Sentados confortavelmente no sofá da enorme sala de estar da mansão, Erick e Frederick jogavam em seus respectivos celulares. Eu estava em minha pausa momentânea, então sentei-me na poltrona. Eva não estava em casa, assim como Thomas, então agora eu fazia papel de babá. Os meninos estavam muito quietos, como anjinhos, o que estranhei, já que geralmente sempre estavam empolgados e dispostos a brincar e correr pelo tempo que conseguissem. Observei-os mais um pouco e resolvi descobrir o que estava acontecendo.“Ei, gêmeos,” comecei, tentando quebrar o silêncio. “Estão jogando o que de bom?”Erick olhou rapidamente, mas logo voltou a atenção ao celular. Frederick, por outro lado, fez uma pausa e me lançou um olhar que não parecia animado. “Nada demais,” ele murmurou.“Vocês estão muito quietos. Normalmente, estão correndo pela casa ou fazendo alguma bagunça,” comentei, tentando soar casual. “Está tudo bem?”Ambos se entreolharam, e a expressão em seus rostos parecia distante, como se es
Não havia muitos presentes no funeral.Dois antigos vizinhos nossos, um tio e Carmélia. Além de mim, apenas essas pessoas resolveram prestar suas condolências à nossa mãe.Ao questionar minha irmã onde meu pai estava, ela disse que tentou ligar para ele, mas que ele não atendia nem visualizava as mensagens. Provavelmente estava ocupado demais com a esposa mais nova e não tinha tempo para se despedir da mãe de suas filhas.Thomas havia sido muito bondoso ao me permitir sair imediatamente no dia anterior. Lembro-me que fui correndo até o hospital. Os médicos nos disseram que ela teve uma parada cardíaca fulminante, e não houve tempo para sequer tentar reverter o processo.Bem, pelo menos ela estava em paz agora. Olhei para seu corpo inerte no caixão. As lembranças da última vez em que a vi passaram pela minha mente como flashes rápidos: ela rindo, fazendo o que mais amava, sem saber que em poucas horas não estaria mais aqui.O funeral seguiu com orações e murmúrios, mas minha mente esta
O silêncio que seguiu minha confissão parecia eterno. Masato me encarava, seus olhos refletindo surpresa e talvez um toque de vulnerabilidade, algo raro de se ver nele. Eu nunca tinha mencionado nada sobre o passado dele antes, mas naquele momento, me pareceu certo.Ele desviou o olhar por um segundo, como se precisasse processar minhas palavras. Quando voltou a me encarar, sua expressão tinha mudado. A máscara habitual de frieza estava rachada, revelando algo muito mais humano por trás."Como você sabe sobre isso?" Ele perguntou, sua voz mais baixa do que de costume. "Eu não costumo falar sobre meu passado."Na verdade, era bem pior: ele intencionalmente escondia essa informação de todos, ou ao menos tentava.Não queria lhe contar que passei quase uma madrugada inteira vasculhando informações sobre ele, muito menos que sabia sobre a origem terrível do orfanato e o porquê de Masato ter parado lá, para início de conversa. Então desconversei:“Ah, você sabe como sou. Gosto de saber onde
A mansão de Thomas estava lotada.O burburinho da conversa aristocrática entre as mais diversas pessoas ali presentes me deixava atordoada, mas mesmo enjoada e incomodada em estar ali, eu sabia que precisava marcar presença. Apesar de Thomas ter dito que eu não precisava comparecer devido ao meu luto, Eva tinha um posicionamento diferente. “A morte vem para todos o tempo todo, querida”, ela havia comentado um dia antes, depois que Thomas havia conversado comigo sobre o evento. “Não podemos deixar as coisas importantes de lado.”Eu não queria causar intriga e reclamar disso com o empresário, afinal isso acabaria favorecendo minha demissão, ou pelo menos incitaria confusão dentro da casa - o que me afastaria completamente de meu objetivo. Então ali estava eu, agora, gloriosamente entediada, apenas dando algumas ordens aqui e ali, já que tudo estava minuciosamente organizado entre os outros funcionários que andei preparando durante a semana.Foi então que o vi.Um homem de beleza hipnot
Quando finalmente voltei para a mansão, fazendo de tudo para parecer qualquer coisa, menos nervosa e terrivelmente angustiada (porque eu estava!), dei um esbarrão sem querer em… Thomas.Ele estava muito bem vestido, mas parecia um tanto pálido. Quando olhou para mim, ficou alguns segundos sem falar.“Bianca?”“Sr. Braxton. Quero dizer, Thomas.”Ele olhou para trás, de onde eu estava vindo, e me encarou de volta.“Aconteceu alguma coisa? Você deveria estar no salão.”“Não, não foi nada. Eu… Só fui respirar um pouco de ar puro no jardim.”Sua expressão se suavizou.“Sinto muito. Você sabe que não precisava ter vindo, afinal de contas. Sei que está passando por um momento muito difícil agora.”"Eu sei", respondi, forçando um sorriso. "Mas é meu trabalho, e... bem, eu não o deixaria sozinho esta noite. É um evento especial para você.”Ele assentiu, parecendo distante. Desde o dia em que pedi a ele que me levasse até a biblioteca, Thomas ficara um pouco reticente. Pensei que poderia ser de
A atmosfera no salão era uma mistura de admiração e tensão palpável. Enquanto a plateia aplaudia e comentava as obras, eu podia sentir o peso da tristeza e da frustração que tomava conta de Thomas. Ele estava ali, mas sua mente parecia estar em um lugar completamente diferente. Eu me perguntei se ele estava revivendo memórias, lembranças de um amor perdido que agora era uma parte dolorosa de seu passado.Eva, por outro lado, estava radiante. Cada sorriso que ela oferecia era como um golpe sutil, um lembrete de que ela tinha o controle. Ela se movia com graça entre os convidados, mas seus olhos sempre se voltavam para Thomas, avaliando suas reações com uma mistura de prazer e vindita."Você fez isso de propósito, não fez?" murmurei para mim mesma, incapaz de conter o desdém que sentia por aquela exibição manipuladora. Eva estava usando a arte como uma arma, transformando um momento que deveria ser de celebração em uma tortura psicológica para Thomas. Lembrei-me de quando vi a encomend
Uma semana depois, os eventos ocorridos na “reunião social” de Thomas ainda não saíam da minha cabeça. Masato também propositalmente parecia distante, apenas fazendo as perguntas de praxe de como estavam as coisas. Nem parecia o mesmo homem sensível e perdido que surgiu no dia do enterro de minha mãe.Fiel à sua palavra, no entanto, Masato de fato resolveu dar uma ajuda financeira para mim e para minha irmã. Carmelia, que negou a ajuda todas as formas de auxílio que lhe foram oferecidas pelo empresário, mal tinha ideia de que a proposta relâmpago de emprego de uma empresa menor (uma subsidiária de Masato) vinha justamente dele. Radiante, ela me contou como deveria ter ido bem na entrevista para conseguir um cargo tão bom.Dali há mais ou menos dois meses começariam as votações para senador. Masato não disse com todas as letras, mas eu sabia que tinha exatamente esse tempo para estragar a vida social de Thomas a ponto de ficar irrecuperável. Agora eu estava em casa, mexendo no meu lap
"O que você quer dizer com isso?" perguntei, minha voz oscilando entre a surpresa e o medo. Meu olhar alternava entre o homem e Masato, que, embora mantivesse a expressão séria, parecia menos surpreso do que eu."O nome dela já apareceu na lista," o homem continuou, ignorando minha pergunta direta. "Os Falcões Azuis estão de olho em Bianca."Eu franzi o cenho, tentando entender. "Falcões Azuis? Quem são eles?"Masato segurou minha mão com mais firmeza, e, por um momento, pensei que ele não fosse responder. Seu silêncio, porém, dizia mais do que palavras. Ele sabia exatamente quem eram os Falcões Azuis, e aquilo não era uma boa notícia."Masato..." insisti, a urgência na minha voz clara. "Quem são essas pessoas?""Não é algo com que você deva se preocupar agora," ele disse finalmente, sua voz fria e controlada. "Só fique perto de mim, Bianca. Eu vou resolver isso."A resposta evasiva me irritou. Eu odiava ser mantida no escuro, especialmente quando se tratava de algo potencialmente pe
Não era a primeira vez que eu ia para o apartamento de Masato, mas daquela vez senti algo diferente no ar. Inquieta, olhei ao redor para encontrar aquilo o que me deixava nervosa, mas parecia tudo no mesmo lugar. Suando, sentei-me no sofá da sala de estar e fiquei ali, imóvel, olhando para o nada.Masato foi até a cozinha e voltou com uma bebida quente. Pelo cheiro, deveria ser chá. Com um carinho admirável, apesar da expressão fria de sempre, ele se agachou para ficar na minha altura e fez uma pequena carícia na minha bochecha antes de me entregar a xícara."Tome o máximo que puder. Vou fazer algumas ligações e você fica aqui. Se sentir fome, tem comida na cozinha. Sinta-se à vontade."Enquanto Masato fazia o que tinha que fazer, eu tentava me concentrar no calor do chá, mas minha mente estava longe. A tensão no ar era palpável, e, por mais que ele tentasse parecer no controle, eu sabia que ele também estava preocupado. Se um bilionário poderoso e magnata como ele estava sendo caçad
"O que você quer dizer com isso?" perguntei, minha voz oscilando entre a surpresa e o medo. Meu olhar alternava entre o homem e Masato, que, embora mantivesse a expressão séria, parecia menos surpreso do que eu."O nome dela já apareceu na lista," o homem continuou, ignorando minha pergunta direta. "Os Falcões Azuis estão de olho em Bianca."Eu franzi o cenho, tentando entender. "Falcões Azuis? Quem são eles?"Masato segurou minha mão com mais firmeza, e, por um momento, pensei que ele não fosse responder. Seu silêncio, porém, dizia mais do que palavras. Ele sabia exatamente quem eram os Falcões Azuis, e aquilo não era uma boa notícia."Masato..." insisti, a urgência na minha voz clara. "Quem são essas pessoas?""Não é algo com que você deva se preocupar agora," ele disse finalmente, sua voz fria e controlada. "Só fique perto de mim, Bianca. Eu vou resolver isso."A resposta evasiva me irritou. Eu odiava ser mantida no escuro, especialmente quando se tratava de algo potencialmente pe
Uma semana depois, os eventos ocorridos na “reunião social” de Thomas ainda não saíam da minha cabeça. Masato também propositalmente parecia distante, apenas fazendo as perguntas de praxe de como estavam as coisas. Nem parecia o mesmo homem sensível e perdido que surgiu no dia do enterro de minha mãe.Fiel à sua palavra, no entanto, Masato de fato resolveu dar uma ajuda financeira para mim e para minha irmã. Carmelia, que negou a ajuda todas as formas de auxílio que lhe foram oferecidas pelo empresário, mal tinha ideia de que a proposta relâmpago de emprego de uma empresa menor (uma subsidiária de Masato) vinha justamente dele. Radiante, ela me contou como deveria ter ido bem na entrevista para conseguir um cargo tão bom.Dali há mais ou menos dois meses começariam as votações para senador. Masato não disse com todas as letras, mas eu sabia que tinha exatamente esse tempo para estragar a vida social de Thomas a ponto de ficar irrecuperável. Agora eu estava em casa, mexendo no meu lap
A atmosfera no salão era uma mistura de admiração e tensão palpável. Enquanto a plateia aplaudia e comentava as obras, eu podia sentir o peso da tristeza e da frustração que tomava conta de Thomas. Ele estava ali, mas sua mente parecia estar em um lugar completamente diferente. Eu me perguntei se ele estava revivendo memórias, lembranças de um amor perdido que agora era uma parte dolorosa de seu passado.Eva, por outro lado, estava radiante. Cada sorriso que ela oferecia era como um golpe sutil, um lembrete de que ela tinha o controle. Ela se movia com graça entre os convidados, mas seus olhos sempre se voltavam para Thomas, avaliando suas reações com uma mistura de prazer e vindita."Você fez isso de propósito, não fez?" murmurei para mim mesma, incapaz de conter o desdém que sentia por aquela exibição manipuladora. Eva estava usando a arte como uma arma, transformando um momento que deveria ser de celebração em uma tortura psicológica para Thomas. Lembrei-me de quando vi a encomend
Quando finalmente voltei para a mansão, fazendo de tudo para parecer qualquer coisa, menos nervosa e terrivelmente angustiada (porque eu estava!), dei um esbarrão sem querer em… Thomas.Ele estava muito bem vestido, mas parecia um tanto pálido. Quando olhou para mim, ficou alguns segundos sem falar.“Bianca?”“Sr. Braxton. Quero dizer, Thomas.”Ele olhou para trás, de onde eu estava vindo, e me encarou de volta.“Aconteceu alguma coisa? Você deveria estar no salão.”“Não, não foi nada. Eu… Só fui respirar um pouco de ar puro no jardim.”Sua expressão se suavizou.“Sinto muito. Você sabe que não precisava ter vindo, afinal de contas. Sei que está passando por um momento muito difícil agora.”"Eu sei", respondi, forçando um sorriso. "Mas é meu trabalho, e... bem, eu não o deixaria sozinho esta noite. É um evento especial para você.”Ele assentiu, parecendo distante. Desde o dia em que pedi a ele que me levasse até a biblioteca, Thomas ficara um pouco reticente. Pensei que poderia ser de
A mansão de Thomas estava lotada.O burburinho da conversa aristocrática entre as mais diversas pessoas ali presentes me deixava atordoada, mas mesmo enjoada e incomodada em estar ali, eu sabia que precisava marcar presença. Apesar de Thomas ter dito que eu não precisava comparecer devido ao meu luto, Eva tinha um posicionamento diferente. “A morte vem para todos o tempo todo, querida”, ela havia comentado um dia antes, depois que Thomas havia conversado comigo sobre o evento. “Não podemos deixar as coisas importantes de lado.”Eu não queria causar intriga e reclamar disso com o empresário, afinal isso acabaria favorecendo minha demissão, ou pelo menos incitaria confusão dentro da casa - o que me afastaria completamente de meu objetivo. Então ali estava eu, agora, gloriosamente entediada, apenas dando algumas ordens aqui e ali, já que tudo estava minuciosamente organizado entre os outros funcionários que andei preparando durante a semana.Foi então que o vi.Um homem de beleza hipnot
O silêncio que seguiu minha confissão parecia eterno. Masato me encarava, seus olhos refletindo surpresa e talvez um toque de vulnerabilidade, algo raro de se ver nele. Eu nunca tinha mencionado nada sobre o passado dele antes, mas naquele momento, me pareceu certo.Ele desviou o olhar por um segundo, como se precisasse processar minhas palavras. Quando voltou a me encarar, sua expressão tinha mudado. A máscara habitual de frieza estava rachada, revelando algo muito mais humano por trás."Como você sabe sobre isso?" Ele perguntou, sua voz mais baixa do que de costume. "Eu não costumo falar sobre meu passado."Na verdade, era bem pior: ele intencionalmente escondia essa informação de todos, ou ao menos tentava.Não queria lhe contar que passei quase uma madrugada inteira vasculhando informações sobre ele, muito menos que sabia sobre a origem terrível do orfanato e o porquê de Masato ter parado lá, para início de conversa. Então desconversei:“Ah, você sabe como sou. Gosto de saber onde
Não havia muitos presentes no funeral.Dois antigos vizinhos nossos, um tio e Carmélia. Além de mim, apenas essas pessoas resolveram prestar suas condolências à nossa mãe.Ao questionar minha irmã onde meu pai estava, ela disse que tentou ligar para ele, mas que ele não atendia nem visualizava as mensagens. Provavelmente estava ocupado demais com a esposa mais nova e não tinha tempo para se despedir da mãe de suas filhas.Thomas havia sido muito bondoso ao me permitir sair imediatamente no dia anterior. Lembro-me que fui correndo até o hospital. Os médicos nos disseram que ela teve uma parada cardíaca fulminante, e não houve tempo para sequer tentar reverter o processo.Bem, pelo menos ela estava em paz agora. Olhei para seu corpo inerte no caixão. As lembranças da última vez em que a vi passaram pela minha mente como flashes rápidos: ela rindo, fazendo o que mais amava, sem saber que em poucas horas não estaria mais aqui.O funeral seguiu com orações e murmúrios, mas minha mente esta
Sentados confortavelmente no sofá da enorme sala de estar da mansão, Erick e Frederick jogavam em seus respectivos celulares. Eu estava em minha pausa momentânea, então sentei-me na poltrona. Eva não estava em casa, assim como Thomas, então agora eu fazia papel de babá. Os meninos estavam muito quietos, como anjinhos, o que estranhei, já que geralmente sempre estavam empolgados e dispostos a brincar e correr pelo tempo que conseguissem. Observei-os mais um pouco e resolvi descobrir o que estava acontecendo.“Ei, gêmeos,” comecei, tentando quebrar o silêncio. “Estão jogando o que de bom?”Erick olhou rapidamente, mas logo voltou a atenção ao celular. Frederick, por outro lado, fez uma pausa e me lançou um olhar que não parecia animado. “Nada demais,” ele murmurou.“Vocês estão muito quietos. Normalmente, estão correndo pela casa ou fazendo alguma bagunça,” comentei, tentando soar casual. “Está tudo bem?”Ambos se entreolharam, e a expressão em seus rostos parecia distante, como se es