Share

Capítulo 2

Author: Mel Soares
Claramente, Augusto havia acabado de retornar do Hotel Luar e agora se encontrava no pequeno quarto de Margarida. Ainda usando seu elegante terno branco, que exalava uma aura de sofisticação, ele se destacava à distância com sua postura impecável, o semblante terno e a aparência de um personagem saído de uma pintura.

Assim como há treze anos, bastava um olhar para que Margarida se perdesse nele.

Entretanto, pela primeira vez, Margarida sentiu estranheza ao olhar para o homem que estava ao seu lado dia e noite por tanto tempo.

Ao erguer o olhar, Augusto percebeu a aparência desleixada de Margarida, com o pé machucado, e franziu levemente a testa.

— Como é que você se machucou assim? — Perguntou Augusto, o tom de sua voz, suave e repleto de uma preocupação sutil, fazendo parecer que nada havia mudado desde os velhos tempos.

Apertando a maçaneta com mais força, Margarida permaneceu imóvel antes de responder, num tom contido:

— Hoje, fui ajudar no museu de artes e acabei me envolvendo em um imprevisto.

— Você já foi ao hospital? — Inquiriu Augusto.

— Fui. — Replicou Margarida, de maneira breve.

— Você me ligou a tarde inteira por causa disso? Desculpe, mas na próxima vez, vou pedir que meu assistente te acompanhe. Além disso, evite ir ao museu. — Continuou ele, com um tom de cuidado. — Não é seguro.

Enquanto segurava a testa com um gesto contido, Augusto falava com a mesma voz encantadora de sempre, como se os tempos idos tivessem simplesmente voltado. Mas, mesmo assim, Margarida sabia, com o coração apertado, que tudo havia mudado.

Antes, bastava que Margarida machucasse o tornozelo ou sofresse um pequeno corte na mão, Augusto imediatamente se adiantaria, seguraria sua mão com tanta delicadeza e preocupação, examinando-a e cuidando pessoalmente do ferimento.

Porém, naquele momento ele permanecia a distância, observando-a sem maiores demonstrações de afeto, e seu pedido de desculpas soava tão frio e superficial.

Mais do que isso, mesmo de longe, Margarida conseguia sentir um perfume doce, quase enjoativo, que não era o seu. Era um aroma marcante, com uma feminilidade que não lhe pertencia, deixando claro que ele foi muito próximo de outra mulher.

Naquele instante, emoções complicadas se revelavam sem que precisassem de explicação.

Com os lábios comprimidos, Margarida soltou:

— Augusto, o que significaram esses três anos para você? Afinal, quem eu sou para você?

— Margarida, você sempre é minha família. — Augusto baixou o olhar, demorando alguns instantes, antes de retirar lentamente a mão da testa e continuar. — Eu sei que você viu as notícias. Não quero te enganar. Realmente estou prestes a ficar noivo de Leonor. Como herdeiro da família Carvalho, sinto a obrigação de assumir responsabilidades e casar com alguém de condição compatível. Mas fique tranquila, depois do casamento, nossa relação continua exatamente como era.

O silêncio se instalou no quarto, e por um instante Margarida ficou sem palavras. A dor, que antes era parcialmente abafada pelos remédios, parecia agora se espalhar como agulhadas, subindo dos ferimentos aos seus membros e alcançando seu coração, a ponto de fazê-la perder o fôlego e soltar uma risada amarga, reflexo de sua incredulidade.

— Augusto, você falou tanto... Quer dizer que, para você, esses três anos não foram um namoro, mas meramente um caso escondido? Que eu nunca fui sua namorada, mas apenas sua amante. E agora insiste para que eu continue nessa posição, mesmo depois do seu casamento? — Ela perguntou, com a voz trêmula, mas determinada.

Augusto fixou o olhar nela por longos instantes e, por fim, acenou de leve.

— Sim.

Com as mãos trêmulas, Margarida recorreu à parede próxima. Jamais imaginava que o que ela considerava um primeiro amor puro e belo pudesse ser tão desprezível aos olhos de Augusto. Ele a enganou, mas ela não podia mais enganar a si mesma.

— Eu não aceito esse arranjo. — Ela declarou com firmeza enquanto, lentamente, se endireitava. As lágrimas em seus olhos eram tampadas com um gesto resoluto, e, por trás delas, outra luz começava a brilhar. Era uma chama profunda que redescobria com uma beleza impressionante.

Augusto fez uma breve pausa, então perguntou:

— O que você quer?

Margarida respondeu, pronunciando cada palavra com clareza:

— Eu te dou uma escolha: ou você me escolhe, ou opta pelo casamento arranjado. Você só pode escolher uma das duas opções.

Augusto franziu ainda mais a testa. Aquela aura de gentileza e educação que sempre o envolvia começou a se transformar visivelmente. Com passos contidos e pesados, ele se aproximou de Margarida.

— Se eu optar pelo casamento, isso significa que você vai se afastar de mim?

— Exato. Se você me escolher, independentemente das dificuldades que possamos enfrentar, estou sempre ao seu lado, assim como há três anos. Mas, se você preferir o casamento arranjado, nossa relação chega ao fim. Desejo a mim mesma um recomeço, e a você, um casamento pleno de felicidade, com uma família completa. — Respondeu Margarida, com uma voz agora fria e definitiva.

Apesar de amar Augusto, Margarida não se rebaixaria a tal ponto. Ela jamais aceitaria dividir o homem que tanto amava com outra mulher. Seus princípios a impediam de oferecer a ele mais do que essa última e decisiva chance.

No rosto de Augusto, uma sombra profunda se fazia presente. Após um longo silêncio, sua voz soou, repleta de uma resignação quase imperceptível, mas cortante como uma lâmina:

— Margarida, você realmente refletiu sobre isso? Se é o fim da nossa relação que deseja, posso aceitar. Mas tem certeza de que, ao terminar comigo, não será você a sair ferida? Mesmo morando na nossa casa, você nunca é vista como parte da família, nem mesmo como minha irmã. No meio da alta sociedade, com esse status, você mal tem um apoio. Já eu posso escolher entre tantas opções. E, sobretudo, você me ama intensamente. Em meio à indiferença de todos, até sua própria mãe te ignora, eu sempre fui o único a tratar você com carinho. Será que você é capaz de se afastar de mim?

Augusto a observava com uma frieza cruel, quase como a de um deus altivo que olhava para o insignificante das criaturas. Ele estava absolutamente convicto de que Margarida jamais conseguido se desvincular dele.

Mas diante dele, Margarida não conseguiu conter um arrepio que percorria seu corpo. Num impulso repentino, ela avançou com todas as forças e deu um forte tapa em seu rosto!

Augusto não se esquivou. Mesmo ao girar a cabeça para absorver o impacto, sua expressão permaneceu inalterada, apenas as veias de sua mão sobressaíam sob a pele.

Foi então que um grito agudo irrompeu de fora:

— Meu Deus! Margarida, você está louca? Como pode bater em Augusto assim?

Luísa entrava carregando uma bandeja de frutas e, sem o esperar, se deparou com a cena em que Margarida agredia alguém. Imediatamente, largou a bandeja e puxou Augusto pelo braço, instando-o a mostrar o rosto marcado pelo estrondo do tapa.

Virando-se com firmeza para Margarida, seu rosto endureceu novamente.

— Augusto é o presidente do Grupo Carvalho. Você acabou de ferir o rosto dele. Se alguém testemunhar isso, como podem interpretar? Você não tem nem um pingo de noção, como sempre te ensinei? — Resmungou Luísa, com evidente desgosto.

Enquanto as palavras saíam, Luísa levantou a mão, ameaçando dar um tapa em Margarida. Mas, num instante, seu pulso foi agarrado com firmeza.

Intervindo, Augusto impediu Luísa com uma voz suave, mas cheia de autoridade:

— Luísa, foi apenas uma brincadeira entre mim e Margarida. Eu mesmo vou me explicar com meu pai. Não se preocupe.

Luísa ainda murmurou, com um tom de reprovação carinhosa:

— Eu apenas me importo com você. — Sabendo que nada a desagradava mais do que deixar o marido insatisfeito, Luísa, aliviada pelas palavras de Augusto, não podia deixar de tecer uma última advertência. — Augusto, entendo que vocês jovens têm suas brincadeiras e espontaneidades, e, como pessoa mais velha, não devo me intrometer demais. Mas, considerando que você e Margarida já cresceram, é preciso ter mais cuidado com os limites, não acha? Claro que não estou te pressionando, pois confio no seu julgamento. Afinal, você está prestes a se noivar com a filha da renomada família Almeida, uma aliança que até seu pai aprovaria. Como poderia, então, escolher minha mísera Margarida?

Sem responder, Augusto lançou um olhar frio para Margarida e se virou para sair.

Ainda segurando a bandeja, Luísa rapidamente o seguiu, sem nem ao menos lançar um olhar para Margarida e nem notava o torcionar de seu tornozelo.

Margarida permaneceu ali, encarando as silhuetas dos dois se afastarem, até que, depois de um longo instante, um sorriso amargo escapou de seus lábios.

De fato, eram as pessoas mais próximas que mais cortavam. Eram aquelas a quem amavam que, às vezes, machucavam mais profundamente.

...

Naquela noite, Margarida trancou a porta e, após tomar um analgésico prescrito no hospital, tentou se entregar a um sono profundo. Contudo, para sua surpresa, a dor insistiu por toda a noite, fazendo com que ela acordasse encharcada de suor, até que, ao clarear do amanhecer, embotada, adormeceu novamente.

Mal se passava algum tempo, quando o som insistente de batidas à porta anunciou a presença da empregada.

— Srta. Margarida, temos visitas em casa. A Sra. Luísa está recebendo os convidados, e o Sr. Augusto pediu que você descesse para ajudar.

Margarida olhou fixamente para o teto, franzindo o cenho. Não conseguia entender que tipo de convidados os da família Carvalho poderiam ter, a ponto de obrigá-la a sair e se envolver em tanta confusão, mesmo com a perna machucada.

Porém, os apelos insistentes da empregada, do lado de fora, soavam como se ela não desistisse até ouvir sua resposta.

Sem outra opção, com os dentes cerrados, Margarida teve que reunir todas as suas forças para se manter de pé e, arrastando a perna ferida, sair do quarto.

Mal havia descido as escadas que ela parou, atônita, diante do que viu.
Continue to read this book for free
Scan code to download App

Related chapters

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 3

    Quando Margarida desceu as escadas, notou que havia várias pessoas reunidas na sala de estar. No meio de todos, estava uma figura muito familiar. Alguém que ela só tinha visto pela televisão no dia passado.— Margarida, por que demorou tanto? — Luísa se levantou do sofá num rompante e a puxou para perto, sem muita delicadeza, lhe lançando um olhar de leve reprovação. — Eu mandei a empregada te chamar faz tempo... Aconteceu o quê? Ficou dormindo demais? Sua futura cunhada está aqui embaixo esperando você há um tempão!A futura cunhada a que Luísa se referia era ninguém menos do que Leonor Almeida, a noiva recém-anunciada de Augusto e a filha da família Almeida. Talvez porque estivessem vivendo dias de intenso romance, até naquele momento Leonor continuava usando o sapato de cristal que Augusto lhe havia dado publicamente no dia anterior. Visto de longe, ela parecia um cisne nobre. Mas, graças ao rosto doce e aos olhos grandes e arredondados, ainda tinha um ar de menina, quase infantil

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 4

    Augusto e Leonor haviam oficializado o namoro apenas no dia anterior, e agora o símbolo do compromisso deles já tinha desaparecido. Era, sem dúvida, um tremendo problema.Mas Margarida jamais poderia imaginar que isso teria algo a ver com ela.Suportando a dor latejante na perna, ela seguiu Luísa escada abaixo.Na ampla sala de estar, Leonor já havia retornado do jardim e chorava desconsoladamente pela perda do seu precioso sapato de cristal, enquanto Augusto a envolvia num abraço protetor, tentando acalmá-la com palavras sussurradas. No entanto, assim que ele avistou Margarida, toda a doçura em seu olhar desapareceu num piscar de olhos, dando lugar a uma frieza cortante.— Cadê os sapatos? — Disparou Augusto diretamente, sem hesitação, já tomando partido de Leonor, as sobrancelhas franzidas em acusação.Margarida contraiu os lábios e lançou um olhar rápido para Leonor, que a encarava com um brilho de malícia mal disfarçado nos olhos marejados. Com a voz firme e articulando cada sílab

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 5

    Treze anos se passaram desde que Margarida conheceu Augusto, quando ela tinha apenas oito anos. Durante todo esse tempo, não importava a situação, Augusto sempre acreditou nela incondicionalmente, permanecendo ao seu lado.Mas agora, aquela farsa descarada de Leonor era tão grosseira e mal executada que causava constrangimento a qualquer um que presenciasse a cena.Talvez Luísa não percebesse as entrelinhas daquela drama, mas Margarida não conseguia acreditar que Augusto não tivesse notado algo errado naquela história toda. No entanto, Augusto apenas encarava Margarida com uma intensidade perturbadora. Após um silêncio que pareceu durar uma eternidade, ele recuou alguns passos e se posicionou ao lado de Leonor, entrelaçando seus dedos nos dela num gesto que atravessou Margarida como uma lâmina afiada.— Margarida, vou dizer pela última vez. — Declarou ele. — Devolva os sapatos e peça desculpas à Leonor.A convicção na voz de Augusto deixou claro que ele acreditava plenamente na versão

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 6

    — Vem cá. — Disse Vicente.Ele permanecia imóvel à entrada da mansão da família Carvalho. Ao ouvir as palavras de Margarida, seus olhos negros e profundos como poços de mistério vacilaram por um instante quase imperceptível, mas ele concordou sem demonstrar qualquer emoção.Com aquela simples frase, o ambiente antes sufocado pelo silêncio começou a vibrar com uma tensão evidente. O coração de Margarida, que até então batia inquieto como um pássaro preso, finalmente encontrou paz, como se voltasse ao abrigo seguro de seu ninho após uma tempestade.No momento seguinte, ela se moveu em direção a Vicente, pronta para deixar aquele lugar que tanto a oprimia.Mas naquele exato instante, Augusto avançou com passos firmes, bloqueando o caminho como uma barreira intransponível.— Peraí! Vicente, você veio na minha casa hoje porque a Margarida reclamou com você, né?Vicente se deteve, estreitando levemente os olhos. Sua expressão pairava indefinível entre a serenidade calculada e uma concordânci

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 7

    O céu, antes cristalino, foi escurecendo aos poucos até a noite engolir tudo ao redor. Dentro do carro, um silêncio pesado dominava o ambiente, quase evidente.Margarida ocupava o banco do passageiro, ao lado de Vicente, deixando para trás a mansão da família Carvalho. A luz fria da lua invadia a janela, criando um brilho prateado que envolvia Vicente, destacando ainda mais sua figura imponente e distante.Na presença dele, Margarida não conseguia mostrar nem sombra da rebeldia de antes. Momentos atrás, na casa da família Carvalho, tinha se mostrado toda espinhosa, mas agora, recolhida em si, mantinha a cabeça baixa, arriscando apenas olhares furtivos em sua direção.— Sr. Vicente, muito obrigada. — Murmurou ela, quebrando o silêncio.Mais cedo, no calor da discussão, Margarida tinha chamado Vicente apenas pelo nome na frente de todos, mas agora, mais calma, percebia sua imprudência. Vicente era uma figura importante, além de ser seis anos mais velho que ela, assim como Augusto. Como

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 8

    Margarida ainda era uma criança de oito anos quando conheceu tanto Augusto quanto Vicente.Naquela época, Vicente nem de longe lembrava a figura imponente e quase intocável que se tornara hoje em dia.Aos quinze anos, Vicente já carregava nas costas o peso de ser o primogênito legítimo da família Almeida, mas seu retorno após sete anos desaparecido depois de um sequestro o jogou numa família que mal conseguia reconhecer. O rapaz, naqueles tempos, encarava uma situação difícil demais.Num fim de tarde, enquanto Margarida se escondia na beira do rio para brincar com seus bonequinhos de barro, acabou flagrando Vicente sendo maltratado pelo meio-irmão. O moleque, rodeado pela sua patota, fazia questão de humilhar o rapaz. Num gesto de pura maldade, arrancou um pingente de jade do pescoço de Vicente e o arremessou longe na água, antes de se mandar todo pomposo, após encher o coitado de pancada até o deixar todo roxo.Mal se aguentando nas próprias pernas, Vicente se arrastou até o rio e ent

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 9

    Na calada da noite, a luz prateada da lua deslizava por entre as árvores, envolvendo tudo ao redor com seu toque suave.Vicente já havia retornado à sede do Grupo Almeida. Ao entrar na sala de reuniões, notou que todos tinham ido embora. Restava apenas Lorenzo Frota, esparramado numa cadeira com aquele jeito descontraído de sempre, entretido num jogo no celular.Ao perceber Vicente, Lorenzo fechou o aplicativo e o encarou com um sorrisinho de canto.— Até que enfim apareceu! Que história é essa de sumir no meio duma reunião internacional? Se não fosse por mim, o contrato milionário tinha ido por água abaixo! Fala logo que urgência foi essa.Lorenzo conhecia Vicente há anos e nunca tinha visto o amigo abandonar o trabalho daquele jeito.Vicente desabou na cadeira principal, esfregando a testa, e respondeu sem pressa:— Margarida está numa roubada. O Augusto vai casar com a Leonor, que descobriu o caso dos dois. Hoje ela foi até a casa da família Carvalho e, usando um par de sapatos como

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 10

    O gerente parecia ter desbloqueado toda a empolgação que guardava na língua. Tagarelava sem parar: — Srta. Margarida, o nosso Sr. Vicente pode dar a impressão de ser frio por fora, mas, por dentro, ele tem um coração que ferve. Se um dia decidir se casar, aposto que vai tratar a esposa com tanto cuidado que ninguém se atreveria a encostar num fio de cabelo dela. Quer um exemplo? Aquela Leonor, que anda sempre emburrada, muda rapidinho de atitude quando o Sr. Vicente está por perto. Além disso, se alguém for esposa dele, também vai virar cunhada do Augusto. Se tiver alguma bronca com esse rapaz, vai poder se vingar sem que ele possa fazer muito. Mesmo Augusto tendo certa importância em Santarino, mas nem se comparava com Vicente.Com Vicente dando cobertura, sua posição iria disparar. Se sobrasse alguma conta para acertar com a Leonor e o Augusto, Margarida ainda teria a chance de resolver tudo à sua maneira. Isso poderia fazer eles pagarem por cada coisinha que andavam fazendo.Só de

Latest chapter

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 30

    Naquele exato momento, enquanto Margarida esticava a mão para pegar seus documentos, outra mão surgiu ao mesmo tempo, tentando arrancá-los dela. O susto quase a fez perder o chão, mas, antes que conseguisse reagir, uma figura de porte firme e olhar frio se colocou à sua frente, bloqueando a mão que avançava contra ela. Era Vicente, erguendo-se como um escudo para protegê-la.Por um instante, o ar pareceu ficar suspenso. Augusto, de olhar carregado e ainda com o braço levantado no vácuo, cravou os olhos em Vicente, que permanecia ao lado de Margarida, imóvel.— Sr. Vicente, por que insiste em se meter, de novo e de novo, nos assuntos entre mim e a Margarida? — Rosnou Augusto, sem disfarçar a raiva.Vicente não respondeu. Continuou parado diante de Margarida, lançando um olhar sério a Augusto, mas sem demonstrar qualquer perturbação em seu semblante. Enquanto isso, Margarida, ainda nervosa, guardava com cuidado o documento recém-recuperado. Logo em seguida, respirou fundo e avançou u

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 29

    Margarida vinha se esforçando ao máximo para recuperar seus documentos das mãos de Augusto com o apoio da polícia. Por isso, quando percebeu que Vicente estava prestes a agir, ela simplesmente não teve tempo de pensar duas vezes. Num impulso, segurou com força a mão dele.De imediato, um silêncio pesado tomou conta do lugar.Ninguém podia imaginar que Margarida tomaria uma atitude tão ousada. Até mesmo Teresa, que costumava ser destemida, ficou atordoada por um instante. Com receio de que Vicente, que sempre se mostrou pouco à vontade com contato físico, ficasse furioso, Teresa tentou correr para soltar a mão de Margarida da grande palma de Vicente.No entanto, antes mesmo de Teresa chegar mais perto, outra figura surgiu ainda mais rápido, posicionando-se entre Margarida e Vicente.— Margarida, até quando você pretende continuar com essa confusão? — Interrompeu Augusto, com a voz visivelmente tensa, fechando o semblante ao agarrar o pulso de Margarida e puxá-la bruscamente para o lad

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 28

    — Augusto, nós não somos iguais a vocês! — Declarou Lorenzo, saindo do cômodo interno com as mãos enfiadas nos bolsos e o semblante carregado. — Tudo bem que ambos os casamentos foram arranjados, mas eu não sou esse tipo de canalha sem vergonha que brinca com o sentimento dos outros. E a Teresa também não é como a Leonor, essa bruxa venenosa e repulsiva. Então pare de bancar a vítima de maneira forçada e provocar a ira de todo mundo.A fala de Lorenzo, tão direta e sem rodeios, atingiu Augusto em cheio. Ele cerrou o maxilar, com vontade de responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, notou novas silhuetas que vinham surgindo devagar.Eram os policiais, que acompanhavam Margarida e Vicente, ambos já com roupas limpas. Ainda demonstrando certa fraqueza por ter caído no mar, Margarida estava pálida e sem cor nos lábios. Seu corpo magro tremulava e, de vez em quando, ela soltava uma tosse abafada, provavelmente por ter engasgado com água salgada.Num impulso quase inconsciente, A

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 27

    Augusto já estava ciente de que Leonor certamente arranjaria algum problema para Margarida na festa de aniversário.Ainda assim, ele não fez nada para impedir. Pelo contrário, foi ele quem escoltou Margarida pontualmente até o barco.Teresa, que foi impedida por Augusto, escutou tudo com absoluta clareza. De tão chocada, seu peito travou, e por um instante ela nem conseguiu soltar a voz.— Augusto... Então todas essas coisas foram planejadas por você e pela Leonor? — Indagou Teresa, a voz sufocada pela incredulidade. — Agora tudo faz sentido! Faz sentido que, mesmo sendo a festa de aniversário da Leonor, ninguém da família Carvalho tenha aparecido. Faz sentido que Leonor estivesse tão confiante a ponto de trazer sete ou oito homens para agredir Margarida e até querer filmar a humilhação dela. Porque, na verdade, havia você para dar cobertura a Leonor! Mas, Augusto, como você pode agir assim? Mesmo que não ame mais a Margarida e tenha se apaixonado pela Leonor, Margarida te acompanhou p

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 26

    Teresa ainda achava que Vicente era frio e implacável, distante de tudo e de todos. Porém, num piscar de olhos, tudo pareceu se inverter extremamente irônica. O problema era que houve gente caindo no mar em sequência durante a festa no barco, e um desses alguém era justamente o presidente do Grupo Almeida, o próprio Vicente. Era inevitável que um escândalo de tamanha proporção sacudisse toda a embarcação. Mesmo com Leonor fazendo o maior tumulto para tentar impedir, não teve jeito. Assim que o barco atracou, a polícia já estava esperando no cais.Por estar completamente encharcada, Margarida foi levada de imediato pelos policiais para uma sala reservada, a fim de trocar de roupa. Já Teresa ficou sozinha do lado de fora, mas não pretendia deixar Leonor passar impune.Bastante exaltada, Teresa disparou:— Leonor, vou te dizer uma coisa: desta vez, você pode até tentar se esquivar, mas não vai ter jeito. Eu sou a prova viva! Eu ouvi com meus próprios ouvidos, na ligação telefônica, você

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 25

    Num piscar de olhos, o perigo estava prestes a explodir!Sete ou oito homens de feições ameaçadoras avançaram, roçando as palmas das mãos e prontos para o que viesse. O que parecia ser o líder, ansioso demais, chegou a desabotoar o cinto, mas Margarida continuou parada no lugar sem nem sequer erguer uma das sobrancelhas.Afinal, era impossível não notar. Com essa mania de criar armadilhas, Leonor sempre parecia esquecer o óbvio.Da última vez, na família Carvalho, Margarida já havia recorrido à polícia para escapar. Pois bem, se Leonor queria agora ameaçá-la no meio do mar, como ela não pensou primeiro em lhe tomar o celular? Verdade, a polícia não estava no mar, mas havia outras pessoas circulando por aí, não é?Portanto, quando Margarida percebeu que algo estava fora do normal, levou a mão discretamente às costas e ligou para Teresa, pedindo socorro. Logo depois, tentou ganhar tempo com pequenas manobras de conversa. E, como era de se esperar, agora se ouvia ao longe o rumor apressad

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 24

    — Por que você vive querendo me prejudicar? — Berrou Leonor, com as veias pulsando na têmpora. A última frase saiu quase como um rosnado.Margarida continuou imóvel, observando tudo com o coração sereno como um espelho. Então, balançou a cabeça e disse em tom firme:— Leonor, todo esse martírio pelo qual você tem passado ultimamente foi causado por você mesma.— Mentira! Isso tudo é culpa sua! Se não fosse a sua falta de vergonha ao dar em cima do Augusto, eu jamais teria me voltado contra você, e não teria provocado a vingança do Vicente! — Leonor rebateu, furiosa.Margarida soltou uma risada seca, com um ar de desprezo.— Leonor, quando foi que dei em cima do Augusto? Não seja tão paranoica! Sim, eu estive com ele, mas isso foi há três anos, quando namorávamos de verdade. Ele me enganou prometendo um futuro, mas virou as costas e ficou noivo de você. Agora, sou eu quem quer cortar qualquer laço com ele, enquanto ele, ganancioso, não aceita me deixar ir. De qualquer forma, jamais reco

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 23

    — Srta. Teresa, você está aqui! — Exclamou de repente uma das jovens da alta sociedade, aproximando-se com passos apressados.— Srta. Teresa, ouvi dizer que você é a grande musa do Sr. M. Parece que toda obra que você aprova se transforma em sucesso instantâneo! — Comentou outra, com os olhos faiscando de admiração.— Srta. Teresa, fale um pouco conosco, por favor! Eu também estudo Artes. Será que tenho alguma chance? — Pediu uma terceira, esforçando-se para ser ouvida em meio ao burburinho.A aparição súbita daquele grupo de socialites no cantinho do convés onde Margarida e Teresa conversavam parecia ter sido planejada. Todas cercaram Teresa de uma só vez, tagarelando sobre carreira e oportunidades.Margarida logo reconheceu a mulher ruiva que liderava o grupo. Era a mesma socialite que ela tinha visto no Hotel Luar, quando havia encontrado Leonor alguns dias atrás.A movimentação era claramente proposital. Com tantas pessoas comprimidas naquele espaço estreito perto da amurada do bar

  • A Amante que Virou Cunhada   Capítulo 22

    Vicente encarava Margarida com seus olhos escuros e profundos, transmitindo uma frieza tão cortante que, mesmo estando parado bem diante dela, dava a sensação de uma divindade inatingível.Quase sem perceber, Margarida enrijeceu o corpo e ficou incapaz de dizer qualquer coisa. Naquele instante, Vicente já se afastava, e Lorenzo correu atrás dele, sendo em seguida cercado por várias pessoas que faziam de tudo para agradá-los.O perfume dos trajes e o vaivém de penteados elaborados criavam um ambiente extremamente movimentado, como se toda a festa fervilhasse de entusiasmo.Ao ver aquela cena, Teresa abriu a boca sem conseguir emitir som por um bom tempo. Só depois de alguns segundos ela recuperou a voz e perguntou:— Margarida, por que o Vicente está tão frio assim? Margarida baixou a cabeça, sentindo-se levemente culpada.— Talvez seja porque a gente não sabe respeitar os limites dele. — Ela murmurou. — Eu mencionar que não dormi bem é algo tão pequeno. Se uso isso como desculpa para

Explore and read good novels for free
Free access to a vast number of good novels on GoodNovel app. Download the books you like and read anywhere & anytime.
Read books for free on the app
SCAN CODE TO READ ON APP
DMCA.com Protection Status