O carro de Miguel se afastava gradualmente. Milena, com um olhar sonhador, se virou para Luiza e perguntou: — Ei! Novata, o Sr. Miguel parou o carro aqui no jardim e ainda olhou especialmente para mim. Será que ele está interessado em mim? Luiza não respondeu, continuando a regar as plantas. Milena fez uma careta e disse: — Que chato, essa pessoa realmente não tem a menor graça.Três horas depois, Luiza finalmente terminou de cuidar de todas as flores, com os dedos completamente vermelhos de frio. Ela voltou para o quarto e mergulhou as mãos em água quente para as esquentar. Mas, mal as mãos começavam a esquentar, Milena entrou no quarto e disse: — Ei! Novata, a Ângela pediu para você ir até a mansão principal para limpar.— Mas eu ainda não almocei. — Luiza respondeu. — Que horas é o almoço?Antes, Lívia sempre vinha a chamar para as refeições, então ela não sabia a que horas os empregados almoçavam. Além disso, a Mansão Jardim era muito maior que a Quinta do Lago. Na
No entanto, não importa o quanto ela se esforçasse, não conseguia terminar o trabalho antes das seis horas. Ela olhou para o relógio de chão e percebeu, sem perceber, que já eram seis e meia. Mas, mesmo assim, ninguém veio a procurar. Luiza havia passado o dia todo sem comer, e seu estômago estava roncando de fome enquanto ela estava sentada no chão frio. Vendo que o trabalho parecia interminável, Luiza desistiu e decidiu pegar um pano e sair. Assim que estava no topo da escada, ouviu as vozes das empregadas lá embaixo: — Sr. Miguel!Miguel tinha voltado! As empregadas da Mansão Jardim estavam alinhadas em duas filas para o receber. Miguel estava com uma expressão fria enquanto entrava no salão. Luiza, ouvindo os passos se aproximando, se escondeu instintivamente atrás do relógio de chão. Ângela havia lhe dito que ela precisava sair antes das seis horas, e agora já era quase sete horas. Temendo ser punida por desrespeitar essa regra, Luiza se escondeu atrás do relógi
Milena estava consumida pelos ciúmes e disse com sarcasmo: — Não pense que o Sr. Miguel mandar você limpar o andar de cima significa que ele está interessado em você. Olhe para a sua própria condição e veja se você merece isso, com essa aparência pobre.Para ser justa, Luiza era uma filha da família Santos e, naturalmente, estava à altura. No entanto, ela não estava disposta a fazer as pazes com Miguel, especialmente ao pisar no território de Valenciana do Rio, onde temia encontrar Helena, ou melhor, pessoas da família Nunes.Aquela família queria que Alice se casasse com Miguel, e naturalmente a viam como uma pedra no sapato. Se soubessem que ela tinha voltado, provavelmente não ficariam em paz.Luiza, com sua presença discreta, sem dinheiro e sem suas próprias roupas, não queria atrair a atenção delas. Mas para Milena, essa Luiza, silenciosa, sem dinheiro e sem roupas próprias, parecia apenas uma pessoa tão pobre que não podia comprar nem roupas nem um celular.Com uma voz tranquil
— Não é nada.Luiza escondeu as mãos atrás de si e mostrou um sorriso superficial.Ângela, com uma expressão complexa, pegou um tubo de pomada e entregou a ela. — Depois que terminar o trabalho, se lembre de passar um pouco de pomada. E, à noite, após o banho, use um creme para as mãos.Na verdade, Ângela também não sabia qual era a verdadeira identidade dessa mulher. Ela parecia tão nobre e delicada, e suas mãos, que claramente nunca haviam feito trabalho pesado, estavam severamente congeladas.Ângela achava que ela não deveria ser uma empregada. Mas como Eduardo havia dado a ordem, ela tinha que seguir. Disse a Luiza: — Depois que você pega congelamento, quando o tempo fica frio, a dor pode ser constante. É melhor você cuidar de si mesma.Luiza sorriu suavemente e respondeu: — Não se preocupe, vou me acostumar com o trabalho.Quando suas mãos ficarem mais ásperas e com calos, a dor diminuirá.Ela pegou uma toalha, encheu um balde com água e, ajoelhada no chão, começou a limpar.
Luiza então ficou ali, com uma tesoura nas mãos, começando a preparar o caranguejo-imperador. Liam notou as mãos dela, que estavam com feridas de frio, e demonstrou preocupação, olhando para ela. — Suas mãos parecem estar queimadas pelo frio.Miguel também desviou o olhar para ela ao ouvir isso.Luiza deu uma olhada rápida e, sem dar muita importância, respondeu: — Sim, o frio causou as feridas.Ela não mencionou o trabalho duro que estava fazendo, pois não queria parecer que estava buscando simpatia.— Você está passando algum medicamento? — Liam perguntou.Luiza confirmou com um aceno de cabeça. — Já passei.Ela havia aplicado o remédio à tarde, então suas mãos estavam menos doloridas do que pela manhã.Liam então se voltou para Miguel e disse: — Miguel, isso é um erro da sua parte. Sua empregada está trabalhando para você e as mãos dela estão assim, e você nem se preocupa?Liam, sendo estrangeiro, acreditava que todos, incluindo os funcionários, mereciam igualdade e respeito, e
Luiza tinha acabado de tomar banho e estava prestes a aplicar a pomada quando ouviu Milena dizer que Ângela a procurava. Ela colocou a pomada de lado e atendeu o telefone: — Ângela, você está me procurando?— O Sr. Miguel está bêbado. Pode vir cuidar dele? — Disse Ângela.Luiza mordeu os lábios. — Ângela, eu não sou boa em cuidar de pessoas. Não tem como chamar outra pessoa?— O Sr. Miguel pediu especificamente que fosse você. Após dizer isso, sem ouvir resposta de Luiza, Ângela falou suavemente: — Sra. Luiza, por favor, não me deixe em uma posição difícil.Luiza ficou em silêncio por um momento e disse: — Tudo bem, estou indo agora.Ângela, sendo uma funcionária assalariada, só podia obedecer às ordens de Miguel.E se Miguel, bêbado, estava chamando por ela, provavelmente era para causar problemas a ela.Luiza vestiu o uniforme de empregada, com o cabelo ainda molhado do banho, e se dirigiu a mansão principal.Ela subiu ao segundo andar, onde encontrou Miguel encostado no sofá do
Mais tarde, durante o jantar, o Sr. Miguel bebeu demais e ainda pediu que a chamassem para cuidar dele.Milena achava que Luiza era uma sedutora, então bufou irritada: — Não pense que eu não sei, você é uma aproveitadora.— Aproveitadora? Luiza finalmente reagiu.— O Sr. Miguel mencionou durante o jantar que você gosta de flertar com patrões. Com certeza você tentou seduzir o Sr. Miguel e falhou, por isso ele falou aquilo!Milena estava furiosa, essa mulher parecia ser tão honesta, mas quem diria que, em segredo, era tão promíscua.Luiza não retrucou.Ela realmente havia tentado seduzir Miguel antes, então não havia nada a negar.Sem dar mais atenção a Milena, ela foi até a cama e se deitou.Milena se aproximou e disse: — Por que não responde? Está com a consciência pesada? Hum! Eu sabia que você não presta. E mais, vou te avisando, é melhor você comprar um celular para você. Pare de deixar a Ângela ligar para o meu telefone. Eu não sou sua empregada, não preciso atender suas ligaçõ
Agora que ele estava em contato com uma família do país Y que dominava as energias renováveis, provavelmente era para enfrentar o Theo, não era?Eles ainda estavam em conflito?Luiza estava presa ali, sem celular, sem saber nada sobre o mundo exterior e como as coisas estavam lá fora.Ao ver os dois conversando, uma sombra de desagrado passou pelos olhos de Miguel.Ivy sorriu e disse: — Parece que meu irmão gostou bastante da empregada de vocês.Miguel lançou um olhar indiferente, com um toque evidente de sarcasmo:— É mesmo?— O que vocês estavam conversando? — Ivy perguntou a Liam.Liam respondeu: — Estava correndo e, por acaso, encontrei essa beldade, então trocamos algumas palavras.Ivy sorriu, mostrando o carinho que tinha por seu irmão mais novo.Nesse momento, Ângela se aproximou e disse: — Sr. Miguel, o café da manhã já está pronto.Miguel olhou para Ivy, dizendo:— O café da manhã está pronto. Vamos comer, depois eu levo vocês para visitar o grupo.— Tudo bem.Ivy assentiu,
Ao pensar nisso, sua expressão suavizou bastante, e ele voltou a olhar para Luiza. — Como está o machucado na sua mão? Ainda dói? Ele passou de um tom sombrio para uma doçura repentina. Luiza olhou para o rosto dele com cautela e respondeu: — Está melhor. Era um momento crucial, e Luiza não queria provocá-lo, para evitar apanhar novamente. Se fosse ferida, talvez nem conseguisse escapar quando tivesse a chance. Theo ficou encarando ela por um longo tempo, algo se movendo no fundo de seus olhos, e então passou o braço ao redor dela. Luiza, temendo que ele levantasse o cobertor, rapidamente pressionou o celular escondido com a perna. — Luiza. — Theo a puxou para os braços. O corpo de Luiza ficou tenso como uma pedra. Ele apoiou a cabeça sobre a dela e falou suavemente: — Eu vou compensar o casamento que te prometi. Luiza permaneceu em silêncio. — Assim que eu terminar os assuntos recentes, nós poderemos ficar juntos. — Theo fez uma pausa e continuou. — Sobre o q
[Já pensei em uma forma de salvar você. Tenha paciência e espere.] Miguel pediu que ela ficasse tranquila e aguardasse. Mas Luiza não conseguia simplesmente esperar sem entender o que estava acontecendo. Ela respondeu à mensagem: [Que forma?] Ela não ousava fazer uma ligação, com medo de que as pessoas do lado de fora ouvissem. Miguel respondeu: [Ofereci trezentos milhões como resgate para salvá-la. O General Uéliton é um homem que só pensa em dinheiro, com certeza ficará tentado e convencerá Theo a libertá-la. Caso ele não aceite, o General Uéliton ficará insatisfeito com ele.] Luiza achou a ideia brilhante. "Mas sair assim, não seria como deixar o Theo escapar novamente?" Ele fez tantas coisas ruins e, ainda assim, continuaria vivendo tranquilamente no País Y? Então, todo o esforço deles até agora teria sido em vão? Ela respondeu: [Vamos simplesmente deixar o Theo escapar assim?] [Você está no quartel da Brigada do Norte agora. Não temos como agir contra o Theo por
Luiza fez uma expressão de resignação, pegou a comida das mãos dele e disse: — Eu mesma vou comer. Theo não respondeu nada, se sentou no sofá ao lado e ficou observando-a. Aquela mulher despertava nele sentimentos contraditórios: amor e ódio. Mas, quando cogitava deixá-la, sentia que simplesmente não conseguia. Ele sabia que deveria se desprender, mas algo nele o impedia de soltá-la. Depois de um momento de silêncio, ele falou: — Luiza, podemos parar com isso, por favor? Luiza, enquanto comia, lançou um olhar rápido para ele. Theo continuou: — Vamos parar de brigar o tempo todo. Podemos tentar nos dar bem? Finja que... Que eu estou tentando compensar o que fiz com você antes. A partir de agora, prometo cuidar bem de você, tudo bem? Luiza o encarava em silêncio. Ele sustentou o olhar, até que, depois de alguns segundos, acrescentou: — O que fiz com você antes... Eu não tive escolha. Se houvesse outra saída, nunca teria te usado... Theo a observava, visivelmente e
[Eu sei.] Foi Miguel quem respondeu! As mãos de Luiza tremiam violentamente; Miguel havia respondido, ele sabia que era ela. Ela olhou para o horário da resposta: tinha sido há duas horas... Luiza calculou o tempo: duas horas atrás, isso foi durante aquele caos de combate. Ainda não era possível confirmar se Miguel estava em segurança. Luiza imediatamente enxugou as lágrimas e respondeu: [Miguel, você está bem?] Depois de enviar a mensagem, ela ficou esperando, o coração apertado e as mãos ainda trêmulas. Estava com medo de que ele não respondesse, medo de que algo tivesse acontecido com ele... Quando ela já não aguentava mais o silêncio, o celular vibrou várias vezes seguidas. Uma série de mensagens chegou apressadamente. Miguel respondeu: [Estou bem.] Logo em seguida, Miguel enviou outra mensagem: [Luiza, onde você está agora?] Eles estavam procurando por ela. Mas onde ela estava? Nem Luiza sabia. Quando chegou ali, estava inconsciente e não fazia ideia de o
Giovana estava prestes a falar quando uma empregada entrou dizendo: — Presidente Theo, a senhorita que o senhor trouxe já acordou. Ela está insistindo para ir embora. Theo franziu as sobrancelhas, e Giovana imediatamente disse: — Presidente Theo, vá ver a Srta. Luiza. Parece que ela se machucou há pouco. Ao ouvir que Luiza estava machucada, a expressão de Theo se tornou ansiosa, e ele saiu apressado. O rosto de Giovana ficou abatido. Ela também estava ferida, mas Theo mal se importava. Já se Luiza estivesse machucada, ele parecia querer voar até ela imediatamente. O tratamento era claramente diferente. ... No quarto. Luiza estava insistindo em sair dali. Duas empregadas seguravam seus braços, mas ela, ignorando os ferimentos no próprio corpo, lutava sem parar. — Me soltem agora! Ela precisava voltar para Miguel. Havia desmaiado há pouco e não sabia de nada. Estava aterrorizada com a possibilidade de Miguel estar em perigo. Mesmo que fosse morrer, queria morrer
— Foi a própria Luiza quem disse. Ela falou que, depois que eu me casasse com ela, viveríamos juntos tranquilamente. — É mesmo? — Miguel curvou os lábios num leve sorriso. — Eu não acredito. Luiza já havia se reconciliado com ele, e ainda havia Felipinho. Miguel não acreditava que Luiza realmente quisesse ficar com Theo. Theo havia cometido tantas atrocidades. Mesmo que Luiza tivesse concordado em ficar com ele, provavelmente era apenas uma estratégia temporária, talvez... Para ganhar tempo até que ele pudesse resgatá-la. Com esse pensamento, Miguel desviou o olhar para o lado, na direção de Uéliton, e disse: — General Uéliton, invadi sua festa de aniversário de casamento hoje por um motivo principal: O Theo sequestrou minha esposa, e eu vim resgatá-la. Não tive a intenção de desrespeitá-lo. Quanto aos danos causados ao hotel, eu posso pagar por tudo. O hotel era uma propriedade de Uéliton. Quando Miguel mencionou a compensação, Uéliton ficou visivelmente tentado. No enta
Enquanto os três desciam as escadas, um estrondo repentino ecoou ao lado deles. Um dos seguranças que escoltavam Luiza caiu no chão. Tinha sido atingido por uma bala! Luiza ficou aterrorizada. Antes que pudesse reagir, outro segurança ao seu lado também foi baleado, caindo em uma poça de sangue. Os olhos de Luiza se arregalaram. No instante seguinte, uma mão firme agarrou seu braço. Quando viu o rosto da pessoa, um frio percorreu todo o seu corpo. Era Theo. Ele era o responsável pelos disparos que haviam atingido os dois seguranças. — Quem mandou você sair do salão de festas? — Theo disse com um olhar sombrio, enquanto a puxava rapidamente para baixo. Luiza não sabia o que dizer. Ela sabia que as pessoas que estavam ali para resgatá-la eram de Miguel. Era para ele que ela deveria correr. Mas, se tentasse fugir naquele momento, será que Theo, irritado, atiraria nela? No fim, Luiza não teve coragem de arriscar. Permitiu que Theo a puxasse escada abaixo. Em meio à
Isso era algo que jamais poderia ser apagado. Theo também entendia isso, então apenas acenou com a cabeça: — Deixa para lá. O que passou, passou. Vamos considerar que estamos quites. Além disso, viver aqui não é tão ruim assim para mim. O ambiente é perigoso, mas, de certa forma, acaba sendo favorável. Com isso, a conversa entre os dois chegou ao fim, e o banquete começou. O General Uéliton subiu ao palco com uma taça de vinho em mãos e iniciou um discurso. Logo em seguida, chamou Theo para se juntar a ele no palco. Os dois brindaram e trocaram algumas palavras que Luiza não conseguiu entender. Enquanto isso, os olhos dela vagavam em direção à porta do salão. Assim que percebeu que o olhar de Theo estava distante, sem prestar atenção nela, Luiza saiu discretamente. Ao sair do salão, se deparou com soldados armados por todos os lados. Luiza sabia que, naquela situação, seria melhor não correr. Se tentasse, poderia levar um tiro na cabeça a qualquer momento. Ela seguiu cal
Luiza deixou os olhos brilharem levemente, mas logo se lembrou de que estava fingindo fragilidade. Então, perguntou suavemente: — Posso sair? — Hoje à noite é o décimo aniversário de casamento do General Uéliton e da esposa dele. Ele me convidou para uma festa no hotel. Se você quiser sair um pouco, posso levá-la comigo. — Pode ser. — Luiza não se atreveu a parecer muito animada e respondeu calmamente. Theo sorriu: — Falando em sair, você não está se sentindo mal, né? — Já disse que foi só algo que comi de errado, agora já estou bem. — Luiza temia que ele percebesse algo, então ainda esfregou o estômago como se nada tivesse acontecido. Theo a observou por um instante e, de repente, estendeu a mão para massagear sua barriga. Luiza ficou completamente rígida, mas não ousou detê-lo. Ela sabia que poderia sair naquela noite e precisava aproveitar essa oportunidade. Mesmo que não conseguisse fugir, ao menos precisava enviar uma mensagem. Depois de descansar, Theo pediu que