Eu estava ali, debaixo da chuva, parada nos degraus, a cinquenta metros de distância da Vila do Antigo. Observava em silêncio meu noivo, Mário, entregando um colar à encantadora Beatriz, que vestia um deslumbrante vestido de noiva branco. Beatriz recebeu o colar com o rosto corado, mas, antes mesmo que pudesse colocá-lo, Mário a puxou impacientemente para seus braços, a apertando com força contra si. Sob as provocações e aplausos dos amigos ao redor, os dois se beijaram apaixonadamente. O beijo durou quase dez minutos, até que Beatriz ficou tão fraca das pernas que mal conseguia se manter em pé. Só então Mário parou, ofegante. O vento de outono soprou, levantando as cortinas translúcidas da Vila do Antigo. Foi apenas nesse momento que percebi, sob a luz amarelada das lâmpadas, que minha família e meus amigos estavam todos ali. E aquele por quem um dia arrisquei minha vida para proteger, meu irmão mais novo, Ezequiel, agora era o mestre de cerimônias daquele casamento.
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