Madalena se abaixou até a altura do filho, olhando nos olhos dele com um sorriso suave, e perguntou: - Michel, você foi bonzinho? Não incomodou seu tio, né? Michel, com as bochechas coradas de vergonha, respondeu: - Eu fui bonzinho... Mas, mamãe, eu molhei minhas calças.- Você molhou onde, querido? - Madalena perguntou, tentando esconder a preocupação em sua voz.- No colchão do tio. - Michel respondeu, ainda mais envergonhado, seus olhos fixos no chão.Madalena ficou sem palavras por um momento, processando a informação.- Mas o Sr. João me comprou muitas roupas novas, inclusive um vestido. Eu vou guardar o vestido para a priminha que minha tia vai ter. - Continuou Michel, sua voz misturando a inocência e a animação.Madalena ficou surpresa, mas não conseguiu evitar uma risada interna ao imaginar João comprando um vestido para um menino. “Que tipo de distração é necessária para comprar um vestido para um menino?”, pensou ela, ainda sorrindo.João, por sua vez, não mostrava nenhum
Aurora acordou com a sensação de fome. Sentindo-se grogue, estendeu a mão ao lado na cama, mas não encontrou Bruno. Olhou ao redor, notando que o travesseiro ao lado estava vazio e a cama estava fria. Bruno já tinha levantado há muito tempo. Aurora pensou que ainda era cedo, mas quando pegou o celular e viu a hora, arregalou os olhos. Já eram quase doze horas!Não era de se admirar que ela estivesse com fome. Dormir até essa hora não era comum para ela.- Bruno nem me acordou. - Murmurou ela para si mesma, sentindo uma mistura de surpresa e leve irritação. Rapidamente, ela pegou uma roupa do armário e correu para o banheiro, onde se vestiu e escovou às pressas os dentes. Sem se preocupar com maquiagem, desceu as escadas com o celular na mão, ainda tentando ajustar os sapatos.Enquanto descia, seu celular tocou. Era Bruno.- Bruno. - Atendeu ela, parando no meio da escada e reclaman do baixinho. - Você se levantou e nem me chamou. Dormi até agora e já são doze horas.Bruno riu do outro
Vasco se aproximou de Aurora e parou à sua frente, lhe entregando um pequeno saco transparente contendo várias mechas de cabelo. - Sra. Alves, esta é a tarefa que o Sr. Bruno me pediu para realizar esta manhã. Está concluída.Aurora pegou o saco, seus olhos examinando atentamente o conteúdo. - Este é... O cabelo do meu avô?Na noite anterior, ela e Bruno haviam decidido que usariam Ronaldo para obter algumas amostras de cabelo do velho Sr. Garcia para fazer um teste de DNA e confirmar a relação de parentesco. A ansiedade que sentia agora era palpável, como se o saco contivesse não apenas cabelos, mas a chave para um mistério familiar há muito enterrado.- Sim, é isso mesmo. - Confirmou Vasco, sua expressão séria.Aurora sorriu para ele, expressando sua gratidão. - Ronaldo cooperou?- Ele tem medo de você, Sra. Alves. Quando mencionei seu nome e ameacei ele um pouco, ele foi bem obediente e conseguiu as mechas do cabelo de seu avô.Quanto ao modo como Ronaldo conseguiu convencer o ve
Aurora ponderou sobre o assunto por um tempo antes de responder: - A sua família não tem tido filhas há gerações. Deve ser um problema com a configuração energética da casa. Pode ser que a energia da sua família favoreça a prosperidade dos descendentes masculinos.Bruno ficou pensativo por um momento antes de responder: - Pode ser. Houve uma filha na família há muitas gerações, mas ela não sobreviveu. Depois que aquela menina morreu, nunca mais tivemos outra filha. Lembro que minha tia fez de tudo antes de engravidar do Antônio, seguindo dietas ácidas na esperança de ter uma menina. Durante a gravidez, ela parecia diferente das duas anteriores, então todos achavam que dessa vez seria uma menina. Quando o bebê estava mais desenvolvido, um conhecido disse que era uma menina. Todos ficaram empolgados.Enquanto Bruno relembrava, seus olhos brilhavam com a intensidade da memória, acrescentando:- Naquela época, eu já tinha uns dezessete anos, então me lembro bem. Quando disseram que minha
A avó dele mencionou que o monge que ajudou a prever o futuro de Bruno e Aurora também poderia entender de cartomancia.Talvez ele entendesse um pouco, mas alguém que sabia apenas o básico provavelmente não seria capaz de resolver o problema da família Alves.Enquanto o casal conversava sobre ter uma filha, sem perceber, eles voltaram para a frente da Escola Secundária da Cidade G, onde o movimento de estudantes preenchia o ar com risadas e conversas animadas. Os jovens, em uniformes variados, formavam grupos coloridos, adicionando vida à paisagem urbana. Bruno acompanhou Aurora até a livraria. Ele tinha que voltar para o escritório, onde o ritmo frenético dos negócios o esperava, então não ficou muito tempo na livraria antes de sair. Aurora não pôde deixar de rir ao perceber que passaram todo o tempo conversando sobre ter uma filha. Ela entrou na livraria, onde o aroma convidativo de café flutuava pelo ar, misturado com o perfume sutil dos livros novos e antigos, completava a cena t
Paulo era conhecido por criar momentos românticos para Stella com frequência, então ela já se acostumava com suas surpresas encantadoras. Cada gesto era pensado com cuidado, desde jantares à luz de velas até escapadas de fim de semana para destinos pitorescos. Ele sempre sabia como acender uma faísca de alegria no coração de Stella, transformando momentos comuns em memórias inesquecíveis.Paulo era um homem com inteligência emocional e intelectual. Sabia quando escutar e quando oferecer conselhos. Bruno, por outro lado, era altamente inteligente, mas tinha uma inteligência emocional mais baixa. Muitas vezes, sua seriedade e dedicação ao trabalho o faziam parecer distante. Quando Paulo atuava como conselheiro amoroso de Bruno, não perdia a oportunidade de criticar a falta de sensibilidade emocional dele.O fato de Bruno conseguir fazer tanto por Aurora era realmente impressionante, e não era de se admirar que Aurora estivesse tão emocionada a ponto de dormir boa parte do dia seguinte.
Stella terminou de saborear os doces que Paulo tinha trazido e, com um sorriso satisfeito, pegou o celular para lhe enviar uma mensagem。 Stella: [Paulo, os doces que você trouxe estavam deliciosos, eu adorei, te amo!] Paulo respondeu rapidamente. Paulo: [Que bom que você gostou. Amanhã eu trago mais duas caixas para você.]Para Paulo, agradar Stella, uma verdadeira apaixonada por comida, era a coisa mais simples do mundo. Bastava saber o que ela gostava e oferecer isso a ela. Ele sentia prazer em vê-la feliz com as pequenas coisas, e isso o fazia se sentir mais próximo dela.- Letícia não veio hoje. - Comentou Stella de repente.Aurora, que estava por perto, respondeu prontamente: - A melhor amiga dela terminou um namoro e Letícia foi consolar ela.Na verdade, Letícia não estava consolando sua amiga de coração partido. Ela estava explorando a casa de seu novo vizinho, curiosa com o que poderia encontrar.Letícia tinha planejado sair naquela tarde ensolarada e, ao passar de carro pe
Letícia aceitou a proposta de Jean com entusiasmo, seus olhos brilhando com a perspectiva de ajudar.- Assim que você chegar, me liga. Vou te ajudar com a reforma. Prometo que sua futura esposa vai adorar a casa. Mas, em troca, espero um belo presente de agradecimento.Jean manteve o sorriso caloroso no rosto, os olhos suavemente curvados, transmitindo uma confiança tranquila.- Claro, você terá uma ótima recompensa.Letícia observava o sorriso dele, notando que ele sempre sorria antes de falar. Seu sorriso era como uma brisa de primavera, quente e acolhedor, fazendo com que qualquer pessoa se sentisse à vontade ao seu lado. Seus olhos brilhavam com sinceridade, o que tornava difícil para qualquer um resistir ao seu charme.- Combinado, vou ser sua consultora de reforma. - Letícia cruzou os braços, assumindo uma postura confiante e divertida.Jean, ainda sorrindo, agradeceu com um leve aceno de cabeça, seus olhos brilhando com gratidão.- Vamos, vou te levar para tomar um café.- Eu ge
Stella esfregou a testa, refletindo com um suspiro: - Eu sei que você nunca amou o Helder. Só fiquei com medo de que você se sentisse culpada. Mas ele está bem agora, sendo o herdeiro da família. Precisa enfrentar desafios para crescer e se tornar mais maduro. - Isso foi algo que sua mãe fez pelo bem dele, mandando-o para ser testado. Não tenho motivo para me sentir culpada. - Aurora respondeu com firmeza.Aurora voltou para o caixa, pegou o celular e comentou com um leve sorriso: - Vou avisar meu namorado antes que ele tenha alguma ideia errada. Ela sabia que Bruno tinha um temperamento possessivo e ciumento. Era melhor contar para ele sobre o encontro com Helder do que deixá-lo descobrir pelos seguranças. Aurora digitou uma mensagem rápida para Bruno, seus dedos movendo-se ágeis pelo teclado.Stella foi para a cozinha, seus pensamentos ainda no encontro inesperado. Pouco tempo depois, voltou com uma bandeja de uvas e colocou no balcão do caixa. - Helder trouxe estas, são aquelas
Aurora voltou à livraria com o coração leve, satisfeita por ter resolvido os problemas com a casa da família. O sol brilhava, refletindo seu bom humor. Ao abrir a porta da loja, foi surpreendida por uma visão inesperada.Helder, alguém que não via há muito tempo, estava ali. Ele havia tirado dois dias de folga, que junto com o fim de semana, somavam quatro dias para visitar seus pais. Sabendo que Aurora não estava na loja, ele decidiu passar por lá para ver sua prima. Stella, que estava atendendo um cliente, sorriu ao vê-la entrar, mas não teve tempo de dizer nada antes de Helder se virar para sair.- Aurora! - Helder exclamou, com um sorriso caloroso, chamando-a com o mesmo carinho de sempre. Havia uma emoção sincera em sua voz.- Helder? - Aurora piscou, surpresa. Ela o observou de cima a baixo, notando as mudanças em sua postura. - Quando você chegou? Faz tanto tempo. Você parece mais maduro e confiante.- Cheguei hoje. Minha mãe não está se sentindo bem. A fábrica está mais tranq
A Sra. Ferreira estava ansiosa para descobrir se Madalena e seu filho tinham contato frequente com João. Dalila, ao ouvir a Sra. Ferreira pedir para investigar Madalena, franziu a testa e perguntou: - Sra. Ferreira, você acha que João está interessado em Madalena?A Sra. Ferreira soltou um suspiro profundo, tentando manter a calma. - Madalena é uma mulher divorciada e gorda. João não tem um gosto tão ruim. Mas, devemos tomar cuidado. Quem sabe Madalena não está de olho em João? Dalila, a esposa ideal para meu filho é uma garota como você.Mesmo que Madalena não fosse divorciada, ela nunca teria a aprovação da Sra. Ferreira. Ela queria o melhor para seu filho, e Dalila parecia ser a escolha perfeita em todos os aspectos.Dalila refletiu por um momento antes de responder, seus olhos estreitando-se enquanto pensava. - É verdade, não pensei nisso. Eu achava que João nunca se interessaria por uma mulher divorciada, e que você nunca permitiria. Por isso, não considerei Madalena uma ameaç
No mesmo círculo social, era inevitável que se encontrasse de vez em quando. Madalena era uma mulher divorciada, e Sra. Ferreira apenas a mencionou de passagem. Dalila só tinha uma vaga lembrança de Madalena porque ela era irmã de Aurora.- Sim, Madalena se divorciou no ano passado. O marido traiu ela, e também havia relatos de violência doméstica. - Comentou a Sra. Ferreira, a voz tingida de desprezo pelo ex-marido de Madalena. - Além disso, ele exigiu que dividissem as despesas igualmente, mesmo sabendo que Madalena era dona de casa e não tinha renda própria. Ele claramente desprezava ela, e ela não percebeu isso a tempo.- Ouvi dizer que ela só descobriu a traição quando encontrou provas. Enquanto obrigava a dividir as contas, ele gastava dinheiro comprando presentes de luxo para a amante. - A Sra. Ferreira continuou, com desprezo. - Mulheres, especialmente as casadas, precisam ser espertas. Ame a si mesma antes de amar os outros. Se você não se valoriza, como pode esperar que seu
Capítulo 1216- Obrigada, Sr. João. - Agradeceu Madalena cortesmente e acrescentou. - Sr. João, vamos indo. Até logo.João, sempre preocupado com a segurança de Madalena e Michel, aconselhou: - Ande devagar. Michel, até logo.Michel acenou para João com a mãozinha, um sorriso inocente iluminando seu rosto. - Até logo, Sr. João.Madalena montou na moto e saiu com o filho, o motor roncando suavemente. João ficou parado, observando os dois se afastarem, seu olhar fixo na figura pequena e determinada de Madalena. Ele permaneceu olhando até que eles se tornaram pequenos pontos no horizonte. Só então ele voltou ao carro, um suspiro profundo escapando de seus lábios antes de seguir para a empresa.Assim que o carro de João começou a se mover, um carro de luxo estacionado cinquenta metros atrás também ligou o motor, o som do motor ecoando na rua tranquila.- Dalila, acelere um pouco. Vamos ultrapassar o carro do João e descobrir quem é aquela mulher. - Disse Sra. Ferreira, com uma ponta de u
Dalila estava dirigindo com confiança e um leve sorriso no rosto. O carro que ela estava usando pertencia à Sra. Ferreira, que o emprestou a Dalila para usar enquanto estava na Cidade G. Era uma demonstração de confiança e afeto, algo que Dalila apreciava muito.A Sra. Ferreira gostava muito de Dalila e queria muito que ela ficasse com João. Dalila, por outro lado, não estava com pressa para conquistar João. Em vez disso, ela passava seu tempo livre acompanhando a Sra. Ferreira em passeios e atividades, o que fazia com que a Sra. Ferreira gostasse ainda mais dela. Ela estava seguindo a estratégia de conquistar a sogra primeiro.Ouvindo o que Dalila disse, a Sra. Ferreira olhou rapidamente para fora da janela do carro. Dalila estava dirigindo e havia muitos carros atrás dela, então ela não podia parar de repente ou reduzir a velocidade. Quando a Sra. Ferreira olhou, já estavam muito distantes, mas uma mãe pode facilmente reconhecer seu filho.- É o João. - Disse a Sra. Ferreira com ce
- Cinco a seis mil reais por metro quadrado, mais ou menos. - Sandro respondeu, com um tom de voz que sugeria resignação.Aurora olhou para os dois tios e os dois primos, sua expressão severa. - Vocês têm alguma objeção? Se não, faremos como o avô sugeriu. Vou pedir a alguém para redigir o contrato e levar um notário para formalizar o acordo. Depois disso, a propriedade dos meus pais não incluirá mais os avós. - Ela respirou fundo, mantendo a postura firme. - Eles podem continuar morando lá, mas vocês precisam pagar o aluguel e as contas de água e luz. Não vamos tirar vantagem de vocês, mas também não aceitamos ser prejudicadas.Bruno se aproximou e sussurrou no ouvido de Aurora: - Primeiro, transfira a propriedade. Embora o nome na escritura ainda seja o de seu pai, precisamos que seus avós assinem um documento renunciando à herança para que você e Madalena possam herdar completamente.Aurora assentiu, entendendo a necessidade de resolver tudo legalmente. Havia uma determinação em s
Após trocarem olhares, Sandro perguntou com um tom de preocupação: - Aurora, vocês duas podem discutir e nos dar um preço pela casa e o terreno? - Se vendermos, quem vai pagar? Vocês ou os avós? - Aurora olhou para Sandro. Sandro suspirou, consciente da complicação. - Seria para os avós morarem, então eles pagariam. Mas depois da doença da vovó, as economias deles acabaram. Nós ajudamos a pagar as despesas médicas, mas eles não têm dinheiro suficiente. - Ele hesitou antes de continuar, sabendo que a resposta não seria bem recebida. - Podemos fazer com que os avós escrevam uma nota promissória, e eles pagam o que puderem agora e o resto fica pendente...Aurora levantou uma sobrancelha, incrédula. - Pendentes para vocês pagarem depois? - Ela sentia a irritação crescer, sabendo que essa era mais uma tentativa de passar a responsabilidade para elas.Madalena, tentando conter a indignação, perguntou: - Os avós estão idosos, sem renda. Como eles vão comprar uma casa? Sandro ficou em s
Sandro convenceu o velho Sr. Garcia a negociar com Aurora e Madalena sobre a questão da casa de Joaquim.- Está bem. - Aurora concordou. Ela preferia resolver isso por meio de negociações do que gastar tempo e energia com um processo judicial. Uma hora depois.Bruno arranjou uma sala privada no Hotel Internacional da Cidade G para a reunião entre eles. Madalena chegou acompanhada de Michel. Ela segurava a mão do filho com firmeza, buscando força no pequeno, que olhava curioso para todos ao redor. O velho Sr. Garcia também chamou Diego de volta. Ele sempre planejava deixar a casa de Joaquim para Diego, considerando-o seu neto favorito e confiando-lhe todas as decisões importantes. Diego, apesar de suas falhas, era visto pelo o velho Sr. Garcia como uma extensão de si mesmo.Quando Diego soube que Aurora usou Ronaldo para fazer um teste de DNA com seu avô, ele percebeu que continuar com a disputa seria inútil. Sentiu uma mistura de raiva e resignação. Aurora tinha sido mais astuta do