Ela ficou irritada e, franzindo as sobrancelhas, disse: — Yago, você sabe que tipo de tratamento desumano a Alice sofreu naquela noite? Como pode chamar essa pessoa para contar tudo para mim?— Calma, Sra. Nunes, vamos ouvir com tranquilidade. — Yago deu um chute em William. — Fale logo.William era estrangeiro, mas sabia falar o idioma local. Ele estava com o rosto cheio de hematomas e, tremendo levemente, disse: — Naquela noite, recebemos ordens do Sr. Theo para sequestrar a Srta. Alice...— Vá direto ao ponto. — Yago deu a ele outro chute. William parecia aterrorizado. Assim que Yago levantou o pé, ele mostrou um olhar de pavor e, instintivamente, recuou e disse: — A Srta. Alice nunca foi estuprada!A Sra. Nunes ficou chocada, arregalando os olhos. — Como assim?— Tudo isso... Foi uma mentira da sua neta querida. — Yago lançou um olhar para Alice, que já estava tão assustada que não conseguia falar. Yago continuou: — O William pertence a um grupo de mercenários estrang
— Tudo isso foi ideia minha, mãe, não culpe a Alice. Ela já tinha decidido desistir, mas eu vi o quanto ela estava sofrendo. Sei que ela ama o Miguel, e não tive coragem de ver o amor dela ser em vão, por isso pensei nesse plano...A Sra. Nunes olhou para Alice, que se encolhia no canto com lágrimas nos olhos.Ela era muito bonita, capaz de despertar compaixão em qualquer um. Estava ajoelhada no chão e se arrastava lentamente em direção à Sra. Nunes.No entanto, Eduardo a impediu de se aproximar.Miguel também segurou a mão da Sra. Nunes e disse:— Vovó, não se esqueça, ela é uma assassina.O problema do estupro foi resolvido, mas o assassinato ainda não.Miguel continuou, olhando para Sra. Nunes:— E aquela sua filha também, ela é uma mentirosa compulsiva, não dá para acreditar em uma palavra que ela diz.A Sra. Nunes estremeceu e, ao olhar para os rostos de Isabelly e Alice, sentiu um calafrio.As duas sabiam de tudo, mas a enganaram para que ela se voltasse contra Luiza.Antes, ao v
Marina e Geraldo ainda estavam ali. Ao vê-lo chegar, Marina perguntou:— O que a Alice disse?Miguel a olhou, com um brilho de curiosidade no olhar. Por que ele sentia que Marina não estava tão triste? A vida de Luiza estava por um fio, e desde que chorou no início, Marina se manteve muito tranquila.Ele respondeu friamente:— Foi ela quem fez isso.— Ela confessou?— Não, ela chamou a polícia.Yago deu um riso irônico e comentou:— Ela deve ter medo do que o Miguel poderia fazer com ela, então chamou a polícia para tomar conta do assunto.Marina assentiu com a cabeça e disse com raiva:— Que esperta... — Depois de desabafar, percebeu que Miguel a estava observando o tempo todo e se assustou, dizendo. — Por que está me olhando assim?Miguel continuou olhando para ela em silêncio e, após alguns segundos, disse apenas:— Se você souber onde a Luiza está, espero que me diga.Ele não acreditava que Luiza estivesse morta....Já se passaram 22 horas desde que Luiza caiu no lago.Nesse momen
Duas da manhã.Miguel ainda estava à beira do lago.Metade da água já havia sido drenada, revelando a lama nas margens, mas a equipe de busca ainda não havia encontrado Luiza.Já se passaram mais de 40 horas, e os socorristas começaram a acreditar que as chances de encontrá-la com vida eram mínimas.Mas Miguel não permitiu que retirassem os equipamentos.Mandou trazer refletores gigantes para iluminar o lago como se fosse dia. Ele estava decidido a encontrar Luiza.Marina continuava sentada à beira do lago.Geraldo tirou o paletó e colocou nos ombros dela.Marina olhou para ele, e ele disse:— Está frio, vista isso.Marina não respondeu nada, apenas olhava para Miguel de tempos em tempos.— Ele ainda não vai embora?— A Luiza está desaparecida, e as primeiras 48 horas são críticas. Como ele poderia querer sair daqui? — Geraldo deu uma olhada.À distância, Miguel parecia uma estátua, parado e imóvel à beira do lago.Marina, com um pouco de compaixão, mordeu os lábios e disse:— Tente co
Miguel olhava friamente para ela. Alice disse: — Miguel, não encontraram o corpo da Luiza, não é? Miguel não respondeu. Mas Alice sabia que não o haviam encontrado. Algumas horas antes, Isabelly tinha levado um advogado à prisão para vê-la e contar isso a ela. Por isso, Alice refletiu sobre algo enquanto estava detida. Ela achava que havia algo muito estranho nessa história. Então, decidiu contar a verdade: — Naquela noite, eu realmente marquei um encontro com a Luiza. Disse a ela que precisava conversar. Ela veio rápido, sem trazer nenhum segurança. Ao ouvir isso, Miguel franziu a testa. — Não foi você que pediu para ela não trazer segurança? — Não! — Alice balançou a cabeça. — Eu não pedi para ela não trazer seguranças, e ela não seria tão tola a ponto de fazer tudo o que eu dissesse. Ao ver a dúvida momentânea nos olhos de Miguel, Alice sentiu que estava no caminho certo e continuou: — E tem mais uma coisa, Miguel. Eu nunca te contei isso. Naquele mesmo dia
Alice sentiu que tinha acertado em cheio os pensamentos dele e rapidamente continuou falando:— Quando vocês estavam nas Américas, ela não mentiu para você o tempo todo? Ela nunca te amou de verdade. Depois, quando chegou a Valenciana do Rio, ela também não estava disposta. Miguel, você já pensou que talvez a Luiza tenha fingido a própria morte para escapar? Veja, você esvaziou o lago e ainda não encontrou o corpo dela, isso não é prova de que ela não morreu? Ela apenas preparou um par de sapatos e te enganou completamente...Alice soube dessas coisas através do advogado, que havia coletado informações sobre o caso na delegacia.Agora, Alice só esperava que Luiza não estivesse morta. Se Luiza estivesse viva, ela poderia limpar seu nome. Mas, se Luiza estivesse morta, não haveria como escapar da culpa.De repente, Alice levantou o olhar e disse:— Miguel, tem mais uma pessoa!Miguel olhou para ela imediatamente.Talvez fosse o medo da morte iminente, mas uma luz súbita brilhou na mente
— Mas você não agiu, não xingou nem ficou triste o suficiente, nem com raiva. Na verdade, está um pouco confusa, com o coração dividido, não é?As palavras dele acertaram em cheio o coração dela. Marina ficou um momento paralisada, sentindo o sangue subir à cabeça. "Por que o Geraldo é tão perspicaz?"Enquanto ela quebrava a cabeça, tentando inventar uma desculpa, Geraldo a olhou nos olhos e acrescentou: — Você não consegue me enganar.Marina travou. De fato, ela não conseguia enganá-lo. Então desistiu, suspirou levemente e disse: — Deixe ela ir.Na verdade, Miguel descobriria mais cedo ou mais tarde. Quando Bryan desaparecesse, ele saberia que Luiza tinha ido embora. Mas Marina queria ganhar um pouco de tempo para Luiza. Ela olhou para o Geraldo e disse: — Na verdade, os dois realmente não combinam.Geraldo respondeu: — Mas o Miguel ama a Luiza.— E daí? Existem problemas tão graves entre eles, um ódio profundo... Como poderiam ficar juntos? Mesmo que os dois queiram
— Ei, Miguel. — Yago correu atrás dele.Miguel olhou para ele com frieza, o olhar gélido.— Não faça mais esse tipo de coisa chata no futuro.Era para ser um encontro entre irmãos, mas, no final, ele trouxe uma mulher para um encontro às cegas.Yago tentou se justificar:— Miguel, eu vi que você não estava bem, então pensei em arranjar alguém para você namorar, para te deixar mais feliz.— Não tenho interesse. — E, dizendo isso, foi embora.Geraldo se aproximou, suspirou levemente e disse:— Já te disseram para não fazer essas coisas inúteis.— Eu só queria ajudar, já que o Miguel anda deprimido o tempo todo.— Você trouxe uma mulher que se parece com a Luiza, isso só o deixou ainda mais triste.— E o que eu deveria fazer, então?— Se você realmente quer que o Miguel se sinta melhor, por que não tenta descobrir o paradeiro da Luiza? Talvez isso seja o que realmente toque o coração dele. — Sugeriu Geraldo.Geraldo tinha razão.Miguel estava, de fato, ainda mais triste.Ele voltou sozinh
Ao pensar nisso, sua expressão suavizou bastante, e ele voltou a olhar para Luiza. — Como está o machucado na sua mão? Ainda dói? Ele passou de um tom sombrio para uma doçura repentina. Luiza olhou para o rosto dele com cautela e respondeu: — Está melhor. Era um momento crucial, e Luiza não queria provocá-lo, para evitar apanhar novamente. Se fosse ferida, talvez nem conseguisse escapar quando tivesse a chance. Theo ficou encarando ela por um longo tempo, algo se movendo no fundo de seus olhos, e então passou o braço ao redor dela. Luiza, temendo que ele levantasse o cobertor, rapidamente pressionou o celular escondido com a perna. — Luiza. — Theo a puxou para os braços. O corpo de Luiza ficou tenso como uma pedra. Ele apoiou a cabeça sobre a dela e falou suavemente: — Eu vou compensar o casamento que te prometi. Luiza permaneceu em silêncio. — Assim que eu terminar os assuntos recentes, nós poderemos ficar juntos. — Theo fez uma pausa e continuou. — Sobre o q
[Já pensei em uma forma de salvar você. Tenha paciência e espere.] Miguel pediu que ela ficasse tranquila e aguardasse. Mas Luiza não conseguia simplesmente esperar sem entender o que estava acontecendo. Ela respondeu à mensagem: [Que forma?] Ela não ousava fazer uma ligação, com medo de que as pessoas do lado de fora ouvissem. Miguel respondeu: [Ofereci trezentos milhões como resgate para salvá-la. O General Uéliton é um homem que só pensa em dinheiro, com certeza ficará tentado e convencerá Theo a libertá-la. Caso ele não aceite, o General Uéliton ficará insatisfeito com ele.] Luiza achou a ideia brilhante. "Mas sair assim, não seria como deixar o Theo escapar novamente?" Ele fez tantas coisas ruins e, ainda assim, continuaria vivendo tranquilamente no País Y? Então, todo o esforço deles até agora teria sido em vão? Ela respondeu: [Vamos simplesmente deixar o Theo escapar assim?] [Você está no quartel da Brigada do Norte agora. Não temos como agir contra o Theo por
Luiza fez uma expressão de resignação, pegou a comida das mãos dele e disse: — Eu mesma vou comer. Theo não respondeu nada, se sentou no sofá ao lado e ficou observando-a. Aquela mulher despertava nele sentimentos contraditórios: amor e ódio. Mas, quando cogitava deixá-la, sentia que simplesmente não conseguia. Ele sabia que deveria se desprender, mas algo nele o impedia de soltá-la. Depois de um momento de silêncio, ele falou: — Luiza, podemos parar com isso, por favor? Luiza, enquanto comia, lançou um olhar rápido para ele. Theo continuou: — Vamos parar de brigar o tempo todo. Podemos tentar nos dar bem? Finja que... Que eu estou tentando compensar o que fiz com você antes. A partir de agora, prometo cuidar bem de você, tudo bem? Luiza o encarava em silêncio. Ele sustentou o olhar, até que, depois de alguns segundos, acrescentou: — O que fiz com você antes... Eu não tive escolha. Se houvesse outra saída, nunca teria te usado... Theo a observava, visivelmente e
[Eu sei.] Foi Miguel quem respondeu! As mãos de Luiza tremiam violentamente; Miguel havia respondido, ele sabia que era ela. Ela olhou para o horário da resposta: tinha sido há duas horas... Luiza calculou o tempo: duas horas atrás, isso foi durante aquele caos de combate. Ainda não era possível confirmar se Miguel estava em segurança. Luiza imediatamente enxugou as lágrimas e respondeu: [Miguel, você está bem?] Depois de enviar a mensagem, ela ficou esperando, o coração apertado e as mãos ainda trêmulas. Estava com medo de que ele não respondesse, medo de que algo tivesse acontecido com ele... Quando ela já não aguentava mais o silêncio, o celular vibrou várias vezes seguidas. Uma série de mensagens chegou apressadamente. Miguel respondeu: [Estou bem.] Logo em seguida, Miguel enviou outra mensagem: [Luiza, onde você está agora?] Eles estavam procurando por ela. Mas onde ela estava? Nem Luiza sabia. Quando chegou ali, estava inconsciente e não fazia ideia de o
Giovana estava prestes a falar quando uma empregada entrou dizendo: — Presidente Theo, a senhorita que o senhor trouxe já acordou. Ela está insistindo para ir embora. Theo franziu as sobrancelhas, e Giovana imediatamente disse: — Presidente Theo, vá ver a Srta. Luiza. Parece que ela se machucou há pouco. Ao ouvir que Luiza estava machucada, a expressão de Theo se tornou ansiosa, e ele saiu apressado. O rosto de Giovana ficou abatido. Ela também estava ferida, mas Theo mal se importava. Já se Luiza estivesse machucada, ele parecia querer voar até ela imediatamente. O tratamento era claramente diferente. ... No quarto. Luiza estava insistindo em sair dali. Duas empregadas seguravam seus braços, mas ela, ignorando os ferimentos no próprio corpo, lutava sem parar. — Me soltem agora! Ela precisava voltar para Miguel. Havia desmaiado há pouco e não sabia de nada. Estava aterrorizada com a possibilidade de Miguel estar em perigo. Mesmo que fosse morrer, queria morrer
— Foi a própria Luiza quem disse. Ela falou que, depois que eu me casasse com ela, viveríamos juntos tranquilamente. — É mesmo? — Miguel curvou os lábios num leve sorriso. — Eu não acredito. Luiza já havia se reconciliado com ele, e ainda havia Felipinho. Miguel não acreditava que Luiza realmente quisesse ficar com Theo. Theo havia cometido tantas atrocidades. Mesmo que Luiza tivesse concordado em ficar com ele, provavelmente era apenas uma estratégia temporária, talvez... Para ganhar tempo até que ele pudesse resgatá-la. Com esse pensamento, Miguel desviou o olhar para o lado, na direção de Uéliton, e disse: — General Uéliton, invadi sua festa de aniversário de casamento hoje por um motivo principal: O Theo sequestrou minha esposa, e eu vim resgatá-la. Não tive a intenção de desrespeitá-lo. Quanto aos danos causados ao hotel, eu posso pagar por tudo. O hotel era uma propriedade de Uéliton. Quando Miguel mencionou a compensação, Uéliton ficou visivelmente tentado. No enta
Enquanto os três desciam as escadas, um estrondo repentino ecoou ao lado deles. Um dos seguranças que escoltavam Luiza caiu no chão. Tinha sido atingido por uma bala! Luiza ficou aterrorizada. Antes que pudesse reagir, outro segurança ao seu lado também foi baleado, caindo em uma poça de sangue. Os olhos de Luiza se arregalaram. No instante seguinte, uma mão firme agarrou seu braço. Quando viu o rosto da pessoa, um frio percorreu todo o seu corpo. Era Theo. Ele era o responsável pelos disparos que haviam atingido os dois seguranças. — Quem mandou você sair do salão de festas? — Theo disse com um olhar sombrio, enquanto a puxava rapidamente para baixo. Luiza não sabia o que dizer. Ela sabia que as pessoas que estavam ali para resgatá-la eram de Miguel. Era para ele que ela deveria correr. Mas, se tentasse fugir naquele momento, será que Theo, irritado, atiraria nela? No fim, Luiza não teve coragem de arriscar. Permitiu que Theo a puxasse escada abaixo. Em meio à
Isso era algo que jamais poderia ser apagado. Theo também entendia isso, então apenas acenou com a cabeça: — Deixa para lá. O que passou, passou. Vamos considerar que estamos quites. Além disso, viver aqui não é tão ruim assim para mim. O ambiente é perigoso, mas, de certa forma, acaba sendo favorável. Com isso, a conversa entre os dois chegou ao fim, e o banquete começou. O General Uéliton subiu ao palco com uma taça de vinho em mãos e iniciou um discurso. Logo em seguida, chamou Theo para se juntar a ele no palco. Os dois brindaram e trocaram algumas palavras que Luiza não conseguiu entender. Enquanto isso, os olhos dela vagavam em direção à porta do salão. Assim que percebeu que o olhar de Theo estava distante, sem prestar atenção nela, Luiza saiu discretamente. Ao sair do salão, se deparou com soldados armados por todos os lados. Luiza sabia que, naquela situação, seria melhor não correr. Se tentasse, poderia levar um tiro na cabeça a qualquer momento. Ela seguiu cal
Luiza deixou os olhos brilharem levemente, mas logo se lembrou de que estava fingindo fragilidade. Então, perguntou suavemente: — Posso sair? — Hoje à noite é o décimo aniversário de casamento do General Uéliton e da esposa dele. Ele me convidou para uma festa no hotel. Se você quiser sair um pouco, posso levá-la comigo. — Pode ser. — Luiza não se atreveu a parecer muito animada e respondeu calmamente. Theo sorriu: — Falando em sair, você não está se sentindo mal, né? — Já disse que foi só algo que comi de errado, agora já estou bem. — Luiza temia que ele percebesse algo, então ainda esfregou o estômago como se nada tivesse acontecido. Theo a observou por um instante e, de repente, estendeu a mão para massagear sua barriga. Luiza ficou completamente rígida, mas não ousou detê-lo. Ela sabia que poderia sair naquela noite e precisava aproveitar essa oportunidade. Mesmo que não conseguisse fugir, ao menos precisava enviar uma mensagem. Depois de descansar, Theo pediu que