma família vinha até ela e dizia:— Selene, fomos nós que a interpretamos mal.Selene parou por um instante.Ela ergueu uma sobrancelha, sem demonstrar muito interesse.— Entendi. — Disse e se virou para subir as escad
Era como se algo tivesse colocado uma barreira definitiva entre ela e Selene.Maristela balançou a cabeça, rindo de si mesma por pensar demais.Selene só tinha ela como mãe, e não seria por uma bobagem como essa que ela se afastaria dela....Do outro lado, não só o mordomo e Selene haviam recebido o mesmo vídeo, mas também Valentim, Álvaro, Teodoro, Evaristo e Anabela.Valentim, aproveitando um momento, assistiu ao vídeo e franziu a testa, uma expressão de preocupação surgiu em seu rosto.Álvaro mordeu os lábios, e seu rosto ficou ainda mais sério.Teodoro estava completamente surpreso. Ele havia copiado o vídeo da sala de segurança e ainda não tivera tempo de informar os outros membros da família Oliveira quando recebeu o mesmo vídeo.Quanto a Evaristo, ao ver o vídeo, franziu as sobrancelhas, com uma expressão tensa...Anabela tremia ao segurar o celular.Quem teria enviado esse vídeo? Qual seria o objetivo de enviá-lo para ela? Será que seus pais e irmãos já o tinham visto?O númer
Maristela franziu a testa e olhou fixamente para Selene, com uma expressão quase sombria no rosto. — Você ousa repetir isso? "Quando Selene voltou, estava tudo bem, mas por que agora ela ficou tão rebelde?" Ela estava sempre de mau humor, batendo nas pessoas e até olhando para a própria mãe com aquele olhar. Era como se sua mãe fosse inimiga."Que tipo de filha age assim?" Maristela estava furiosa. — Não importa quantas vezes você repita, vai continuar sendo a mesma coisa. — Selene a olhou friamente. — Troque de professor, que eu faço a aula. Caso contrário, esqueça. Depois, ela se virou para fechar a porta, com uma expressão de quem não queria perder tempo com mais conversa. — Você... — Maristela ficou vermelha de raiva. — Fique onde está! Ela agarrou o braço da garota, tentando puxá-la para dentro. — Me solta! — Selene arrancou a mão dela para longe e empurrou Maristela com violência. Maristela deu alguns passos trôpegos antes de se apoiar no batente da porta, fic
— Tá bom, vou te enviar agora mesmo.Após desligar o telefone, Maristela rapidamente organizou o boletim de Anabela, assim como os prêmios de competições, e enviou tudo.Do outro lado, Martim havia acabado de desligar o telefone quando ouviu passos vindo de fora.— Pai, você voltou?Martim se aproximou rapidamente e contou tudo o que havia acontecido na ligação.Osvaldo, ao ouvir, apenas fez um gesto com a mão.— Não estou mais pegando alunos. Fui escalado.— Ah? — Martim olhou para ele, surpreso. — Pai, o que você tem para fazer?— Esse rapaz, o Belmiro, me pediu para dar aulas para uma menina.— O Sr. Belmiro? — Martim ficou ainda mais surpreso. — Ele também tem esse tipo de necessidade?Osvaldo levantou a sobrancelha com um sorriso de satisfação.— Pois é. Essa é a primeira vez que ele vem até mim.— Pai, então você vai mesmo? — Perguntou Martim.— Claro, por que não? Não se esqueça, eu ainda devo um favor a ele, e esse favor tem que ser pago. Mas o mais importante é...Martim arreg
Após Anabela cair da escada, Selene correu imediatamente para ajudá-la, demonstrando grande preocupação com seu estado. Não imaginava que a verdade se revelaria dessa forma, e a expressão de Teodoro imediatamente se tornou complexa. De repente, ele se lembrou do que Selene havia dito, que não a havia empurrado, que estava sendo injustiçada. "Ela realmente... foi injustiçada." Quando Anabela caiu, ele a ouviu dizer que sentiu alguém empurrá-la por trás, e quase imediatamente, assumiu que Selene era a responsável. Não lhe deu sequer uma chance de se explicar. Mais tarde, quando Selene sugeriu verificar as câmeras de segurança do hospital, ele nem sequer ajudou na investigação. Porque seu subconsciente já a rejeitava; ele, assim como Evaristo, via a presença de Selene como uma ameaça para Anabela. Ele amava profundamente a irmã e, naturalmente, não queria que ela fosse maltratada. Assim, em relação a qualquer pessoa que fizesse Anabela sofrer, não conseguia sentir simpatia.
Maristela tomou um gole de café e, depois de pensar por um momento, disse: — De fato. Anabela sempre ficava entre as trinta melhores no exame municipal e também estava entre as dez melhores da Escola Secundária São Jorge. Era uma boa promessa, e talvez conseguisse chamar a atenção do professor Osvaldo. Se Anabela conquistasse o primeiro lugar da cidade neste ano... Maristela imediatamente chamou o mordomo. — Vá descobrir o contato do professor Osvaldo, e faça isso rapidamente. — Já está tarde. — Uma senhora elegante colocou a xícara sobre a mesa e se levantou. — Maristela, vou indo, entre em contato quando tiver tempo. Maristela rapidamente se levantou e a acompanhou até a porta. ... Na sala de segurança do hospital. — Vice-diretor Teodoro. — O segurança de plantão, Horácio, se levantou assim que o viu entrar. — O assistente Genaro nos avisou que o senhor viria verificar as câmeras depois do expediente. — Sim, há algumas coisas que preciso confirmar. Teodoro se
Maristela assinou diretamente o contrato com Cayetano, estabelecendo um período de tutoria de um mês, por enquanto. O pagamento seria feito por hora, no valor de oito mil reais.— Por que você está sendo tão boa com ela? — Uma senhora elegante olhou para Maristela enquanto ela assinava o contrato de trabalho, franzindo a testa involuntariamente. — Maristela, o que você está pensando? Ela é apenas filha de uma babá, não vale a pena tanto esforço assim.— Eu só quero tratá-la como se fosse minha própria filha. — Disse Maristela. — Os pais dela não estão mais aqui, ela está sozinha e é uma criança pobre. Eu prometi adotá-la, então preciso cuidar dela da melhor forma possível.Selene também era como um pedaço de carne que Maristela nunca conseguiria abandonar, e negar que se importava com ela seria uma mentira.— Você realmente é bondosa. Vejo que a Anabela herdou isso de você. Ela é atenciosa, gentil e tem um coração bom. — Disse a senhora elegante, lançando um olhar na direção de onde S
Era mesmo ele! Selene observava de longe Cayetano, que estava sentado no sofá conversando com Maristela, e imediatamente seu olhar se encheu de desprezo. Naquele momento, Maristela notou sua presença na porta e acenou para ela. — Selene, você chegou na hora certa, venha cá. Selene se aproximou. No sofá também estava sentada uma senhora elegante, que lançou um olhar avaliador sobre Selene e franziu a testa ao notar sua vestimenta. Maristela percebeu imediatamente e apertou levemente os lábios antes de dizer à mulher: — Ela é a filha da empregada de quem eu estava falando há pouco. A senhora compreendeu na mesma hora. "Não é de se admirar que se vista de maneira tão cafona."Maristela então se voltou para Selene e disse: — Encontrei um professor particular para você. Já o entrevistei, e ele é altamente qualificado. A partir de amanhã, ele virá lhe dar aulas de reforço todos os dias, das sete às onze da noite. Ele será responsável por todas as disciplinas. — Depois de
Elas arregalaram os olhos, incrédulas. — Meu Deus! Ela só pode estar brincando! — Exclamou Almira, ao recuperar os sentidos, tão furiosa que sua voz se tornou aguda e incontrolável. — Ela ainda tem a ousadia de nos mandar embora? Quem é que deveria sair daqui? Uma simples insignificante se atrevendo a pisar na cabeça dos próprios senhores?— Anabela, por que você está sendo tão educada com ela? — Lorena perguntou, confusa. — Ela é tão arrogante! Você devia simplesmente pedir para sua mãe expulsá-la! Anabela pressionou os lábios, parecendo um pouco constrangida. — Almira, Lorena, não fiquem bravas. Ela veio da montanha, então sua educação é um pouco... Ela não terminou a frase, mas todas entenderam o que queria dizer. — Como é mesmo aquele ditado? Onde não há educação, não se colhe respeito. — Pronto, pronto, não vale a pena se irritar com uma pessoa assim. Nós simplesmente não pertencemos ao mesmo mundo. Com sua voz sempre suave e gentil, Anabela disse: — A culpa foi mi