Depois de desligar o telefone, Helena relembrou cuidadosamente tudo o que aconteceu naquela noite.— Por que Camila aproveitou o momento em que ela estava no banho para entrar no seu quarto? Com certeza não era apenas para "dar uma olhada", como havia dito.Camila definitivamente tinha algum outro propósito.Helena deu uma volta pelo quarto, examinando cada detalhe da organização dos objetos. Fora a boneca de porcelana quebrada, tudo parecia estar no mesmo lugar de antes, sem nada fora do comum.De repente, seu olhar caiu sobre o copo de leite na mesa de cabeceira.Ela tinha o hábito de beber um copo de leite quente antes de dormir.Antes de tomar banho, havia pedido à empregada para aquecê-lo e trazê-lo para o quarto, planejando bebê-lo depois do banho.A boneca de porcelana também estava na mesa de cabeceira antes de ser quebrada.Se Camila quebrou a boneca, isso significava que, enquanto esteve no quarto, ela passou um tempo perto da mesa de cabeceira.Esse copo de leite… havia uma
Gabriel provavelmente percebeu que Helena estava um pouco desconfortável ali, então disse: — Dá uma olhada no que está faltando e me avisa. Vou subir para tomar um banho.— Espera um pouco.Gabriel parou e virou a cabeça para olhá-la. — O que foi?Helena abriu sua mochila, tirou uma garrafa de leite de dentro e entregou a ele. — Gabriel, pode me ajudar a entrar em contato com um laboratório? Acho que tem algo errado com esse leite.O olhar de Gabriel ficou sério. — Alguém quer te machucar?Helena assentiu com gravidade. — Acho que sim, mas não tenho certeza. Melhor sermos cautelosos.— Certo, deixa isso comigo.Gabriel pegou o celular e fez uma ligação.— Vem até aqui, tenho algo para você resolver.Com isso, ele se afastou enquanto falava no telefone, sumindo na curva do corredor.Helena soltou um suspiro, sentindo seu corpo relaxar.Quando entregou o leite para Gabriel, ela foi pega de surpresa ao se perder no olhar profundo e escuro dele. Por um instante, teve a sensação de que
Depois do café da manhã, Gabriel e Helena desceram até a garagem subterrânea.Helena caminhou até o Bentley azul.De repente, Gabriel perguntou: — E aí, o que achou do carro?Helena mordeu levemente os lábios e prendeu uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Dirigi ontem à noite. É ótimo. Obrigada, Gabriel. — Então, estou indo? — Helena balançou a chave do carro no ar e, de repente, lembrou-se de algo. — Oh! Eu também tenho um presente para você. Era para eu te dar ontem, mas acabei esquecendo.— Que presente?— Está na mala do meu quarto no hotel. Quando eu voltar, te entrego.Gabriel abriu a porta do motorista. — Eu vou com você. Deixa que eu dirijo.Helena ficou um pouco surpresa, mas logo entendeu. — Podemos ir juntos, sim. Mas eu dirijo, você pode descansar um pouco.Gabriel tinha viajado de Cidade J até Cidade H só para vê-la na noite anterior. E, naquela manhã, dirigiu mais de vinte quilômetros para buscar o café da manhã dela. Com certeza, ele estava cansado. Ela não quer
Gabriel estava sentado na área reservada para o público, observando a jovem no tribunal, cheia de confiança. Uma onda de orgulho surgiu dentro dele, seus olhos cheios de admiração e carinho. Sua Helena era realmente muito talentosa.Após o julgamento, Gabriel entregou uma garrafinha de água.— Beba um pouco de água.— Obrigada.Helena pegou a garrafa e tomou alguns goles. — A sentença será anunciada em breve, e a chance de vitória é grande.— Helena, enquanto você debatia, seus olhos estavam brilhando, e seu olhar era firme e poderoso. Eu me vi totalmente atraído por você sem perceber.Ao ouvir essas palavras, Helena sorriu timidamente. — Sério? Eu também senti que parecia outra pessoa durante o julgamento.— Você foi incrível.Gabriel elogiou sinceramente. — Tenho certeza de que, no futuro, você será uma das advogadas mais renomadas da indústria.Helena sorriu radiante. — Espero que suas palavras se tornem realidade.De repente, ela se lembrou de Leonardo.Durante os três anos de
Após tirar as fotos, Gabriel entregou o celular para Helena. Seus olhos estavam tranquilos, e sua voz, sem emoção, disse:— Parece que seu amigo te enviou uma mensagem.— Deixe-me ver.Helena abriu a mensagem e, ao ver o conteúdo, sua expressão congelou.Ela sabia que as mensagens recebidas eram exibidas automaticamente na tela, então Gabriel certamente tinha visto.Ela, um pouco nervosa, olhou para ele e explicou:— É meu ex-namorado, já terminamos.A expressão de Gabriel permaneceu neutra, e seus olhos não demonstraram nenhuma emoção.— Eu já o bloqueei no Whatsapp, só esqueci de bloquear o número dele.Helena se sentiu um pouco atrapalhada, sem saber exatamente o que a estava incomodando. Afinal, ela tinha 25 anos, ter um ex-namorado era algo normal, certo?Além disso, ela havia começado o relacionamento antes de concordar com o casamento arranjado, e não fez nada que desrespeitasse Gabriel. Então, por que se sentia culpada?Pensando nisso, Helena se acalmou. — Vou bloqueá-lo agora
Se não fosse pela Ana, Helena provavelmente não teria conseguido aguentar.Para Helena, Ana era como sua própria família.Nos últimos três anos, ela não teve contato com Leonidas, mas sempre ligava para saber como estava Ana durante os feriados.Pensando nisso, Helena tirou uma caixa de presentes e a entregou para Ana.— Esses são os produtos mais famosos de Cidade H, espero que goste.Ana sorriu ao pegar:— Vou fazer para você comer esta noite.— Não. Helena balançou a cabeça. — Esses são para você, eu já comi muitas vezes. Trouxe para você experimentar.— Isso… não pode, não pode.Ana apressou-se em recusar.Helena enfiou os produtos nas mãos de Ana. — Por favor, aceite. Você se preocupou muito comigo todos esses anos. Este é meu pequeno presente para você.Ana ficou emocionada: — Minha senhora…— Helena, você voltou!Uma voz clara e infantil ecoou. Antes mesmo de terminar de falar, uma menina pequena correu até Helena e a abraçou com força.— Carolina sentiu tanto a sua falta! F
O jantar foi tenso, e ninguém da família saiu satisfeito.Helena não tinha muito o que conversar com eles, então terminou de comer rapidamente e subiu para o quarto.Ao ver a caixa de presente sobre a mesa, lembrou-se de que ainda não tinha entregue o relógio para Gabriel.Helena pegou o celular e ligou para ele.— Alô, Gabriel? Eu comentei que tinha um presente para você. Vou levar agora. Você está na casa?— Estou.— Ótimo, me espere um pouco, estou indo para aí agora.Na mansão Vista Verde.Leonardo e Camila entraram pela porta.Marta, a governanta, olhou para trás, procurando alguém, e perguntou:— Senhor, a senhorita Helena não voltou juntos?Leonardo franziu a testa. — Ela não está em casa?Marta ficou confusa. — A senhorita Helena não saiu com o senhor? Ela não está aqui há dias.De repente, algo passou pela mente de Leonardo, e ele sentiu um aperto no peito. Acelerou o passo e subiu correndo as escadas.No segundo andar, entrou no quarto de Helena.As maquiagens dela tinham s
— Sério?Camila perguntou animada. — Quero ir para a Cidade A primeiro. A paisagem nessa época do ano é linda.Cidade A…Os olhos de Leonardo brilharam por um instante.Por que esse lugar parecia tão familiar? Agora lembrava. Helena já havia mencionado isso antes. Ela tinha dito que queria viajar para a Cidade A nas férias.O que ele respondeu na época? — Que durante as férias havia muita gente e que não tinha nada de interessante.Agora era justamente período de férias. Leonardo instintivamente quis recusar, mas, ao pensar em Helena, mudou de ideia.— Tudo bem, vamos para a Cidade A.Depois de assistir um pouco de televisão com Camila, Leonardo ainda sentia aquela inquietação dentro de si.— Você acabou de sair do hospital. Fique em casa e descanse. Preciso sair para resolver algumas coisas.Camila, compreensiva, não perguntou para onde ele ia.Helena tinha acabado de terminar com ele, era normal que demorasse um tempo para se acostumar. Ele precisava extravasar sua frustração, e Cam
Os dois estavam conversando animadamente, com uma postura íntima.Leonardo murmurou baixinho: — Já saiu do hospital tão rápido, realmente teve uma grande sorte.Thiago deduziu que o homem ao lado de Helena provavelmente era seu noivo.Leonardo abriu a porta do carro e desceu, indo em direção a Helena.Gabriel havia saído do hospital há uma semana.Durante essa semana, ele foi monitorado por Helena, que o obrigou a comer pratos leves todos os dias.No começo estava tudo bem, mas depois de tantas refeições com o mesmo cardápio, ele começou a se cansar.Com muito jeitinho, hoje Helena finalmente concordou em mudar um pouco a alimentação e o levou para sair.Helena o levou para um restaurante localizado na área mais movimentada e central da Cidade J.Era um restaurante famoso na cidade, onde Gabriel e Helena costumavam ir desde pequenos.Era hora do jantar, e o salão estava lotado, com uma fila longa na porta esperando para pegar uma mesa.Helena tinha feito uma reserva, e quando chegaram
Ultimamente, Leonardo estava correndo por todos os lados em busca de investimentos.Como as empresas de Cidade J praticamente não tinham possibilidade de investir no Grupo Mendes, ele só pôde buscar alternativas em outros lugares. Nos últimos tempos, ele passou a maior parte dos dias entre hotéis e aviões.Naquele dia, ele havia acabado de voltar para Cidade J vindo de outra cidade, e Thiago foi buscá-lo.Era fim de tarde, e os dois estavam a caminho de um jantar de negócios.Durante a espera no semáforo, Thiago lançou um olhar discreto para Leonardo.Leonardo estava com o celular na mão, folheando uma a uma as fotos antigas que tinha tirado com Helena.Thiago abriu e fechou a boca algumas vezes, parecendo querer dizer algo, mas hesitou.Antes que ele pudesse falar, Leonardo já se inclinou na direção dele, mostrando o celular, os olhos cheios de ternura:— Olha como a gente era feliz naquela época.A expressão de Thiago ficou complicada.Na última vez, Leonardo havia pedido para ele co
Helena insistiu, não querendo deixar barato: — Nem uma ideia aproximada?Gabriel pensou um pouco e respondeu: — Se for para dizer, acho que foi quando você estava no ensino médio. Quando o Miguel te incomodou e eu acabei batendo nele, foi aí que percebi, meio atrasado, que meus sentimentos por você eram diferentes.Helena apertou os lábios:— Você escondeu bem.Gabriel afagou os cabelos macios de Helena e disse com carinho: — Eu precisava esperar você crescer.Ao dizer isso, um traço de tristeza surgiu em seu olhar:— Assim que você se formou na faculdade, fui procurar o seu pai para pedir sua mão em casamento. Mas você não quis, ainda fugiu de casa.Helena desviou o olhar, sem graça, e murmurou: — Eu achava que meu pai estava me sacrificando pelos interesses da empresa. Como é que eu ia saber que você já tinha tudo planejado? Você nunca me contou nada, fui tão injustiçada.De repente, Gabriel fez uma expressão de dor, fingindo-se de coitado: — Minha ferida tá doendo tanto.Helena
As palavras de Leonardo pareciam um feitiço, ecoando constantemente na mente de Helena, deixando-a inquieta e perturbada.Tanto que, no dia seguinte, quando Helena foi ao hospital visitar Gabriel, ela parecia visivelmente preocupada, como se estivesse imersa em pensamentos profundos.— Helena, no que você está pensando? — Gabriel perguntou.A garota piscou os cílios e virou o rosto, evitando olhar para ele: — Aquela Susana...Gabriel deu um sorriso enigmático:— Ficou com ciúmes?Helena tentou fingir ser indiferente, inflando um pouco as bochechas: — Claro que não. É só que você nunca falou dela antes, então eu perguntei.Mas ao lembrar que aquela mulher havia sequestrado Carolina e quase a esfaqueado, além do ciúme, Helena sentia também uma raiva crescente:— Onde foi que você conheceu uma pessoa tão louca assim?Gabriel fez um gesto com a mão, chamando-a:— Helena, vem aqui.Ela obedeceu e foi até ele, sentando-se ao lado da cama.Gabriel segurou a mão dela, com uma expressão séria
— Sim.Juliana olhou para Gabriel:— Não quer mais um pouco? Eu trouxe tudo o que você gosta.Gabriel respondeu: — Não, a comida que Helena fez é perfeita, eu comi tudo.Juliana sorriu ao ouvir isso:— Certo, já que você já comeu, então não vamos insistir.Mateus comentou:— A comida foi feita por Helena?Ele colocou a cesta de frutas e os suplementos em cima da mesa, olhando para Gabriel e brincando:— Você realmente é sortudo.Gabriel respondeu: — Sim, é um prazer que os solteiros não conseguem entender.Mateus congelou o sorriso:— Certo, vou arranjar uma namorada também, e todos os dias vou fazer questão de exibir meu amor na sua frente.Inês, surpresa, olhou para Helena:— Helena, você sabe cozinhar?Helena sorriu suavemente:— Acabei de aprender.— Amor é realmente incrível. — Inês, incrédula, deu uma volta ao redor de Helena.— Eu lembro que na universidade, uma vez eu fui na sua casa para brincar, e você fez ovos fritos para mim, estava tão crocante, e você disse que a casca
Quando voltou a si, a mesinha já estava cheia de comida.Acelga, carne bovina, arroz branco bem cheiroso e uma tigela de sopa.— Fez tanta coisa assim.Gabriel sorriu suavemente:— Que sopa é essa?— Sopa de frango.Helena pegou a tigela de sopa, usou uma colherzinha para tirar um pouco, soprou levemente e levou até a boca de Gabriel. — Experimenta.Gabriel sorriu e baixou os olhos, mas de repente seu sorriso congelou.— O que aconteceu com a sua mão?Havia uma bolha no dedo indicador da mão direita de Helena.Ela tentou esconder, mas já era tarde. Só pôde contar a verdade:— Eu... me queimei sem querer na cozinha agora há pouco. Não foi nada, só ficou um pouco inchado.Os olhos de Gabriel ficaram vermelhos:— Dói?Helena balançou a cabeça:— Não dói.Gabriel tomou a sopa de frango e segurou delicadamente o pulso de Helena, abaixando a cabeça para soprar suavemente o local machucado.Depois de soprar algumas vezes, Gabriel levantou os olhos para olhar Helena, seus olhos longos cheios
Gabriel levantou os lábios pálidos como papel num sorriso: — Certo, como você quiser.Mal Vinícius e Juliana tinham saído da UTI, receberam uma chamada.A voz do interlocutor soava ansiosa: — Chefe, algo terrível aconteceu!No centro de detenção, Susana alegou estar grávida e, segundo o regulamento, precisava ser levada ao hospital para exames.No caminho para o hospital, um carro avançou de forma suicida, colidindo violentamente com o veículo em que Susana estava, forçando-o a parar na beira da estrada.Do carro desceram vários homens fortes e ágeis, claramente bem treinados.Susana foi levada por eles.Os agentes que a acompanhavam no carro ficaram gravemente feridos, e o veículo foi tão danificado que não conseguiram iniciar uma perseguição imediata.Vinícius, ao ouvir tudo, ficou com uma expressão de total incredulidade no rosto: — Ela foi levada?— O que aconteceu? Quem foi levada? — Perguntou Juliana.Vinícius respirou fundo algumas vezes e seus ombros caíram.— Foi a Susana.
Ela passou a tarde inteira preocupada e agora que Gabriel estava fora de perigo, ela queria vê-lo.Afinal, foi por ela que ele levou aquela facada.— Obedeça! Volte para casa comigo! — Leonidas disse com severidade.Helena balançou a cabeça, o olhar firme ao dizer:— Pai, eu sei que você está muito bravo agora, mas eu ainda não posso ir para casa. O Gabriel arriscou a vida por mim, não tenho motivo para não vê-lo. Se ele abrir os olhos e não me ver, com certeza vai ficar muito triste.O velho Sr. Costa ficou muito comovido. Ele olhou para Leonidas e disse:— Leonidas, minha esposa falou de forma impulsiva há pouco. Eu te peço desculpas, por favor, não leve a mal.Vinícius também disse:— É verdade. O Gabriel com certeza gostaria de ver a Helena assim que abrir os olhos.Juliana acrescentou:— Não fique bravo. É uma coisa boa que os dois jovens tenham sentimentos sinceros e recíprocos.Até o velho Sr. Costa, uma figura tão poderosa, havia se desculpado pessoalmente, então Leonidas não t
Helena abaixou a cabeça:— Foi tudo culpa minha.Juliana virou-se bruscamente para ela.— Helena, o que você quer dizer com isso?Helena contou tudo exatamente como aconteceu.A velha Sra. Costa falou com tom de reprovação:— Então o Gabriel levou a facada para te proteger?Os lábios de Helena se apertaram.— Sim.A velha Sra. Costa falou com desagrado:— Helena, você foi impulsiva demais. Já tínhamos chamado a polícia, e havia seguranças na mansão. Você não podia ter esperado um pouco mais? Se não fosse pela sua impulsividade, o Gabriel não teria se machucado sem motivo.— Me desculpe. A culpa foi toda minha.Helena respondeu com dificuldade, abaixando ainda mais a cabeça.A velha Sra. Costa insistiu, implacável:— Nem se casaram e já causou um problema tão grande.O rosto de Leonidas se fechou.— Sra. Costa, o que a senhora quer dizer com isso? Foi o seu Gabriel quem atraiu essa mulher. Minha filha é a vítima aqui, e mesmo assim a senhora está culpando ela?Leonidas falou com frieza: