— Meu Fernando tem uma reputação ruim, mas isso não significa que qualquer um possa inventar mentiras sobre ele. — Disse Ketty, com firmeza.Então era por Fernando. Larissa percebeu que talvez estivesse pensando demais.— Posso ganhar uma xícara de café? — Perguntou Ketty, levantando o próprio copo com um olhar cheio de expectativa.— Claro.Larissa notou que as olheiras de Ketty estavam marcadas e perguntou se ela estava com problemas de sono.— Sim, é difícil pegar no sono, qualquer barulho me desperta e, depois disso, não consigo dormir mais. — Ketty suspirou, massageando as têmporas. — Quando eu era jovem, os horários irregulares das gravações bagunçaram meu sono. Mesmo depois de parar de atuar, nunca consegui voltar ao normal.Larissa serviu-lhe uma xícara de café especial para relaxar:— Esse café tem alguns ingredientes diferenciados. Experimente.Ketty tomou um gole e percebeu um leve gosto de ervas, mas, para sua surpresa, o sabor era muito agradável.— Delicioso, delicioso! D
Depois de alguns dias ajudando Luana como assistente, a SM Entertainment finalmente designou alguém para o trabalho, e Larissa não precisou voltar ao set. Era perfeito, pois ela também precisava começar os preparativos para o casamento.[Minha família já está organizando tudo por aqui. Daqui a mais ou menos meio mês eu volto, e, quando eu chegar, marcamos um encontro entre as nossas famílias. Pode ser?] Almir mandou uma mensagem para ela.Larissa concordou. Só de pensar nesse tipo de encontro formal, ela já sentia certo nervosismo.[Ah, a propósito, o vestido de noiva já está pronto. Se você tiver tempo amanhã, pode ir até a loja experimentá-lo.] Disse Almir em outra mensagem.[Está bem.][Desculpe por não poder te acompanhar.][Eu entendo.]No terceiro dia, Larissa foi até o endereço que Almir havia enviado. Assim que entrou na loja de vestidos de noiva, foi recebida por uma funcionária, que, ao ouvir seu nome, ficou ainda mais animada.— Então é a Srta. Larissa! Estávamos esperando p
— Foi só uma coincidência. — Disse Larissa, com um tom indiferente.— Larissa, eu tenho pensado muito ultimamente. — Disse Leandro, depois de um momento de silêncio.— Sobre o quê?Leandro hesitou por alguns segundos antes de continuar:— Eu posso deixar o passado para trás e te aceitar de volta. Posso cuidar de você, te mimar como antes, desde que você não ache que eu vá me casar com você.Larissa não conseguiu segurar o riso diante da audácia dele:— Então você quer se casar com a Bianca e, ao mesmo tempo, me transformar na sua amante?— Só você.— Que honra, não? Mas, sinceramente, sinto pena da Bianca. Você não diz que a ama? Como pode, antes mesmo de casar, já estar pensando em ter uma amante? Seu amor é bem barato, hein?— Larissa, estou te dando outra chance!— Não, obrigada. Pode guardar essa chance para você mesmo.Nesse momento, Bianca saiu do provador. A funcionária insistia para que ela fosse até outro espelho, mas Bianca preferiu ir até onde Larissa estava:— Leandro, o qu
Que tipo de coisa era essa que ele tinha coragem de dizer em voz alta?Larissa ficou sem reação por alguns segundos, sem saber se deveria rir ou se irritar. Colocou as mãos nos bolsos e, depois de um longo momento de silêncio, balançou a cabeça e perguntou:— Pode até ser, mas quero que você me dê um único motivo pelo qual eu deveria ceder o vestido a ela.Leandro passou a mão pelos cabelos, claramente impaciente:— Larissa, eu sei que você ainda não superou os nossos oito anos juntos. Você me odeia por ter te abandonado e odeia a Bianca por ter me tirado de você. Mas já te disse: mesmo que eu me case com a Bianca, você pode continuar ao meu lado. Não precisa ser assim.— Pare! — Interrompeu Larissa, incapaz de ouvir mais. — Leandro, eu vou me casar. E meu casamento será no mesmo dia que o de vocês. Quantas vezes preciso repetir isso para você acreditar?Leandro soltou uma risada seca:— Você está sendo ridícula!Larissa respirou fundo, tentando manter a calma:— Então, você consegue m
Não era exatamente coincidência. Afinal, em Cidade A, lugares de alto padrão para realizar casamentos não eram muitos, e esse castelo era, sem dúvida, o mais impressionante.Assim que entrou, Larissa percebeu que, na verdade, o local tinha duas edificações em estilo de castelo. Um deles ficava bem de frente para o portão principal, imponente e grandioso, enquanto o outro estava localizado mais ao fundo, em uma posição mais discreta.Com apenas um olhar, ficou claro que os preços para realizar casamentos em cada um dos castelos seriam bem diferentes.O castelo reservado por Almir era o da entrada principal, o mais majestoso. Enquanto Larissa e Nina caminhavam em direção ao local, viram outro organizador acompanhando Leandro e Bianca, que estavam saindo do outro castelo, mais ao fundo.Larissa pensou rapidamente e, sem hesitar, abaixou a cabeça para se esconder atrás de Nina. Graças a isso, Leandro e Bianca não a viram e seguiram para o castelo principal.Dentro do castelo, Larissa ficou
Logo, um funcionário correu até eles, murmurou algo no ouvido de Nina e, em seguida, se dirigiu a Larissa.— Srta. Larissa, o Sr. Leandro e a Srta. Bianca gostariam de conversar com você.Larissa arqueou uma sobrancelha:— Conversar sobre o quê?— Eles ainda esperam que você ceda este local para eles.Larissa ficou confusa e virou-se para Nina, buscando uma explicação.Nina respirou fundo antes de responder:— O Sr. Almir comprou este castelo e todo o terreno ao redor.Os olhos de Larissa se arregalaram. Almir comprou todo o lugar? Como isso era possível? Um espaço tão grande, com um castelo e todo o gramado em volta, foi comprado apenas porque ela disse que gostava?Ainda incrédula, Larissa olhou para José, que estava ao lado dela.José sorriu:— Srta. Larissa, não precisa se sentir pressionada. O Sr. Almir sempre gostou de investir e já tem muitos imóveis em seu nome. Ele comprou este lugar, claro, principalmente porque você gostou, mas também porque, com a visão de negócios dele, es
Enquanto Larissa dizia que pegaria o celular, Roberto arrancou sua bolsa e a jogou longe. Desesperada, ela tentou empurrá-lo, mas ele a segurou com força, imobilizando-a completamente. — Roberto, eu estou te avisando: não faça nenhuma besteira!Roberto riu, mas seus olhos estavam cheios de malícia. Ele soprou álcool no rosto dela. O cheiro forte denunciava que ele havia bebido muito.— O que você prefere? Aqui na rua ou em uma daquelas pousadas ali na frente? — Ele apertou o braço dela, o tom de voz carregado de insinuações.Larissa tentou se soltar, mas Roberto era muito mais forte. Não adiantava lutar contra ele. Ela respirou fundo, tentando manter a calma, e então falou com frieza:— Aquilo que você disse antes… ainda vale?— O quê? — Roberto perguntou, soltando um arroto de bêbado.— Você disse que me sustentaria, que me daria oitocentos mil por mês.Ao ouvir isso, Roberto explodiu em gargalhadas:— Eu sabia! No fim das contas, você é só uma vadia que sabe quanto vale.— Eu não v
Não muito longe estava o portão da vila. Larissa começou a correr novamente e, em poucos segundos, entrou no condomínio. Assim que passou pelo portão, soltou um suspiro de alívio, mas, ao olhar para trás, viu que o homem também havia entrado.Franzindo a testa, ela apressou os passos em direção à sua casa. Quando chegou na porta, ele também já estava lá, parado à sua frente.— O que você quer? — Perguntou ela, virando-se para encará-lo.A luz dos postes da vila era forte, permitindo que ela finalmente visse o rosto dele com clareza. Mesmo naquela situação, não pôde evitar se surpreender. O homem era absolutamente deslumbrante.Ele tinha olhos grandes e redondos, a pele branca como porcelana, um nariz alto e bem definido, lábios vermelhos e dentes perfeitos. Seus traços eram tão impecáveis que pareciam irreais. Mas, ainda mais marcante do que sua aparência, era sua aura. Ele tinha um sorriso no canto dos lábios, carregado de um charme descontraído, mas ao mesmo tempo exalava uma atitude
— Então, o que o senhor vai querer para o jantar? — Larissa perguntou.— Eu quero comer joelho de porco alemão...— Está muito barulhento aqui, pode repetir?— Ele disse que quer comer chucrute com joelho de porco alemão! — Ketty gritou ao fundo.— Quem disse que eu quero comer joelho de porco alemão? Quer me matar? Não inventa! — Lorenzo gritou de volta para Ketty, irritado.Larissa segurou o riso antes de responder:— Eu vou lhe mandar uma receita mais saudável para o jantar. E lembre-se: marcamos o check-up para segunda-feira. Almir também estará de volta, então não tem desculpa para não ir.Lorenzo murmurou, tentando parecer firme:— Eu estou bem saudável, não preciso disso.— Tudo bem. Se os resultados estiverem ótimos, eu autorizo que o senhor coma uma refeição especial.— Posso comer joelho de porco?— Pode.Lorenzo sorriu, satisfeito:— Certo, segunda-feira está combinado.Ketty pegou o telefone, sorrindo:— Só você consegue fazer ele obedecer. Apareça em casa para um jantar qu
Com apenas um telefonema, o diretor Nuno convocou os dois diretores executivos, Renata e o agente dela para uma reunião de emergência. Larissa e Luana ficaram no corredor do hotel, aguardando. Elas poderiam ser chamadas a qualquer momento para confrontar Renata, caso necessário.Casos de bullying em sets de filmagem eram situações delicadas. Não eram exatamente raros, mas o impacto podia variar dependendo de como fossem tratados. A postura do diretor Nuno era clara: ele não toleraria abusos, mas isso também dependia das negociações e interesses dos investidores.Antes de entrar na sala, Renata lançou um olhar de desprezo para Larissa e Luana, soltando uma risada sarcástica:— Vocês estão sonhando se acham que eu vou ser substituída. — Ela disse com arrogância. — Já estou com metade das minhas cenas gravadas. Se me tirarem agora, o prejuízo para o estúdio será enorme. E vocês acham que eu entrei nesse projeto sem ter um bom apoio nos bastidores?Luana, indignada, respondeu:— Você humil
— Diretor, me desculpe. Vamos gravar mais uma vez. Desta vez, prometo que vou captar a emoção certa. — Renata disse, fingindo arrependimento.O diretor Nuno, já segurando sua irritação, suspirou com força e, sem querer prolongar a discussão, acenou com a mão:— Vamos fazer uma pausa. Use esse tempo para pensar melhor na cena.— Sim, senhor.Enquanto todos se afastavam, Larissa correu para ajudar Luana, tirando um lenço de papel e secando seu rosto. O rosto de Luana estava levemente arroxeado, provavelmente por ter ficado muito tempo submersa. Mesmo que tentasse parecer forte, estava claro que ela havia chegado ao seu limite.— Estou bem. — Luana assegurou, ofegante.Larissa levantou-se e olhou diretamente para Renata:— Você fez isso de propósito, não foi?Renata cruzou os braços, com um sorriso cheio de deboche:— Se é isso que você acha, então foi mesmo.— Legal. Então vamos até o diretor Nuno agora, para resolver isso. Espero que não mude de ideia na frente dele.Os olhos de Renata
— Ele realmente deveria ir a um psiquiatra! — Luana disse, balançando a cabeça em descrença.Larissa deu um sorriso amargo:— Na verdade, depois de pensar bastante, percebi que talvez ele tenha razão em uma coisa: nossas famílias realmente não deveriam morar tão perto.— Mas isso não significa que você e o Almir tenham que se mudar!— Por isso, eu perguntei: por que não você e a Bianca se mudam?— E o que ele respondeu? — Luana perguntou, curiosa.Larissa suspirou:— Ele disse que mora lá há oito anos, que tem muitas lembranças e que não pode simplesmente abandonar tudo.— Ele está claramente fazendo isso só para te irritar!— Foi o que pensei. Então, fechei a porta na cara dele e não dei mais atenção.Enquanto dizia isso, Larissa olhou ao redor. Ela estava no set de filmagens do diretor Nuno.— Você termina de gravar hoje?— Só falta a última cena.— E depois, qual é o plano?Luana suspirou:— A empresa não está me oferecendo muitos projetos. Vou ter que procurar por conta própria.—
Leandro só deixou transparecer a dor quando finalmente entrou em casa. Ele pressionou o estômago com a mão, contorcendo o rosto. Por causa de sua rotina desregrada e do consumo excessivo de álcool, sua gastrite havia atacado novamente. Se fosse antes, Larissa já estaria ao seu lado, reclamando sem parar, insistindo para que ele parasse de se destruir desse jeito.O armário de remédios estava vazio, sem nenhum medicamento para o estômago, mas, ao abrir uma gaveta na cozinha, encontrou a receita que Larissa havia deixado para preparar uma sopa reconfortante para o estômago.— Larissa, você acha que, sem você, eu vou morrer de dor? Eu mesmo faço a sopa. Que dificuldade isso pode ter? — Resmungou, enquanto colocava uma panela no fogão e começava a preparar tudo conforme a receita. Por sorte, Larissa já havia deixado os ingredientes devidamente organizados antes de se mudar.Embora os ingredientes estivessem ali, o processo era mais trabalhoso do que ele esperava. Ele precisou lavar tudo, d
Era Leandro. Ele segurava o batente da porta, impedindo-a de fechar, enquanto a encarava com um olhar furioso e fixo.Larissa franziu as sobrancelhas:— O que você quer?Ele não respondeu, apenas continuou a encará-la, sem piscar.Larissa respirou fundo:— Se você não sair agora, eu vou chamar a polícia!Ao ouvir isso, Leandro ficou ainda mais irritado e socou a parede com força.— O que você está fazendo aqui, no meio da noite, enlouquecendo na porta da minha casa?! — Larissa também perdeu a paciência.— Aquela casa velha dos seus pais… eu comprei para te dar! — Ele disse entre os dentes, com raiva.— Mas você não deu. Pelo contrário, usou essa casa repetidamente para me ameaçar. — Larissa retrucou com frieza.— Eu ia te dar!— Escute o que está dizendo. Não parece ridículo?Leandro, visivelmente frustrado, passou a mão pelos cabelos com força, como se tentasse aliviar a tensão.— Eu ia te dar, mas você não deveria ter deixado o Almir pegar de mim! Quem ele pensa que é? Aquela casa fo
A melodia que Almir tocava ao piano era calma e acolhedora, e Larissa caminhou até ele, observando-o enquanto ele parecia imerso na música, com um olhar cheio de ternura. Quando a música terminou, ele estendeu a mão e puxou-a para que sentasse ao seu lado.— Como se chama essa música? — Ela perguntou.Almir pensou por um momento, depois sorriu e balançou a cabeça:— Não faço ideia. Foi algo que improvisei.— Seu pai disse que você tocava violino muito mal, mas que no piano você se sai bem.— Foi porque eu percebi que não tinha talento para o violino. Então resolvi aprender piano.— Esse piano é seu? — Larissa perguntou, olhando para o instrumento, que estava cheio de adesivos de desenhos animados, algo que não parecia combinar com Almir.— Não, ele pertence à irmã do Bruno. Lembra que eu te falei do Bruno?Larissa assentiu. Almir já havia contado sobre o ano em que fugiu de casa e fez amizade com três grandes companheiros: Arthur, Omo e Bruno. Bruno, no entanto, havia perdido a vida du
Ao ouvir a pergunta de Larissa, Lorenzo imediatamente se arrependeu de ter tocado no assunto.— Pelo visto, o Almir não te contou nada sobre o passado dele.Larissa pensou por um instante e deduziu que Almir provavelmente havia tido uma namorada antes, alguém com quem ele teve um relacionamento profundo e que, após o término, o deixou bastante abalado. Talvez por isso ele nunca tivesse se envolvido seriamente com mais ninguém, o que fez Lorenzo e Ketty acreditarem que ele não iria se casar. Para Larissa, não era nada demais. Ela tinha um passado com Leandro, e era natural que Almir também tivesse alguém em seu passado.— Não tem problema. Quando ele quiser me contar, ele vai contar. — Disse Larissa, com calma.Lorenzo suspirou aliviado e acrescentou:— Pode ficar tranquila. O Almir não é do tipo que não sabe ser leal. Se ele te escolheu para ser sua esposa, ele será completamente fiel a você. Mas, se ele te tratar mal, venha nos contar. Nós sempre estaremos do seu lado.Larissa sentiu-
Lorenzo lançou mais um olhar reprovador para Almir. Sem ter mais desculpas, acabou concordando.— Tudo bem, eu vou com você.Após o jantar, Larissa chamou Lorenzo, que estava prestes a subir as escadas, pedindo que ele fosse caminhar com ela. Almir quis ir junto, mas Lorenzo declarou que, se ele fosse, então ele mesmo não iria.Almir soltou um suspiro exagerado e disse:— Se não fosse para acompanhar minha esposa, pode ter certeza de que eu não iria também.A antiga casa da família Freitas era enorme, com bosques e gramados, perfeita para uma caminhada. Larissa estava um pouco tímida no começo, mas, ao perceber que Lorenzo parecia ainda mais desconfortável do que ela, acabou relaxando.— Com quantos anos o senhor começou a assumir os negócios da família? — Perguntou Larissa, puxando um assunto aleatório para quebrar o gelo.Lorenzo imediatamente lembrou-se de seus tempos de juventude:— Foi logo depois de me formar na faculdade. Eu estava planejando ir para o exterior, mas o avó do Alm