O hospital estava lotado, e Selene ficou na fila para se cadastrar e tomar a vacina. Quando finalmente saiu do hospital, já era hora do almoço. Ao sair, viu uma loja de frutas à beira da calçada, vendendo morangos grandes e bonitos, e decidiu comprar uma sacola cheia. Com os morangos nas mãos, ela voltou para o hospital, subiu pelo elevador, atravessou o corredor e chegou à porta do quarto onde Fábia estava internada. Fábia adorava morangos, então Selene aproveitou a oportunidade para levar a fruta como pretexto para visitá-la. A porta do quarto estava entreaberta, com uma pequena fresta visível. Selene olhou discretamente por ela e viu Fábia, encolhida no canto da cama, com os joelhos abraçados e os olhos fixos na janela, parecendo distante. Ela olhou rapidamente para dentro do quarto e percebeu que Fábia estava sozinha. Soltou um pequeno suspiro de alívio. Ainda bem, Belmiro não estava lá. Selene levantou a mão, pronta para bater na porta, quando... — Selene? Aque
As três duplas de olhos estavam fixadas nela, e Selene teve que se forçar a sentar.Ezequiel abriu as duas sacolas de comida, tirou as caixas embaladas de dentro e organizou tudo na mesa. — Selene, pode comer à vontade, estes são os pratos mais famosos do restaurante, o sabor é excelente.Assim que as tampas foram levantadas, o aroma da comida tomou conta do ambiente. — Que cheiro bom. — Selene não conseguiu se segurar e exclamou. Seus olhos brilharam enquanto ela observava os pratos à sua frente, como uma gatinha faminta. Já que não podia recusar, decidiu aproveitar com calma.Selene pegou os talheres ao lado e estava prestes a abrir a embalagem, quando Belmiro se aproximou e entregou a ela os talheres diretamente na mão. — Use isso. Antes que Selene pudesse reagir, ele já havia colocado os talheres em sua mão, que estava apenas entreaberta.Ezequiel, que estava observando, ficou mais uma vez em choque. O que ele estava vendo? O frio e distante Belmiro estava realmente
— Belmiro? O que você quer dizer com isso? — Ezequiel viu que as pessoas tinham saído correndo de medo, enquanto Belmiro ainda estava na janela, olhando para elas fugindo. Não conseguiu mais se controlar.— O que você tem com a Selene, afinal?Os olhos de Belmiro, obscuros e misteriosos, pareciam uma rede, prendendo Ezequiel de forma inescapável.— Ela é minha.Ao ouvir isso, Ezequiel teve a impressão de que Belmiro não tinha terminado a frase, mas ficou esperando e nada mais foi dito.Ele coçou a cabeça, impaciente, e disse:— Primo, você precisa continuar! Ela é o quê para você?Belmiro respondeu:— Eu já terminei.Ezequiel ficou em choque.— Tá brincando, né? Não pode ser... Belmiro, você... — Ezequiel pensou por um momento e perguntou. — Você está interessado na Selene?Belmiro respondeu:— Sim.Os olhos de Ezequiel se arregalaram imediatamente. Ele olhou fixamente para Fábia."O que está acontecendo aqui?"Fábia também ficou surpresa."Será que ele finalmente... gostou de alguém?
O penteado e a maquiagem peculiares de Selene eram algo que elas jamais tinham visto antes. Anabela pressionou os lábios e disse em voz baixa: — Ela é a filha da minha babá. Embora Anabela tivesse falado baixo, Selene ainda conseguiu ouvir. Ao escutá-la, apenas deu um olhar indiferente em sua direção. — Ah, então é ela! — Exclamaram as socialites, entendendo a situação. Já haviam ouvido falar que a família Oliveira havia decidido patrocinar a filha da babá falecida, mas não imaginavam que fosse essa garota tão cafona. — Então é assim que se vestem as garotas do interior? Que experiência nova... — Almira torceu os lábios com desprezo. Sendo obcecada por moda e estética, ver Selene daquela forma lhe causava até certo desgosto. — Anabela, você não acha péssimo ter que conviver com uma pessoa assim todos os dias? — Lorena franziu a testa. — Para mim, ela não parece uma boa pessoa. — Não falem assim, na verdade, minha irmã é muito gentil... — Meu Deus, você ainda a chama d
Elas arregalaram os olhos, incrédulas. — Meu Deus! Ela só pode estar brincando! — Exclamou Almira, ao recuperar os sentidos, tão furiosa que sua voz se tornou aguda e incontrolável. — Ela ainda tem a ousadia de nos mandar embora? Quem é que deveria sair daqui? Uma simples insignificante se atrevendo a pisar na cabeça dos próprios senhores?— Anabela, por que você está sendo tão educada com ela? — Lorena perguntou, confusa. — Ela é tão arrogante! Você devia simplesmente pedir para sua mãe expulsá-la! Anabela pressionou os lábios, parecendo um pouco constrangida. — Almira, Lorena, não fiquem bravas. Ela veio da montanha, então sua educação é um pouco... Ela não terminou a frase, mas todas entenderam o que queria dizer. — Como é mesmo aquele ditado? Onde não há educação, não se colhe respeito. — Pronto, pronto, não vale a pena se irritar com uma pessoa assim. Nós simplesmente não pertencemos ao mesmo mundo. Com sua voz sempre suave e gentil, Anabela disse: — A culpa foi mi
Era mesmo ele! Selene observava de longe Cayetano, que estava sentado no sofá conversando com Maristela, e imediatamente seu olhar se encheu de desprezo. Naquele momento, Maristela notou sua presença na porta e acenou para ela. — Selene, você chegou na hora certa, venha cá. Selene se aproximou. No sofá também estava sentada uma senhora elegante, que lançou um olhar avaliador sobre Selene e franziu a testa ao notar sua vestimenta. Maristela percebeu imediatamente e apertou levemente os lábios antes de dizer à mulher: — Ela é a filha da empregada de quem eu estava falando há pouco. A senhora compreendeu na mesma hora. "Não é de se admirar que se vista de maneira tão cafona."Maristela então se voltou para Selene e disse: — Encontrei um professor particular para você. Já o entrevistei, e ele é altamente qualificado. A partir de amanhã, ele virá lhe dar aulas de reforço todos os dias, das sete às onze da noite. Ele será responsável por todas as disciplinas. — Depois de
Maristela assinou diretamente o contrato com Cayetano, estabelecendo um período de tutoria de um mês, por enquanto. O pagamento seria feito por hora, no valor de oito mil reais.— Por que você está sendo tão boa com ela? — Uma senhora elegante olhou para Maristela enquanto ela assinava o contrato de trabalho, franzindo a testa involuntariamente. — Maristela, o que você está pensando? Ela é apenas filha de uma babá, não vale a pena tanto esforço assim.— Eu só quero tratá-la como se fosse minha própria filha. — Disse Maristela. — Os pais dela não estão mais aqui, ela está sozinha e é uma criança pobre. Eu prometi adotá-la, então preciso cuidar dela da melhor forma possível.Selene também era como um pedaço de carne que Maristela nunca conseguiria abandonar, e negar que se importava com ela seria uma mentira.— Você realmente é bondosa. Vejo que a Anabela herdou isso de você. Ela é atenciosa, gentil e tem um coração bom. — Disse a senhora elegante, lançando um olhar na direção de onde S
Maristela tomou um gole de café e, depois de pensar por um momento, disse: — De fato. Anabela sempre ficava entre as trinta melhores no exame municipal e também estava entre as dez melhores da Escola Secundária São Jorge. Era uma boa promessa, e talvez conseguisse chamar a atenção do professor Osvaldo. Se Anabela conquistasse o primeiro lugar da cidade neste ano... Maristela imediatamente chamou o mordomo. — Vá descobrir o contato do professor Osvaldo, e faça isso rapidamente. — Já está tarde. — Uma senhora elegante colocou a xícara sobre a mesa e se levantou. — Maristela, vou indo, entre em contato quando tiver tempo. Maristela rapidamente se levantou e a acompanhou até a porta. ... Na sala de segurança do hospital. — Vice-diretor Teodoro. — O segurança de plantão, Horácio, se levantou assim que o viu entrar. — O assistente Genaro nos avisou que o senhor viria verificar as câmeras depois do expediente. — Sim, há algumas coisas que preciso confirmar. Teodoro se
— Selene, venha aqui. — Valentim a chamou.Selene levantou os olhos.— O que foi?— O vídeo, todos viram. Naquela época, fomos nós que a injustiçamos. Você não empurrou Anabela, fomos nós que a interpretamos mal.Selene hesitou por um momento.Naquela época, ela chorou até os olhos ficarem vermelhos, fez de tudo para conseguir a gravação do hospital, só queria provar sua inocência, mas Teodoro nem sequer lhe deu uma oportunidade.Ela queria que a família Oliveira soubesse que não era uma pessoa má, que não foi ela quem empurrou Anabela e que não sentia inveja dela a ponto de querer fazer mal a ela.Naquela época, o que ela mais se importava era com a opinião da família Oliveira sobre ela, mas e agora? Nunca obteve sua inocência reconhecida.Agora, depois de tudo, essa mesma família vinha até ela e dizia:— Selene, fomos nós que a interpretamos mal.Selene parou por um instante.Ela ergueu uma sobrancelha, sem demonstrar muito interesse.— Entendi. — Disse e se virou para subir as escad
Era como se algo tivesse colocado uma barreira definitiva entre ela e Selene.Maristela balançou a cabeça, rindo de si mesma por pensar demais.Selene só tinha ela como mãe, e não seria por uma bobagem como essa que ela se afastaria dela....Do outro lado, não só o mordomo e Selene haviam recebido o mesmo vídeo, mas também Valentim, Álvaro, Teodoro, Evaristo e Anabela.Valentim, aproveitando um momento, assistiu ao vídeo e franziu a testa, uma expressão de preocupação surgiu em seu rosto.Álvaro mordeu os lábios, e seu rosto ficou ainda mais sério.Teodoro estava completamente surpreso. Ele havia copiado o vídeo da sala de segurança e ainda não tivera tempo de informar os outros membros da família Oliveira quando recebeu o mesmo vídeo.Quanto a Evaristo, ao ver o vídeo, franziu as sobrancelhas, com uma expressão tensa...Anabela tremia ao segurar o celular.Quem teria enviado esse vídeo? Qual seria o objetivo de enviá-lo para ela? Será que seus pais e irmãos já o tinham visto?O númer
Maristela franziu a testa e olhou fixamente para Selene, com uma expressão quase sombria no rosto. — Você ousa repetir isso? "Quando Selene voltou, estava tudo bem, mas por que agora ela ficou tão rebelde?" Ela estava sempre de mau humor, batendo nas pessoas e até olhando para a própria mãe com aquele olhar. Era como se sua mãe fosse inimiga."Que tipo de filha age assim?" Maristela estava furiosa. — Não importa quantas vezes você repita, vai continuar sendo a mesma coisa. — Selene a olhou friamente. — Troque de professor, que eu faço a aula. Caso contrário, esqueça. Depois, ela se virou para fechar a porta, com uma expressão de quem não queria perder tempo com mais conversa. — Você... — Maristela ficou vermelha de raiva. — Fique onde está! Ela agarrou o braço da garota, tentando puxá-la para dentro. — Me solta! — Selene arrancou a mão dela para longe e empurrou Maristela com violência. Maristela deu alguns passos trôpegos antes de se apoiar no batente da porta, fic
— Tá bom, vou te enviar agora mesmo.Após desligar o telefone, Maristela rapidamente organizou o boletim de Anabela, assim como os prêmios de competições, e enviou tudo.Do outro lado, Martim havia acabado de desligar o telefone quando ouviu passos vindo de fora.— Pai, você voltou?Martim se aproximou rapidamente e contou tudo o que havia acontecido na ligação.Osvaldo, ao ouvir, apenas fez um gesto com a mão.— Não estou mais pegando alunos. Fui escalado.— Ah? — Martim olhou para ele, surpreso. — Pai, o que você tem para fazer?— Esse rapaz, o Belmiro, me pediu para dar aulas para uma menina.— O Sr. Belmiro? — Martim ficou ainda mais surpreso. — Ele também tem esse tipo de necessidade?Osvaldo levantou a sobrancelha com um sorriso de satisfação.— Pois é. Essa é a primeira vez que ele vem até mim.— Pai, então você vai mesmo? — Perguntou Martim.— Claro, por que não? Não se esqueça, eu ainda devo um favor a ele, e esse favor tem que ser pago. Mas o mais importante é...Martim arreg
Após Anabela cair da escada, Selene correu imediatamente para ajudá-la, demonstrando grande preocupação com seu estado. Não imaginava que a verdade se revelaria dessa forma, e a expressão de Teodoro imediatamente se tornou complexa. De repente, ele se lembrou do que Selene havia dito, que não a havia empurrado, que estava sendo injustiçada. "Ela realmente... foi injustiçada." Quando Anabela caiu, ele a ouviu dizer que sentiu alguém empurrá-la por trás, e quase imediatamente, assumiu que Selene era a responsável. Não lhe deu sequer uma chance de se explicar. Mais tarde, quando Selene sugeriu verificar as câmeras de segurança do hospital, ele nem sequer ajudou na investigação. Porque seu subconsciente já a rejeitava; ele, assim como Evaristo, via a presença de Selene como uma ameaça para Anabela. Ele amava profundamente a irmã e, naturalmente, não queria que ela fosse maltratada. Assim, em relação a qualquer pessoa que fizesse Anabela sofrer, não conseguia sentir simpatia.
Maristela tomou um gole de café e, depois de pensar por um momento, disse: — De fato. Anabela sempre ficava entre as trinta melhores no exame municipal e também estava entre as dez melhores da Escola Secundária São Jorge. Era uma boa promessa, e talvez conseguisse chamar a atenção do professor Osvaldo. Se Anabela conquistasse o primeiro lugar da cidade neste ano... Maristela imediatamente chamou o mordomo. — Vá descobrir o contato do professor Osvaldo, e faça isso rapidamente. — Já está tarde. — Uma senhora elegante colocou a xícara sobre a mesa e se levantou. — Maristela, vou indo, entre em contato quando tiver tempo. Maristela rapidamente se levantou e a acompanhou até a porta. ... Na sala de segurança do hospital. — Vice-diretor Teodoro. — O segurança de plantão, Horácio, se levantou assim que o viu entrar. — O assistente Genaro nos avisou que o senhor viria verificar as câmeras depois do expediente. — Sim, há algumas coisas que preciso confirmar. Teodoro se
Maristela assinou diretamente o contrato com Cayetano, estabelecendo um período de tutoria de um mês, por enquanto. O pagamento seria feito por hora, no valor de oito mil reais.— Por que você está sendo tão boa com ela? — Uma senhora elegante olhou para Maristela enquanto ela assinava o contrato de trabalho, franzindo a testa involuntariamente. — Maristela, o que você está pensando? Ela é apenas filha de uma babá, não vale a pena tanto esforço assim.— Eu só quero tratá-la como se fosse minha própria filha. — Disse Maristela. — Os pais dela não estão mais aqui, ela está sozinha e é uma criança pobre. Eu prometi adotá-la, então preciso cuidar dela da melhor forma possível.Selene também era como um pedaço de carne que Maristela nunca conseguiria abandonar, e negar que se importava com ela seria uma mentira.— Você realmente é bondosa. Vejo que a Anabela herdou isso de você. Ela é atenciosa, gentil e tem um coração bom. — Disse a senhora elegante, lançando um olhar na direção de onde S
Era mesmo ele! Selene observava de longe Cayetano, que estava sentado no sofá conversando com Maristela, e imediatamente seu olhar se encheu de desprezo. Naquele momento, Maristela notou sua presença na porta e acenou para ela. — Selene, você chegou na hora certa, venha cá. Selene se aproximou. No sofá também estava sentada uma senhora elegante, que lançou um olhar avaliador sobre Selene e franziu a testa ao notar sua vestimenta. Maristela percebeu imediatamente e apertou levemente os lábios antes de dizer à mulher: — Ela é a filha da empregada de quem eu estava falando há pouco. A senhora compreendeu na mesma hora. "Não é de se admirar que se vista de maneira tão cafona."Maristela então se voltou para Selene e disse: — Encontrei um professor particular para você. Já o entrevistei, e ele é altamente qualificado. A partir de amanhã, ele virá lhe dar aulas de reforço todos os dias, das sete às onze da noite. Ele será responsável por todas as disciplinas. — Depois de
Elas arregalaram os olhos, incrédulas. — Meu Deus! Ela só pode estar brincando! — Exclamou Almira, ao recuperar os sentidos, tão furiosa que sua voz se tornou aguda e incontrolável. — Ela ainda tem a ousadia de nos mandar embora? Quem é que deveria sair daqui? Uma simples insignificante se atrevendo a pisar na cabeça dos próprios senhores?— Anabela, por que você está sendo tão educada com ela? — Lorena perguntou, confusa. — Ela é tão arrogante! Você devia simplesmente pedir para sua mãe expulsá-la! Anabela pressionou os lábios, parecendo um pouco constrangida. — Almira, Lorena, não fiquem bravas. Ela veio da montanha, então sua educação é um pouco... Ela não terminou a frase, mas todas entenderam o que queria dizer. — Como é mesmo aquele ditado? Onde não há educação, não se colhe respeito. — Pronto, pronto, não vale a pena se irritar com uma pessoa assim. Nós simplesmente não pertencemos ao mesmo mundo. Com sua voz sempre suave e gentil, Anabela disse: — A culpa foi mi